terça-feira, 31 de outubro de 2017

Com Jesus

Com Jesus

A renúncia será um privilégio para você.
*
O sofrimento glorificará sua vida.
*
A prova dilatará seus poderes.
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O trabalho constituirá título de confiança em seu caminho.
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O sacrifício sublimará seus impulsos.
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A enfermidade do corpo será remédio salutar para a sua alma.
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A calúnia lhe honrará a tarefa.
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A perseguição será motivo para que você abençoe a muitos.
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A angústia purificará suas esperanças.
*
O mal convocará seu espírito à prática do bem.
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O ódio desafiar-lhe-á o coração aos testemunhos de amor.
*
A Terra, com os seus contrastes e renovações incessantes, representará
bendita escola de aprimoramento individual, em cujas
lições purificadoras deixará você o egoísmo para sempre esmagado

Francisco Cândido Xavier - Agenda Cristã - pelo Espírito André Luiz 

Consciência de Culpa

Consciência de Culpa

A consciência de culpa atinge o mundo íntimo da criatura, na qualidade de um autêntico flagelo.
A partir do momento em que se instala, desequilibra as emoções e pode levar à loucura.
A consciência pesada evidencia uma certa imaturidade psicológica, pois denota que a pessoa agiu em descompasso com seus valores ou ideais, ou o fez sem refletir, em um rompante.
O indivíduo por vezes se permite comportamentos incorretos, que lhe agradam às sensações, para posteriormente se autopunir, entregando-se a arrependimento estéril.
A ciência dos erros passados pune com rudeza o infrator, perante si próprio, mas não o corrige para o futuro.
O cumprimento de uma penitência, embora constitua evento doloroso, nada repara e por isso não traz a plenitude psicológica curativa promovida pelas ações positivas.
O que foi feito não mais pode ser impedido ou evitado.
Disparada uma flecha, ela segue seu rumo.
Se uma ação foi ruim, o importante é reparar os danos que causou.
Todo homem que se considera fraco, não desenvolvendo esforços para fortalecer-se, torna-se de fato débil de forças.
É um sinal de covardia e infantilidade justificar um erro com autoflagelação, sem sanar as consequências, tornando a ele na primeira oportunidade, sob a alegação de fraqueza.
É nobre assumir o próprio equívoco, meditar serenamente sobre ele, arcar de forma corajosa com seus efeitos e repará-los do modo mais perfeito possível.
O difícil processo de reverter os resultados de um ato indigno tende a ser eficiente antídoto para novas experiências.
Tome-se o exemplo de uma mulher que voluntariamente faz um aborto.
Sua consciência pesa e ela pode desenvolver neuroses variadas, mantendo a mente focada no agir equivocado, a essa altura irremediável.
Mas essa mulher também pode, de modo muito mais proveitoso, dedicar as horas de seu tempo dispensando amor e cuidados a crianças órfãs.
Ela teve a desdita de rejeitar o filho que Deus, em sua infinita sabedoria, lhe confiou, mas nada a impede de adotar, por filhos do coração, os pequenos desamparados do mundo.
O tempo aplicado nessa tarefa é infinitamente mais útil do que se for perdido em lamentações.
Além de desempenhar, de certa forma, a missão materna que lhe estava destinada, o contato com a infância desvalida pode sensibilizá-la para as inefáveis bênçãos da maternidade.
Tudo isso tem o condão de funcionar como medida preventiva de novos desatinos.
Por outro lado, o remorso inativo e estéril, ao desequilibrar a personalidade abre as portas para os mais diversos equívocos, dos quais nada de bom resulta.
A partir do momento em que se elege como meta uma vida de paz, com a consciência tranqüila, há um preço a ser pago: a perseverança no dever.
Dignidade, harmonia, equilíbrio entre consciência e conduta não ocorrem ao acaso e nem se podem improvisar.
Tais virtudes devem ser conquistadas no dia-a-dia, mediante seu perseverante exercício.
Mas, em face de dificuldades para agir corretamente, por uma atitude viciosa encontrar-se muito arraigada, há sempre um derradeiro recurso: a oração.
Deus dispõe de infinito manancial de paz, sempre à disposição de suas criaturas, desde que estas o busquem com sinceridade e fervor.
O homem manifestando a firme intenção de resistir ao mal, a divindade por certo o fortalecerá no bem, pois foi o próprio Cristo quem afirmou:
“Pedi e obtereis”.

Joanna de Ângelis

Desculpar

Desculpar

Procura motivos para desculpar tantos quantos te possam ter ofendido dessa ou daquela forma, com ou sem motivos aparentes, direta ou indiretamente, para que a vitória da paz, e a implantação da harmonia, em torno de teus passos não se demore a estabelecer.

É, certo que, o mal que te possam ter causado sem que “nada tenhas feito por merecer”, estará sendo apreciado cedo ou tarde pelo Tribunal da Justiça Divina, e que, em sendo assim, terás por certo teus direitos reconhecidos e, por conseguinte, quem te houver causado prejuízos de qualquer ordem, arcará, inevitavelmente, com as consequências dos atos e ações, indevidamente relacionados com teu nome.

