Não julgues o companheiro
Por desumano e insensato Porque te não busque o trato, Nas rosas de teu jardim. Entende, ampara primeiro... Não digas, em contra-senso: – “Decerto, isso é como eu penso, Deve aquilo ser assim...”. Muita vez, quem vai ausente, Do conforto que te afaga, Mostra o peito aberto em chaga, A golpes de provação. E enquanto o céu te consente A paz das horas seguras, O pobre irmão que censuras Traz fogo no coração. De outras vezes, quem se isola, Longe de falas e festas, Não tem o mal que lhe emprestas, Nem delibera fugir. Apenas vive na escola Do dever e da constância, E se respira, a distância, É para melhor servir. Não vasculhes lodo e jaça, Mirando a alheia conduta. Quase sempre há dor e luta Onde vês passo infiel. Frequentemente, na taça Que aparenta vinho oculto, O pranto cresce de vulto, Tisnado de angústia e fel. Se ensinas a caridade, Ouve Jesus que nos chama! Não guardes vinagre e lama Sob a fé que te conduz. Acende a luz da bondade, Porquanto também um dia Mendigarás simpatia Nas sombras da própria cruz! |
Pelo Espírito Irene Ferreira de Souza Pinto - Do livro: Antologia dos Imortais, Médium: Francisco Cândido Xavier |
quinta-feira, 29 de agosto de 2019
Não Julgues
Recados de Deus
Uma rua de uma única quadra. Entre casas bem pintadas, jardins com flores, aquela chama a atenção.
Destoa de todas as demais. Maltratada, suja.
No que fora um dia um jardim, o mato cresce alto e se balança ao sabor do vento.
Na calçada exterior, o canteiro também foi tomado pelo mato, que se desenvolve exuberante, sem que alguém o venha retirar.
É a residência de um idoso. Não sabemos exatamente a sua idade mas, seu aspecto desleixado, a barba e os cabelos crescidos lhe conferem um quadro de envelhecimento.
Tudo nele combina com a desolação, ao seu redor. Ou será que ele mesmo assim tudo compôs, para combinar com a sua tristeza?
Ficamos a pensar o que deve ter levado essa criatura a tudo abandonar, dessa forma. Se por fora a casa está assim, como estará lá dentro?
Poeira, roupas largadas pelos móveis, louça por lavar...
Não sabemos. Do que temos certeza é de que esse coração deve ter sido atingido por muita dor.
Quem terá ele entregue aos braços da morte: a esposa, filhos, os pais?
Por que se permite abraçar pela melancolia, pelos dias cinzentos de saudade sem consolo, chegando ao abismo da depressão?
No entanto, em seu jardim há uma mensagem. É um manacá que explode em flores de variadas tonalidades lilás. Algumas pétalas enfeitam o chão.
Entendemos. Para aquele coração amargurado e infeliz, Deus ordenou ao manacá que lhe sorrisse todos os dias.
E lá está ele, dizendo: Olhe para mim. Em meio à desolação, faça como eu. Sorria. Volte a viver.
O mundo ainda lhe reserva encantos. Não desista da vida, que é sagrado dom de Deus.
* * *
Como esse homem solitário, somos alguns de nós. Encolhemo-nos em nossa infelicidade e nada mais percebemos.
Não vemos o sol que brilha, acalentando-nos; o pássaro que voeja em nossa varanda e larga seus trinados sem errar nenhuma nota, nem desafinar.
Não damos atenção ao cão que nos vem lamber as mãos, erguendo as patas, como num abraço.
Não respondemos ao cumprimento do vizinho, que deseja rompamos nosso silêncio.
Durante muito tempo, imaginamos que Deus se manifestasse aos homens, surgindo das nuvens, entre toques de trombeta e visões espetaculares.
Entretanto, Ele não opera senão na intimidade da nossa consciência, e se serve do que nos rodeia para atestar da Sua Providência para conosco.
A natureza em festa, o vizinho que ensaia um diálogo, um filme que evoca os milagres do cotidiano.
Sim, Deus não nos abandona jamais.
De forma constante, nos envia Seus recados.
