quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Não Confundas

Não Confundas

“Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido.”
– PAULO. (ROMANOS, 10:11.)

Em todos os círculos do Cristianismo há formas diversas quanto à crença individual.
Há católicos romanos que restringem ao padre o objeto de confiança;
reformistas evangélicos que se limitam à fórmula verbal e espiritistas que concentram
todas as expressões da fé na organização mediúnica.
É natural, portanto, a colheita de desilusões.
Em todos os lugares, há sacerdotes que não satisfazem, fórmulas verbalistas que
não atendem e médiuns que não solucionam todas as necessidades.
Além disso, temos a considerar que toda crença cega, distante do Cristo, pode
redundar em séria perturbação... Quase sempre, os devotos não pedem algo mais
que a satisfação egoística no culto comum, no sentimento rudimentar de religiosidade,
e, daí, os desastres do coração.
O discípulo sincero, em todas as circunstâncias, compreende a probabilidade de
falência na colaboração humana e, por isso, coloca o ensino de Jesus acima de tudo.
O Mestre não veio ao mundo operar a exaltação do egoísmo individual, e, sim,
traçar um roteiro definitivo às criaturas, instituindo trabalho edificante e revelando
os objetivos sublimes da vida.
Lembra sempre que a tua existência é jornada para Deus.
Em que objeto centralizas a tua crença, meu amigo?
Recorda que é necessário crer sinceramente em Jesus e segui-lo, para não sermos
confundidos.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. ed. esp. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 13.

Engenharia Genética

Engenharia genética

O desenvolvimento científico, que se vem apresentando nos mais diferentes campos do conhecimento, demonstra que o ser humano progride e diminui a carga dos próprios sofrimentos, que são por ele mesmo programados como resultado da incúria ou da inépcia para lidar com os necessários desafios existenciais.
A busca da superação da dor e de todos os sequazes que a acompanham tem sido constante, desde os audaciosos sonhos da conquista da pedra filosofal, na Idade Média, até as ambições que se podem transformar em tristes pesadelos, quais as que dizem respeito à incursão na intimidade do DNA para clonagem de seres como outros tantos delírios antiéticos do momento.
Não obstante, a Divindade tem facultado que as aflições mais rudes, em razão do progresso que a criatura tem conseguido, particularmente na área moral, embora o muito que ainda lhe falta alcançar, venham diminuindo a pouco e pouco, abrindo espaços no seu processo orgânico e psíquico para mais saúde, mais bem-estar e mais alegria de viver.
Desde quando foram descobertos o éter, o clorofórmio e outros fármacos, como também os analgésicos, inúmeros sofrimentos hebetadores foram abrandados expressivamente, assim como o concurso das cirurgias e microcirurgias, que facultaram melhores meios para continuar no corpo sem as injunções penosas e deformadoras que eram habituais.
Certamente, ainda há muito para fazer nessa área e, por isso mesmo, os avanços tecnológicos não cessam, surgindo cada dia com mais amplos e abençoados recursos terapêuticos.
Na genética, por exemplo, desde a descoberta dos genes e cromossomas por G. Mendel, que experimentou reproche e desconsideração dos seus coevos, os logros são catalogados com cuidado, de forma a melhor entender-se os mecanismos da vida nas suas origens, facultando mais amplas possibilidades de auxílio ao ser em formação como posteriormente às resultantes do seu comportamento.
Graças às quase infinitas possibilidades de penetração nas organizações moleculares através dos microscópios eletrônicos e dos estudos acurados dos genes, os cientistas empenham-se em bem definir as ocorrências da vida física e mental, descobrindo como surgem os fenômenos biológicos, a aparência humana e os seus detalhes, desde a configuração até a cor dos olhos, a dos cabelos, examinando as estruturas íntimas do DNA e estabelecendo normas para corrigir algumas das anomalias que se apresentam.
O desconhecimento dos mecanismos superiores da Vida, por parte desses nobres pesquisadores, leva alguns a sonhos fantásticos, pelo menos para o momento, tais o de evitar futuras enfermidades degenerativas como o câncer, a AIDS, trabalhando nos códigos genéticos que tragam deficiências propiciatórias à sua instalação ou surgimento.
Ao lado dessa busca respeitável, sem dúvida, mas que foge ao programa da reencarnação de muitos Espíritos endividados que, se liberados da injunção aflitiva, incidirão em outros mecanismos depuradores, apresentam-se alguns entusiastas da engenharia genética pensando na possibilidade de trabalharem a complexidade desses microcomputadores orgânicos, para alterarem, por exemplo, o sexo do zigoto, ou mais tarde do feto, mesmo que este já se encontre em processo de formação física.
O corpo, sob qualquer condição em que se expresse, é resultado da conduta anterior do Espírito, que programa as suas necessidades na forma, a fim de crescer e evoluir, transformando conflitos em paz, débitos em créditos, mazelas em esperanças. Sem duvidarmos da ingerência do ser humano no projeto, recordaremos que ao abuso do conhecimento em qualquer área sempre correspondem danos equivalentes.
Vejamos, por exemplo, o que vem ocorrendo no ecossistema. O desrespeito à Natureza, por ignorância inicial e por interesses mesquinhos e argentários no momento, tem produzido diversos efeitos graves para a própria existência humana. A destruição da camada de ozônio vem ampliando o número de portadores de câncer da pele de forma assustadora; o abuso dos adubos químicos no solo tem gerado problemas orgânicos lamentáveis; a aplicação de hormônio nas aves e nos animais de abatimento vem facultando doenças desconhecidas no ser humano; a diminuição do volume de água ameaça regiões onde a vida se encontra e começa a perecer; a presença do mercúrio nos rios enseja-lhes o envenenamento, destruindo a flora e a fauna, como as populações ribeirinhas; o aumento das áreas desérticas e o degelo dos polos constituem ameaças que estão preocupando alguns governos e nações do planeta que temem pelo futuro, momentaneamente sombreado por angústias…
A vida é trabalhada por um princípio de ética divina, que não pode ser manipulada ao prazer da insensatez, sem que disso decorram consequências imprevisíveis para os seus infratores.
Fascinados pelas possibilidades teóricas que a engenharia genética lhes propicia, muitos pesquisadores pensam em burlar as Leis Universais, tornando-se pequenos deuses com possibilidades inimagináveis, o que é, aliás, compreensível, dentro dos seus devaneios materialistas pelos quais pensam em tudo reduzir ao nada do princípio em que se apoiam.
Parece a esses investigadores dos emaranhados segredos da existência planetária que lhes é facultado brincar de Deus, alterando os códigos genéticos e criando aberrações para atendimento do seu luxo criativo. Compreende-se que o ser humano ainda não saiba sequer brincar de homem, desde que, na maioria das vezes, quando o intenta, seu jogo se transforma em conflito de guerra com destruição à vista.
A partir de 1990 vários países, compreendendo as possibilidades imensas que lhes estavam ao alcance, reuniram em um projeto ousado inúmeros cientistas do mundo, objetivando decodificar os quase três bilhões de caracteres que se encontram nas células humanas como decorrência do seu código genético.
Trata-se de um nobre trabalho que tem por meta essencialmente compreender a estrutura molecular do ser humano, e mesmo curar as enfermidades afligentes que se instalam devorando vidas. Foi denominado Projeto Genoma Humano que, entre outras descobertas, confirma que o homem se originou na África, de onde emigrou para toda a Terra através dos tempos. Entre outras conquistas maravilhosas se está conseguindo demonstrar que não existem raças superiores nem inferiores, já que as variações nos grupos étnicos são infinitamente maiores do que se pensava a princípio, a tal ponto que indivíduos da mesma raça se apresentam geneticamente muito diferentes entre si. Outrossim, confirmou-se que a epiderme negra tem sua origem em região onde o Sol é muito forte, responsabilizando-se pela pigmentação escura que lhe serve de defesa e proteção, clareando à medida que diminui o calor, tornando-a clara a fim de sintetizar a vitamina D indispensável ao desenvolvimento dos músculos e ossos…
Prosseguindo nessa linha de observações será inevitável a constatação de que todo esse mecanismo providencial à vida humana organizada tem os seus moldes nos campos energéticos do perispírito, esse envoltório delicado do Espírito, que é o agente real da vida.
Simultaneamente se apresenta como necessidade inadiável a presença de uma ética estribada nos limites que devem ser impostos à pesquisa, a fim de que os governos arbitrários e as pessoas alucinadas não se utilizem do conhecimento genético para experiências macabras, quais aquelas muitas ocorridas em tempos próximos passados nos campos de concentração, em que milhões de vidas pereceram longe de qualquer dignidade ou compaixão, ou mesmo sentimento de humanidade, sob as mãos de cientistas loucos que pretendiam criar uma raça superior, na vã presunção de submeter aqueloutras que consideravam inferiores.
A inexorável marcha do tempo, ou passagem do ser pelo rio infinito das horas presentes, vem demonstrando que somente as conquistas que objetivam o bom, o belo, o nobre, o dignificante, permanecem enquanto as utopias da loucura se diluem como brumas espessas de um momento que o calor do dia termina por desfazer.
A engenharia genética será, naturalmente, um instrumento para a dignificação do ser humano e entendimento da vida nas suas mais profundas expressões, jamais recurso para submetê-lo às paixões e desmandos de outros que dela planejam utilizar-se para tais nefandos fins.
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(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, em reunião de 14 de julho de 1997, em San Juan, Porto Rico.) http://www.souleitorespirita.com.br/reformador/noticias/engenharia-genetica/