Mas, como indivíduo encarnado num planeta de provas e expiações, bem distante da pureza espiritual, como nos informam os Espíritos Superiores, é prudente e até mesmo inteligente, procurar desculpar e esquecer o quanto já te mostres capaz, as possíveis falhas do teu semelhante em relação a ti, pois, do mesmo modo que te utilizar para julgar as palavras, atos e ações de teus irmãos, serás também, medido e pesado, pela Justiça Maior, com os respectivos instrumentos de que tenhas te servido, para que também tu, prestes contas dos teus desatinos frente à contabilidade Celeste.

Procura entender, que nem todos os que nos ofendem ou caluniam, o fazem por maldade, e sim por pura ignorância e, até, por motivos de infortúnio e desespero, a quem precisamos dar nossa cota de contribuição e empenho no socorro que devemos ofertar aos necessitados que nos pedem ajuda e compreensão no dia a dia de nossas vidas, concedendo-nos excelentes oportunidades de desenvolver em nós as virtudes divinas do amor no exercício da verdadeira caridade.

Quem, de nós, em sã consciência, poderá medir ou, sequer avaliar, a extensão das trevas nas mãos que se envolveram em crimes?, Quem, de nós, seres humanos estará suficientemente capacitado a tudo, para distinguir toda a extensão da dor e da necessidade que provoca em alguém o desespero e a revolta?

Acautela-te, portanto, ante todo aquele que te possa trazer dissabores ou prejuízos, buscando na oração o combustível da fé e da esperança, desculpando infinitamente a todos, deixando a cargo da Soberana Justiça do Universo o julgamento final e inequívoco, em benefício de todos, e, que em relação a ti, possa garantir paz e tranquilidade para que tua consciência se conserve harmonizada e em cumprimento das sábias e imutáveis Leis de Deus.


Josepha

Recordando o Filósofo

Recordando o Filósofo

Conta-se que Epicteto, o escravo filósofo, visitado por Lisandro, liberto de Epafrodita, que lhe apresentava despedidas, em razão de mudança precipitada para Roma, entrou em fundo silêncio, diante do amigo íntimo.

– Pois não te regozijas? – exclamou o amigo, exonerado do cativeiro – não sentirás comigo o júbilo da transferência feliz?

O interpelado fixou-o, de frente, e indagou:

– Que pretendes?

– Uma viagem maravilhosa, o ambiente diverso, a modificação da vida, o esplendor da cidade imperial, a honra de ouvir os tribunos célebres, a contemplação dos espetáculos faustosos e, quem sabe, talvez o destaque entre os patrícios dominadores.

O filósofo escutava o companheiro sem o mais leve movimento.

Terminada a breve exposição, objetou, imperturbável:

– Empreendes longa e perigosa jornada, em busca de importância pessoal que te satisfaça a ambição. No entanto, que viagem já fizeste para modificar opiniões e melhorar sentimento?

O amigo surpreendido não conseguiu responder.

– Procuras ambiente diverso – prosseguiu o sábio sem alterar-se –; todavia, em que idade tentaste a própria renovação? Odeias sempre que te ferem, reages quando te insultam, justificas-te apressadamente quando te acusam de alguma falta... Que novidades poderás encontrar no caminho da vida? Desejas o esplendor da cidade dos Césares, mas não acendeste ainda a mais humilde candeia dentro de ti. Queres o júbilo de escutar os oradores famosos; porém, jamais consultaste alguém sobre os recursos que te façam melhor. Buscas espetáculos extravagantes para os olhos de carne, esquecido de que há prisioneiros contemplando festas loucas das grades do cárcere. Sonhas figurar entre os que dominam, mas não tens ainda o comando da própria existência.

O amigo corou ante as palavras serenas, mas exclamou irritadiço:

– No entanto, eu agora sou livre...

Epicteto sorriu e terminou :

– Tens a liberdade, mas não fugirás de ti mesmo...

O episódio recorda-nos a própria vida.

Na juventude, cheia de sonhos, à velhice coroada de desilusões, convida-nos a verdade ao campo consciencial para os serviços de iluminação íntima. A maneira do amigo de Epicteto, contudo, repousamos à sombra das árvores floridas de mentiras deliciosas, na floresta inextricável das emoções humanas. Procuramos melodias que nos embalem os ouvidos e decorações de luxo que nos magnetizem o olhar, colhemos botões de flores e inutilizamos frutos verdes, ciosos de nossa independência, permanecera sempre os mesmos joguetes da reação inferior, quando a luta nos visita de leve.

Desejamos e realizamos no plano exterior, penetrando, em seguida, os caminhos do tédio mortal.

Esgotamos a taça de vinho embriagador para encontrarmos, no fundo, o vinagre do desalento.

