terça-feira, 28 de novembro de 2017

O Perdão que Liberta

Jurema chegou em casa, após o horário da escola, com os olhos vermelhos e inchados.
Para a mãe, que lhe indagou o que ocorrera, ela disse estar com muita raiva e que odiava uma colega da escola.
Trancou-se no quarto e chorou durante um largo tempo.
A mãe, que conhecia bem sua pequena, simplesmente esperou.
Quando Jurema saiu do quarto, a mãe tentou saber o que houvera acontecido de tão sério.
A menina contou que uma colega a havia humilhado em frente a um garoto de quem ela estava gostando. E todos riram dela.
Voltou a frisar que odiava aquela garota e gostaria de nunca mais tornar a se encontrar com ela.
A mãe procurou acalmar a filha. Falou da importância de desculparmos as pessoas, mesmo quando suas atitudes nos magoam; que perdoar é sempre o melhor caminho.
Lembrou-lhe das lições do Evangelho, das exortações de Jesus, do próprio exemplo dEle perdoando aos que O levaram à cruz.
No entanto, a impetuosidade da adolescente insistia e ela persistia na raiva, não conseguindo se esquecer da humilhação que passara.
*   *   *
Importante, em nossas vidas, agirmos conforme às leis do amor, em tudo e com todos.
Jesus nos ensinou a perdoarmos verdadeiramente aos que nos ferissem ou magoassem.
Não importa se amigos ou inimigos, conhecidos ou desconhecidos.
O Evangelista Lucas anotou o Seu ensinamento: Amai os vossos inimigos. Fazei bem aos que vos odeiam. Abençoai os que vos amaldiçoam. Orai pelos que vos caluniam.
E, quando o Apóstolo Pedro indagou ao Mestre a respeito de quantas vezes se deveria perdoar, a resposta não nos deixa dúvidas.
Não se trata, simplesmente, de multiplicar setenta vezes por sete vezes. Trata-se da exortação de perdoar sempre.
No atual estágio evolutivo, a grande maioria de nós resiste à prática do perdão.
Até mesmo porque estabelecemos que os que nos fizeram mal ou nos magoaram, de alguma forma, não são merecedores de perdão.
Entretanto, seria de bom alvitre pensarmos que nós mesmos temos pontos difíceis de serem compreendidos e perdoados pelos que convivem conosco.
A verdade é que, quando nos resolvemos pelo perdão, nos sentimos aliviados, mais tranquilos.
Enquanto carregamos mágoa, remoemos ocorrências infelizes e, em consequência, somente nos podemos sentir igualmente infelizes.
Quando nos desvencilhamos da mágoa, é como se largássemos no caminho um pesado fardo, para andarmos livres, em uma estrada ensolarada, buscando ser felizes.
Dessa forma, a opção pelo perdão é a mais segura para nossa felicidade.
Dizem que, quando negamos o perdão é como se segurássemos uma brasa acesa, esperando que o outro se queime.
Ao perdoarmos, quebramos o vínculo que nos mantinha presos ao outro.
O causador da situação terá que responder pelo que fez, hoje ou amanhã, aqui ou além. O problema é dele, e ele o deverá resolver.
Mais feliz será sempre quem perdoa porque, ao perdoar, nos libertamos para seguirmos livres o nosso caminho, sem elos nem lembranças doloridas.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita.
Em 9.4.2016.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Autoperdão