Prevenção do Suicídio

Prevenção do Suicídio

Felizmente a sociedade vem conseguindo realizar campanhas de alto nível humanitário e espiritual. Setembro amarelo é um desses nobres movimentos, para que as mentes despertem para os inalienáveis deveres em relação ao ser vivente e à humanidade em geral.
De igual significado é o Outubro rosa, objetivando a prevenção do câncer de mama, quando são identificados incontáveis casos de neoplasia maligna em instalação e ainda fáceis de ser erradicados com alto nível de saúde para as mulheres.
No último dia 16 [de setembro], tivemos o cuidado de convidar todos à prevenção do suicídio, usando o símbolo em amarelo, numa demonstração massiva de aceitação da grandiosa proposta.
A vida é a mais grandiosa expressão universal. Tudo se resume no seu sentido, especialmente quando a mesma atinge na criatura humana a sensibilidade da emoção, a sublime experiência da razão, o logro dos sentimentos e da intelectualidade.
Com esses instrumentos notáveis da evolução, tem-nos sido possível viver maior número de anos, desfrutar de conforto, de amizades sinceras, de relacionamentos positivos, de esperanças ricas de alegrias.
É natural que, nesse processo, haja ocorrências nem sempre agradáveis para vivenciarmos sempre bem-estar e felicidade. Esses acidentes de percurso, não raro, quando surgem em existências imaturas psicologicamente, logo pensam na fuga da vida pelo suicídio, como se o mesmo a exterminasse.
Esquecem-se que o problema de hoje é conquista de amanhã e que o amadurecimento psicológico e o desenvolvimento intelectual ocorrem mediante os desafios existenciais que facultam a capacidade dos neurônios e o seu aumento, de modo a tornar a jornada mais compatível com o próprio viver.
Na sua alucinação, o suicida é um ingrato em relação àqueles que o amam, que lhe deram a existência e a mantêm em imensa ternura, dominado pelo ego revoltado e, não raro, caprichoso, diante de acontecimentos perfeitamente superáveis. Em um ato de vingança contra a ocorrência perturbadora, destrói o corpo, mas não a vida, que continua, e muito mais severa do que antes.
O desejo de ver-se livre do desafio é frustrado, porque a morte é porta vibratória que leva à vida, isto comprovado por incontáveis pesquisas científicas e manifestações mediúnicas sérias.
Ninguém foge de si mesmo e a consciência é indestrutível, por não ser elaboração do cérebro, mas porque pertence ao Espírito, que é imortal.
Cuidemos da profilaxia preventiva ao suicídio, cultivando ideias equilibradas, desenvolvendo os valores éticos perante a vida e compreendendo que ninguém alcança as metas que busca sem sofrer as lutas da conquista.
Nesse sentido, recorrer-se a oração a Deus, é solução para todas as aflições existentes.

Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal
A Tarde, coluna Opinião, em  21.9.2017.
Em 25.9.2017.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Na Direção do Bem

O Senhor tudo criou na direção do bem.
Todas as criaturas, por isto, são chamadas a produzir proveitosamente.
A erva tenra sustenta os animais.
A fonte oculta socorre o inseto humilde.
A árvore é abençoada cornpanheira dos homens.
A flor produzirá fruto.
O fruto dar-nos-á mesa farta.
O rio distribui as águas.
A chuva lava o céu e sacia a terra sedenta.
A pedra faz o alicerce de nossa casa.
A boa palavra revela a bom caminho.
Como desconhecer as santos propósitos da vida, se a natureza que a sustenta reflete os sábios desígnios da Providência?
Grande escola para a nosso espírito, a Terra é um livro gigantesco em que podemos ler a mensagem de amor universal que a Pai Celeste nos envia.
Desde a gota de orvalho que alimenta a cacto espinhoso, à luz do Sol que brilha no alto para todos os seres, podemos sentir o apelo da Infinita Sabedoria ao serviço de cooperação na felicidade, na paz e na alegria dos semelhantes.
Todo homem e toda mulher nascem no mundo para tarefas santificantes, segundo a Divina Lei.
Com alegria, o bom administrador governa as interesses do povo.
Com alegria, a bom lavrador ara o solo e protege a sementeira.
O homem que semeia no chão, garantindo a subsistência das criaturas, é irmão daquele que dirige o pensamento das nações para a conhecimento divino.
A mulher que recebe homenagens pelas suas virtudes públicas é irmã daquela que, na intimidade do lar, se sacrifica pela criancinha doente.
Deus conhece as pessoas pelo que produzem, assim como nós conhecemos as árvores pelos frutos que nos estendem.
Em razão disto, os homens bons são amados e respeitados.
A presença deles atrai o carinho e a veneração dos semelhantes. Os maus, todavia, são portadores de ações e palavras indesejáveis e toda gente lhes evita o convívio, tanto quanta nos afastamos das plantas espinhosas e ingratas.
O homem bom compreende que a vida lhe pede a benção do serviço e levanta-se cada manhã, pensando: - "Que belo dia para trabalhar!"
O mau, porém, ergue-se de mau humor. Não sabe sorrir para os que o cercam e costuma exclamar: - "Dia terrível! Que destino cruel! Detesto a trabalho e odeio a vida!"
Um homem, qual esse, precisa de auxílio dos homens bons, porque em não se dedicando ao serviço digno será realmente muito infeliz.