Terminadas as decepções da natureza física, conservamos o derradeiro e mais terrível engano. Esperamos na morte a revelação de um paraíso maravilhoso de ambrosias e cânticos angélicos. Sonhamos atravessar sublimes pórticos de misteriosos palácios, repletos de tesouros augustos e láureas imortais.

É a viagem difícil do liberto a uma Roma diferente, aureolada de púrpuras e riquezas.

Entretanto, à frente do castelo celestial, resplendente de luzes, estacamos, defrontados por nós mesmos, em amargosas sombras do coração. Intentamos avançar, ébrios de esperança, gritando nosso júbilo diante da “terra nova”. Todavia, pesadas algemas agrilhoam-nos o espírito ao que somos, fazendo-nos reconhecer que a semeadura da indiferença, produz abundante colheita de remorsos e lágrimas.

Reclamamos, choramos, suplicamos...

A consciência retilínea, porém, responde calma.

- Que realizaste senão repetir, até hoje, o que fazias há séculos? Odeias, quando te perseguem; reages, quando te apedrejam; defendes-te, apressado, quando te acusam... Não compreendeste, não ajudaste, não amaste.

Ansiosos pela fuga, contemplamos o plano infinito que se desdobra, convidando-nos à maravilhosa aventura, no limiar da Eternidade, e, tentando último esforço, para nos desvencilharmos das próprias obras, exclamamos, também:

- No entanto, eu agora sou livre...

E a consciência, divina e irrepreensível, replica-nos com a serenidade imperturbável do sábio cativo:

– Tens a liberdade, mas não fugirás de ti mesmo.

Irmão X
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quinta-feira, 26 de outubro de 2017

O Jugo Suave

Em conhecida passagem do Evangelho, Jesus afirma: Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo.

O convite é tentador, pois o Mestre promete alívio para as dores humanas.
Também garante repouso para as almas, ao afirmar que Seu jugo é suave e Seu fardo é leve.
Em um mundo turbulento, alívio, repouso, suavidade e leveza são autênticos tesouros.
Em meio à correria da vida moderna, é possível ser rico de tudo, menos de paz.
Por vezes, as tarefas e os compromissos surgem esmagadores.
Na busca de sucesso e de bens materiais, as pessoas perdem a noção do que realmente importa.
As horas de trabalho são multiplicadas, talvez desnecessariamente.
Para comprar um carro mais novo ou uma casa maior, abre-se mão de um precioso tempo de repouso ou meditação.
A convivência familiar torna-se algo secundário.
Garante-se que os filhos tenham acesso às melhores escolas, mas se abre mão de transmitir-lhes valores.
Os jovens são instruídos, mas não educados.
Para lucrar bastante, profissionais deixam de lado a ética.
Passam a ter vergonha de si próprios, enquanto ganham muito dinheiro.
Com o objetivo de terem companhia, ainda que temporária, muitas mulheres abdicam de sua dignidade feminina.
Para parecerem modernos, jovens aceitam experimentar cigarros, bebidas e drogas.
Tudo parece valer a pena, desde que seja possível surgir aos olhos alheios como bem-sucedido.
Entretanto, a alma permanece carente de paz.
As conquistas materiais cintilam, mas os seus possuidores adoecem, desenvolvem problemas de sono e distúrbios psicológicos os mais diversos.
São ricos de coisas e de distrações, mas lamentáveis em seu desequilíbrio.
Estão conquistando o mundo, mas perdendo a si próprios.
Nesse contexto turbulento, convém recordar as palavras do Cristo.
Ele ofereceu alívio, repouso, suavidade e leveza.
São genuínos tesouros, que ninguém pode roubar.
Oscilações da Bolsa de Valores, desemprego, doenças e traições, nada consegue afetar o verdadeiro equilíbrio espiritual.
Quem adquire paz de espírito jamais a perde.
Mas é importante observar que Jesus não apenas fez o oferecimento.
Também recomendou que se aprendesse com Ele, que é brando e humilde de coração.
Ou seja, é preciso seguir os exemplos do Cristo, a fim de se viver em paz.
Ele enfatizou a importância da brandura e da humildade.
Assim, para não se perder nas ilusões mundanas, importa manter-se humilde.
Igualmente convém desenvolver brandura, não se imaginar em combate feroz com os semelhantes.
Não é preciso vencer ninguém para ser feliz.
Instruir-se e trabalhar, pois isso é necessário à vida.
Mas não gastar tempo em disputas vãs ou ilusões passageiras.
Jamais admitir corromper a própria essência, mesmo diante das maiores tentações.
Havendo dúvida sobre a conduta correta, recordar a figura digna e sábia de Jesus.
Ter em mente os sublimes exemplos do Cristo é o melhor antídoto contra ilusões que apenas causam sofrimentos.
Segui-los pode não ser fácil, mas eles constituem um jugo suave, na medida em que propiciam a verdadeira paz.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 25.10.2017.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Bullying - Assédio Moral

Na língua portuguesa não há tradução exata para Bullying (do verbo inglês, to bully =intimidar), expressão que traz o conceito de assédio moral, vinculado à prática de atos intencionais e repetidos causadores de sofrimento e angústia, consequentes de violência física e/ou psicológica. 
O bullying difere das brincadeiras, piadas ou desrespeitos inconsequentes. Ao contrário, caracteriza-se por “casos de violência física e/ou moral, em muitos casos, de forma velada, praticada por agressores contra vítimas”.