Toda vez em que a culpa não emerge de maneira consciente, são liberados conflitos que a mascaram, levando a inquietações e sofrimentos sem aparente causa.
Todas as criaturas cometem erros de maior ou menor gravidade, alguns dos quais são arquivados no inconsciente, antes mesmo de passarem por uma análise de profundidade em tomo dos males produzidos, seja de referência à própria pessoa ou a outrem.
Cedo ou tarde, ressumam de maneira inquietadora, produzindo mal-estar, inquietação, insatisfação pessoal, em caminho de transtorno de conduta.
A culpa é sempre responsável por vários processos neuróticos, que deve ser enfrentada com serenidade e altivez.
Ninguém se pode considerar irretocável enquanto no processo da evolução.
Mesmo aquele que segue retamente o caminho do bem está sujeito a alternância de conduta, tendo em vista os desafios que se apresentam e o estado emocional do momento.
Há períodos em que o bem-estar a tudo enfrenta com alegria e naturalidade, enquanto que, noutras ocasiões, os mesmos incidentes produzem distúrbios e reações imprevisíveis.
Todos podem errar, e isso acontece amiúde, tendo o dever de perdoar-se, não permanecendo no equívoco, ao tempo em que se esforcem para reparar o mal que fizeram.
Muitos males são ao próprio indivíduo feitos, produzindo remorso, vergonha, ressentimento, sem que haja coragem para revivê-los e liberar-se dos seus efeitos danosos.
Uma reflexão em tomo da humanidade de que cada qual é possuidor, permitir-lhe-á entender que existem razões que o levam a reagir, quando deveria agir, a revidar, quando seria melhor desculpar, a fazer o mal, quando lhe cumpriria fazer o bem...
A terapia moral pelo autoperdão impõe-se como indispensável para a recuperação do equilíbrio emocional e o respeito por si mesmo.
Torna-se essencial, portanto, uma reavaliação da ocorrência, num exame sincero e honesto em torno do acontecimento, diluindo-o racionalmente e predispondo-se a dar-se uma nova oportunidade, de forma que supere a culpa e mantenha-se em estado de paz interior.
O autoperdão é essencial para uma existência emocional tranquila.
Todos têm o dever de perdoar-se, buscando não reincidir no mesmo compromisso negativo, desamarrando-se dos cipós constringentes do remorso.
Seja qual for a gravidade do ato infeliz, é possível repará-lo quando se está disposto a fazê-lo, recobrando o bom humor e a alegria de viver.
Em face do autoperdão, da necessidade de paz interior inadiável, surge o desafio do perdão ao próximo, àquele que se tem transformado em algoz, em adversário contínuo da paz.
Uma postura psicológica ajuda de maneira eficaz e rápida o processo do perdão, que consiste na análise do ato, tendo em vista que o outro, o perseguidor, está enfermo, que ele é infeliz, que a sua peçonha caracteriza-lhe o estado de inferioridade.
Mediante este enfoque surge um sentimento de compaixão que se desenvolve, diminuindo a reação emocional da revolta ou do ódio, ou da necessidade de revide, descendo ao mesmo nível em que ele se encontra.
O célebre cientista norte-americano Booker T. Washington, que sofreu perseguições inomináveis pelo fato de ser negro, e que muito ofereceu à cultura e à agricultura do seu país, asseverou com nobreza: Não permita que alguém o rebaixe tanto a ponto de você vir a odiá-lo.
Desejava dizer que ninguém deve aceitar a ojeriza de outrem, o seu ódio e o seu desdém a ponto de sintonizar na mesma faixa de inferioridade.
Permanecer acima da ofensa, não deixar-se atingir pela agressão moral, constituem o antídoto para o ódio de fácil irrupção.
Sem dúvida, existem os invejosos, que se comprazem em denegrir aquele a quem consideram rival, por não poderem ultrapassá-lo; também enxameiam os odientos, que não se permitem acompanhar a ascensão do próximo, optando por criar-lhes todos os embaraços possíveis; são numerosos os poltrões que detestam os lidadores, porque pensam que os colocam em postura inferior e se movimentam para dificultar-lhes a marcha ascensional; são incontáveis aqueles que perderam o respeito por si mesmos e auto-realizam-se agredindo os lidadores do dever e da ordem, a fim de nivelá-los em sua faixa moral inferior...
Deixa que a compaixão tome os teus sentimentos e envolve-os na lã da misericórdia, quanto gostarias que assim fizessem contigo, caso ainda te detivesses na situação em que eles estagiam.Perceberás que um sentimento de compreensão, embora não de conivência com o seu erro, tomará conta de ti, impulsionando-te a seguir adiante, sem que te perturbes.
Sob o acicate desses infelizes, aos quais tens o dever de compreender e de perdoar, porque não sabem o que fazem, ignorando que a si mesmos se prejudicam, seguirás confiante e invencível no rumo da montanha do progresso.
Ninguém escapa, na Terra, aos processos de sofrimento infligido por outrem, em face do estágio espiritual que se vive no planeta e da população que o habita ainda ser constituída por Espíritos em fases iniciais de crescimento intelecto-moral.
Não te detenhas, porque não encontres compreensão, nem porque os teus passos tenham que enfrentar armadilhas e abismos que saberás vencer, caso não te permitas compartilhar das mesmas atitudes dos maus.
Chegarás ao termo da jornada vitoriosamente, e isso é o que importa.
O eminente sábio da Grécia, Sólon, costumava dizer que nada pior do que o castigo do tempo, referindo-se às ocorrências inesperadas e inevitáveis da sucessão dos dias. Nunca se sabe o que irá acontecer logo mais e como se agirá.
Dessa forma, faze sempre todo o bem, ajuda-te com a compaixão e o amor, alçando-te a paisagens mais nobres do que aquelas por onde deambulas por enquanto.
Perdoa-te, portanto, perdoando, também, ao teu próximo, seja qual for o crime que haja cometido contra ti.
O problema será sempre de quem erra, jamais da vítima, que se depura e se enobrece.
Pilatos e Jesus defrontaram-se em níveis morais diferentes. A astúcia e a soberba num, a sua glória mentirosa e a sua fatuidade desmedida. A humildade real, a grandeza moral e a sabedoria profunda no outro, que era superior ao biltre representante do poder terreno de César. Covarde e pusilânime, Pilatos não lhe viu culpa, mas não o liberou, porque estava embriagado de ilusão sensorial, lavando as mãos, em tomo da Sua vida, porém, não se liberando da responsabilidade na consciência. Estóico e consciente Jesus aceitou a imposição arbitrária e infame, deixando-se erguer numa cruz de madeira tosca, a fim de perdoar a todos e amá-los uma vez mais, convidando-os à felicidade.
Perdoa, pois, e autoperdoa-te!