XAVIER, Francisco Cândido. Alvorada Cristã. Pelo Espírito Neio Lúcio. FEB

Alberobello

Alberobello

Na região da Puglia, na Itália, há uma província com essa denominação e se trata de uma encantadora região.
Geográfica e politicamente bem situada entre mares, tem sido, desde priscas eras, disputada por conquistadores de diversas procedências.
A sua é uma história rica de glórias e de sacrifícios, sendo, na atualidade, uma grande produtora  de azeite de oliva e outros grãos. O seu solo calcário dá vida a doze milhões de oliveiras, algumas das quais são consideradas as mais antigas do mundo, controladas por satélite.
O que me chamou a atenção nesse lugar encantador foi que, em algum momento no passado, era fundo do mar, e com as naturais mudanças ocorridas no planeta, o seu era um solo coberto de pedra calcária.
No passado, quando foi a região devastada por conquistadores audaciosos, os seus agricultores, pessoas da terra, tiveram o trabalho de arrebentar a crosta de pedra até poderem encontrar solo para plantação e vida.
Esse trabalho hercúleo resultou em maravilhosa província de produção de azeite de oliva para quase todo o país e exportação.
Reflexionando em torno do poder transformador de que o ser humano é capaz, penso que vivemos a hora terrível dos sofrimentos coletivos no planeta terrestre, em que a dor a todos nos convoca a graves preocupações.
Inicia-se o movimento da inevitável transição de mundo de prova para o de regeneração, e as criaturas, adormecidas umas, outras indiferentes, mais outras agitadas pelos tormentos que as seviciam, somente pensam no prazer desgastante, no individualismo ególatra e sorriem-chorando, em tentativa absurda de fugir de si mesmo, buscando uma outra realidade que não existe.
Somos seres imortais a caminho da plenitude. A princípio mergulhados no oceano volumoso da ignorância, pouco a pouco começamos a sair em busca do conhecimento, para encontrarmos a crosta calcária dos desafios e com esforço contínuo encontramos o abençoado solo do amor para a plantação da ventura e da paz.
Tal empreendimento constitui-nos a razão de ser da existência terrestre, para tornar-se digna e alcançar o seu objetivo espiritual.
Enquanto não nos tornarmos conscientes dessa responsabilidade, seremos como a terra infeliz ainda coberta de pedras e de inutilidade.
Divaldo Pereira Franco.
Artigo publicado no jornal A Tarde,
 coluna Opinião, em  13.7.2017.
Em 17.7.2017.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Bem e Mal Sofrer

I – Bem Sofrer E Mal Sofrer

LACORDAIRE Havre, 1863

            18
– Quando Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, porque deles é o Reino dos Céus”, não se referia aos sofredores em geral, porque todos os que estão neste mundo sofrem, quer estejam num trono ou na miséria, mas ah!, poucos sofrem bem, poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzir ao Reino de Deus. O desânimo é uma falta; Deus vos nega consolações, se não tiverdes coragem. A prece é um sustentáculo da alma, mas não é suficiente por si só: é necessário que se apóie numa fé ardente na bondade de Deus. Tendes ouvido freqüentemente que Ele não põe um fardo pesado em ombros frágeis. O fardo é proporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem. A recompensa será tanto mais esplendente, quanto mais penosa tiver sido a aflição. Mas essa recompensa deve ser merecida, e é por isso que a vida está cheia de tribulações.
            O militar que não é enviado à frente de batalha não fica satisfeito, porque o repouso no acampamento não lhe proporciona nenhuma promoção. Sede como o militar, e não aspires a um repouso que enfraqueceria o vosso corpo e entorpeceria a vossa alma. Ficai satisfeitos, quando Deus vos envia à luta. Essa luta não é o fogo das batalhas, mas as amarguras da vida, onde muitas vezes necessitamos de mais coragem que um combate sangrento, pois aquele que enfrenta firmemente o inimigo poderá cair sob o impacto de um sofrimento moral. O homem não recebe nenhuma recompensa por essa espécie de coragem, mas Deus lhe reserva os seus louros e um lugar glorioso. Quando vos atingir um motivo de dor ou de contrariedade, tratai de elevar-vos acima das circunstâncias. E quando chegardes a dominar os impulsos da impaciência, da cólera ou do desespero, dizei, com justa satisfação: “Eu fui o mais forte”!
            Bem-aventurados os aflitos, pode, portanto, ser assim traduzidos: Bem-aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, a sua firmeza, a sua perseverança e a submissão à vontade de Deus, porque eles terão centuplicado as alegrias que lhes faltam na Terra, e após o trabalho virá o repouso.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Por ALLAN KARDEC

Amor em Família

Ele nasceu no ano de 1961, durante o governo de Mao Tsé Tung. Sexto filho de um total de sete.
A hora das refeições era sempre triste, conta ele. Porque sua mãe, muitas vezes, não tinha o que cozinhar.
Inhame seco era a base da alimentação pela maior parte do ano.
Ocasionalmente, havia pão de milho e farinha, artigos especiais e por isso guardados para oferecer a visitas importantes.
À hora das refeições, as sete crianças ficavam esperando que o pai começasse a comer.
Comiam inhames secos, cozidos na água ou no vapor, dia após dia, mês após mês, ano após ano.
Depois da primeira mordida do pai é que eles se serviam. Os pais comiam bem devagar, para que sobrasse mais comida para os filhos.
A mãe dizia aos filhos que deixassem a melhor porção para o pai, pois era ele quem garantia o sustento.
Mas o pai sempre arranjava desculpas e pedia que deixassem a melhor porção para a mãe.
Não fosse ela, enfatizava, nada teriam para comer senão “vento noroeste”.
Raramente comiam carne. Uma vez por mês, após enfrentar longas filas, podiam comprar um pedaço de porco gordo.
E Li Cunxin narra, em suas memórias, que numa tarde, sua mãe o mandou comprar carne no açougue da comuna onde moravam.
As filas eram enormes. Três filas. Ele esperou mais de uma hora e finalmente conseguiu comprar um pedaço pequeno de carne gorda de porco.
Saiu a correr e a saltar de felicidade por sua conquista.
Sua mãe cortou a carne em pedaços pequenos, igualmente feliz pela gordura que iria durar, com certeza, um bom tempo.
Naquela noite, quando foi servida a carne com acelga, todos podiam ver o óleo precioso flutuando no molho.
Um dos meninos encontrou um pedaço de carne de porco em sua porção.
Sem pestanejar, colocou no prato do pai. Este repassou imediatamente a carne para o prato da mãe.
Ela devolveu, dizendo:
Não seja tolo! Fiz a comida especialmente para você. Você precisa ficar forte para trabalhar!
Próximo ao pai, estava o filho mais novo. O pai olhou para ele, chamou-o pelo nome e disse:
Deixe-me ver os seus dentes.
Antes que alguém pudesse dizer alguma coisa, ele colocou o pedaço de carne de porco na boca do filho.
O silêncio que se seguiu foi quebrado apenas pelo longo suspiro da mãe.
Sempre era assim. Um raro pedacinho de carne em uma tigela de vegetais era passado de um para outro.
Os olhos famintos pediam mais. Mas nunca falavam. Todos sabiam que era difícil conseguir comida.
Não havia mais, simplesmente. E os pais não sabiam de onde viria a próxima refeição.
Assim era a vida naquela família, onde o pai trabalhava da madrugada ao entardecer, por miserável pagamento mensal.
Onde a mãe lavava, limpava, cozinhava, costurava e ainda ia trabalhar no campo, para conseguir um pouco mais de recursos.
*   *   *
Cuidado uns com os outros – é isso que o fato narrado nos ensina.
Será que em nosso lar estamos passando esses valores para nossos filhos: de se preocuparem com o irmão, conosco, seus pais?
Lendo a história da miséria vivida por Li Cunxin, podemos pensar que jamais seremos tão pobres, a ponto de disputar o alimento.
Não importa. O importante a ressaltar é que cultivemos o amor.
Esse amor que se demonstra em pequenos gestos, em preciosas doações.
Pode ser ofertar uma flor, um doce, um mimo. Pode, com doçura se resumir em fitar nos olhos o outro e perguntar:
Você está muito cansado? Como foi o seu dia? Que posso fazer para você se sentir melhor?
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 1
 do livro
Adeus, China – o último bailarino de Mao,
 de Li Cunxin, ed. Fundamento.
Em 18.9.2017.