1 É importante, pois, saber diferenciar o bullying que é sempre revestido da intenção de ferir, dos conflitos comuns que ocorrem, sobretudo, entre crianças e adolescentes, visto que “o conflito é, frequente e erroneamente associado à existência de violência, fazendo-se necessário diferenciá-lo de suas formas não positivas de mediação”.

2 O termo bullying descreve uma ampla variedade de comportamentos que podem ter impacto sobre a propriedade e o status social de uma pessoa. Bullying é forma de comportamento agressivo e direto que é intencional, doloroso e persistente (repetido). Crianças vítimas de maus-tratos são debochadas, assediadas, socialmente rejeitadas, ameaçadas, caluniadas e assaltadas ou atacadas (verbal, física e psicologicamente) por um ou mais indivíduos. Há níveis desiguais de reação (isto é, a vítima fica perturbada e aborrecida, enquanto o perpetrador se mantém calmo) e um frequente desequilíbrio de força (poder e dominação). Esse desequilíbrio pode ser físico ou psicológico
[...]. Algumas palavras-chave em nossa definição de bullying são intencional, doloroso, persistente e desequilíbrio de força.

3 A propósito, pondera Emmanuel:
[...] violência é sempre o mal em ação, ainda mesmo quando pareça construir um atalho para o bem. Enquanto o Sol, sem palavras, consegue inspirar confiança ao viajor, o vento ruidoso e forte, provoca medo e reação por onde passa.

4 Por sua vez, o Espírito Carlos Torres Pastorino comenta sobre o significado histórico do termo violência: Violentia é a palavra latina que se traduz como violência, que foi criada por volta de 1215, para melhor expressar a desrespeitosa utilização da força em detrimento dos direitos do cidadão. Posteriormente, quase trezentos anos transcorridos, passou a significar qualquer tipo de abuso exercido arbitrariamente contra outrem, impondo-lhe a vontade, desconsiderando-lhe os valores e usando a força para submetê-lo cruelmente. Na atualidade tornou-se uma verdadeira epidemia, transformando-se em constrangimento, agressividade, insulto, dos quais resultem danos psicológicos, morais, sociais, econômicos, materiais e quase sempre culminando em morte. […]

5 Os estudos sobre bullying foram introduzidos pelo psicólogo sueco Dan Akke Olweus (nascido em Kalmar-Suécia, em 1831), a partir de resultados obtidos da pesquisa realizada na Universidade de Bergen, Noruega, em que investigou causas das taxas de suicídio em crianças, ocorridas na Noruega, na década de 1970.Neste trabalho,Olweus definiu os principais critérios da manifestação do bullying: físicos (bater, roubar, agredir, vandalizar etc.), verbais (insultar, ofender, ameaçar etc.) e psicológicos (humilhar, perseguir, agredir, tiranizar,chantagear etc.).
Os envolvidos no bullying podem ser classificados em quatro grupos: agressores, vítimas, espectadores passivos e vítimas-agressoras.

6 Conhecido como bully (plural, bullies), o “agressor de ambos os sexos, costuma ser um indivíduo que manifesta pouca empatia. Frequentemente é membro de família desestruturada, em que há pouco ou nenhum relacionamento afetivo. [...] Custa a adaptar-se às normas; não aceita ser contrariado
[...]. É considerado malvado, duro e mostra pouca simpatia para com suas vítimas. Adota condutas antissociais, incluindo o roubo, o vandalismo e o uso de álcool, além de ser atraído pelas más companhias”.

6 Para o Espiritismo o ofensor é uma alma enferma cuja cura demanda tempo: O ofensor pode ser a criatura que está sob lastimáveis processos obsessivos, que carrega enfermidades ocultas, que age ao impulso de tremendos enganos, que atravessa a nuvem do chamado momento infeliz, e, quando assim não seja, é alguém que traz a visão
espiritual enevoada pela poeira da ignorância, o que, no mundo, é uma infelicidade como qualquer outra. Cabem, ainda, ao ofensor o pesadelo do arrependimento, o desgosto íntimo, o anseio de reequilíbrio e a frustração agravada pela certeza de haver lesado espiritualmente a si próprio.

7 As vítimas usuais dos bullies “não precisam fazer nada para serem escolhidas. Os agressores simplesmente as elegem no meio de um grupo para serem alvos de seus ataques. Essas agressões, então, não têm um motivo especial, uma origem”.

8 Ensina-nos Emmanuel que há vários tipos de pessoas que perseguem outras, condição que reflete o seu atraso moral: Entre os perseguidores, contam-se os obsidiados, os intemperantes, os depravados, os infelizes, os caluniadores, os calculistas e os criminosos, que descem pelas torrentes do remorso para a necessária refundição mental nos alambiques do tempo, mas, entre os perseguidos sem razão, enumeram-se quase todos aqueles que lançam nova luz sobre as rotas da vida.