Joanna de Ângelis. Página psico- grafada pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão da noite de 4 de janeiro de 2005, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

Ser Luz

O crepúsculo descia num deslumbramento de ouro e brisas cariciosas. Ao longo de toda a encosta, acotovelava-se a multidão.
Centenas de criaturas se aglomeravam ali, a fim de ouvirem a palavra do Senhor, na paisagem que se aureolava dos brilhos singulares de todo o horizonte pincelado de luz.
Eram velhinhos trêmulos, lavradores simples e generosos, mulheres do povo agarradas aos filhinhos. Entre os mais fortes e sadios, viam-se cegos e crianças doentes, homens maltrapilhos, exibindo os vermes que lhes corroíam as mãos e os pés.
Todos se comprimiam ofegantes. Ante os seus olhares esperançosos, a figura do Mestre surgiu na eminência enfeitada de verdura, onde sopravam brandamente os ventos amigos da tarde.
Deixando perceber que se dirigia aos vencidos e sofredores do mundo inteiro, Jesus, pela primeira vez, pregou as bem-aventuranças celestiais.
Sua voz caía como bálsamo eterno, sobre os corações desditosos.
Aila estava entre eles. Nunca ouvira alguém falar assim. Algo naquele estrangeiro a encantava. O filho pequeno que carregava nos braços, antes agitado, assustado com os ruídos externos da multidão, agora estava calmo, de olhos abertos, como se também prestasse atenção nas palavras do Mestre.
Em determinado momento, ela teve a impressão de que seus olhares se entrecruzaram. Ele lhe parecia familiar... De onde O conhecia?
Sentiu algo singular que lhe tocou as cordas íntimas da alma. Parecia um convite... mas, um convite para quê?
Nesse exato instante, a voz marcante deixava no ar as palavras inesquecíveis:
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre o monte.
Nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e ilumina a todos que estão na casa.
Assim, resplandeça a vossa luz adiante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.
Ela, então, compreendeu o suave chamado: Ele queria que ela fosse luz ao Seu lado.
*   *   *
Num planeta onde se fala de tanta sombra, de tantas dificuldades, de tamanha noite na alma, temos ideia do que significa ser a luz do mundo?
Parece algo pretensioso? Algo apenas para grandes Espíritos?
Não, não se trata de ser a luz do mundo, isto é, uma única luz que iluminará todas as trevas do globo. O que o Mestre quis dizer foi que a claridade na Terra virá de cada um de nós, de nossas potencialidades, de nosso esforço individual, de nossas virtudes.
Ele via em nós, em gérmen, tudo que tínhamos ainda por desenvolver. Via na semente pequenina a certeza da árvore frondosa.
Seu recado era simples: Brilhe, deixe sair essa luz que você já dispõe, não a esconda, não permita que suas imperfeições, suas mazelas, o impeçam de irradiar essa luminescência grandiosa.
E Ele foi e é a prova viva de que isso é possível, pois iluminou o mundo naqueles momentos benditos em que esteve entre nós.
Ele se fez Luz do mundo e veio nos convidar a sermos igualmente luz.