domingo, 17 de setembro de 2017

Palavras

"Da mesma boca procede bênção e maldição." - (TIAGO, 3:10)

Nunca te arrependerás:
De haver ouvido cem frases, pronunciando simplesmente uma ou outra pequena observação.
De evitar o comentário alusivo ao mal, qualquer que seja.
De calar a explosão de cólera.
De preferir o silêncio nos instantes de irritação.
De renunciar aos palpites levianos nas menores controvérsias.
De não opinar em problemas que te não dizem respeito.
De esquivar-te a promessas que não poderias cumprir.
De meditar muitas horas sem abrir os lábios.
De apenas sorrir sempre que visitado pela desilusão ou pela amargura.
De fugir a reclamações de qualquer natureza.
De estimular o bem sob todos os prismas.
De pronunciar palavras de perdão e bondade.
De explanar sobre o otimismo, a fé e a esperança.
De exaltar a confiança no Céu.
De ensinar o que seja útil, verdadeiro e santificante.
De prestar informações que ajudem aos outros.
De exprimir bons pensamentos.
De formular apelos à fraternidade e à concórdia.
De demonstrar benevolência e compreensão.
De fortalecer o trabalho e a educação, a justiça e o dever, a paz e o bem, ainda mesmo com sacrifício do próprio coração.
Examina o sentido, o modo e a direção de tuas palavras, antes de pronunciá-las.
Da mesma boca procede bênção ou maldição para o caminho.

XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 179.

Prece

Prece

Louvado sejas, Senhor,
Na glória do Lar Celeste,
Pelos bens que nos trouxestes,
No evangelho redentor.
Na tarefa renovada
Que o teu olhar nos consente,
De espírito reverente,
Clamamos por teu amor.
Pobres cegos que fugimos
Da luz a que nos eleva,
Nossa oração rompe as trevas,
Escuta-nos, Mestre, e vem...
Retifica-nos o passo
Para a estrada corrigida,
Sustentando-nos a vida,
Na força do Eterno Bem.
Dá-nos, Jesus, tua benção,
Que nos consola e levanta...
Que a tua doutrina santa
Vibre pura e viva em nós!
Faze, Senhor, que nós todos,
Na caminhada incessante,
Cada dia, cada instante,
Possamos ouvir-te a voz.
Ampara-nos a esperança,
Socorre-nos a pobreza,
Liberta nossa alma presa
Do erro e da imperfeição!...
Mestre excelso da verdade,
Hoje e sempre, em toda parte,
Ensina-nos a guardar-te,
No templo do coração.

Espírito: José Silvério Horta
Médium: Francisco Candido Xavier
Livro: Antologia dos Imortais

Pai Nosso

Pai Nosso, que estás nos Céus,
Na luz dos sóis infinitos,
Pai de todos os aflitos,
Deste mundo de escarcéus.
Santificado, Senhor, seja o Teu nome sublime,
Que em todo o Universo exprime,
Concórdia, ternura e amor.
Venha ao nosso coração,
O Teu reino de bondade,
De paz e de claridade, na estrada da redenção,
Cumpra-se Teu mandamento, que não vacila nem erra,
Nos Céus, como em toda Terra; de luta e de sofrimento.
Evita-nos todo o mal,
Dá-nos o pão do caminho,
Feito da luz, no carinho; do pão espiritual.
Perdoa-nos, meu Senhor, de iniquidade e de dor.
Os débitos tenebrosos, de passados escabrosos,
Auxilia-nos também, nos sentimentos cristãos,
A amar nossos irmãos, que vivem longe do bem.
Com a proteção de Jesus, livra a nossa alma do erro,
Sobre o mundo de desterro, distante da vossa luz.
Que vossa ideal igreja, seja o altar da Caridade,
Onde se faça a vontade,
De vosso amor… Assim seja.

José Silvério Horta

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Abençoa, SENHOR!

Abençoa, Senhor, esta Casa singela,
Onde a luz do Evangelho esplende, soberana,
E onde encontra guarida a imensa caravana
Dos tristes corações que a prova desmantela.
Neste pouso de paz onde a fé nos irmana,
Em torno do Ideal que ao mundo se revela,
A Caridade é sempre atenta sentinela,
Estendendo os seus braços à penúria humana.
Neste recanto amigo, à margem do caminho,
Ninguém procura em vão o conforto e o carinho,
Cansado de bater, chorando, porta em porta...
Porquanto a Tua voz na voz de quem ensina,
A mensagem de amor da Celeste Doutrina,
A renovar no bem a vida nos exorta!...

Pelo Espírito Auta de Souza
XAVIER, Francisco Cândido; BACCELLI, Carlos A.. Confia e Serve. Espíritos Diversos. IDE.

O Maior Mandamento

1Mas os fariseus, quando ouviram que Jesus tinha feito calar a boca dos saduceus, juntaram-se em conselho. E um deles, que era doutor da lei, tentando-o, perguntou-lhe: Mestre, qual é o maior mandamento da lei? Jesus lhe disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, este é o maior primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Estes dois mandamentos contêm toda a lei e os profetas. (Mateus, XXII: 34-40).
2E assim, tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles. Porque esta é a lei e os profetas. (Mateus, 7: 12).
Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem. (Lucas, VI: 31)
3 – O Reino dos Céus é comparado a um rei que quis tomar contas a seus servos. E tendo começado a tomar as contas, apresentou-lhe um que lhe devia dez mil talentos. E como não tivesse com que pagar, mandou o seu senhor que o vendessem a ele, e a sua mulher, e a seus filhos, e tudo o que tinha, para ficar pago da dívida. Porém o tal servo, lançando-se aos pés, fazia-lhe esta súplica: Tem paciência comigo, que eu te pagarei tudo. Então o senhor, compadecido daquele servo, deixou-o ir livre, e perdoou-lhe a dívida. E tendo saído este servo, encontrou um de seus companheiros, que lhe devia cem dinheiros; e lançando-lhe a mão à garganta o asfixiava, dizendo-lhe: Paga-me o que deves. E o companheiro, lançando-se aos pés, rogava, dizendo: Tem paciência comigo, que eu te satisfarei tudo. Porém ele não atendeu: retirou-se, e fez que o metessem na cadeia, até pagar a dívida. Porém, os outros servos, seus companheiros, vendo o que se passava, sentiram-no fortemente e foram dar parte a seu senhor de tudo o que tinha acontecido. Então o fez vir seu senhor, e lhe disse: Servo mau, eu te perdoei a dívida toda, porque me vieste rogar isso; não devias tu, logo, compadecer-te igualmente do teu companheiro, assim como também eu me compadeci de ti? E, cheio de cólera, mandou seu senhor que o entregassem aos algozes, até pagar toda a dívida. Assim também vos tratará meu Pai celestial, se não perdoardes, do íntimo de vossos corações, aquilo que vos tenha feito vosso irmão. (Mateus, XVIII: 23-35).
4 – “Amar ao próximo como a si mesmo; fazer aos outros como quereríamos que nos fizessem”, eis a expressão mais completa da caridade, porque ela resume todos os deveres para com o próximo. Não se pode ter, neste caso, guia mais seguro, do que tomando como medida do que se deve fazer aos outros, o que se deseja para si mesmo. Com que direito exigiríamos de nossos semelhantes melhor tratamento, mais indulgência, benevolência e devotamento, do que lhes damos? A prática dessas máximas leva à destruição do egoísmo. Quando os homens as tomarem como normas de conduta e como base de suas instituições, compreenderão a verdadeira fraternidade, e farão reinar a paz e a justiça entre eles. Não haverá mais ódios nem dissensões, mas união, concórdia e mútua benevolência.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Por ALLAN KARDEC