Se olharmos, agora, pela janela de nossa casa, do carro ou do ônibus, o que veremos?
As árvores que balançam e deixam cair as folhas, delicadamente, como numa alegre chuva de verão.
Um pássaro pousado num ramo, vibrando a flauta mágica da sua garganta.
Uma criança que corre, feliz, fugindo à babá que a tenta enlaçar.
Alguém que caminha, uma mochila às costas, assoviando uma canção...
Recados de Deus para alegrar a nossa alma e abrilhantar o nosso dia.
Pensemos nisso e exercitemos olhos e ouvidos porque somente enxerga quem tem olhos de ver. E somente ouve quem tem ouvidos de ouvir.
Redação do Momento Espírita
Em 24.8.2019
Em 24.8.2019
sábado, 24 de agosto de 2019
Definições
Trabalha constantemente,
Se queres ser nobre e forte, O braço estendido à inércia Oculta o favor da sorte. Ama o trabalho singelo Em doces gestos risonhos. Mais valem dois pés servindo Que as asas de muitos sonhos. Se alguém te insulta a ferir-te O anseio de amor e paz, Não lamentes, nem te irrites... Calando-te, vencerás. Ajuda quanto puderes, Espalha a consolação, Ninguém consegue escapar Ao tempo de provação. Em toda e qualquer contenda, Com quem for, seja onde for, Fugindo, discretamente, Serás sempre o vencedor. Muitos “poucos” reunidos Levantam obra esmerada Porque, ás vezes, poucos “muitos” Acaba em luta e nada. Vive acima da calunia Em que a maldade se exprime. Aos olhos tristes da inveja A própria virtude é crime. Fiscaliza as palavrinhas De humilde e pequena brasa, Começa a lavrar o incêndio Que devora toda a casa. Vais bem se atendes ao bem. Quando a duvida te invade. A prudência vem de Cristo Quando é sócia da bondade. Ante os problemas dos outros Emudece os lábios teus. Em tudo sempre supomos Mas quem sabe é sempre Deus. |
pelo Espírito Casimiro - Do livro: Almas em Desfile, Médium: Francisco Cândido Xavier |
quinta-feira, 22 de agosto de 2019
Síntese
Quem busca arrancar no mundo
A treva pela raiz, Quanto mais sabe mais cala, Quanto mais cala mais diz. A Terra seria o Céu, Se o homem por onde vá, Seguisse vinte por cento Dos bons conselhos que dá. Aviso para ajudar Raciocínio e lucidez: Quanto serves, tanto vales, Quanto sabes, tanto vês. Quem te elogia ou te aprova Não te vê como sorri; Apenas diz a quem ouve O que se espera de ti. O que plantaste, plantaste; Colherás conforme a lei. Tudo o que deste ganhaste, O que guardaste, não sei. |
Pelo Espírito José Nava - Do livro: Trovas do Outro Mundo, Médium: Francisco Cândido Xavier |
terça-feira, 20 de agosto de 2019
A mulher perfeita
Conta-se que um mestre, chamado Nasrudin, conversava com um amigo, que lhe fez a seguinte pergunta: E então, mestre, nunca pensaste em casamento?
Já pensei, respondeu Nasrudin. Em minha juventude, resolvi conhecer a mulher perfeita. Atravessei o deserto, cheguei a Damasco e conheci uma mulher espiritualizada e linda. Mas ela não sabia nada das coisas do mundo.
Continuei a viagem e fui à cidade de Isfahan. Lá encontrei uma mulher que conhecia o reino da matéria e do Espírito, mas não era bonita.
Então, resolvi ir até o Cairo, onde jantei na casa de uma moça bonita, religiosa e conhecedora da realidade material.
Intrigado, o amigo indagou:
E por que não casaste com ela?
Ah! Meu companheiro! Suspirou Nasrudin. Infelizmente ela também procurava um homem perfeito.
* * *
O ensinamento do sábio aplica-se perfeitamente aos dias de hoje.
É comum ouvirmos as exigências das pessoas, no que diz respeito à amizade, ao namoro e casamento.
Os jovens e as jovens trazem em suas mentes sonhadoras a idealização de como deverá ser aquele, ou aquela, que conquistará seu coração.
