terça-feira, 30 de outubro de 2018

A Fé

A verdadeira convicção só se adquire

pelo estudo, pela reflexão e por uma

observação contínua.

Assim, a fé necessita de uma base, e

essa base é a perfeita compreensão

daquilo em que se deve crer. Para

crer, não basta ver, é necessário

compreender.

Fé inabalável é somente aquela que

pode encarar a razão face a face, em

todas as épocas da humanidade.

Portanto, a fé robusta dá a

perseverança, a energia e os recursos

com que vençamos os obstáculos nas

pequenas e grandes coisas.

A esperança e a caridade são uma

consequência da fé."



Livro O Céu e o Inferno - Autor: Allan Kardec

Não esqueça o principal

Não esqueça o principal
"Aquele que não faz silêncio interior,
que não consegue fazer o auto-
encontro, que não possui serenidade
para admirar uma paisagem, não sabe
orar e, por conseguinte, não encontra
DEUS. Jesus estabeleceu: o Reino de
DEUS está dentro de vós (Lucas, 17: 21)

Daí a necessidade urgente do
indivíduo se concentrar, manter o
foco, meditar e refletir. Contudo,
enquanto se mantiver preso como um
viciado à tecnologia necessitando
fugir de si mesmo a cada segundo, sem
conseguir sequer manter uma conversa
pessoal sem recorrer a aparelhos
eletrônicos a cada passo, não passará
de simples esboço do Homem Integral a
caminho da felicidade."

Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Ilumina-te

Fé e Esperança

Fé e Perseverança
Resguarda-te, pois em paz, e deixa o
tempo transcorrer porquanto ele
conseguirá fazer, amanhã, o que hoje te
parece impossível conseguir.

Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco

A Verdadeira Desgraça

VII – A Verdadeira Desgraça

DELPHINE DE GIRARDIN
Paris, 1861

            24 – Todos falam da desgraça, todos a experimentaram e julgam conhecer o seu caráter múltiplo. Venho dizer-vos, porém, que quase todos se enganam, pois a verdadeira desgraça não é, de maneira alguma, aquilo que os homens, ou seja, os desgraçados, supõem. Eles a veem na miséria, na lareira sem fogo, no credor impaciente, no berço vazio do anjo que antes sorria, nas lágrimas, no féretro que se acompanha de cabeça descoberta e coração partido, na angústia da traição, na privação do orgulhoso que desejava vestir-se de púrpura e esconde sua nudez nos farrapos da vaidade. Tudo isso, e muitas outras coisas ainda, chamam-se desgraça, na linguagem humana. Sim, realmente são a desgraça, para aqueles que nada veem além do presente. Mas a verdadeira desgraça está mais nas consequências de uma coisa do que na própria coisa.
            Dizei-me se o mais feliz acontecimento do momento, que traz funestas consequências, não é, na realidade, mais desgraçado que aquele inicialmente aborrecido, que acaba por produzir o bem? Dizei-me se a tempestade, que despedaça as árvores, mas purifica a atmosfera, dissipando os miasmas insalubres que poderiam causar a morte, não é antes uma felicidade que uma desgraça?
            Para julgar uma coisa, é necessário, portanto, ver-lhe as consequências. É assim que, para julgar o que é realmente feliz ou desgraçado para o homem, é necessário transportar-se para além desta vida, porque é lá que as consequências se manifestam. Ora, tudo aquilo que ele chama desgraça, de acordo com a sua visão, cessa com a vida e tem sua compensação na vida futura.
            Vou revelar-vos a desgraça sob uma nova forma, sob a forma bela e florida que acolheis e desejais, com todas as forças de vossas almas iludidas. A desgraça é a alegria, o prazer, a fama, a fútil inquietação, a louca satisfação da vaidade, que asfixiam a consciência, oprimem o pensamento, confundem o homem quanto ao seu futuro. A desgraça enfim, é o ópio do esquecimento, que buscais com o mais ardente desejo.
            Tendes esperanças, vós que chorais! Tremei, vós que rides, porque tendes o corpo satisfeito! Não se pode enganar a Deus: ninguém escapa ao destino. As provas, credoras, mais impiedosas que a malta que vos acossa na miséria, espreitam o vosso repouso ilusório, para vos mergulhar de súbito na agonia da verdadeira desgraça, daquela que surpreende a alma enlanguescida pela indiferença e o egoísmo.
            Que o Espiritismo vos esclareça, portanto, e restabeleça sob a verdadeira luz da verdade e o erro, tão estranhamente desfigurados pela vossa cegueira. Então, agireis como bravos soldados que, longe de fugir ao perigo, preferem a luta nos combates arriscados, à paz que não oferece nem glória nem progresso. Que importa ao soldado perder as armas, o equipamento e a farda na refrega, contanto que saia vitorioso e coberto de glória? Que importa, àquele que tem fé no porvir, deixar a vida no campo de batalha, sua fortuna e sua veste carnal, contanto que sua alma possa entrar, radiosa, no reino celeste?

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

Aprendi...

Um dia desses, enquanto aguardava a vez na sala de espera, percebi, solta entre as revistas, uma folha de papel.
A curiosidade fez com que a tomasse para ler o que estava escrito. Era uma bela mensagem que alguém havia escrito.
O título era interessante e curioso: Aprendi...
Dizia mais ou menos o seguinte:
Aprendi que eu não posso exigir o amor de ninguém, posso apenas dar boas razões para que gostem de mim e ter paciência, para que a vida faça o resto.
Aprendi que não importa o quanto certas coisas sejam importantes para mim, tem gente que não dá a mínima e eu jamais conseguirei convencê-las.
Aprendi que posso passar anos construindo uma verdade e destruí-la em apenas alguns segundos.
Que posso usar meu charme por apenas quinze minutos, depois disso, preciso saber do que estou falando.
Eu aprendi... que posso fazer algo em um minuto e ter que responder por isso o resto da vida.
Que por mais que se corte um pão em fatias, esse pão continua tendo duas faces, e o mesmo vale para tudo o que cortamos em nosso caminho.
Aprendi... que vai demorar muito para me transformar na pessoa que quero ser, e devo ter paciência.
Mas, aprendi também, que posso ir além dos limites que eu próprio coloquei.
Aprendi que preciso escolher entre controlar meus pensamentos ou ser controlado por eles.
Que os heróis são pessoas que fazem o que acham que devem fazer naquele momento, independentemente do medo que sentem.
Aprendi que perdoar exige muita prática.
Que há muita gente que gosta de mim, mas não consegue expressar isso.
Aprendi... que nos momentos mais difíceis a ajuda veio justamente daquela pessoa que eu achava que iria tentar piorar as coisas.
Aprendi que posso ficar furioso, tenho o direito de me irritar, mas não tenho o direito de ser cruel.
Que jamais posso dizer a uma criança que seus sonhos são impossíveis, pois seria uma tragédia para o mundo se eu conseguisse convencê-la disso.
Eu aprendi que meu melhor amigo vai me machucar de vez em quando e que eu tenho que me acostumar com isso.
Que não é o bastante ser perdoado pelos outros, eu preciso me perdoar primeiro.
Aprendi que, não importa o quanto meu coração esteja sofrendo, o mundo não vai parar por causa disso.
Eu aprendi... que as circunstâncias de minha infância são responsáveis pelo que eu sou, mas não pelas escolhas que eu faço quando adulto.
Aprendi que numa briga eu preciso escolher de que lado estou, mesmo quando não quero me envolver.
Que, quando duas pessoas discutem, não significa que elas se odeiem; e quando duas pessoas não discutem não significa que elas se amem.
Aprendi que por mais que eu queira proteger os meus filhos, eles vão se machucar e eu também. Isso faz parte da vida.
Aprendi que a minha existência pode mudar para sempre, em poucas horas, por causa de gente que eu nunca vi antes.
Aprendi também que diplomas na parede não me fazem mais respeitável ou mais sábio.
Aprendi que as palavras de amor perdem o sentido, quando usadas sem critério.
E que amigos não são apenas para guardar no fundo do peito, mas para mostrar que são amigos.
Aprendi que certas pessoas vão embora da nossa vida de qualquer maneira, mesmo que desejemos retê-las para sempre.
Aprendi, afinal, que é difícil traçar uma linha entre ser gentil, não ferir as pessoas, e saber lutar pelas coisas em que acredito.
*   *   *
A mensagem é significativa, e sua autoria é atribuída a William Shakespeare.
Nós poderíamos simplesmente lê-la e guardá-la na memória, mas preferimos dividi-la com você.
Porque uma coisa nós também aprendemos: o que é bom deve ser divulgado.