Em Respeito à Caridade

Em respeito à caridade

Por mais se aborde o tema referente à virtude por excelência – a caridade! -sempre existem facetas novas e profundas que merecem análise para imediata aplicação.
A caridade é a filha predileta de que a fé se utiliza para expressar a riqueza de que se constitui. Enquanto a fé é qual uma chama flamejante que ilumina interiormente, oferecendo vigor e alegria àquele que a cultiva, a caridade são-lhe as mãos laboriosas que lhe concretizam os sentimentos.
Graças ao combustível que a sustenta – a esperança – é que não se lhe entibia a vitalidade, que lhe faculta mover montanhas, prosseguindo na sublime saga de libertar o ser humano da ignorância em que estorcega.
Anjos protetores que se unem desvelam-se na caridade enriquecida de amor e de paz.
Convencionou-se, entretanto, e vem sendo mantida através dos tempos a conceituação falsa de que a caridade se constitui das ações generosas e compassivas que se oferecem materialmente, sem dúvida valiosas, mas não únicas.
A caridade sempre se apresenta em mil facetas que engrandecem aquele que a oferece, assim como aqueloutro a quem se destina.
Para o desnudo, o vestuário é-lhe de alta importância, tanto quanto, para o esfaimado, o pão é fundamental.
Para o enfermo, o remédio é bênção que o auxilia na recuperação da saúde, assim como para o sedento, o vasilhame com água generosas é salvação da existência física.
Para o enregelado pelo frio, o agasalho é mensageiro de calor e de alegria, da mesma forma como a ajuda monetária, que soluciona a dificuldade de alguém, que recupera a alegria de viver.
Nada obstante, para o desorientado, o oferecimento de diretriz de segurança representa motivo de júbilo, de igual maneira, a palavra oportuna que esclarece e ilumina constitui indiscutível oferta de bem-estar.
Sempre existem maneiras diversas para a ação da caridade expressar-se, ademais daquelas exclusivamente materiais.
Em um estudo mais profundo em torno das necessidades humanas, constatam-se as presenças da fome, das doenças, do abandono social a que são relegados os denominados excluídos, o desvalimento moral, a falta  de teto, de trabalho, de educação... No entanto, a mais terrível de todas é o egoísmo que gera tais fenômenos desditosos, mas que a caridade real pode solucionar por influência do amor.
Onde vicejam, portanto, o amor e a caridade, esses sofrimentos decorrentes da miséria não florescem.
Há grande, insofismável carência, portanto, na sociedade terrestre, de valores morais, que a caridade propicia, porquanto, encontrando-se a consciência humana iluminada pela fé no dever e nos bons frutos disso decorrentes, a esperança trabalha pela remoção do egoísmo que domina o coração das criaturas, abrindo espaço para a conquista sublime da felicidade.
Desse modo, à caridade, no seu relevante sentido moral, está reservada a missão de transformar a Terra para melhor, propiciando a conscientização dos seus habitantes, trabalhando em favor do equilíbrio e da harmonia geral.
Isto porque, não somente a miséria socioeconômica é fomentadora do desespero, dos sofrimentos, da violência, mas principalmente responsável é a espiritual, que consideramos a alma dessa e das demais ocorrências infelizes.
Em respeito à caridade, reflexiona em torno de outras desgraças, sutis umas e grosseiras outras, que podem ser evitadas ou saneadas, se essa mensagem da vida chegar a tempo.
*   *   *
A conduta pessoal é sempre reflexo das construções mentais, porquanto as ocorrências que têm lugar no mundo físico originam-se no pensamento.
Nas comunidades prósperas do mundo, onde não há escassez de recursos para os seus membros, neles permanecem, no entanto, em predominância, os sentimentos de mesquinhez e de inferioridade, que os tornam tão infelizes quanto aqueles que experimentam fome e abandono.
Multiplicam-se, nesses lugares, os sequazes da aflição, em renhidos combates psíquicos e emocionais, sob a governança da inveja, da antipatia, das animosidades maldisfarçadas, criando situações deploráveis.
Ciúmes doentios perturbam incontáveis existências que se estiolam nas suas garras vigorosas; calúnias urdidas pela insensatez e com habilidade desestabilizam pessoas representativas, que se transtornam; agressões verbais e comentários perversos dividem famílias e separam afeições que lhes padecem a felonia; desconsideração social e intrigas sórdidas atingem sentimentos que se desajustam, perdendo o rumo por onde seguiam...
Nos arraiais da fé religiosa, lamentavelmente nas diversas denominações do Cristianismo, os seus adeptos traem-se uns aos outros e reciprocamente, distantes de qualquer compromisso emocional e moral com os postulados ensinados e vividos por Jesus até o momento do holocausto.
Odeiam-se os membros da mesma congregação ou entidade, fraternalmente sorrindo, disputando privilégios que se atribuem mérito, destaques, primazias, embora abraçando uma doutrina que preconiza a humildade, a renúncia, a abnegação, a compaixão... a caridade!
As lutas intestinas entre aqueles que compõem a grei alcançam, normalmente, lamentáveis índices de violência verbal, culminando, muitas vezes, em pugilato físico, quando não em crimes vergonhosos.
As atitudes comportamentais não correspondem às aparentes convicções desposadas, dando lugar a choques constantes de opinião, de realização, de vivência...
A presença da caridade no coração desses indivíduos bastaria para fazer cessar ou pelo menos não acontecer esses infelizes fenômenos, que são frutos espúrios do egoísmo, em todos os comportamentos como roteiro ético em favor dos relacionamentos humanos.
*   *   *
A caridade alcança um dos seus pontos culminantes e gloriosos quando se converte em perdão ao próximo e proporciona ao indivíduo o autoperdão com a consciência lúcida em favor da necessidade de reparação das faltas, da sua própria recuperação moral.
Caridade, pois, sem cessar.
(...) E, através da oração pelos desencarnados em sofrimento, a caridade se expressa sublime, favorecendo, também, o envolvimento daqueles de quem ninguém se recorda: enfermos ou abandonados, suicidas ou assassinos, que tiveram desencarnação violenta ou que permanecem nos padecimentos inenarráveis no corpo enfermo, tornando-se excelsa como libertadora dos Espíritos que estorcegam nesses e em outros ergástulos morais e espirituais...
Desse modo, a caridade de Jesus prossegue socorrendo-nos, sem que nos demos conta sequer das sublimes mercês que nos oferece.
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, do
livro
Jesus e vida, cap. 19, ed. LEAL.
Em 6.9.2017.
 