Ingenuamente, procuramos a perfeição no outro, desde que não podemos encontrá-la em nós mesmos.
Não há mal, de forma alguma, em ser exigente na escolha de nossas amizades ou de um futuro esposo ou esposa. Isso é saudável, desde que não cheguemos ao exagero, é claro.
O problema está em sempre querer que o outro seja especial, que tenha diversas virtudes, esquecendo de que ele, ou ela, também tem suas exigências, suas idealizações.
Assim, poderíamos questionar: Será que eu tenho essas características, essas virtudes que procuro no outro? Será que ele não tem uma lista de exigências como a minha? Eu preencho os meus próprios requisitos?
Exemplificando: sonhamos com alguém que seja companheiro, que seja sincero, e em quem possamos confiar.
Agora, já paramos para analisar se estamos dispostos a ser assim para com o outro? Se a virtude da sinceridade está em nosso coração, ou se somos dignos de inspirar confiança?
Vejamos como a racionalidade nos ajuda a entender melhor as coisas da vida. Ela nos ensina a perceber que, antes de exigir qualquer virtude dos outros, é preciso verificar se nós a temos.
Assim, é importante o esforço para nos melhorarmos, para agradar os outros, buscando a perfeição em nós primeiramente.
Ainda estamos longe da sublimidade, é certo, mas é preciso caminhar rumo a ela todos os dias.
* * *
É belo sonhar. É necessário almejar a felicidade. Mas, enquanto procuramos por ela apenas no quintal vizinho, continuaremos a viver decepções e frustrações em nossos dias.
Vamos habituar nossa mente a pensar em como poderemos fazer felizes aqueles que estão à nossa volta, ao invés de apenas exigir atitudes e sentimentos dos outros.
É belo sonhar. É necessário almejar a felicidade. Mas atentemos sempre para o fato de que, para sermos felizes em nosso lar, precisamos levar a felicidade ao quintal de alguém.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
A mulher perfeita, do livro Histórias para pais,
filhos e netos, de Paulo Coelho, ed. Globo.
Em 20.8.2019.
A mulher perfeita, do livro Histórias para pais,
filhos e netos, de Paulo Coelho, ed. Globo.
Em 20.8.2019.
quinta-feira, 15 de agosto de 2019
A Boa Palavra
Os relacionamentos humanos, na atualidade, invariavelmente ocorrem entremeados de queixas e reclamações. Este é um período de descontentamento entre as pessoas com características de pessimismo e amargura.
Os maus exemplos de conduta moral e social de pessoas aparentemente nobres e de destaque na comunidade geraram sucessivas ondas de mal-estar e de agressividade. Aqueles tipos padrões tombando dos altos postos que exerciam e surpreendidos como delinquentes insanos e perigosos, recolhidos ao cárcere ou não, vêm contribuindo para que não se acredite nos valores éticos, supondo-se que as virtudes são apenas ignorância dos comportamentos daqueles que se apresentam como modelos. Os escândalos sucessivos nessa área geram insegurança e produzem desconfiança, respondendo pela perda de crédito das pessoas, umas em relação a outras. Lentamente a ética da convivência cede lugar à indiferença, quando não a uma animosidade discreta ou clara, elegendo o individualismo e o egotismo como formas de sobrevivência, no que se denomina a batalha diária da existência. Todos nascemos livres na condição de candidatos à felicidade. A educação e a instrução proporcionam os recursos próprios para se conseguir uma jornada rica de bênçãos, em uma sociedade equânime, se forem respeitados os códigos do Evangelho de Jesus. A sua observância constitui uma forma lúcida para o bem-estar de todo aquele que a isso se candidate. Nunca houve tanto amor na sociedade como nos dias atuais, embora os noticiários da mídia sejam alarmantes, por apresentarem as ocorrências negativas e infelizes geradas por pessoas ainda primárias nas suas realizações com total ausência de ideais de nobreza. Os princípios normativos da conduta evangélica, segundo Jesus, são todos baseados na excelência do amor e naquilo que desejamos para nós próprios, oferecendo aos demais. Desse modo, nunca te permitas desanimar alguém, usar as palavras de fogo da ofensa, as acusações perversas nascidas na inveja e na inferioridade moral. Todos temos muito a oferecer, que dignifica a vida e proporciona o crescimento espiritual dos seres humanos. Procura sempre estimular para o bem e enunciar palavras de encorajamento e de abnegação em favor do mundo. As criaturas humanas necessitamos de estímulos edificantes para atender as necessidades do processo evolutivo. Não deixes, pois, que ninguém se afaste de ti, sem que leve algo de bom e especial para servir-lhe de sustentação numa hora difícil ou de levantamento quando se encontre caído. Os teus bons conceitos e ações caindo nos corações aflitos germinarão como sementes de luz, a fim de que a sociedade se torne plena e o ser humano um hino de louvor e gratidão a Deus. |
Por Divaldo Pereira Franco. Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 25 de julho de 2019. Do site: http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=582. |
quarta-feira, 14 de agosto de 2019
Meu Pai
Todos os que fomos acalentados pelo amor paterno, com certeza, recordamos nosso velho com saudade. Particularmente, quando nós mesmos nos tornamos pais, as lembranças acodem aos atropelos.