Redação do Momento Espírita, com base em
mensagem atribuída a William Shakespeare.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 10, ed. FEP.
Em 29.10.2018.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Arrependimento e ação

Dentre as emoções mais amargas sentidas pelos seres humanos está o arrependimento.
Ele chega tardiamente, embrulhado em sombras, trazendo o amargo do fel.
Insinua-se como tóxico penetrante, quando não irrompe desgovernado, produzindo desastre...
Nunca antecipa sua presença mas, quando chega, mata a esperança, subjuga a coragem e vence a resistência.
É útil para despertar a consciência e desastroso para a convivência demorada, porque destrói a vida.
Assim, o arrependimento deve ser aproveitado, pela alma que o sente, para elevar-se acima da sua influência nociva.
Quando a luz do arrependimento se acende na consciência culpada, ela visualiza, com nitidez, os desatinos cometidos e se julga irremediavelmente perdida.
Mas o arrependimento, ao contrário do que se pensa, é bênção que possibilita maturidade ao arrependido e convite para a reparação.
É a porta que se abre para que a alma equivocada busque o acerto e se renove para Deus.
Assim, se o arrependimento nos visita, não façamos dele motivo para o desalento.
O agricultor desavisado, que semeia espinhos ao invés de boas sementes, ou desleixado, que permite o alastramento das ervas daninhas, quando se dá conta de que sua lavoura corre perigo, não pode ficar se lamentando, de braços cruzados.
Ao contrário, deve agir rapidamente para recuperar o tempo perdido.
Começa por arrancar os espinheiros e limpar a lavoura. Depois é tempo de preparar o solo e lançar sementes que produzam bons frutos.
Jesus, profundo conhecedor dos mapas que norteiam a intimidade dos seres, nos ensinou como proceder quando visitados pelo arrependimento: Tomar do arado, e não olhar para trás.
Um exemplo célebre na História do Cristianismo é o de Maria de Magdala.
Mulher jovem e bonita, desfrutava dos prazeres passageiros e vazios. Mas, quando ouviu uma proposta de felicidade efetiva, refez as metas, fortaleceu os ânimos e reformulou o próprio proceder.
Não ficou livre das consequências dos atos pretéritos, mas não vacilou ante o campo que o Mestre lhe ofereceu para ser trabalhado.
Outro grande exemplo é o do rabino de Tarso. De perseguidor dos seguidores de Jesus, se transforma no grande Apóstolo.
Apóstolo que tudo enfrenta em nome da divulgação da Boa Nova: açoites, apedrejamentos, prisão. Nada o detém e ele somente tem os olhos postos na meta que estabeleceu.
O profeta Ezequiel escreve, no Antigo Testamento, que o desejo do Criador não é a morte do mau, mas a eliminação da maldade.
Mas para que haja essa eliminação é preciso que o mau caia em si, qual filho pródigo e se volte para o Pai.
*   *   *
Assim, se o arrependimento bater nas portas da nossa consciência, acolhamo-lo com a tranquilidade de quem reconhece que se equivocou, mas que deseja, sinceramente, refazer a lição com acerto.
E, para evitar arrependimentos futuros convém que façamos, no momento presente, o melhor que estiver ao nosso alcance.
A consciência é o guia seguro para nortear nossas atitudes, uma vez que nela estão inscritas as leis divinas.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Arrependimento,
do livro
Heranças de amor, pelo Espírito Eros, psicografia de
 Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 3,  ed. FEP.
Em 25.10.2018

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Oração de São Francisco

Oração de São Francisco

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.

Onde houver ódio, que eu leve o amor;

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;

Onde houver discórdia, que eu leve a união;

Onde houver dúvida, que eu leve a fé;

Onde houver erro, que eu leve a verdade;

Onde houver desespero, que eu leve a esperança;

Onde houver tristeza, que eu leve alegria;

Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado;

compreender, que ser compreendido;

amar, que ser amado.

Pois é dando que se recebe,

é perdoando que se é perdoado,

e é morrendo que se vive

para a Vida Eterna.

(Francisco de Assis)

Aprendizado

Todos os dias temos aprendizados preciosos. Ter notícias do que outros aprenderam, de suas experiências é também uma forma de aprendizado.
Algumas respostas a uma enquete nacional, que encontramos em determinada revista, nos levou a reflexões muito interessantes.
Uma delas dizia:
Aprendi a nunca me despedir de uma pessoa antes de fazer as pazes.
Um dia, em visita aos meus pais, discuti com minha mãe justo na hora de pegar o carro e voltar à minha cidade.
Zangado, não telefonei para dizer que cheguei bem, como sempre fazia.
No dia seguinte, meu cunhado ligou: ela tinha falecido. Não tive tempo de me desculpar.
Eis um sofrimento enorme, um aperto no coração, que pode sempre ser evitado, se soubermos resolver nossas desavenças logo, sem deixar que o tempo passe e a mágoa crie raízes.
Quantos de nós não daríamos tudo por uma despedida decente, por um pedido de desculpas como esse?
Outra pessoa inquirida, dizia:
Sempre adorei ficar sozinha, desde criança. Não precisava de ninguém para nada.
Por isso, nem chorei na despedida da família e dos amigos quando fui morar no exterior.
Porém, bastou um mês longe de casa para eu ver que a certeza de estar rodeada pelos que me amavam, é que me tornava tão independente.
Solitária de verdade, eu não era nada!
Quantos de nós apenas damos valor à presença, quando somos obrigados a conviver com a ausência.
Ninguém nasceu para ser só. Somos seres sociais, e precisamos dos outros para crescer, para nos desenvolver.
Momentos a sós são necessários, fundamentais. Uma vida de solidão é desnecessária, perigosa.
Outro entrevistado, ainda, afirmava:
O mais importante da vida é a família, nosso verdadeiro porto seguro.
O mundo novo, o da regeneração das almas, aponta com segurança para a célula familiar.
É na família que tudo se resolve, que tudo renasce, que tudo recomeça.
Não se faz necessário que viajemos para longe, para buscar o sentido da vida. Ele está conosco, sob o mesmo teto, na figura da família.
Gostemos ou não da família que temos, saibamos que é a família que necessitamos.
Deus não erra. Nascemos onde precisávamos nascer. Com quem precisávamos estar.
*   *   *
De tempos em tempos, precisamos nos perguntar: O que de importante aprendi?
Ficar muito tempo sem realizar aprendizado algum é preocupante, e nenhum de nós, sem exceção, pode prescindir de aprender.
Levar uma vida de aprendizado é fundamental para ser feliz.
Viemos para a Terra para sair maiores, maiores que nós mesmos quando entramos na esfera de uma nova existência.
Vida e aprendizado precisam ser sinônimos em nossos pensamentos e atos.
Quem coleciona aprendizados deixa a si mesmo, e ao mundo, melhor.

Redação do Momento Espírita, com base em matéria
da revista
Sorria, de março/abril 2009, ed. Mol.
Em 19.10.2018.

domingo, 21 de outubro de 2018

Quanto mais

Quanto Mais
Abençoai sempre as vossas dificuldades e não as lastimeis, considerando que Deus nos concede sempre o melhor e o melhor tendes obtido constantemente com a possibilidade de serdes mais úteis.

Quanto mais auxiliardes aos outros, mais amplo auxílio recebereis da Vida Mais Alta.