Turbulências

Turbulências

O mundo está em turbulência de todo jaez.
A violência – esse monstro insaciável – continua na sua faina destruidora, utilizando-se de personagens psicopatas, a fim de mais intranquilizar a sociedade.
A tragédia terrorista vivida por Barcelona, há poucos dias, com a inacreditável conduta do atropelador numa das suas Ramblas, assassinando pessoas descomprometidas com os acontecimentos políticos e econômicos da Humanidade, incluindo crianças, estarrece-nos a todos. Noutras cidades do planeta o terror atira os seus lobos solitários contra quaisquer vítimas que se encontrem nos seus torpes caminhos e os assassinam friamente, criando o clima de horror em toda parte. Alguns deles, agindo em nome de um Deus monstruoso que encontra albergue na religião que professam, outros por paixões políticas de expansionismo, mais outros, simplesmente, porque lhes compraz matar, multiplicam-se como erva má em toda parte.
Hemos de convir que já não deveriam existir na Terra, após os esforços da cultura e da civilização, das ciências e da tecnologia avançada, biótipos humanos chafurdando nos pântanos das psicopatologias terríveis, no entanto, por toda parte encontramos esses portadores do crime de toda espécie, comprazendo-se com os atos ultrajantes que realizam.
Ocorre que a Terra ainda é um planeta de provas e expiações, como afirmou Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, e nos encontramos em um momento de transição evolutiva muito grave.
À semelhança do que acontece com o Espírito, que evolui através das reencarnações, também os mundos habitados mudam de psicosfera, a fim de albergar aqueles que alcançam estágio elevado, equivalente aos Céus das tradições religiosas. Mas, de maneira idêntica, outros se encontram em estado primitivo, experimentando toda forma de inferioridade, como se fossem os Infernos das mesmas tradições.
O amor de Deus, no entanto, está sempre agindo de maneira a facultar a todos a conquista da harmonia e da sabedoria.
Incontáveis Espíritos que permaneciam na psicosfera da Terra, atrelados à ignorância e ao primarismo, estão fruindo a oportunidade de reencarnar-se, melhorando a situação moral para mudar de estado. Entretanto, aferrados aos instintos básicos, nos quais a crueldade tem primazia, formam essas hordas criminosas e atacam os demais, com objetivos sórdidos de dominar mentes e consciências, em processo de subjugação obsessiva em que se comprazem.
Cuide cada criatura da sua vida psíquica e moral, a fim de sintonizar com os Benfeitores espirituais, resguardando-se do mal que se espraia largamente.
Contribuamos para a melhora do mundo, produzindo a própria transformação, criando a sociedade do bem a que aspiramos.
 Divaldo Pereira Franco.
Artigo publicado no jornal A Tarde,
coluna Opinião, em  24.8.2017.
Em 4.9.2015.

Religião

Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na comunhão de pensamentos.
É aí que podem e devem exercer a sua força, porque o objetivo deve ser a libertação do pensamento das amarras da matéria.
Infelizmente, a maioria se afasta deste princípio à medida que a religião se torna uma questão de forma. Disto resulta que cada um, fazendo seu dever consistir na realização da forma, se julga quite com Deus e com os homens, desde que praticou uma fórmula.
Resulta ainda que cada um vai aos lugares de reuniões religiosas com um pensamento pessoal, por sua própria conta e, na maioria das vezes, sem nenhum sentimento de confraternidade em relação aos outros assistentes.
Fica isolado em meio à multidão e só pensa no céu para si mesmo.
Por certo não era assim que entendia Jesus, ao dizer: “Quando duas ou mais pessoas estiverem reunidas em meu nome, aí estarei entre elas.”
Reunidos em Meu nome, isto é, com um pensamento comum; mas não se pode estar reunido em nome de Jesus sem assimilar os Seus princípios, Sua doutrina.
Qual é o princípio fundamental da doutrina de Jesus? A caridade em pensamentos, palavras e ações. Mentem os egoístas e os orgulhosos, quando se dizem reunidos em nome de Jesus, porque Jesus não os conhece por Seus discípulos.
O isolamento religioso, assim como o isolamento social, conduz ao egoísmo.
Que alguns homens sejam bastante fortes por si mesmos, largamente dotados pelo coração, para que sua fé e caridade não necessitem ser revigoradas num foco comum, é possível.
Mas não é assim com as massas, por lhes faltar um estimulante, sem o qual poderiam se deixar levar pela indiferença.
Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembleias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos. É que a palavra religião quer dizer “laço”.
Uma religião, em sua acepção larga e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunhão de sentimentos, de princípios e de crenças.
*   *   *
Esta é parte do discurso de Allan Kardec, em 1o de novembro de 1868, face à comemoração do Dia dos Mortos.
Ele assim orientava porque é importante que as pessoas se reúnam em assembleias para unirem os pensamentos, para vibrarem em uníssono pelos amores que já partiram.
Aproveita também para lhes falar de como a doutrina dos Espíritos entende a palavra religião.
Não como culto, com hierarquias, dogmas e cerimônias externas mas, como laço que nos une em fraternidade, em comunhão de pensamento e que precisa ter sua base na mais pura caridade.
Que possamos verificar em nossa vida se a religião não se tornou apenas uma casca, uma conveniência social.
Independente da crença que tenhamos, procuremos fazê-la nossa ligação com o Criador, com as questões mais graves da existência.
Que ela possa ser nossa libertação das amarras da matéria.
Nossa alma necessita de transcendência para sobreviver, para não sucumbir ao desânimo, à depressão, à falta de sentido existencial.
Encontremos esse laço na religiosidade e na religião verdadeira. Uma ligação com a consciência cósmica, com o Pai. Ligação perene, constante, que não depende de local ou situação.

 Redação do Momento Espírita, com base no Discurso de Abertura
– O Espiritismo é uma religião?, da Revista Espírita, de Allan Kardec,
v. 11, de dezembro 1868, ed. FEB.
Em 11.9.2017.

sábado, 9 de setembro de 2017

Lar

Lar é instituição essencialmente divina e que se deve viver, dentro de suas portas, com todo o coração e com toda a alma. Enquanto as criaturas vulgares atravessam a florida região do noivado, procuram-se mobilizando os máximos recursos do espírito e, daí o dizer-se que todos os seres são belos quando estão verdadeiramente amando. O assunto mais trivial assume singular encanto nas palestras mais fúteis. O homem e a mulher comparecem aí, na integração de suas forças sublimes. Mas logo que recebem a benção nupcial, a maioria atravessa os véus do desejo, e cai nos braços dos velhos monstros que tiranizam corações. Não concessões reciprocas. Não há tolerância e, por vezes, nem mesmo fraternidade. E apaga-se a beleza luminosa do amor, quando os cônjuges perdem a camaradagem e o gosto de conversar. Daí em diante, os mais educados respeitam-se; os mais rudes mal se suportavam. Não se entendem. Perguntas e respostas são formuladas em vocábulos breves. Por mais que se unam os corpos, vivem as mentes separadas, operando em rumos opostos.

XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar. Pelo Espírito André Luiz. FEB.

O Fim do Mundo

14 - Como compreender a afirmativa dos astrônomos relativamente à morte térmica do planeta?

- É certo que todo organismo material se transformará, um dia, revestindo novas formas. As energias do Sol, como as forças telúricas do orbe terrestre, serão esgotadas aqui, para surgirem noutra parte. Alguns astrônomos calculam a morte térmica do planeta para daqui a um milhão de anos, aproximadamente.
Já se disse, porém, que a vida é o eterno presente. E o nosso primeiro dever não é o de contar o tempo, demarcando, em bases inseguras, a duração das obras conhecidamente sagrada para as edificações definitivas do nosso espírito, as quais são inacessíveis a todas as transformações da matéria, em face do Infinito.


XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Questão 14.

