Em O CÉU E O INFERNO, Allan Kardec aborda este tema com profundidade.
Para se obter uma visão geral, cito O Livro dos Espíritos, Livro IV,
Cap. 2, Penas e Gozos Futuros, Item IX: Paraíso, Inferno, Purgatório,
Paraíso Perdido, a saber:
Questão
1011. Um lugar circunscrito no Universo está destinado às penas e aos
gozos dos Espíritos, de acordo com os seus méritos?
Resposta dos Espíritos:
Já respondemos a essa pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao
grau de perfeição do Espírito. Cada um traz em si mesmo o principio de
sua própria felicidade ou infelicidade. E como eles estão por toda
parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado se destina a uns ou a
outros. Quanto aos Espíritos encarnados, são mais ou menos felizes ou
infelizes segundo o grau de evolução do mundo que habitam.
Questão 1012: De acordo com isso, o inferno e o paraíso não existiriam como os homens os representam?
Resposta dos Espíritos:
Não são mais do que figuras: os Espíritos felizes e infelizes estão
por toda parte. Entretanto, como já o dissemos também, os Espíritos da
mesma ordem se reúnem por simpatia. Mas podem reunir-se onde quiserem,
quando perfeitos.
Comentário de Kardec:
A localização absoluta dos lugares de penas e de recompensas só existe
na imaginação dos homens. Provém da sua tendência de materializar e
circunscrever as coisas cuja natureza infinita não podem compreender.
Questão 1013. O que se deve entender por purgatório?
Resposta dos Espíritos: Dores
físicas e morais: é o tempo da expiação. É quase sempre na Terra que
fazeis o vosso purgatório e que Deus vos faz expiaras vossas faltas.
Comentário de Kardec: Aquilo
que o homem chama purgatório é também uma figura pela qual se deve
entender, não algum lugar determinado, mas o estado dos Espíritos
imperfeitos que estão em expiação até a purificação completa que deve
elevá-los ao plano dos Espíritos felizes. Operando-se essa purificação
nas diversas encarnações, o purgatório consiste nas provas da vida
corpórea.
Questão 1016. Em que sentido se deve entender a palavra Céu?
Questão 1017. Disseram alguns Espíritos habitar o quarto, o quinto céu etc.; o que entendiam por isso?
Resposta dos Espíritos:
Vós lhes perguntais que céu habitam, porque tendes a idéia de muitos
céus sobrepostos como os andares de uma casa; então eles respondem de
acordo com a vossa linguagem. Mas para eles as palavras “quarto, quinto
céu ” exprimem diferentes graus de purificação e por conseguinte de
felicidade. É exatamente como quando se pergunta a um Espírito se ele
está no inferno. Se for infeliz dirá que sim, porque para ele inferno é
sinônimo de sofrimento; mas ele sabe muito bem que não se trata de uma
fornalha. Um pagão vos responderia que estava no Tártaro.
Comentário de Kardec: Comentário
de Kardec: Acontece o mesmo com outras expressões análogas, tais como
as de cidade das flores, cidade dos eleitos, segunda ou terceira esfera
etc., que não são mais do que alegorias empregadas por certos Espíritos
seja como figuras, seja por ignorância da realidade das coisas e mesmo
das mais simples noções científicas.
Segundo a idéia restrita que outrora se fazia dos lugares de penas e de
recompensas, e sobretudo de acordo com a opinião de que a Terra era o
centro do Universo, que o céu formava uma abóbada na qual havia uma
região de estrelas, colocava-se o céu no alto e o inferno em
baixo.Daias expressões: subir ao céu, estar no mais alto do céus, ser
precipitado no inferno. Hoje que a Ciência demonstrou que a Terra não é
mais do que um dos menores mundos entre tantos milhões de outros, e sem
importância especial; que traçou a história da sua formação e descreveu a
sua constituição, provando que o espaço é infinito, de maneira que não
há nem alto nem baixo no Universo, faz-se necessário renunciar a colocar
o céu acima das nuvens e o inferno nos lugares baixos. Quanto ao
purgatório, nenhum lugar lhe havia sido marcado. Estava reservado ao
Espiritismo dar sobre todas essas coisas a mais racional explicação, a
mais grandiosa e ao mesmo tempo a mais consoladora para a Humanidade.
Assim, podemos dizer que trazemos em nós mesmos o nosso inferno e o
nosso paraíso e que encontramos o nosso purgatório em nossa encarnação,
em nossas vidas corpóreas ou físicas.
Questão 1018. Em que sentido se devem entender as palavras do Cristo: “Meu reino não é deste mundo”?
Questão 1019. O reino do bem poderá um dia realizar-se na Terra?
Resposta dos Espíritos:
O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os
bons superarem os maus. Então eles farão reinar o amor e a justiça, que
são a fonte do bem e da felicidade. É pelo progresso moral e pela
prática das leis de Deus que o homem atrairá para a Terra os bons
Espíritos e afastará os maus. Mas os maus só a deixarão quando o homem
tiver banido daqui o orgulho e o egoísmo.
A transformação da Humanidade foi predita e chegais a esse momento em
que todos os homens progressistas estão se apressando. Ela se realizará
pela encarnação de Espíritos melhores, que constituirão sobre a Terra
uma nova geração. Então os Espíritos dos maus, que a morte ceifa
diariamente, e todos os que tendem a deter a marcha das coisas serão
excluídos, porque estariam deslocados entre os homens de bem, cuja
felicidade perturbariam. Irão para mundos novos, menos adiantados,
cumprir missões penosas, nas quais poderão trabalhar pelo seu próprio
adiantamento ao mesmo tempo que trabalharão para o adiantamento de seus
irmãos ainda mais atrasados. Não vedes nessa exclusão da Terra
transformada a sublime figura do Paraíso Perdido? E no homem que veio à
Terra em condições semelhantes, trazendo em si os germes de suas paixões
e os traços de sua inferioridade primitiva, a figura não menos
sublime do pecado original ? Considerado dessa maneira, o pecado
original se refere à natureza ainda imperfeita do homem que só é
responsável por si mesmo e por suas próprias faltas, e não pelas dos
seus pais.
Vós todos, homens de fé e
de boa vontade, trabalhai, portanto, com zelo e com coragem na grande
obra da regeneração, porque colhereis centuplicado o grão que tiverdes
semeado. Infelizes dos que fecham os olhos à luz, pois preparam para si
mesmos longos séculos de trevas e de decepções. Infelizes dos que
colocam todas as suas alegrias nos bens deste mundo, porque sofrerão
mais privações que os gozos que tenham tido. Infelizes sobretudo dos
egoístas, porque não encontrarão ninguém para os ajudara carregar o
fardo das suas misérias. (São Luís.)
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