Na acústica da alma, ainda ouvimos os passos firmes nas noites de trovoadas, a conferir em sua ronda, janelas, trancas, cortinas, o sono da criançada.
Se fechamos os olhos, podemos sentir o deslizar da sua mão levemente pelo nosso rosto e o puxar cuidadoso do cobertor.
Vemos sua silhueta se perdendo na penumbra e ouvimos o último abrir e fechar da geladeira.
Recordamos da criança que fomos e que ficava à espera da sua volta do trabalho. Aqueles que tivemos pais cujo trabalho exigia muitos dias fora do lar, podemos sentir outra vez o coração aos atropelos, lembrando o som do carro dele, chegando, na madrugada.
Será que lembrou de trazer um presente? Será que a sua barba está por fazer e vai espetar o nosso rosto?
Recordamos o passeio dos fins de semana, do presente de aniversário, da ceia de Natal. Até das broncas após as nossas malandragens.
Igualmente lembramos dos carinhos à chegada de nosso boletim, a alegria após passar de ano. A comemoração em família pelas nossas vitórias: Fundamental, Ensino Médio, Vestibular, Faculdade.
E quando chegamos à adolescência? Quantos cuidados! Quem são os seus companheiros? Com quem você vai sair? Aonde vai?
Não fume. Não beba. Não exceda a velocidade. Respeite os sinais de trânsito.
É hora de chegar? Não falei para chegar antes da meia-noite?
Filho, respeite os mais velhos. Faça um carinho nos seus avós. Quando, afinal, vai se decidir a trabalhar?
Garoto, vou lhe cortar a mesada.
Olhando as rugas estampadas no rosto de nosso pai, somos tomados de carinho e nos curvamos diante dele. Quantos anos vividos no calor do lar paterno. Quantas lições!
Lições que hoje repassamos para os nossos próprios filhos e, sem nos darmos conta, vamos repetindo os mesmos gestos dele. Daquele que há sessenta, setenta anos renasceu e um dia se tornou nosso pai.
Olhamos nossos filhos e lembrando de como a generosidade de nosso pai, os seus cuidados nos fizeram bem ao caráter, nos esmeramos no atendimento aos nossos próprios rebentos.
Por tudo isso, outra vez, é que a nossa gratidão cresce no peito e explode em uma grande manifestação de afeto. E, como se nosso pai fosse uma criança pequena, abraçamos o velho e o embalamos em nossos braços, com a mesma canção de ninar que um dia ele embalou a nossa infância.
* * *
As mensagens repassadas às crianças calam profundamente em suas almas. Embora o tempo, a distância, as circunstâncias mais adversas, tudo o que as aninhou e animou nos anos infantis repercute pela vida afora.
Eis porque a infância tem um caráter de primordial importância ao ser humano. É nesse período de repouso para o Espírito, que se prepara para as lutas do mundo, que o ser se abastece de energias, vigor, valores reais que são, em verdade, as únicas heranças autênticas que os pais legam aos filhos.