Quanto mais tolerardes os contratempos do mundo, mais amparados sereis nas emergências da vida, em que permaneceis buscando paz e progresso, elevação e luz.

Quanto mais liberdade concederdes aos vossos entes amados, permitindo que eles vivam a existência que escolheram, mais livres estareis para obedecer a Jesus, construindo a vossa própria felicidade.

Quanto mais compreenderdes os que vos partilham os caminhos humanos, mais respeitados vos encontrareis de vez que, quanto mais doardes do que sois em benefício alheio, mais ampla cobertura de amparo do Senhor assegurará a tranquilidade em vossos passos.

Continuemos buscando Jesus em todos os irmãos da Terra, mas especialmente naqueles que sofrem problemas e dificuldades maiores que os nossos obstáculos, socorrendo e servindo e sempre mais felizes nos encontraremos sob as bênçãos dele, nosso Mestre e Senhor.


Autor: Bezerra de Menezes
Psicografia de Chico Xavier

Caridade e Raciocínio

Todos pensamos na caridade, todos falamos em caridade!...

A caridade, indubitavelmente, é o coração que fala, entretanto, nas situações anormais da vida, há que ouvir o raciocínio, a fim de que ela seja o que deve ser.

Nada fere tanto como a visão de um ente querido, sob os tentáculos do câncer.

O coração chora. Mas se a radiografia sugere trabalho operatório, pede o raciocínio para que a cirurgia lhe revolva a carne atormentada, na suprema tentativa de recuperação.

Nada enternece mais do que abraçar um pequenino nas alegrias do lar.

O coração festeja. Mas se a criança brinca com fósforos, aconselha o raciocínio se lhe dê corrigenda.

Nada sensibiliza mais do que encontrar um alienado mental, atirado à rua.

O coração lamenta. Mas se o louco, em crise de fúria, carrega bombas consigo, prescreve o raciocínio seja ele contido à força.

Nada preocupa mais que observar um companheiro, no abuso de entorpecentes.

O coração sofre. Mas se o irmão, vinculado a semelhante hábitos, distribui narcóticos, fazendo vítimas, solicita o raciocínio se lhe providencie a necessária segregação para o tratamento preciso.

O raciocínio, em nome da caridade, não tem decerto, a presunção de violentar consciência alguma, impondo-lhe freios ou drásticos que lhe objetivem o aperfeiçoamento compulsório.

A Misericórdia Divina é paciência infatigável com os nossos multimilenários desequilíbrios, auxiliando a cada um de nós, através de meios determinados, de modo a que venhamos, saná-los, por nós mesmos, com o remédio amargoso da experiência, no veículo das horas.

Surge a autoridade do raciocínio, quando os nossos males saem de nós, em prejuízo dos outros.

Clareando a definição, comparemos a caridade, nascendo das profundezas da lama, com a fonte que se derrama espontânea, das entranhas da terra. A fonte pode ser volumosa ou escassa, reta ou sinuosa, jorrar da montanha ou descambar na planície, saciar monstros ou dar de beber às aves do céu, tudo dependendo da estrutura, do clima, do solo ou das circunstâncias em que se movimente. Em qualquer ângulo que se mostre, pode o sentimento louvar-lhe a beleza e exaltar-lhe a utilidade que fertiliza glebas, acalenta vidas, garante lares, multiplica flores e retrata as estrelas, mas, se nessa ou naquela fonte, aparecem culturas do esquistossomo, é necessário que o raciocínio intervenha e, para o bem geral, lhe impeça o uso.



Pelo Espírito Emmanuel, Do livro: Opinião Espírita, Médiuns: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Dissolvendo sentimentos

É possível esquecer algo ruim que alguém nos fez?
Esta foi a questão de Carlos, na conversa com o amigo, em que era trazida à baila a questão do perdão.
Perdoar, argumentou Fred, é esquecer o sentimento.
Como esquecer? Podemos, por acaso, esquecer o dia do nosso casamento? Do nascimento do nosso filho?
Podemos esquecer o dia em que tivemos uma grande alegria? Ou podemos esquecer o dia em que batemos o carro, ou quando fomos dispensados da empresa, de rompante?
É claro que não há como apagar fatos de nossa memória, disse-lhe Fred, porém, podemos esquecer as emoções que nos fazem mal.
Por exemplo, não esquecemos o dia da batida do nosso carro. No entanto, não é natural sofrer o estresse e reviver os transtornos gerados naquele dia, toda vez que lembrarmos do fato.
Naturalmente que não, respondeu-lhe Carlos. Não faz sentido, nem tem nexo ficarmos amarrados em uma situação que aconteceu.
Pois então, por que não pensamos da mesma forma com situações e pessoas que nos magoam? Por que insistimos em reprisar e reviver cada momento que nos constituiu sofrimento?
Com certeza, é uma situação muito delicada, difícil mesmo. Mas, em síntese, são sentimentos que nos fazem mal.
Alguém nos agride, nos humilha, nos rouba, um amigo trai a nossa confiança e nos isolamos na mágoa, na raiva, na decepção.
Contudo, respondeu Carlos, mesmo sendo sentimentos que fazem mal, é impossível apagá-los! Ficam na memória!
Não, as lembranças ficam impressas na memória, os sentimentos são do coração e podemos transformá-los.
O primeiro passo seria reavaliar a situação que nos atingiu. E desenvolver uma certa empatia para com o ofensor, o agressor, o amigo que traiu a nossa confiança.
Compreender as limitações que ele apresenta, as dificuldades que traz na sua intimidade, as circunstâncias que o envolveram e o levaram a ser agressivo, ou indelicado, ou indiferente.
Todo aquele que prejudica alguém, de forma consciente, é uma alma doente.
É alguém que carece do medicamento da nossa compaixão, do curativo da nossa ponderação, do lenitivo do nosso perdão.
Assim, na medida que buscamos outros olhares sobre a situação, ela vai se modificando em nossa intimidade.
Naturalmente que isso leva um tempo. É como se estivéssemos dissolvendo um sentimento, aos poucos, lentamente.
Algumas vezes pode até levar muito tempo. Porém, se não começarmos um dia, até quando ficaremos com esse sentimento ruim dentro de nós, nos fazendo infelizes?
Pensemos nisso. Se desejamos tanto a felicidade, se almejamos dias mais tranquilos para nós mesmos, comecemos esse processo de dissolução dos maus sentimentos.
Desses sentimentos que nos fazem mal à alma, deixam nosso dia infeliz e acabam por se transformar em enfermidades, em nosso corpo físico.
Façamos uma lista desses que nos atormentam quase todos os dias: a mágoa, a raiva e todos os demais que identifiquemos em nós.
E iniciemos, de forma paulatina e constante, nossa liberação deles.
Para nossa própria felicidade, comecemos hoje mesmo esse procedimento, verdadeiro tratamento para nossa alma.
Afinal, todos merecemos desfrutar de felicidade.
 Redação do Momento Espírita.
Em 18.10.2018.

