sexta-feira, 27 de março de 2015

A BICICLETA E O CICLISTA

A Bicicleta e o Ciclista
“O Espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, 
como as cores o são da luz e o som o é do ar?”
“São
 distintos uma do outro; mas, a união do Espírito e da matéria é necessária para intelectualizara matéria”.
(“O Livro dos Espíritos”- Questão nº 25.)

Não há controvérsia em expressões assim:
— Fulano tem
 espírito — é inteligente.
— Beltrano é
 espirituoso — possui senso de humor.
— Ciclano é
 espiritualizado.
— Cultiva valores morais.
A dificuldade surge quando empregamos a palavra
 espiritualista para designar pessoas que admitem a existência da Alma, a individualidade eterna que sustenta o corpo físico e o situa como um ser pensante.
Para muitos trata-se de mera fantasia religiosa, sem base científica.
Concebem
 que capacidade de pensar é mero resultado da organização e do funciona­mento de células cerebrais, que produzem o pensamento, assim como o fígado produz bile ou as glândulas de secreção interna produzem os hormônios.
Afirma jocosamente o patologista:
— Dissequei centenas de cérebros. Jamais encontrei o Espírito.
Interessante frase de
 efeito que não diz nada.
Porventura teria ele desvendado misterioso mecanismo a gerar o
 pensamento no interior das células?
Alguma pesquisa teria surpreendido idéias sendo produzi­das pelos neurônios, da mesma forma que o pâncreas secreta a insulina?
A
 matéria não pensa.
Situemos, a título de ilustração, algo
 bem simples:
A bicicleta.
Trata-se de um veículo de
 transporte muito eficiente que, para movimentar-se, não pres­cinde da força motriz gerada pelo ciclista.
O corpo é a bicicleta que o Espírito usa para a jornada
 humana.
A bicicleta sem o ciclista é um
 objeto inanimado.
O corpo sem o Espírito é mero aglomerado de células em desagregação.
A união do Espírito com o corpo intelectualizou a
 matéria, transformando o ancestral símio antropóide num ser pensante, da mesma forma que a presença do ciclista torna a bicicleta um veículo andante.
Em defesa da
 tese materialista, que nega a individualidade espiritual que anima o ser humano, fala-se em paralelismo psicofisiológico.
Trocando em miúdos:
O
 homem é um produto de seu próprio cérebro.
Por isso, o que lhe afeta os miolos repercute em sua atividade motora, sensorial, intelectual, mental...
Proclama o
 materialista:
— A
 prova de que a inteligência independe da suposta presença do Espírito está no fato de que se ocorrer um problema qual­quer com o tecido cerebral teremos dificuldade para exercitar as funções intelectivas e fisiológicas.
Raciocínio simplista.
Sendo o cérebro o instrumento de sua
 manifestação no plano material, obviamente o Espírito estará na dependência dele.
O ser imortal pode ser muito
 inteligente, muito culto, mas se a caixa craniana apresentar grave disfunção teremos um deficiente mental.
Algo semelhante a um ciclista que ficará impossibilitado de transportar-se em sua bicicleta se um pneu furar ou romper-se a corrente que traciona as rodas.
Um exemplo mais ilustrativo:
Quando falo ao telefone, se­ria o cúmulo da ingenuidade meu interlocutor imaginar que conversa com meu aparelho. O telefone é apenas o instrumento de nosso contato. Se apresentar defeito
 a comunicação ficará prejudicada.
Devemos
 atentar, ainda, para outro aspecto que liquida a tese materialista.
Há doentes mentais submeti­dos aos mais sofisticados exames que não revelam nenhuma disfunção orgânica, nem mesmo nos circuitos cerebrais. Enigmas para os médicos, que se limitam a prescrever lhes tranqüilizantes.
A Doutrina Espírita explica que o problema é decorrente de uma
 obsessão. O paciente tem comprometida sua integridade mental pela influência de inimigos espirituais.
O tratamento em hospitais psiquiátricos
 espíritas — passe magnético, água fluída, sessões desobsessão'>desobsessão, reuniões evangélicas — opera prodígios, afastando os obsessores e promovendo a cura do paciente.
Isso não ocorre apenas com problemas mentais.
Há casos em que a ação do