Redação do Momento Espírita, a partir do texto Pai,
que circula pela Internet, sem menção a autor.
Disponível no CD Momento Espírita, v.19, ed. FEP.
Em 10.8.2019.
que circula pela Internet, sem menção a autor.
Disponível no CD Momento Espírita, v.19, ed. FEP.
Em 10.8.2019.
Carta Estimulante
Diz você, meu amigo, que, depois de haver assistido a alguns trabalhos interessantes de materialização, passou a, registrar estranhas modificações no modo de ver.
Assinalou diversas entidades momentaneamente corporificadas, à frente dos olhos, e, pela surpreendente claridade que irradiavam, compreendeu a beleza da vida. Quando os clarões das luzes inexprimíveis se apagaram, retomou, quase desacoroçoado, à tarefa comum. A lembrança das sugestivas revelações perdurava-lhe na memória; entretanto, a via pública pareceu-lhe mais fria e o ambiente doméstico, onde ninguém se lhe afeiçoa, as ideias, figurou-se-lhe um cárcere ao pensamento. No dia seguinte, em retomando o serviço habitual, os companheiros de luta, menos esclarecidos, eram mais duros de suportar. Deslocara-se-lhe a mente. À maneira do lenhador que examina uma central elétrica, você passou a sentir o peso do trabalho no carvão comum. Para, que alimentar o fogo, a toras, de madeira, se há força acessível e eficiente? Tedioso cansaço assomou-lhe o coração. E marcou, espantado, o vigoroso conflito entre sua alma e a realidade, através de incoercível desajustamento. Não seria razoável abandonar toda atividade considerada por inferior e partir em busca das claridades de cima? Valeria a pena prosseguir enfrentando o barro da cerâmica em que você trabalha, quando a imortalidade se lhe patenteou, indiscutível e brilhante? Todavia, é forçoso considerar que se a semente pudesse despertar ante a grandeza de uma espiga madura e não se sujeitasse mais ao serviço que lhe compete na cova lodacenta, naturalmente o mundo se privaria, de pão. O plano espiritual, contudo, não pretende instalar a fome ou a ociosidade na Terra. O Planeta é uma escola em que a inteligência encarnada recebe a lição de que necessita. Entre a maloca indígena e o castelo civilizado, medeiam muitos séculos de cultura, com experiências vastíssimas e assombrosas, e, entre o palácio dos homens e o santuário dos anjos, há que andar por numerosos séculos ainda... O Cristianismo que você abraçou, com tanta sinceridade e ternura, permanece repleto de ensinamentos nesse sentido. Diante do Tabor, em que Espíritos bem-aventurados se materializaram, ao lado do Mestre, em transfiguração indescritível, Pedro, deslumbrado, pede para que uma choupana seja ali construída, a fim de que nunca mais regressassem ao mundo vulgar; entretanto, o grande apóstolo é arrebatado, de lá, ao torvelinho de ação rotineira, dentro do qual perdeu e venceu, várias vezes, sob o tacão de vicissitudes humanas, até alcançar a verdadeira exaltação pelo martírio e pelo sacrifício. Envolve-se Paulo num dilúvio de bênçãos, nas vizinhanças de Damasco, mas, ao invés de acompanhar o Cristo magnânimo que o abraça, de improviso, é convocado a perambular, por muitos anos, entre desapontamento e pedradas, no seio da multidão. Que mais? O próprio Mestre, no Jardim da prece solitária, sente-se visitado por um anjo divino que desce do firmamento, em sublime esplendor; todavia, longe de segui-lo em carro de triunfo para as Esferas Superiores, desce para o cárcere, sofre o insulto da turba ameaçadora, e marcha, humilhado, para a crucificação. Não transforma, pois, a excelência do estímulo revelador em desalento para o trabalho natural. Valores imperecíveis não surgem de imediato. Tempo e esforço são as chaves do crescimento da alma. Se os Espíritos elevados reaparecem no intercâmbio dos dois círculos de vida, a que nos ajustamos, é que se inspiram no ministério da caridade e desejam acordar os homens para mais altas noções de justiça e fraternidade, a fim de que se fortaleçam e aprimorem, perante a continuidade da vida e da individualidade, além túmulo... Se você foi chamado às tarefas do oleiro, atenda, quanto possível, ao enriquecimento íntimo, nos estudos e serviços que a nossa, Consoladora Doutrina oferece, mas não olvide os tijolos e manilhas, telhas e vasos que a sua indústria foi convidada a materializar. Institua facilidade e abundância para que os menos favorecidos de recursos e de inteligência consigam construir seus ninhos aos quais se abrigam pobres aves humanas, em peregrinação aflitiva na erraticidade. Esforce-se para que seu nome seja louvado e abençoado pelos que compram e vendem, pelos que administram e obedecem, convencido de que, se não devemos esquecer a contemplação das estrelas, não encontraremos o caminho de acesso a elas se não acendermos alguma lamparina no chão. |