9 Os espectadores passivos, também conhecidos como testemunhas silenciosas, representam um grupo maior, “formado por pessoas que ao mesmo tempo são, de certa forma, vítimas e testemunhas dos fatos. A grande maioria não concorda com as agressões, mas preferem ficar em silêncio, pois têm medo de que os agressores, em caso de saída em defesa das vítimas, as ‘eleja’ também para esses ataques”. 
 
10 Pelo fato de as testemunhas silenciosas conviverem, no mesmo ambiente, com os agressores e com as vítimas, podem, por sua vez, apresentar diferentes graus de estresse e de medo, por temer os bullies e por se apiedar das vítimas.As vítimas-agressoras são “pessoas que foram vitimizadas pelo bullying e passaram a ser agressoras de outras pessoas. Aprenderam o comportamento do bullying e por algum motivo passaram a reproduzir o comportamento e atacar outras pessoas”.

11 É preciso muita cautela para não se deixar contaminar pelo mal, sobretudo quando se é vítima de sua ações.Pais, educadores, médicos e psicólogos, juristas, a sociedade como um todo, devem empenhar-se para auxiliar os que foram atingidos pela perseguição, a fim de que a vítima consiga superar o abuso a que foi submetida, como nos alerta o esclarecido Espírito orientador: E, então, a pessoa, invigilante e infeliz, assim transformada em temível fantasma de incompreensão e de intransigência, enrodilha-se na própria sombra, como a tartaruga na carapaça, e, em lastimável isolamento de espírito, não sabe entender ou perdoar para ser também perdoada e entendida, enquistando-se na inconformação, que se lhe amplia no pensamento e na atitude, na palavra e nos atos, tiranizando-lhe a vida, como a enfermidade letal que se agiganta no corpo pela multiplicação indiscriminada de perigosos bacilos. Atingido esse estado de alma, não adota outro rumo que não seja o da crueldade com que,muitas vezes, se arroja ao despenhadeiro da delinquência, associando-se a todos aqueles que se lhe afinam com as vibrações deprimentes, em largas simbioses de desumanidade e loucura, formando o pavoroso inferno do crime.

12O bullying pode ser classificado em tipos, segundo as especificidades do local onde se manifesta: escola, trabalho, penitenciária, meio militar, internet (cyberbullying), ou das vítimas: bullying homofóbico, racial, religioso, sexual, socioeconômico, etc. Em razão dos diferentes fatores envolvidos, os tipos de bullying serão analisados em artigo específico.
A prevenção do bullying é de natureza educativa e contínua, abrangendo todos os seguimentos da sociedade, dando-se ênfase: “à tolerância, ao respeito à diversidade, à comunicação eficaz, a autoestima, à mediação de conflitos, à promoção da paz e da cidadania”.

13 Educação assim entendida: [...] com o cultivo da inteligência e com o aperfeiçoamento do campo íntimo, em exaltação de conhecimento e bondade, saber e virtude [que] não será conseguida tão-só à força de instrução, que se imponha de fora para dentro, mas sim com a consciente adesão da vontade [...]

Por MARTA ANTUNES MOURA
REVISTA: REFORMADOR, FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA, ANO 129-Nº 2.191-OUTUBRO 2011.

Outubro Rosa

Outubro Rosa


À semelhança do Setembro Amarelo, quando houve o esforço para a prevenção do suicídio, repete-se o Outubro Rosa com o objetivo de prevenir-se, especialmente as mulheres, contra o câncer.
As estatísticas sobre o câncer são verdadeiramente aterradoras, sendo a enfermidade que mais destrói existências femininas.
Todos os tipos de câncer são perigosos, especialmente o de mama. Sutil ou brutal, surge de uma vez, quando já se encontra com metástase em outros órgãos, ou suavemente, sem dar sinal de presença, torna-se um ceifador perverso de vidas preciosas em todas as idades. Possui caráter pandêmico e é cruel.
O doutor Bernie Siegel, insigne cancerologista e mestre da Universidade de Yale (USA), afirma que o diagnóstico já constitui um fator de gravidade, sendo responsável pela piora do paciente e mesmo pela sua desencarnação.
Quando o enfermo o recebe, logo acredita que não poderá recuperar a saúde e, não poucas vezes, permite-se entrar em depressão, dificultando o tratamento.
O diagnóstico precoce, qual ocorre no extraordinário movimento denominado Outubro Rosa, contribui poderosamente para identificar-lhe a presença na mama, dando margem a uma terapêutica valiosa e portadora de resultados salutares.
Após o exame realizado, a mulher já tem a tranquilidade de constatar o seu bom estado de saúde acerca dessa enfermidade, e, sendo registrada alguma ocorrência, pode iniciar o tratamento de imediato, assim se facultando uma recuperação mais rápida.
Nem todas as mulheres, no entanto, preocupam-se em fazer o autoexame de apalpar o seio e tentar encontrar alguma formação de algum tumor, por ignorância, por medo injustificado ou mesmo por negligência...
Sempre paira a falsa ideia de que se encontra muito bem, porque nada sente de preocupante, até quando surgem sintomas assustadores, sendo mais complicada a recuperação.
Ademais, existem pequeníssimos pólipos cancerígenos que somente podem ser detectados através da mamografia.
A vida física é um tesouro inimaginável, concedida por Deus para a elevação moral e intelectual do Espírito no seu crescimento, no rumo da Imortalidade.
Utilizar-se de todas as conquistas tecnológicas para prolongá-la é um dever que não pode nem deve ser negligenciado.
A Misericórdia Divina proporciona o desenvolvimento científico da Humanidade, a fim de tornar a existência mais saudável e, nas enfermidades graves, algumas das quais irreversíveis, a contribuição para dar-lhe melhor qualidade de vida, superando ou amenizando o sofrimento.
Saibamos, pois, cooperar com o progresso e estimulemos todas as mulheres a manterem mais cuidado com a saúde, especialmente nestes abençoados dias do Outubro Rosa, quando a consciência desperta para o bem viver.
 Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde,
 coluna Opinião, em 5.10.2017.
Em 9.10.2017.