O Ponto de Vista

O Ponto de Vista

5 – A ideia clara e precisa que se faça da vida futura dá uma fé inabalável no porvir, e essa fé tem consequências enormes sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista pelo qual eles encaram a vida terrena. Para aquele que se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é infinita, a vida corporal não é mais do que rápida passagem, uma breve permanência num país ingrato. As vicissitudes e as tribulações da vida são apenas incidentes que ele enfrenta com paciência, porque sabe que são de curta duração e devem ser seguidos de uma situação mais feliz. A morte nada tem de pavoroso, não é mais a porta do nada, mas a da libertação, que abre para o exilado a morada da felicidade e da paz. Sabendo que se encontra numa condição temporária e não definitiva, ele encara as dificuldades da vida com mais indiferença, do que resulta uma calma de espírito que lhe abranda as amarguras.
                Pelas simples dúvida sobre a vida futura, o homem concentra todos os seus pensamentos na vida terrena. Incerto do porvir, dedica-se inteiramente ao presente. Não entrevendo bens mais preciosos que os da Terra, ele se porta como a criança que nada vê além dos seus brinquedos e tudo faz para os obter. A perda do menor dos seus bens causa-lhe pungente mágoa. Um desengano, uma esperança perdida, uma ambição insatisfeita, uma injustiça de que for vítima, o orgulho ou a vaidade ferida, são tantos outros tormentos, que fazem da sua vida uma angústia perpétua, pois que se entrega voluntariamente a uma verdadeira tortura de todos os instantes.
                Sob o ponto de vista da vida terrena, em cujo centro se coloca, tudo se agiganta ao seu redor. O mal o atinge, como o bem que toca aos outros, tudo adquire aos seus olhos enorme importância. É como o homem que, dentro de uma cidade, vê tudo grande em seu redor: os cidadãos eminentes como os monumentos; mas que, subindo a uma montanha, tudo lhe parece pequeno.
                Assim acontece com aquele que encara a vida terrena do ponto de vista da vida futura: a humanidade, como as estrelas no céu, se perdem na imensidade; ele então se apercebe de que grandes e pequenos se confundem como as formigas num monte de terra; que operários e poderosos são da mesa estatura; e ele lamenta essas criaturas efêmeras, que tanto se esfalfam para conquistar uma posição que os eleva tão pouco e por tão pouco tempo. É assim que  importância atribuída aos bens terrenos está sempre na razão inversa da fé que se tem na vida futura.   
                6 – Se todos pensarem assim, dir-se-á, ninguém mais se ocupando das coisas da Terra, tudo perigará. Mas não, porque o homem procura instintivamente o seu bem estar, e mesmo tendo a certeza de que ficará por pouco tempo em algum lugar, ainda quererá estar o melhor ou o menos mal possível. Não há uma só pessoa que, sentindo um espinho sob a mão, não a retire para não ser picada. Ora, a procura do bem estar força o homem a melhorar todas as coisas, impulsionado como ele é pelo instinto do progresso e da conservação, que decorre das próprias leis da natureza. Ele trabalha, portanto, por necessidade, por gosto e por dever, e com isso cumpre os desígnios da Providência, que o colocou na Terra para esse fim. Só aquele que considera o futuro pode dar ao presente uma importância relativa, consolando-se facilmente de seus revezes, ao pensar no destino que os aguarda.
                Deus não condena, portanto, os gozos terrenos, mas o abuso desses gozos, em prejuízo dos interesses da alma. É contra esse abuso que se previnem os que compreendem estas palavras de Jesus: O meu reino não é deste mundo.
                Aquele que se identifica com a vida futura é semelhante a um homem rico, que perde uma pequena soma sem se perturbar; e aquele que concentra os seus pensamentos na vida terrestre é como o pobre que ao perder tudo o que possui, cai em desespero.
                7 – O Espiritismo dá amplitude ao pensamento e abre-lhe novo horizonte. Em vez dessa visão estreita e mesquinha, que o concentra na vida presente, fazendo do instante que passa sobre a terra o único e frágil esteio do futuro eterno, ele nos mostra que esta vida é um simples elo do conjunto harmonioso e grandioso da obra do Criador, e revela a solidariedade que liga todas as existências de um mesmo ser, todos os seres de um mesmo mundo e os seres de todos o mundos. Oferece, assim, uma base e uma razão de ser à fraternidade universal, enquanto a doutrina da criação da alma, no momento do nascimento de cada corpo, faz que todos os seres sejam estranhos uns aos outros. Essa solidariedade das partes de um mesmo todo explica o que é inexplicável, quando apenas consideramos uma parte. Essa visão de conjuntos, os homens do tempo de Cristo não podiam compreender, e por isso o seu conhecimento foi reservado para mais tarde.

O Evangelho Segundo o Espiritismo

por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires

Atitudes

Atitude mantida pelo indivíduo em relação à vida e às demais pessoas é a radiografia moral que melhor o define.

Nascida nos hábitos do comportamento, cada qual expressa os sentimentos e as qualidades que lhe são peculiares.

Certamente, não poucos conseguem dissimular a sua realidade íntima, graças à maleabilidade emocional, mascarando-se para não se permitir identificação por parte dos outros.

Mesmo na usança de tal conduta, sem dar-se conta, desvela a pusilanimidade e a insegurança pessoal, sem a coragem para enfrentar-se e assumir os valores que lhe são pertinentes.

É muito fácil e saudável a exposição do mundo interior, especialmente quando de referência às atitudes gentis e bondosas que contribuem para tornar os relacionamentos duráveis e edificantes.

A feição dura, assinalada pela revolta ou pela amargura, pelo ressentimento ou pela ira, além de embrutecer, desvela o nível primário de evolução em que se estagia.

Por outro lado, a atitude vulgar, irresponsável ou doentia, exterioriza a irreflexão e a imaturidade, em escala de primitivismo emocional.

Todos transitam no mundo experienciando aprendizagem que irá contribuir para a autoiluminação, a autoconsciência.

Os enfrentamentos de qualquer natureza constituem oportunidades preciosas para o amadurecimento espiritual de relevância no processo evolutivo.

Eis aí a providencial finalidade da reencarnação que, além, de ensejar reparações morais diante da Consciência Cósmica, também faculta conquistas imprescindíveis à felicidade.

A atitude decisiva de trabalhar em favor do próximo e do progresso geral, quando é adquirida a responsabilidade que promove o ser interiormente, é conquista significativa.

As atitudes são a chave de segurança para o êxito ou o fracasso em qualquer empreendimento.

As atitudes ressaltam dos atos cultivados, nem sempre felizes, que se incorporam à conduta do indivíduo, passando a caracterizá-lo.

Os hábitos fazem parte do cotidiano de todas as criaturas, dando surgimento, pela repetição, às atitudes perante a vida.

Os hábitos saudáveis conduzem à felicidade, à harmonia, enquanto que aqueles perturbadores respondem pelos desequilíbrios, gerando transtornos emocionais.

Torna-se necessária a atitude positiva em relação aos objetivos elevados, de forma que a sua conduta se transforme em uma agradável maneira de viver.

As atitudes funcionam como reflexos da vida interior podendo ser renovadas, transformadas, trabalhadas pelo Espírito, que é o comandante do corpo.

O pensamento, dessa forma, é convidado a reflexões agradáveis e felizes, de maneira que dê surgimento ao hábito saudável que contribui em favor do crescimento espiritual.

Por hábito, pensa-se mais no negativo, recordando-se dos momentos difíceis, portanto, afligentes, quando seria mais proveitoso evocar-se alegrias, realizações edificantes, a fim de que possa prolongar satisfações e encantamentos pessoais, transformando-se em atitudes agradáveis.

* * *

Cuida com atenção de preservar as atitudes de edificação, aquelas que te apresentam como candidato à perfeição, deixando, à margem, ressentimentos e desconfortos morais, vivenciando sempre os momentos agradáveis e abençoados.

É certo que nem sempre se pode estar sorrindo ou numa atitude jovial. No entanto, pode-se evitar a expressão de mau humor e espalhar dissabores que ressumam do inconsciente assinalado pelo acumular das questões negativas e infelicitadoras.

Não penses que o mundo irá trabalhar-te a evolução, favorecendo-te com a conquista estelar, nem que as demais pessoas poderão fazer aquilo que te está destinado.

Nele encontrarás as oportunidades favoráveis ao teu adiantamento, mas a atitude combativa é tua.

O amor de que te revistas tornará as tuas atitudes de paz e de enternecimento, atraindo para o teu círculo emocional as vibrações favoráveis ao crescimento íntimo, enquanto as reações da mágoa e do ódio, à semelhança de cimitarras, terminam por ferir-te antes que afetem aos demais.

Cultivados os hábitos mentais, conforme as emanações educadas ou não, eles transformam-se em atitudes existenciais que irão fomentar novos comportamentos.