 obsessor provoca males físicos que desafiam a Medicina.
Durante meses um
 homem sofreu dores intensas nas pernas.
Os médicos não conseguiam um diagnóstico. Exames clínicos e laboratoriais
 nada revelavam.
O
 paciente irritava-se quando lhe diziam que se tratava de um problema psicológico. Esbravejava:
— Dor não tem
 psicologia!
Mesmo assim, em desespero, submeteu-se à Psicanálise.
Resultado nulo.
Saturado de tanto sofrer pedia que lhe amputassem as pernas. Um amigo o convenceu a procurar o Centro Espírita.
Lá explicaram-lhe que estava sendo assediado por um Espírito que, a pretexto de vingar-se de passadas ofensas, impunha-lhe aquela tortura.
Ficou sabendo que em vida passada assassinara aquele que hoje o martirizava. Quebrara suas pernas, abandonando-o em região deserta, atormentado por
 dores intensas.
Durante alguns meses submeteu-se ao tratamento com
 passes magnéticos e água fluída. Recebeu orientações quanto ao estudo, a reforma íntima, a prática do bem...
Seu empenho, aliado às reuniões de
 obsessão'>desobsessão e à interferência de benfeitores do além, modificaram as disposições de seu perseguidor. Sensibilizado, disposto também à renovação, ele se afastou.
Em breve, como por encanto, as
 dores desapareceram.
NO livro “O Que é a Morte” Carlos Imbassahy vai mais longe:
“Há um
 fato desconcertante para a Fisiologia e sobretudo para os fisiologistas, no caso das lesões cerebrais, isto é, quando há operações em partes essenciais do cérebro sem que a consciência e a inteligência fossem suprimidas ou mesmo alteradas.”
Dentre inúmeras citações que ilustram sua afirmação, reporta-se a um suboficial da guarnição de Antuérpia, na Primeira Guerra Mundial, que durante anos sofreu persistente
 dor de cabeça. Não obstante, cumpria normalmente suas obrigações.
Morto repentinamente, foi submetido à autópsia.
O patologista constatou, surpreso, que ele tivera um tumor na cabeça.
O cérebro estava reduzido a uma pasta purulenta.
Incrível que tenha conservado a sanidade mental e motora, sobrevivendo à desintegração da massa encefálica!
Comenta Imbassahy:
“Em suma, o que a Fisiologia descobriu é que, normalmente, comumente, o cérebro é necessário à
 manifestaçãodo Espírito. O estudo de determinados fatos fisiológicos, psíquicos ou metapsíquicos, provam, entretanto, que a dependência não é constante, absoluta. O Espírito faz-nos, por vezes, o efeito de certos mágicos a quem se amarra ou acorrenta com laços e cadeias irremovíveis; ei-los, porém, que se desembaraçam, não se sabe como, e se apresentam em cena, sorridentes, completamente livres. O mecanismo cerebral é inútil como prova a favor das doutrinas materialistas.”
Mais cedo ou mais tarde a Ciência admitirá o fundamental:
O homo sapiens que há muito domina a Terra é apenas uma
 manifestação do Espírito eterno que intelectualiza amatéria em favor de suas experiências evolutivas nos domínios da carne.
Sem o binômio corpo-espírito
 jamais se operaria o desenvolvimento mental que retirou o Homem do fundo das cavernas para elevá-lo às culminâncias da civilização tecnológica.

Richard Simonetti

Sobre o Autor

Richard Simonetti é de Bauru, Estado de São Paulo. Nasceu em 10 de outubro de 1935. Filho de Francisco Simonetti e Adélia M. Simonetti. Casado com Tânia Regina M. S. Simonetti. Tem quatro filhos: Graziela, Alexandre, Carolina e Giovana. Participa do movimento espírita desde 1957, quando integrou-se no Centro Espírita "Amor e Caridade", que desenvolve largo trabalho no campo doutrinário de assistência e promoção social. Articulou o movimento inicial de instalação dos Clubes do Livro Espírita, que prestam relevantes serviços de divulgação em dezenas de cidades. É colaborador assíduo de jornais e revistas espíritas, notadamente "O Reformador", "O Clarim" e "Folha Espírita". Funcionário aposentado do Banco do Brasil, vem percorrendo todos os Estados brasileiros e alguns países em palestras de divulgação da Doutrina Espírita.




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