Hoje Sim

Ontem passado.
Amanhã futuro.
Hoje agora.
Ontem promessa.
Amanhã probabilidade.
Hoje ação.
Ontem parecia.
Amanhã quem sabe?
Hoje sem dúvida.
Ontem anseio.
Amanhã mudança.
Hoje oportunidade.
Ontem sementeira.
Amanhã colheita.
Hoje seleção.
Ontem não mais.
Amanhã talvez.
Hoje sim.
Ontem foi.
Amanhã será.
Hoje é.
Ontem experiência adquirida.
Amanhã lutas novas.
Hoje, porém, é a nossa hora
de fazer e de construir.


Pelo Espírito Emmanuel
XAVIER, Francisco Cândido. Ideal Espírita. Espíritos Diversos. CEC.

Independência do Brasil

Sete de setembro. Feriado nacional. Dia da Independência do Brasil.
Por todo o país se fazem presentes as comemorações.
São desfiles militares, escolares, civis.  Discursos, bandas, orquestras.
Evoca-se 1822, em verso e prosa.
Enaltece-se Dom Pedro I como o libertador.
Desde a sua audaciosa desobediência às determinações da metrópole portuguesa, não regressando a Portugal, estava proclamada a Independência do Brasil.
O príncipe tinha suas noites povoadas de sonhos de amor à liberdade.
Desenvolvia no Espírito as noções da solidariedade humana.
Não representava o tipo ideal necessário à realização dos projetos espirituais, mas era voluntarioso. E ele era a autoridade.
Os patriotas já não pensavam noutra coisa que não fosse a organização política do Brasil.
A imprensa da época concentrava as energias nacionais para a suprema afirmação da liberdade da pátria.
As pessoas viviam a expectativa. Todos os corações aguardavam.
Então, no retorno da sua viagem a São Paulo, um correio leva ao conhecimento de Dom Pedro as novas imposições das cortes de Lisboa.
Ali mesmo, nas margens do Ipiranga, ele deixa escapar o grito: Independência ou morte!
Sem suspeitar, Dom Pedro I era dócil instrumento de um emissário Divino, que velava pela grandeza da pátria.
Consumou-se o fato e, logo, os versos do Hino da Independência eram cantados: Já podeis da pátria filhos, ver contente a mãe gentil. Já raiou a liberdade, no horizonte do Brasil.
A Independência do Brasil foi fruto do intenso trabalho das hostes espirituais junto aos homens. Muitos homens deram a vida por este ideal.
São passados cento e noventa e cinco anos da nossa independência.
Olhamos o nosso imenso país, um gigante geográfico e nos indagamos: Somos realmente livres?
A verdadeira independência é moral.
Enquanto prosseguem vigentes o jeitinho brasileiro e a lei de Gerson não seremos livres.
Quando assumirmos nosso papel de homens dignos, corretos, fiéis aos nobres ideais, seremos livres.
Quando o estandarte da solidariedade e da tolerância se implantar em nossos corações, a nossa bandeira verde e amarela tremulará mais bela.
Quando estendermos os braços para o bem da comunidade, as estrelas do pano pátrio brilharão com maior intensidade.
Quando a ordem e a disciplina se instalarem nas ações de todos nós, o branco do pavilhão nacional terá alcançado o verdadeiro sentido: a paz.
Para que o progresso real se instale, é necessário que as individualidades cresçam. A soma das conquistas pessoais resultará no crescimento coletivo.
Hoje é um excelente dia para se propor a trabalhar pelo nosso gigante.
Dizem que está adormecido, mas só porque os seus filhos dormem. A mãe gentil que nos recebe nesta etapa da vida no planeta merece-nos o esforço.
Se quisermos, e só se quisermos, poderemos tornar verdadeira, desde agora a assertiva espiritual: Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho.
Coração que pulsa, que ama, que não relega ao abandono os seus filhos. E tanto quanto pode, recebe e ampara os filhos de outros solos.
Pátria do Evangelho que irradia o bem, que serve de modelo, que luta pela justiça, pela verdade.
Independência moral. Crescimento real. Vamos todos começar neste dia a lutar por tais objetivos?
*   *   *
Relatam as tradições espirituais que Tiradentes, morto em 1792, continuou após a sua morte, a trabalhar pela Independência do Brasil.
Ele estava com o príncipe regente Dom Pedro no grito do Ipiranga.
Isso demonstra que os Espíritos, mesmo abandonando a carne, prosseguem nos ideais abraçados.Os Espíritos, como os homens, amam o torrão que lhes serviu de berço, se interessam pelas coletividades, trabalham pelo bem geral.

Redação do Momento Espírita, com base nos cap.18 e 19 do livro
 
Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho
, pelo Espírito
Humberto de Campos, psicografia de Francisco Cândido Xavier,
ed. FEB.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP
.
Em 7.9.2017.

domingo, 3 de setembro de 2017

Ganhar

"Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?" - Jesus. (MARCOS, capítulo 8, versículo 36.)

As criaturas terrestres, de modo geral, ainda não aprenderam a ganhar. Entretanto, o espírito humano permanece no Planeta em busca de alguma coisa. É indispensável alcançar valores de aperfeiçoamento para a vida eterna.
Recomendou Jesus aos seus tutelados procurassem, insistissem...
Significa isso que o homem se demora na Terra para ganhar na luta enobrecedora.
Toda perturbação, nesse sentido, provém da mente viciada das almas em desvio.
O homem está sempre decidido a conquistar o mundo, mas nunca disposto a conquistar-se para uma esfera mais elevada. Nesse falso conceito, subverte a ordem, nas oportunidades de cada dia. Se Deus lhe concede bastante saúde física, costuma usá-la na aquisição da doença destruidora; se consegue amealhar possibilidades financeiras, tenta açambarcar os interesses alheios.
O Mestre Divino não recomendou que a alma humana deva movimentar-se despida de objetivos e aspirações de ganho; salientou apenas que o homem necessita conhecer o que procura, que espécie de lucros almeja, a que fins se propõe em suas atividades terrestres.
Se teus desejos repousam nas aquisições facticias, relativamente a situações passageiras ou a patrimônios fadados ao apodrecimento, renova, enquanto é tempo, a visão espiritual, porque de nada vale ganhar o mundo que te não pertence e perderes a ti mesmo, indefinidamente, para a vida imortal.

XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 58

Caminhar Juntos

Ao nos casarmos, decidimos caminhar com alguém ao nosso lado.
Mas é necessário entender que caminhar lado a lado não é dar os mesmos passos.
Caminhar juntos pode apresentar descompassos, tropeços ou mesmo algumas paradas vez ou outra para ajuste dos passos.
Isso porque nós e o caminho vamos modificando na medida que os passos vão se desdobrando.
A estrada se descortina com suas surpresas, próprias de trechos ainda não percorridos.
Naturalmente, no transcorrer do percurso, bifurcações surgem, nos obrigando a tomar decisões, escolher para que lado seguir.
Se, individualmente, temos opções a fazer, diante das encruzilhadas que a vida nos oferece, podendo realizar escolhas pessoais, a vida a dois igualmente apresenta tais momentos.
E se nosso desejo é caminharmos um ao lado do outro, importante que optemos pelas mesmas direções nessas oportunidades.
Assim, as decisões deverão ser tomadas de comum acordo, para que não nos distanciemos um do outro ao longo da jornada.
Nesse caminhar decidiremos o tamanho da família que queremos ter, as datas propícias para o seu crescimento, como será a educação dos filhos.
Tomaremos, ainda, decisões importantes relativas à vida profissional de ambos, dos bens a adquirir, e outras que se fizerem presentes.
Quando não existir o diálogo franco, pela falta de ouvir o outro ou não ceder nos propósitos pessoais, é comum os cônjuges optarem por caminhos diferentes.
Dessa forma, seguem individualmente, como se sozinhos estivessem, e não percebem que o outro não mais caminha ao seu lado.
Haverão de se dar conta muitos passos adiante, muito tempo depois, de que estão caminhando a sós.
É quando surgem os desentendimentos, as discussões tolas, por tudo e por qualquer coisa.
Caminhar juntos é cuidar um do outro, é prestar atenção na direção dos próprios pés para que não se distanciem de quem está ao lado.
Importante lembrar que nenhum de nós é obra acabada a ser descoberta aos poucos pelo outro.
Somos obra em construção, modificada, alterada e estruturada a cada dia.
Ocorre, por vezes, que mesmo depois de anos de caminhada, nos surpreendemos com as ações ou reações do outro. Descobrimos, então, que não conhecemos verdadeiramente quem há tanto tempo está ao nosso lado.
Por isso é necessário atentar para os passos, mas também aprender a ler nos olhos.
Será através dessas janelas da alma que conseguiremos penetrar a intimidade do cônjuge.
Por outro lado, também devemos permitir que ele nos leia nos olhos, que nos examine a alma.
Dessa forma, caminhar lado a lado será mais simples porque iremos acompanhando as mudanças íntimas, a conquista dos valores, os desejos e os sonhos um do outro.
Muitos desistem da caminhada. Outros tantos se permitem afastamentos e passam a seguir sozinhos. Não raro são aqueles que se perdem, em uma bifurcação qualquer.
Será sempre valioso aprendizado se, atentos ao caminhar, seguirmos pela longa estrada, vencendo tropeços, acertando passos e escolhendo juntos os caminhos.
Portanto, sigamos com atenção para que juntos possamos estabelecer belo e venturoso percurso e, finalmente, cheguemos ao destino que ambos idealizamos, em uma data qualquer.

 Redação do Momento Espírita.
Em 2.9.2017

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

O Quadro-Negro

"Mas tenho-vos dito isto, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que já vo-lo tinha dito." - Jesus. (JOÃO, 16:4.)

Referia-se Jesus aos próprios testemunhos, entretanto, podemos igualmente aplicar-lhe os divinos conceitos a nós mesmos, desencarnados e encarnados.
Cada discípulo terá sua hora de revelações do aproveitamento individual.
As escolas primárias não dispensam o habitual quadro-negro, destinado às demonstrações isoladas do aluno.
À frente do professor consciencioso, o aprendiz mostrará quanto lucrou, sem os recursos do plágio afetuoso, entre companheiros.
Sobre a zona escura, o giz claro definirá, fielmente, a posição firme ou insegura do estudante.
E não será isto mesmo o que se repete na escola vasta do mundo? O homem, nas lutas vulgares, poderá socorrer-se, indefinidamente, dos bons amigos. O Pai permite semelhantes contactos para que as oportunidades de aprender se lhe tornem irrestritas; no entanto, lá vem "aquela hora" em que a criatura deve tomar o giz alvo e puro das realizações espirituais, colocando-se junto ao quadro-negro das provas edificantes.
Alguns aprendizes fracassam porque não sabem multiplicar os bens, nem dividi- los. Ignoram como subtrair a luz das trevas, somam os conflitos e formam equações de ódio e vingança. Esquecem-se de que Jesus salientou o amor, por máxima glória, em todas as situações do apostolado evangélico e que, mesmo na cruz, depois de receber os fatores da injúria, da perseguição, da ironia e do desprezo, somou-os na tábua do coração, extraindo a divina equação de serenidade, entendimento e perdão.
Oh! vós, que ides ao quadro-negro das atividades terrestres, abandonai o giz escuro da desesperação! escrevei em caracteres de luz o que aprendestes do Mestre Divino! Revela o próprio valor! Lembrai-vos que instrutores benevolentes e sábios vos inspiram as mãos! Abençoai o quadro-negro que vos pede o giz de suor e lágrimas, porque junto dele podereis conquistar o curso maior!...

XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 114.

Sejamos...

Se você não puder ser um pinheiro no topo da colina, seja um arbusto no vale – mas seja o melhor arbusto à margem do regato.
Seja um ramo se não puder ser uma árvore.
Se não puder ser um ramo, seja um pouco de relva, e dê alegria a algum caminho.
Se não puder ser um perfume raro, seja então apenas uma tília; porém, a tília mais cheia de vida do lago.
Não podemos ser todos capitães, temos de ser tripulação.
Há alguma coisa para todos nós aqui. Há grandes obras e outras menores a realizar.
E é a próxima a tarefa que devemos empreender.
Se você não puder ser uma estrada, seja apenas uma senda.
Se não puder ser o sol, seja uma estrela. Não é pelo tamanho que terá êxito ou fracasso.
Mas seja o melhor que puder, independentemente do que seja.
*   *   *
Fazer a diferença no mundo não quer dizer fazer grandes coisas.
Claro que temos os que, dentre nós, seremos os grandes realizadores, os capitães, os líderes, os exemplos, porém, a grande maioria de nós é tripulação.
Mas, lembremos que uma tripulação pode afundar um navio se assim o quiser.
Todos somos importantes e temos nossas tarefas, nossas missões e responsabilidades.
Em nossas esferas de atuação podemos fazer muito, pouco ou nada.
O convite é para que sejamos mais.
Mais amáveis, mais responsáveis, mais amigos, mais civilizados.
Sejamos a mudança que queremos tanto ver no mundo, nos poderosos, cujo comportamento tanto rechaçamos, na sociedade doente que criticamos duramente.
Construamos ao nosso redor esse mundo novo, iniciemos em nossa família uma vida nova, com novos hábitos, novas regras e novas disposições.
Sejamos diferentes. Sejamos estranhos. Sejamos motivo para comentários dos que não saem da mesmice dos dias iguais e dos comportamentos de massa.
Sejamos amorosos com todos, independentemente da forma com que sejamos tratados.
Sejamos firmes, sem sermos rudes. Tenhamos paciência. Não deixemos que nada nem ninguém roube a nossa tão preciosa paz.
Sejamos otimistas, mas não tolos. Carreguemos o otimismo inteligente de quem sabe que o Universo é regido por leis perfeitas, de quem sabe que no aparente caos há uma Ordem Invisível tomando conta.
Sejamos fortes, mas saibamos pedir ajuda sem medo. Humildade é sinal de grandeza de alma.
Sejamos caridosos, o que significa sermos benevolentes, indulgentes e misericordiosos. Um pouco mais a cada dia. Somos uma construção de séculos, milênios. Essa vida é mais uma etapa dessa grande edificação que somente está ficando mais alta.
Sejamos atenciosos. Percebamos tudo ao nosso redor: a natureza, os movimentos, as pessoas. Principalmente, as pessoas.
Elas precisam de atenção. Precisam de alguém que pare e as ouça, que saia de seu individualismo ensurdecedor, retire seu fone de ouvido e diga: Pode falar, estou ouvindo...
Sejamos o melhor que pudermos, dentro das nossas possibilidades. Façamos a nossa parte, sem nos preocuparmos se os outros estão fazendo a deles.
o convite é para nós, para cada um de nós.

Redação do Momento Espírita, com base em poema, do livro
Be the best whathever you are, de Douglas Malloch,
ed. The Scott Dowd Company.
Em 31.8.2017.

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...