Ilumina a mente com as sublimes lições do Evangelho, enriquece os lábios com palavras edificantes e as tuas serão palavras dignas.

Tudo quanto seja armazenado no pensamento transforma-se em alimento emocional que, de acordo com a qualidade, envenena ou santifica a alma.

Seleciona reflexões e treina atitudes mentais pacíficas, compassivas, misericordiosas, e conseguirás fruir do bem-estar que a retidão proporciona àqueles que se lhe entregam.

As tuas atitudes falam sem palavras a teu respeito, desvelando os recursos de que dispões nos cofres do coração.

Exercita a coragem de ser verdadeiro sem agressividade, de ser amigo sem bajulação e as tuas atitudes solidárias estimularão outras que se converterão em nobre corrente de amor humano, tornando a vida mais rica de luzes e de harmonia.

Jesus manteve todas as atitudes coerentes entre o que falava e o que fazia.

O Seu exemplo de fidelidade ao ideal para o qual viera tornou-se respeitado mesmo pelos adversários, aqueles que O combatiam e O vilipendiavam.

Mediante esse comportamento, era a Luz para o mundo em trevas de ignorância, o Caminho a ser seguido no matagal de crueldade, a Porta de acesso ao Reino de Deus.

As atitudes são expressões de identificação entre o ser íntimo que as desvela e o mundo exterior que lhes ignora a realidade.

Sejam, portanto, as tuas atitudes elegantes e cristãs para o teu próprio bem.



Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica de 31 de janeiro de 2005, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia. Do site: http://divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=534

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Viver melhor

Todos queremos ser felizes, viver melhor.
Entretanto, ouçamos a experiência.
A felicidade não é um tapete mágico. Ela nasce dos bens que você espalhe, não daqueles que se acumulam inutilmente.
Tanto isto é verdade que a alegria é a única doação que você pode fazer sem possuir nenhuma.
Você pode estar em dificuldade e suprimir muitas dificuldades dos outros.
Conquanto às vezes sem qualquer consolação, você dispõe de imensos recursos para reconfortar e reerguer os irmãos em prova ou desvali- mento.
A receita de vida melhor será sempre melhorar-nos, através da melhora que venhamos a realizar para os outros.
A vida é dom de Deus em todos.
E quem serve só para si não serve para os objetivos da vida, porque viver é participar, progredir, elevar, integrar-se.
Se aspiramos a viver melhor, escolhamos o lugar de servir na causa do bem de todos.
Para isso, não precisa você condicionar-se a alheios pontos de vista.
Engaje-se na fileira dos servidores que se lhe afine com as aptidões.
Aliste-se em qualquer serviço no bem comum.
E tão importante colaborar na higiene do seu bairro ou na construção de uma escola, quanto auxiliar a uma criança necessitada ou prestar apoio a um doente.
Procure a paz, garantindo a paz onde esteja.
Viva em segurança, cooperando na segurança dos outros.
Aprendamos a entregar o melhor de nós à vida que nos rodeia e a vida nos fará receber o melhor dela própria.
Seja feliz, fazendo os outros felizes.
Saia de você mesmo ao encontro dos outros, mas não resmungue, nem se queixe contra ninguém. E os outros nos farão encontrar Deus.
Não julgue que semelhante instrução seja assunto unicamente para você que ainda se acha na Terra.' Se você acredita que os chamados mortos estão em paz gratuita, o engano é seu, porque os mortos se quiserem paz que aprendam a sair de si mesmos e a servirem também.

André Luiz - Chico Xavier

Dia das crianças

Doze de outubro. Dia da criança.
Muitas atividades se preparam para brindar essa joia incomparável que é a criança. É um excelente momento para falarmos a seu respeito.
Alguns pensam que a criança é um ser virgem, recém-criado por Deus. Por isso acreditam que, sendo folha em branco, tudo começará a ser escrito pelos pais, iniciando-se todo o processo da individualidade.
Muitos acreditam que as crianças sejam verdadeiros bibelôs, patrimônios dos seus pais. Por isso, deverão se tornar cópias dos modelos paternos.
Outros pensam que as crianças herdam não somente os caracteres biológicos dos pais, mas também os traços morais.
O que quer dizer que pais dignos teriam filhos nobres e celerados os teriam igualmente maus.
O pensamento do Espiritismo é de que a carga preciosa que os pais carregam nos braços com carinho é um Espírito viajor no caminho para o Criador.
Tem por meta se aprimorar. Está na Terra para o esforço de autossuperação, do aprimoramento do intelecto e do caráter.
A aparente inocência da infância oculta uma bagagem de séculos, em que o Espírito adquiriu nobreza e virtudes e também se equivocou.
Dessa forma se torna inadiável educá-la desde cedo.
Trabalhar para podar ou inibir o que traga de pernicioso. Incentivar as conquistas felizes que demonstre.
A tarefa não é tão difícil quanto possa parecer. Não exige o saber do mundo. Podem desempenhá-la o sábio e o ignorante.
Desde pequenina a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz das anteriores existências.
Os pais devem se esmerar em estudá-los. Depois fazer como o bom jardineiro que corta os rebentos defeituosos à medida que aparecem na árvore.
Durante a infância, o Espírito é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento.
Primeiro dia de vida. Primeira aula do filho. E no currículo não poderá faltar a educação religiosa.
Jesus na vida infantil significa formidável processo de vacinação preventiva, ao mesmo tempo curadora.
Nas letras da Boa nNva, Jesus ensina, aclara, semeia nessa alma milenar tudo de útil e bom.
A infância bem educada dará ensejo à juventude bem estruturada. Naturalmente tal juventude produzirá uma sociedade de adultos onde as tônicas serão o trabalho, a honestidade, a fraternidade, a honradez e a fé robusta.
Não percamos a preciosidade da idade infantil.
Se a criança é o futuro já presente, invistamos nela. Pais, professores, amigos, vizinhos, autoridades públicas, empenhemo-nos.
As crianças são filhos de Deus. Vêm para nós e nos pedem orientação para o bem. O trabalho nos compete. Vamos agir.
Amor, carinho, alegrias. Tudo providenciamos: o pão, o agasalho, o abrigo.
Não percamos de vista a educação.
*   *   *
A tarefa dos pais é uma verdadeira missão.
Deus põe a criança sob a tutela dos pais para que eles a dirijam no caminho do bem.
Quanto piores forem as disposições da criança, mais a tarefa é pesada. O que quer dizer que maior será o mérito se a conseguirem desviar do mau caminho.

Redação do Momento Espírita, com base nos itens 582 e 583 deO livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB e no livro Desafios
da educação, pt. 1, pelo Espírito Camilo, psicografia de José
Raul Teixeira, ed. FRÁTER.
Em 12.10.2018.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Filhos da Alma

Eles se encontraram nesta vida como se tivessem marcado o momento exato para isso acontecer.

Desde o período do namoro falavam da vontade de adotar, um dia, um menino, de preferência descendente da raça negra.

Ao falar da futura família, o lugar para aquele personagem era tido como real, desde então.

Casaram-se. Depois de algum tempo, receberam nos braços o primeiro filho, que trazia consigo grande intolerância alimentar.

Depois de várias tentativas, conseguiram programar uma alimentação alternativa que ajudou a superar as crises e amenizar os efeitos da problemática.

Meses depois se credenciaram para a adoção.

O processo demorado lhes trouxe uma menina, portadora das mesmas intolerâncias, porém, mais agravadas que as do irmão.

Alertados, pelos médicos, para que evitassem outras gestações, eles tornaram a se credenciar para adoção.

Quando as crianças tinham seis anos e um ano e meio, foram procurados pela assistência social da cidade, que lhes comunicou da presença de um garotinho, no abrigo municipal.

E assim o terceiro filho lhes chegou. Pele amorenada, olhos escuros, cabelo encaracolado, tinha quase três anos.

E, por incrível que pareça, trazia as mesmas dificuldades alimentares dos irmãos.

Sua vinda foi comemorada pelos pequenos, pelos pais, pelos avós.