pelo Espírito Irmão X - Do livro: Cartas e Crônicas, Médium: Francisco Cândido Xavier |
Segredo Incomparável
Todos temos grande necessidade da prática para absorver conhecimentos e transformar a teoria em vivência real daquilo que vamos aprendendo. Aliás, não é desconhecido que a experiência continuada nos faz habilidosos na atividade a que nos dedicamos. Justamente
pela dedicação, pelo empenho, esforço e conhecimento aplicado é que nos tornamos experientes e capazes de superar desafios que a atividade pode apresentar. Nas profissões e demais atividades cultivadas com constância nos faz dominar a prática. Por isso é comum
encontrar farmacêuticos, pedreiros, eletricistas, mecânicos, médicos, professores e profissionais de todas as áreas que se destacam. Não é diferente com os pais, com cientistas e mesmo com o progresso em geral em todas as áreas que vão acumulando experiências
e aperfeiçoando métodos, técnicas e procedimentos.
Com o aspecto moral não é diferente. A luta perseverante na conquista de virtudes, o cuidado com a vivência e transmissão educativa aos filhos, alunos e crianças, a busca constante por ser melhor vai nos amadurecendo. Há um detalhe, porém, que também existe nas demais atividades humanas, que parece tornar-se mais expressivo no campo moral: a acomodação ou a permanência na zona de conforto do comportamento. Normalmente somos bastante teóricos, imensamente necessitados da efetiva prática de virtudes como a tolerância, o desprendimento, o perdão, a caridade, entre outras tantas. Nesse campo da moral, todavia, há um instrumento muito eficiente que nunca pode ser esquecido para não ficarmos apenas na teoria: é a sensibilização. É uma ferramenta poderosa a nos auxiliar no processo de desenvolvimento moral. Falar e ouvir teoria é muito fácil e cômodo. Ouvir e ver exemplos, constatar na reflexão o exemplo de grandes destaques humanos parece-nos ser um dos grandes meios de melhora de nós mesmos. É que o exemplo arrasta, como indica o ditado popular. E exemplos marcantes na história não faltam. Há nomes em todas as épocas de homens e mulheres marcantes que mudaram a história do mundo, deixando legados preciosos de exemplos morais. Por isso é bom buscar biografias, estudá-las e divulgá-las. Filmes ou peças teatrais baseadas em fatos reais tocam a sensibilidade, levam às lágrimas e conduzem às reflexões de profundidade. Busque-se, por exemplo o filme ou o livro Os Miseráveis, de Victor Hugo, na transformação promovida em seu principal protagonista por causa de uma atitude de um sacerdote que soube sentir o momento de ajudar um homem em agonia. Ou ainda sentir as inúmeras virtudes de Nelson Mandela com Invictus. O que não dizer dos exemplos de Madre Tereza, Irmã Dulce ou Chico Xavier, cujas vidas exemplares igualmente se transformaram em livros e filmes. É que os exemplos são tocantes, capazes de provocar estímulos reais de transformação interior, independente de crenças ou títulos religiosos. Citei apenas os casos acima, mas os exemplos são inumeráveis. Basta breve pesquisa biográfica de nomes destacados da história ou em personagens anônimos como mães e pais que souberam marcar para sempre o coração dos filhos. São exemplos que alteram a história humana. Como o caso do menino com dificuldades de aprendizado no filme Como estrelas na Terra toda criança é especial, onde um professor interessa-se pelo caso do aluno, causando expressiva e transformadora influência na vida da família, da escola e de várias outras famílias, em exemplo que virou comovente filme, que está totalmente disponível no youtube. É que a prática do bem sensibiliza, comove, transforma. Por isso mais que teoria, o amor na prática, é o grande segredo para conquistar e transformar vidas. |
Por Orson Carrara.