sábado, 21 de outubro de 2017

Enquanto...

Enquanto...

Busque agir para o bem, enquanto você dispõe de tempo. É
perigoso guardar uma cabeça cheia de sonhos, com as mãos desocupadas.
*
Acenda sua lâmpada, enquanto há claridade em torno de seus
passos. Viajor algum fugirá às surpresas da noite.
*
Ajude o próximo, enquanto as possibilidades permanecem de
seu lado. Chegará o momento em que você não prescindirá do
auxílio dele.
*
Utilize o corpo físico para recolher as bênçãos da vida Mais
Alta, enquanto suas peças se ajustam harmoniosamente. O vaso
que reteve essências sublimes ainda espalha perfume, depois de
abandonado.
*
Dê suas lições sensatamente, na escola da vida, enquanto o
livro das provas repousa em suas mãos. Aprender é uma bênção e
há milhares de irmãos, não longe de você, aguardando uma bolsa
de estudos na reencarnação.
*
Acerte suas contas com o vizinho, enquanto a hora é favorável.
Amanhã, todos os quadros podem surgir transformados.
*
Ninguém deve ser o profeta da morte e nem imitar a coruja
agourenta. Mas, enquanto você guardar oportunidade de amealhar
recursos superiores para a vida espiritual, aumente os seus valores
próprios e organize tesouros da alma, convicto de que sua viagem
para outro gênero de existência é inevitável

Francisco Cândido Xavier - Agenda Cristã - pelo Espírito André Luiz pág. 35

Léon Denis - Biografia

Biografia de Léon Denis (1846 – 1927)
Um sucessor e propagador da Doutrina codificada por Kardec