Era como se tivesse sido aguardado, desde sempre, para completar o quadro familiar.

Filhos adotivos não nasceram de nossas carnes, mas nasceram de nossos sentimentos.

São aqueles que vêm preencher uma necessidade que temos de amar e não preencher um vazio dentro de casa.

Quando adotamos uma criança, em qualquer idade que seja, é pelo desejo que temos de amar essa criança, de lhe dar melhores condições de vida, melhores oportunidades de vitória.

São filhos do nosso coração, nasceram de nossa alma, são filhos afetivos.

Não chegam ao nosso lar por acaso. Existem sintonias espirituais que os atrai para junto de nós.

Muitos são reencontros. Vêm pelas vias da adoção por motivos que somente a Divindade tem conhecimento.

Outros chegam para o exercício do amor, para a conquista do afeto. E, sua presença conosco alarga os horizontes da nossa constelação familiar.

É muito importante pensarmos que um filho adotivo vem somar, vem colocar um tempero em nossa família.

Mesmo que o tempero seja um tanto apimentado em determinadas situações, confiemos no néctar do Amor Divino que pode equilibrar qualquer situação.

Importante que os filhos adotados saibam que são filhos do nosso coração. Que os escolhemos para serem nossos filhos.

Em síntese: que os amamos muito. Afinal, a adoção é, de fato, uma extensão do nosso sentimento que busca outros sentimentos.

Somos os que desejamos amar alguém que precisa ser amado. Por isso, se o nosso coração pedir, adotemos crianças.

Permitamo-nos essa experiência amorosa e sejamos muito felizes. Porque, quem ama, gera felicidade e se sente feliz.



Por Redação do Momento Espírita, com base no cap. 8, pt. 2, do livro Vida e Valores, de Raul Teixeira, ed. FEP. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=5547&stat=0

Acontecimentos Imprevistos

Enquanto a barca da reencarnação navegava nas águas tranquilas do prazer, todos os acontecimentos eram enriquecidos pelos sorrisos, pela imensa alegria de viver.

Tinhas a impressão de que te encontravas no verdadeiro paraíso, sem maiores preocupações com o processo da evolução.

Inesperadamente, porém, foste surpreendido por ocorrências imprevistas e te encontras tomado de surpresa e desencanto, acreditando-te desamparado e sem o socorro da Divina Providência.

Sucede que a Terra é escola abençoada que faculta o progresso intelecto-moral dos Espíritos que nela se reencarnam. Invariavelmente são devedores das Leis Soberanas da Vida que desfrutam da oportunidade feliz de reparação dos desvios que se permitiram em existências anteriores.

Tais sucessos imprevistos objetivam convocá-los para a reflexão e a libertação dos encantos do prazer, ensinando-os a encarar a transitoriedade do corpo ante a realidade de seres imortais que são.

Nesse sentido, o sofrimento se apresenta como benfeitor, por despertar a consciência adormecida e propor-lhe a visão correta para o comportamento durante a existência.

Não poucas vezes tudo parece transcorrer normalmente, estão programadas pelos cuidados pessoais as metas para o futuro, e, surpresa, desencarna um ser querido, deixando soledade e amargura.

Noutras ocasiões, os negócios que funcionavam em ordem sofrem alteração e a empresa muito bem estruturada decompõe-se e cerra as suas portas.

Certos dias apresentam-se assinalados por desencantos e a afetividade que parecia preencher os espaços emocionais, experimenta choques variados, com resultados de desalento e de dor.

Em momentos outros, enfermidades degenerativas ou simplesmente vigorosas apresentam-se com volúpia e produzem debilitação das forças numa conspiração aparente contra o bem-estar e a harmonia do organismo.

Repentinamente surgem conflitos que se ignorava e transtornos emocionais sacodem o indivíduo, ferem a alegria e perturbam a emoção.

Sempre surgem em todas as vidas esses fenômenos inesperados, porque fazem parte do programa de iluminação da Humanidade.

Ninguém que se encontre indene à sua ocorrência.

Eles se apresentam e esperam ser bem recebidos, mesmo marchetando a alma e retirando a aparente tranquilidade...

O físico, é o mundo das ilusões e das fantasias.

O espiritual, é aquele de onde se procede e para onde se retorna.

A vida na Terra expressa-se conforme o nível de consciência e de evolução de cada criatura.

Resultado das ações anteriores, as ocorrências têm lugar conforme a origem e sempre proporcionam recursos de transformação moral.

Dessa forma, exercita o desapego de tudo quanto te retém na retaguarda.

Começa a libertar-te das coisas e questões que não podes conduzir para sempre.

Treina a simplicidade de coração e a fraternidade legítima, reparte com o teu próximo tudo quanto representa excesso e que o egoísmo retém, em mecanismo de precaução para o futuro.

A sede de prazeres e a ânsia de poder constituem grandes adversários do processo autoiluminativo, retêm o indivíduo nas paixões imediatistas, o que o impede de viver as saudáveis experiências da renúncia e da abnegação.

Qualquer forma de apego é prejudicial ao Espírito, que se deve descondicionar das falsas necessidades que a modernidade impõe.

O essencial é sempre menos volumoso e significativo do que o secundário, que se apresenta como de grande importância. O seu valor, porém, é atribuído por aquele que se lhe agarra, destituído, no entanto, das qualidades que lhe são concedidas.

Espera da existência todos os tipos de acontecimentos, especialmente esses que mortificam pelo despreparo para o seu enfrentamento.

Quando se pensa na própria fragilidade, no fenômeno da morte, que exige apenas uma condição, que é estar no corpo físico, robustece-se a coragem e a fé amplia-se na direção do futuro, tornando-se uma couraça protetora que nada consegue penetrar de forma prejudicial.

Comportamento de tal natureza pode ser considerado como a busca da Verdade, a que se referiu Jesus, quando informou: Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça e tudo mais vos será acrescentado.

Pilatos Lhe havia interrogado o que era a Verdade. Teria, porém, condições para atender, atropelado pelos interesses doentios do poder temporal, das paixões de raça e dos caprichos da governança? Jamais lhe ocorreu que estava sobre areia movediça que o tragou depois da morte do imperador Tibério, quando então foi mandado para o exílio, no qual se suicidou.

Assim sucede com os enganos que o ego engendra e o ser se aferra que preserva as ilusões por falta de coragem e estrutura moral para enfrentar a realidade na qual se encontra e procura não se dar conta.

Assim sendo, não consideres como infortúnios os acontecimentos imprevistos que te convoquem a mudanças radicais de conduta para melhor.

O Reino dos Céus está entre vós - enunciou Jesus.

É necessário ter-se olhos de ver e ouvidos de ouvir para deixar-se penetrar pela sua realidade e incorporá-la ao cotidiano.

Supera as fantasias da mente, disciplina o pensamento, de modo que o conduzas de forma edificante e prazenteira para toda a existência, assim como para depois da desencarnação, quando despertarás conforme és e não com o que reuniste e fixaste como de tua posse.