Redação do Momento Espírita, com base no cap.11,
do livro
Boa Nova, pelo Espírito Humberto de Campos,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 22.11.2017.

Sábias Decisões

A grandeza da alma se reflete na ação das pequenas coisas.
Quanto mais desce para servir, mais se eleva na realização.
Nem sempre os heróis são aqueles que se revelaram nos graves momentos da Humanidade, pela atuação decisiva.
Existem incontáveis lidadores que impulsionam o homem e a sociedade no rumo do grande bem, através de contínuos sacrifícios que passam ignorados e, sem os quais, o caos se estabeleceria dominador.
Os discutidores inoperantes consideram em demasia o valor das palavras, perdendo o tempo útil que poderia ser aplicado nas ações relevantes.
Nos debates estéreis dizem o que não amadureceram pensando, quando poderiam agir bem, assim melhor ensinando.
Quem não pode revelar-se numa grande realização, sempre dispõe de meios para manifestar-se nas pequenas ações.
Se não possui recursos para acabar com a fome geral, pode atendê-la em uma pessoa necessitada; se não consegue resolver o problema das enfermidades, deve socorrer um doente; não logrando acabar com a miséria, dispõe-se a minorá-la naqueles que defronta e padecem-lhe a injunção.
Não é imprescindível estar presente nos grandes momentos da História, todavia, é importante facilitá-los para os outros, desde hoje, com a sua contribuição.
Jesus não quis vencer no mundo, antes, porém, venceu o mundo repleto de paixões amesquinhantes.

FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos de Renovação. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.

Aflições

"Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições do Cristo." - (I PEDRO, capítulo 4, versículo 13.)

É inegável que em vosso aprendizado terrestre atravessareis dias de inverno ríspido, em que será indispensável recorrer às provisões armazenadas no íntimo, nas colheitas dos dias de equilíbrio e abundância.
Contemplareis o mundo, na desilusão de amigos muito amados, como templo em ruínas, sob os embates de tormenta cruel.
As esperanças feneceram distantes, os sonhos permanecem pisados pelos ingratos. Os afeiçoados desapareceram, uns pela indiferença, outros porque preferiram a integração no quadro dos interesses fugitivos do plano material.
Quando surgir um dia assim em vossos horizontes, compelindo-vos à inquietação e à amargura, certo não vos será proibido chorar. Entretanto, é necessário não esquecerdes a divina companhia do Senhor Jesus.
Supondes, acaso, que o Mestre dos Mestres habita uma esfera inacessível ao pensamento dos homens? julgais, porventura, não receba o Salvador ingratidões e apodos, por parte das criaturas humanas, diariamente? Antes de conhecermos o alheio mal que nos aflige, Ele conhecia o nosso e sofria pelos nossos erros.
Não olvidemos, portanto, que, nas aflições, éimprescindível tomar-lhe a sublime companhia e prosseguir avante com a sua serenidade e seu bom ânimo.

XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 83.

PAGAR O MAL COM O BEM

PAGAR O MAL COM O BEM

            1 – Tendes ouvido o que foi dito: Amarás ao teu próximo e aborrecerás ao teu inimigo. Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei bem ao que vos odeia, e orai pelos que vos perseguem e caluniam, para serdes filhos de vosso Pai, que está nos céus, o qual faz nascer o seu o seu sol sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos. Porque, se não amardes senão aos que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os publicanos também assim? E se saudardes somente aos vossos irmãos, que fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os gentios? – Eu vos digo que, se a vossa justiça não for maior e mais perfeita que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus. (Mateus, V: 20, 43-47).
            2E se vós amais somente aos  que vos amam, que merecimento é o que vós tereis? Pois os pecadores também amam os que os amam. E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que merecimento é o que vós tereis? Porque isto mesmo fazem também os pecadores. E se emprestardes somente àqueles de quem esperais receber, que merecimento é o que vós tereis? Porque também os pecadores emprestam uns aos outros, para que se lhes faça outro tanto. Amai, pois, os vossos inimigos, façam bem, e emprestai, sem nada esperar, e tereis muito avultada recompensa, e sereis filhos do Altíssimo, que faz bem aos mesmos que lhe são ingratos e maus. Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. (Lucas, VI: 32-36).
            3 – Se o amor do próximo é o princípio da caridade, amar aos inimigos é a sua aplicação sublime, porque essa virtude constitui uma das maiores vitórias conquistadas sobre o egoísmo e o orgulho.
            Não obstante, geralmente nos equivocamos quanto ao sentido da palavra amor, aplicada a esta circunstância. Jesus não pretendia, ao dizer essas palavras, que se deve ter pelo inimigo a mesma ternura que se tem por um irmão ou por um amigo. A ternura pressupõe confiança. Ora, não se pode ter confiança naquele que se sabe que nos quer mal. Não se pode ter para com ele as efusões da amizade, desde que se sabe que é capaz de abusar delas. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver os impulsos de simpatia existentes entre aquelas que comungam nos mesmos pensamentos. Não se pode, enfim, ter a mesma satisfação ao encontrar um inimigo, que se tem com um amigo.
            Esse sentimento, por outro lado, resulta de uma lei física: a da assimilação e repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo emite uma corrente fluídica que causa penosa impressão; o pensamento benévolo envolve-nos num eflúvio agradável. Daí a diferença de sensações que se experimenta, à aproximação de um inimigo ou de um amigo. Amar aos inimigos não pode, pois, significar que não se deve fazer nenhuma diferença entre eles e os amigos. Este preceito parece difícil, e até mesmo impossível de se praticar, porque falsamente supomos que ele prescreve darmos a uns e a outros o mesmo lugar no coração. Se a pobreza das línguas humanas nos obriga a usarmos a mesma palavra, para exprimir formas diversas de sentimentos, a razão deve fazer as diferenças necessárias, segundo os casos.
            Amar aos inimigos, não é, pois, ter por eles uma afeição que não é natural, uma vez que o contato de um inimigo faz bater o coração de maneira inteiramente diversa que o de um amigo. Mas é não lhes ter ódio, nem rancor, ou desejo de vingança. É perdoá-los sem segunda intenção e incondicionalmente, pelo mal que nos fizeram. É não opor nenhum obstáculo à reconciliação. É desejar-lhes o bem em vez do mal. É alegrar-nos em lugar de aborrecer-nos com o bem que os atinge. É estender-lhes a mão prestativa em caso de necessidade. É abster-nos, por atos e palavras, de tudo o que possa prejudicá-los. É, enfim, pagar-lhes em tudo o mal com o bem, sem a intenção de humilhá-los. Todo aquele que assim fizer, cumpre as condições do mandamento: Amai aos vossos inimigos.
            4 – Amar aos inimigos é um absurdo para os incrédulos. Aquele para quem a vida presente é tudo, só vê no seu inimigo uma criatura perniciosa, a perturbar-lhe o sossego, e do qual somente a morte o pode libertar. Daí o desejo de vingança. Não há nenhum interesse em perdoar, a menos que seja para satisfazer o seu orgulho aos olhos do mundo. Perdoar, até mesmo lhe parece, em certos casos, uma fraqueza indigna da sua personalidade. Se não se vinga, pois, nem por isso deixa de guardar rancor e um secreto desejo de fazer o mal.
            Para o crente, e mais ainda para o espírita, a maneira de ver é inteiramente diversa, porque ele dirige o seu olhar para o passado e o futuro, entre os quais, a vida presente é um momento apenas. Sabe que, pela própria destinação da Terra, nela devem encontrar homens maus e perversos; que as maldades a que está exposto fazem parte das provas que deve sofrer. O ponto de vista em que se coloca torna-lhe as vicissitudes menos amargas, quer venham dos homens ou das coisas. Se não se queixa das provas, não deve queixar-se também dos que lhe servem de instrumentos. Se, em lugar de lamentar, agradece a Deus por experimentá-lo, deve também agradecer a mão que lhe oferece a ocasião de mostrar a sua paciência e a sua resignação. Esse pensamento o dispõe naturalmente ao perdão. Ele sente, aliás, que quanto mais generoso for, mais se engrandece aos próprios olhos e mais longe se encontra do alcance dos dardos do seu inimigo.
            O homem que ocupa no mundo uma posição elevada não se considera ofendido pelos insultos daquele que olha como seu inferior. Assim acontece com aquele que se eleva, no mundo moral, acima da humanidade material. Compreende que o ódio e o rancor o envileceriam e rebaixariam, pois, para ser superior ao seu adversário, deve ter a alma mais nobre, maior e mais generosa.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Ainda a Gentileza