www.caminhosluz.com.br
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sábado, 10 de agosto de 2019
Hoje sou seu pai
Meu filho. A manhã está linda lá fora.
O sol vigoroso, que parecia ter esquecido de brilhar nas últimas horas, em verdade nunca nos deixou.
Viramos o rosto, giramos a Terra, para que a noite embalasse nossos sonhos e nos restituísse a vitalidade.
Tanto o dia como a noite são nossos mestres.
Enquanto a alvorada nos convida ao recomeço, à nova chance, o breu é pedido de recolhimento e reflexão.
Enquanto o astro rei ilumina nosso caminho, prevenindo perigos, a lua nova comanda a prova e nos faz criar lucidez própria.
No entanto, você poderá perguntar: mas, e quando as nuvens cobrirem o sol? Quando chegarem os dias molhados de escuridão? Como poderei prever as ameaças do caminho? Como terei de volta o vigor da alma encharcada de chuva?
Nesses dias então, filho, eu serei o seu guia. Serei uma espécie de candeia, de luz acanhada, por certo - pois ainda estou aprendendo a ser sol - mas que será suficiente para suportar a breve caminhada pelas trevas.
Breve. Toda caminhada pela escuridão pode ser breve, se fizermos pequenos esforços.
A nebulosidade não dura mais do que o necessário e logo haverá um novo raiar.
Temos muitas certezas na vida, ao contrário do que você pode ouvir por aí.
Certeza de poder aprender, certeza de poder sorrir, certeza de poder amar e ainda, a certeza de que não há fim para nenhum amor.
Hoje sou seu pai. Recebi essa missão com muita honra. Espero poder ser parte desse solo fecundo que lhe cerca e estrutura o ser.
O crescimento é seu, a árvore, as flores e os frutos serão seus.
Não vim para colher ou me saciar com saborosos alimentos de arvoredos. Vim para ser adubo, para ser base.
Entendo que quanto mais você crescer em direção ao azul, mais longe do meu chão parecerá. Porém, sempre estaremos conectados de alguma forma.
Um laço de amor verdadeiro é como uma raiz debaixo da terra, escondida, discreta, entretanto, vigorosa, necessária e pulsante.
Meu filho, a manhã está linda lá fora, e sempre bela dentro de mim, pois hoje posso ser seu pai.
* * *
Os deveres dos pais em relação aos filhos estão inscritos na consciência.
Evidentemente as técnicas psicológicas e a metodologia da educação tornam-se fatores nobres para o êxito desse cometimento.
Entretanto, o amor – que tem escasseado nos processos modernos da educação com lamentáveis resultados – possui os elementos essenciais para o feliz propósito.
Não deixemos de lado os deveres nobres que nos permitem amar como nunca antes amamos.
Somos almas infantis ainda, aprendendo sobre esse sentimento solar.
Cada instante, cada manhã e cada dia ao lado dos nossos filhos são tesouros da alma, que jamais iremos deixar de ter.
Estejamos sempre ao lado deles, nas experiências de sol e de chuva.
A paternidade e a maternidade são escolas magníficas ao nosso dispor. Abracemos essa oportunidade com todas as nossas forças.
Não poupemos esforços na educação dos tesouros chamados filhos.
Redação do Momento Espírita, com citação do poema
Ao meu filho, de Andrey Cechelero e do cap. 14, do livro
S.O.S. Família, por Espíritos Diversos, psicografia de
Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 9.8.2019
Ao meu filho, de Andrey Cechelero e do cap. 14, do livro
S.O.S. Família, por Espíritos Diversos, psicografia de
Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 9.8.2019
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