Pelo Espírito Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na tarde de 5 de junho de 2014, na residência de Dominique e Armandine Chéron, em Vitry-sur-Seine, França. Do site: http://divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=523.

domingo, 7 de outubro de 2018

Seguindo o Modelo e Guia

Quando abraçamos a doutrina cristã, quando adentramos pelas reflexões dos Evangelhos, nos sentimos estimulados à mudança da nossa forma de ser.
O entusiasmo da primeira hora é grande. Ficamos empolgados com a perspectiva de nos tornarmos verdadeiros seguidores de quem é o Modelo e Guia da Humanidade, Jesus.
Lemos a respeito dos desafios e das vitórias dos primitivos cristãos e nos propomos a ser, como eles, fiéis seguidores do Mestre de Nazaré.
Na sequência dos dias, vamos nos dando conta de que os antigos hábitos, aquilo tudo que constitui em nós o homem velho, fala muito alto.
As dificuldades vão surgindo a cada passo. E, quase caímos no desânimo por constatarmos tão grande o abismo entre a teoria almejada e a prática eficiente.
Isso é algo que ocorre com todos os que ambicionamos mudanças de comportamento, tendo em vista os hábitos que temos enraizados.
Embora nos digamos cristãos, não é tarefa fácil seguir o Mestre, único ser perfeito que transitou pela Terra.
Conhecemos os ensinamentos d'Ele, queremos adotá-lo como Modelo de nossas vidas, mas parece que o espelho de que nos servimos está riscado e distorce a imagem.
Queremos fazer as coisas certas nos momentos certos, mas justamente aí nos decepcionamos conosco mesmos.
Ficamos entristecidos por adotarmos, vez ou outra, comportamentos jamais imaginados por serem totalmente incoerentes com o ensino cristão.
Em momentos em que nos propomos a usar da bondade, nos surpreendemos em maledicência e maldade.
Quando imaginamos ter compreendido a forma otimista de agir, no mundo em que nos movemos, apresentamos sinais de desespero por coisa alguma, um quase nada.
O amor fraternal do Mestre nos emociona, no entanto, nos surpreendemos incentivando a discórdia e a separação.
Elogiamos a simplicidade do Rabi, e complicamos nossas próprias vidas.
Em síntese: nos descobrimos muito mais tempo longe dos atos cristãos do que executando-os, em nosso cotidiano.
*   *   *
Importante estarmos atentos aos nossos passos e comportamentos para não nos decepcionarmos conosco mesmos.
Não esperemos nos transformar em pessoas maravilhosas, de um momento para o outro. Toda mudança exige esforço, perseverança.
Não basta expressarmos a vontade de mudar. É preciso nos trabalharmos, a cada momento, pensar e repensar cada atitude.
Se abraçamos Jesus como nosso Modelo de vida, cabe-nos seguir Seus exemplos marcantes, para que a construção do nosso novo ser se concretize.
Desejando seguir Suas pegadas, é preciso que andemos pelos caminhos da mansidão, do amor e do perdão que Ele exemplificou.
Se O elegemos como Guia, fiquemos atentos para não nos perdermos no traçado dessa rota bendita.
Ele afirmou ser o Caminho, a Verdade e a Vida, e que ninguém vai ao Pai senão por Ele.
Dessa forma, dediquemo-nos a amá-lO, a segui-lO, passo a passo, reformulando cada atitude equivocada.
Tenhamos paciência conosco mesmos e não abandonemos a trilha da renovação, que se fará, com constância e persistência.
Prossigamos para o Alto.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 167,
do livro
Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 6.10.2018.

Obediência e Resignação

III – Obediência e Resignação

LÁZARO
Paris, 1863

            8 – A doutrina de Jesus ensina sempre a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras da doçura, muito ativas, embora os homens as confundam erroneamente com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração. Ambas são forças ativas, porque levam o fardo das provas que a revolta insensata deixa cair. O poltrão não pode ser resignado, assim como o orgulhoso e o egoísta não podem ser obedientes. Jesus foi à encarnação dessas virtudes desprezadas pela antiguidade materialista. Chegou no momento em que a sociedade romana perecia nas fraquezas da corrupção, e vieram fazer brilhar, no seio da humanidade abatida, os triunfos do sacrifício e da renúncia à sensualidade.
            Cada época é assim marcada pelo cunho da virtude ou do vício que a devem salvar ou perder. A virtude da vossa geração é a atividade intelectual, seu vício é a indiferença moral. Digo somente atividade, porque o gênio se eleva de súbito e descobre de relance os horizontes que a multidão só verá depois dele, enquanto a atividade é a reunião dos esforços de todos, para atingir um alvo menos brilhante, mas que prova a elevação intelectual de uma época. Submetei-vos ao impulso que vimos dar aos vossos Espíritos. Obedecei à grande lei do progresso, que é a palavra da vossa geração. Infeliz do Espírito preguiçoso, daquele que fecha o seu entendimento! Infeliz, porque nós, que somos os guias da humanidade em marcha, o chicotearemos, e forçaremos a sua vontade rebelde, com o duplo esforço do freio e da espora. Toda resistência orgulhosa deverá ceder, cedo ou tarde. Mas bem-aventurados os que são mansos, porque darão ouvidos dóceis aos ensinamentos.

O Evangelho Segundo o Espiritismo

por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

O auxílio virá

O problema que te preocupa talvez te pareça excessivamente amargo ao coração.
E tão amargo que talvez não possas comentá-lo, de pronto.
Às vezes, a sombra interior é tamanha que tens a ideia de haver perdido o próprio rumo.
Entretanto, não esmoreças.
Abraça o dever que a vida te assinala.
Serve e ora.
A prece te renovará energias.
O trabalho te auxiliará.
Deus não nos abandonará.
Fazê silêncio e não te queixes.
Alegra-te e espera porque o Céu te socorrerá.
Por meios que desconheces, Deus permanece agindo.

por e

Deixai Vir A Mim Os Pequeninos

Deixai Vir A Mim Os Pequeninos

            1 – Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus. (Mateus, V: 8).
             2 – Então lhe apresentaram uns meninos para que os tocasse; mas os discípulos ameaçavam os que lho apresentavam. O que, vendo Jesus, levou-o muito a mal, e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, e não os embaraceis, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham. Em verdade vos digo que todo aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele. E abraçando-os, e pondo as mãos sobre eles, os abençoava. (Marcos, X: 13-16).
             3 – A pureza de coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui todo pensamento de egoísmo e de orgulho. Eis porque Jesus toma a infância como símbolo dessa pureza, como já a tomara por símbolo de humildade.
            Esta comparação poderia não parecer justa, se considerarmos que o Espírito da criança pode ser muito antigo, e que ele traz ao renascer na vida corpórea as imperfeições de que não se livrou nas existências precedentes. Somente um Espírito que chegou à perfeição poderia dar-nos o modelo da verdadeira pureza. Não obstante, ela é exata do ponto de vista da vida presente. Porque a criança, não tendo ainda podido manifestar nenhuma tendência perversa, oferece-nos a imagem da inocência e da candura. Aliás, Jesus não diz de maneira absoluta que o Reino de Deus é para elas, mas para aqueles que se lhes assemelham.
            4 – Mas se o Espírito da criança já viveu, por que não se apresenta, ao nascer, como ele é? Tudo é sábio nas obras de Deus. A criança necessita de cuidados delicados, que só a ternura materna lhe pode dispensar, e essa ternura aumenta, diante da fragilidade e da ingenuidade da criança. Para a mãe, seu filho é sempre um anjo, e é necessário que assim seja, para lhe cativar a solicitude. Ela não poderia tratá-lo com a mesma abnegação, se em vez da graça ingênua, nele encontrasse, sob os traços infantis, um caráter viril e as ideias de um adulto; e menos ainda, se conhecesse o seu passado.
            É necessário, aliás, que a atividade do princípio inteligente seja proporcional à debilidade do corpo, que não poderia resistir a uma atividade excessiva do Espírito, como verificamos nas crianças precoces. É por isso que, aproximando-se a encarnação, o Espírito começa a perturbar-se e perde pouco a pouco a consciência de si mesmo. Durante certo período, ele permanece numa espécie de sono, em que todas as suas faculdades se conservam em estado latente. Esse estado transitório é necessário, para que o Espírito tenha um novo ponto de partida, e por isso o faz esquecer, na sua nova existência terrena, tudo o que lhe pudesse servir de estorvo. Seu passado, entretanto, reage sobre ele, que renasce para uma vida maior, moral e intelectualmente mais forte, sustentado e secundado pela intuição que conserva da experiência adquirida.
            A partir do nascimento, suas ideias retomam gradualmente o seu desenvolvimento, acompanhando o crescimento do corpo. Pode-se assim dizer que, nos primeiros anos, o Espírito é realmente criança, pois as ideias que formam o fundo do seu caráter estão adormecidas. Durante o tempo em que os seus instintos permanecem latentes, ela é mais dócil, e por isso mesmo mais acessível às impressões que podem modificar a sua natureza e fazê-la progredir, o que facilita a tarefa dos pais.
            O Espírito reveste, pois, por algum tempo, a roupagem da inocência. E Jesus está com a verdade, quando, apesar da anterioridade da alma, toma a criança como símbolo da pureza e da simplicidade.