Léon Denis nasceu numa aldeia chamada Foug, situada nos arredores de Tours, em França, a 1º de Janeiro de 1846, numa família humilde. Cedo conheceu, por necessidade, os trabalhos manuais e os pesados encargos do lar. Desde os seus primeiros passos neste mundo, sentiu que os amigos invisíveis o auxiliavam. Ao invés de participar em brincadeiras próprias da juventude, procurava instruir-se o mais possível. Lia obras sérias, conseguindo assim, com esforço próprio desenvolver a sua inteligência. Tornou-se um autodidata sério e competente. Aos dezoito anos tornou-se representante comercial da empresa onde trabalhava, fato que o obrigava a viagens constantes, situação que se manteve até a sua reforma e manteve ainda depois por mais algum tempo. Adorava a música e sempre que podia assistia a uma ópera ou concerto.
Gostava de dedilhar, ao piano, árias conhecidas e de tirar acordes para seu próprio devaneio. Não fumava, era quase exclusivamente vegetariano e não fazia uso de bebidas fermentadas. Encontrava na água a sua bebida ideal. Era seu hábito olhar com interesse, para os livros expostos nas livrarias. Um dia, ainda com dezoito anos, o chamado acaso fez com que a sua atenção fosse despertada para uma obra de título inusitado. Era O Livro dos Espíritos de Allan Kardec. Dispondo do dinheiro necessário, comprou-o e, recolhendo-se imediatamente ao lar entregou-se com avidez à leitura.
O próprio Denis disse:
Nele encontrei a solução clara, completa e lógica, acerca do problema universal. A minha convicção tornou-se firme. A teoria espírita dissipou a minha indiferença e as minhas dúvidas. O ano de 1882 marca, em realidade, o início do seu apostolado, durante o qual teve que enfrentar sucessivos obstáculos: o materialismo e o positivismo que olhavam para o Espiritismo com ironia e risadas e os crentes das demais correntes religiosas, que não hesitavam em aliar-se aos ateus, para o ridicularizar e enfraquecer. Léon Denis, porém, como bom paladino, enfrenta a tempestade. Os companheiros invisíveis colocam-se ao seu lado para o encorajar e exortá-lo à luta.
Coragem, amigo, - diz-lhe o espírito de Jeanne - estaremos sempre contigo para te sustentar e inspirar. Jamais estarás só. Meios ser-te-ão dados, em tempo, para bem cumprires a tua obra.
A 2 de novembro de 1882, dia de Finados, um evento de capital importância produziu-se na sua vida a manifestação, pela primeira vez, daquele Espírito que, durante meio século, haveria de ser o seu guia, o seu melhor amigo, o seu pai espiritual - Jerônimo de Praga - que lhe disse: Vai meu filho, pela estrada aberta diante de ti. Caminharei atrás de ti para te sustentar.
A partir de 1910, a visão de Léon Denis foi, dia a dia, enfraquecendo. A operação a que se submetera, dois anos antes, não lhe proporcionara nenhuma melhora, mas suportava, com calma e resignação, a marcha implacável desse mal que o castigava desde a juventude. Aceitava tudo com estoicismo e resignação. Jamais o viram queixar-se. Todavia, bem podemos avaliar quão grande devia ser o seu sofrimento. Apesar disso, mantinha volumosa correspondência. Jamais se aborrecia; amava a juventude e possuía a alegria da alma. Era inimigo da tristeza. O mal físico, para ele, devia ser bem menor do que a angústia que experimentava pelo fato de não mais poder manejar a pena. Secretárias ocasionais substituíam-no nesse ofício. No entanto, a grande dificuldade para Denis, consistia em rever e corrigir as novas edições dos seus livros e dos seus escritos. Graças, porém, ao seu espírito de ordem e à sua incomparável memória, superava todos esses contratempos, sem molestar ou importunar os amigos.
Após a Primeira Grande Guerra, aprendeu braille, o que lhe permitiu fixar no papel os elementos de capítulos ou artigos que lhe vinham ao espírito, pois, nessa época da sua vida, estava, por assim dizer, quase cego. Em março de 1927, com oitenta e um anos de idade, terminara o manuscrito que intitulou de O Gênio Céltico e o Mundo Invisível. Nesse mesmo mês, a Revue Spirite publicava o seu derradeiro artigo. Terça-feira, 12 de abril de 1927, pelas treze horas, respirava Denis com grande dificuldade. A pneumonia atacava-o novamente. A vida parecia abandoná-lo, mas o seu estado de lucidez era perfeito. As suas últimas palavras, pronunciadas com extraordinária calma, apesar da muita dificuldade, foram dirigidas à sua empregada Georgette: É preciso terminar, resumir e... concluir. Fazia alusão ao prefácio da nova edição biográfica de Kardec. Nesse preciso momento, faltaram-lhe completamente as forças, para que pudesse articular outras palavras. Às 21:00 horas o seu Espírito alou-se. O seu semblante parecia ainda em êxtase. As cerimônias fúnebres realizaram-se a 16 de abril. A seu pedido, o enterro foi modesto e sem o ofício de qualquer Igreja confessional. Seu corpo está sepultado no cemitério de La Salle, em Tours. Dentre os grandes apóstolos do Espiritismo, a figura exponencial de Léon Denis merece referência toda especial, principalmente em vista de ter sido o continuador lógico da obra de Allan Kardec. Podemos afiançar mesmo que constitui tarefa sumamente difícil tentar biografar essa grande vida, dada a magnitude de sua missão terrena, na qual não sabemos o que mais salientar: a sua personalidade contagiante, o bom senso de que era dotado, a operosidade no trabalho, a dedicação ímpar aos seus semelhantes e o acendrado amor que devotava aos ideais que esposava. 
Léon Denis foi o consolidador do Espiritismo. Não foi apenas o  de Allan Kardec, como geralmente se pensa. Denis tinha uma missão quase tão grandiosa quanto a do Codificador. Cabia-lhe desenvolver os estudos doutrinários, continuar as pesquisas mediúnicas, impulsionar o movimento espírita na França e no Mundo, aprofundar o aspecto moral da Doutrina e, sobretudo, consolidá-la nas primeiras décadas do Século.