O Evangelho Segundo o Espiritismo

por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires

A outra janela

A menina, debruçada na janela, trazia nos olhos grossas lágrimas e o peito oprimido pelo sentimento de dor, causado pela morte do seu cão de estimação.
Com pesar, observava atenta o jardineiro a enterrar o corpo do amigo de tantas brincadeiras. A cada pá de terra jogada sobre o animal, sentia como se sua felicidade estivesse sendo soterrada também.
O avô, que observava a neta, aproximou-se, envolveu-a num abraço e falou-lhe com serenidade: Triste a cena, não é verdade?
A netinha ficou ainda mais triste e as lágrimas rolaram em abundância.
No entanto, o avô, que sinceramente desejava confortá-la, chamou-lhe a atenção para outra realidade. Tomou-a pela mão e a conduziu até uma janela opostamente localizada na ampla sala.
Abriu as cortinas e permitiu que ela visse o imenso jardim florido à sua frente, e lhe perguntou carinhosamente: Está vendo aquele pé de rosas amarelas, bem ali à frente? Lembra-se de que me ajudou a plantá-lo? Foi num dia de sol como o de hoje, que nós dois o plantamos.
Era apenas um pequeno galho cheio de espinhos, e hoje... Veja como está lindo, carregado de flores perfumadas e botões como promessa de novas rosas!
A menina enxugou as lágrimas que ainda teimavam em permanecer em suas faces e abriu um largo sorriso.
Mostrou as abelhas que pousavam sobre as flores e as borboletas que faziam festa entre uma e outra e as tantas rosas de variados matizes, que enfeitavam o jardim.
O avô, satisfeito por tê-la ajudado a superar o momento de dor, falou-lhe com afeto: Veja, minha filha, a vida nos oferece sempre várias janelas. Quando a paisagem de uma delas nos causa tristeza, sem que possamos alterar-lhe o quadro, voltemo-nos para outra, e certamente nos depararemos com uma paisagem diferente.

* * *
Tantos são os momentos felizes que se desenrolam em nossa existência. Tantas oportunidades de aprendizado nos visitam no dia-a-dia, que não vale a pena chorar e sofrer diante de quadros que não podemos alterar.
São experiências valiosas das quais devemos tirar as lições oportunas, sem nos deixar tragar pelo desespero e pela revolta, que só infelicitam e denotam falta de confiança em Deus.
A nossa visão do mundo ainda é muito limitada, não temos a capacidade de perceber os objetivos da Divindade, permitindo-nos momentos de dor e sofrimento.
Mas Deus tem sempre objetivos nobres e uma proposta de felicidade a nos aguardar.

* * *
Se hoje você está a observar um quadro desolador, lembre-se de que existem outras tantas janelas, com paisagens repletas de promessas de melhores dias.
Não se permita contemplar a janela da dor. Aproveite a lição e siga em frente com ânimo e disposição.
O sofrimento que hoje nos parece eterno, não resiste a força das horas que a tudo modifica.
A luz sempre vence as trevas, basta que tenhamos disposição íntima e coragem de voltar-nos para ela.
Agindo assim, o gosto amargo do sofrimento logo cede lugar ao sabor agradável de viver, e saber que Deus nos ampara em todos os momentos da nossa vida.
Pense nisso!

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

No Justo Momento


No justo momento em que:
O fracasso lhe atropele o carro da esperança;
O apoio habitual lhe falte à existência;
A ventania da advertência lhe açoite o Espírito;
A aflição se lhe intrometa nos passos;
A tristeza lhe empane os horizontes;
A solidão lhe venha fazer companhia;
No momento justo, enfim, em que a crise ou a angústia, a sombra ou a tribulação se lhe façam mais difíceis de suportar, não chore e nem esmoreça.
A água pura a fim de manter-se pura é servida em taça vazia.
A treva da meia-noite é a ocasião em que o tempo dá sinal de partida para nova alvorada.
Por maior a dificuldade, jamais desanime.
O seu pior momento na vida é sempre o instante de melhorar.

Albino Teixeira



O equilíbrio do Universo

A Terra flutua sem ruído na imensidão.
Essa massa de quarenta mil quilômetros de circunferência desliza sobre ondas do éter como um pássaro no espaço.
Nada denuncia sua marcha imponente. Nenhum rangido de rodas, nenhum murmúrio sequer. Silenciosa, ela passa, rola entre suas irmãs do céu.
Toda a potente máquina do Universo se agita. Os milhões de sóis e de mundos que a compõem, mundos junto dos quais o nosso e? apenas uma criança, todos se deslocam, se entrecruzam, prosseguem suas evoluções com velocidades apavorantes, sem que nenhum som, nenhum choque venha trair a ação desse aparelho gigantesco.
O Universo permanece calmo.
É o equilíbrio absoluto. É a majestade de um poder misterioso, de uma inteligência que não se impõe, que se esconde no seio das coisas, mas cuja presença se revela ao pensamento e ao coração.
Se a Terra evoluísse com ruído, se o mecanismo do mundo se restabelecesse com tumulto, os homens, apavorados, se curvariam e acreditariam.
Mas, a obra formidável é executada sem esforços. Globos e sóis flutuam no infinito, tão livres quanto plumas sob a brisa. Avante, sempre avante!
A ronda das esferas se desenvolve, guiada por uma potência invisível.
A vontade que dirige o Universo passa despercebida a todos os olhares. As coisas estão dispostas de maneira que ninguém seja obrigado a acreditar nelas.
Se a ordem e a harmonia do cosmo não bastam para convencer o homem, ele e? livre para imaginar. Nada constrange o descrente para ir a Deus.
*   *   *
Acontece o mesmo com as coisas morais. Nossas existências se desenvolvem e os acontecimentos se sucedem sem ligação aparente.
Porém, a permanente Justiça domina do Alto e regula nossos destinos segundo um princípio irresistível, pelo qual tudo se encadeia numa série de causas e de efeitos.
Seu conjunto constitui uma harmonia que o Espírito, liberto de preconceitos, iluminado por um raio de sabedoria, descobre e admira.
O ser gravita um a um os degraus da escada gigantesca que conduz a Deus. E cada um desses degraus representa para ele uma longa série de séculos.
Se os mundos celestes nos aparecessem de repente, sem véus, em toda a sua gloria, ficaríamos ofuscados, cegos.
Mas, nossos sentidos exteriores foram medidos e limitados. Eles aumentam e se apuram a? medida que nos elevamos na escala do aperfeiçoamento.
Acontece o mesmo com o conhecimento, com a posse das leis morais. O Universo se desvenda aos nossos olhos a? proporção que a nossa capacidade de compreender as suas leis se desenvolve e engrandece.
Assim é a progressão dos mundos. Assim é a progressão das almas.
*   *   *
Reclina tua cabeça, jovem Espírito.
Reverencia aquilo que é maior que tu, maior que tua compreensão, maior que teus próprios sonhos e imaginação.
Aprecia o equilíbrio do Universo e te submete a ele alegremente, agradecido por fazer parte de algo tão majestoso.
Teu crer ou não crer não abala as estruturas perfeitas do cosmo que te guarda, humilde, em seu regaço seguro.
Influencia, no entanto, teus dias, tua esperança, tuas forças diante dos abalos que sofres a todo instante. Assim, a escolha sempre será tua.
No Universo reina equilíbrio absoluto, independente de ti. Em tua intimidade, porém, a estabilidade estará sempre sob teu controle.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 1,
do livro
O grande enigma, de Léon Denis,  ed. FEP.
Em 1º.10.2018

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...