Léon Denis foi cognominado o APÓSTOLO DO ESPIRITISMO e, pela magnífica atuação desenvolvida, pela palavra escrita e falada, em favor da nova Doutrina foi, também, o seu Consolidador. O filósofo do Espiritismo, de acentuadas qualidades morais, dedicou toda uma longa vida à defesa dos postulados que Kardec transmitira nos livros do Pentateuco Espírita, O aspecto moral da Doutrina, os princípios superiores da Vida, a instrução, a família, mereceram dele cuidados
extremos e, por isso mesmo, sua vida de provações, exemplo de trabalho, perseverança e fé, é um roteiro de luz para os espíritas, diremos mais, para os homens de bem de todos os tempos.
Em palavras de confiança e fé, ele mesmo resumiu assim a missão que viera desempenhar em favor de uma nobre causa: Consagrei esta existência ao serviço de uma grande causa, o Espiritismo ou Espiritualismo moderno, que será certamente a crença universal, a religião do futuro.
A sua bibliografia é bastante vasta e composta de obras monumentais que enriquecem as bibliotecas espíritas. Deve-se a ele a oportunidade ímpar que os espíritas tiveram de ver ampliados novos ângulos do aspecto filosófico da Doutrina Espírita, pois as suas obras, de um modo geral, focalizam numerosos problemas que assolam os homens, e também a sempre momentosa questão da sobrevivência da alma humana em seu laborioso processo evolutivo. Léon Denis imortalizou-se na gigantesca tarefa de dissecar problemas atinentes às aflições que acometem os seres encarnados, fornecendo valiosos subsídios no sentido de lançar novas luzes sobre a problemática das tribulações terrenas, deixando de lado os conceitos até então prevalecentes para apresentá-la aureolada de ensinamentos altamente consoladores, hauridos nas fontes inesgotáveis da Doutrina dos Espíritos.
Dedicando-se ao estudo aprofundado do Espiritismo, em seu tríplice aspecto de ciência, filosofia e religião, demorou-se com maior persistência na abordagem do seu aspecto filosófico. Concomitantemente com os seus profundos estudos nesse campo, também deu a sua contribuição, valiosa, na abordagem e estudo de assuntos históricos, fornecendo importantes subsídios no sentido de esclarecer as origens celtas da França e no tocante ao dramático episódio do martírio de Joana D'Arc, a grande médium francesa. Seus estudos não pararam aí; ele preocupou-se sobremaneira com as origens do Cristianismo e o seu processo evolutivo através dos tempos. Dentre as suas múltiplas ocupações, foi presidente de honra da União Espírita Francesa, membro honorário da Federação Espírita Internacional, presidente do Congresso Espírita Internacional, realizado em Paris, no ano de 1925. Teve também a oportunidade de dirigir durante longos anos, um grupo experimental de Espiritismo, na cidade francesa de Tours.
A sua atuação no seio do Espiritismo foi bastante diversa daquela desenvolvida por Allan Kardec. Enquanto o Codificador exerceu suas nobilitantes atividades na própria capital francesa, Léon Denis desempenhou a sua dignificante tarefa na província. A sua inusitada capacidade intelectual e o descortino que tinha das coisas transcendentais fizeram com que o movimento espírita francês, e mesmo mundial, gravitasse em torno da cidade de Tours. Após a desencarnação de Allan Kardec, essa cidade tornou-se o ponto de convergência de todos os que desejavam tomar contato com o Espiritismo, recebendo as luzes do conhecimento, pois, inegavelmente, a plêiade de Espíritos que tinha por incumbência o êxito do processo de revelação do Espiritismo, levou ao grande apóstolo toda a sustentação necessária a fim de que a nova doutrina se firmasse de forma ampla e irrestrita.
Enquanto Kardec se destacou como uma personalidade de formação universitária, que firmou seu nome nas letras e nas ciências, antes de se dedicar às pesquisas espíritas e codificar o Espiritismo, Léon Denis foi um autodidata que se preparou em silêncio, na obscuridade e na pobreza material, para surgir subitamente no cenário intelectual e impor-se como conferencista e escritor de renome, tornando-se figura exponencial no campo da divulgação doutrinária do Espiritismo. Denis possuía uma inteligência robusta, era um Espírito preclaro, grande orador e escritor, desfrutando de apreciável
grau de intuição. Referindo-se a ele, escreveu o seu contemporâneo Gabriel Gobron: Ele conheceu verdadeiros triunfos e aqueles que tiveram a rara felicidade de ouvi-lo falar a uma assistência de duas ou três mil pessoas, sabem perfeitamente quão encantadora e convincente era a sua oratória.
Denis jamais cursou uma academia oficial, entretanto, formou-se na escola prática da vida, na qual a dor própria e alheia, o trabalho mal retribuído, as privações heroicas ensinam a verdadeira sabedoria, por isso dizia sempre: Os que não conhecem essas lições, ignoram sempre um dos mais comovedores lados da vida. Com o concurso de sua inteligência invulgar furtar-se-ia à pobreza, mas ele preferiu viver nela, pois em sua opinião era difícil acumular egoisticamente para si aquilo que ele recebia para repartir com os seus semelhantes. Com idade bastante avançada, cego e com uma constituição física relativamente fraca, vivia ainda cheio de tribulações. Nada disso, entretanto, mudava o seu modo de proceder. Apesar de todas essas condições adversas, a todos ele recebia obsequioso. Desde as primeiras horas da manhã ditava volumosa correspondência, respondendo aos apelos das númeras sociedades que fundara ou de que era presidente honorário. Onde quer que comparecesse, ali davam-lhe sempre o lugar de maior destaque, lugar conquistado ao preço de profunda dedicação, perseverança e incansável operosidade no bem.

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...