Nestes dias agitados e que se apresentam ricos de desencanto, de ansiedade, de loucura, é perfeitamente válido que voltemos a reflexionar em torno de valores morais e comportamentais que vão ficando à margem...
A perda de valores ético-morais e a ausência de respeito pelo próximo vêm transformando a nossa sociedade em diversas tribos de seres primitivos que se caracterizam pela agressividade e pelo exacerbado egoísmo.
Não se respeitam os direitos do outro, não se obedecem às leis, escasseiam os gestos de civilidade e quase todos somos consumidos pelo espírito de autodefesa, como se pertencêssemos a etnias diferentes que se detestassem.
Discute-se mais do que se conversa e armados não perdemos a oportunidade de um desforço, mesmo quando o motivo não é credor da mínima consideração.
Recordo-me de um fato curioso em que fui envolvido. Caminhava tranquilamente por uma das nossas ruas, quando fui atropelado literalmente por um esportista que corria no passeio fazendo cooper. Chocou-se comigo, porque a sua atenção estava na música que ouvia com audífonos modernos. Bati na parede, e, quando me recuperei e olhei para o cidadão, ele se encontrava quase em fúria porque perdera o ritmo a que se entregava.
Não me permitindo perturbar, disse-lhe: – Desculpe-me, porque estava à sua frente... De outra vez terei muito cuidado, a fim de não ser atropelado... E sorri.
O pseudoatleta desconsertou-se e pediu-me desculpas, reconhecendo-me e perguntando-me: – Você não é o Divaldo Franco?Sim, respondi-lhe.
E ele, eufórico, concluiu: – É um grande prazer conhecê-lo pessoalmente. Eu também sou espírita...
Fiquei imaginando se ele sendo espírita, encontrava-se tão agitado, como seria se não adotasse uma doutrina de paz e solidariedade como é o Espiritismo.
Nunca será demais uma atitude gentil, compreensiva e fraternal.
O cansaço que toma grande número de pessoas é mais agitação e ambição de triunfos vazios na existência sem sentido, do que resultado de ações nobilitantes.
Necessitamos de reflexionar em torno do sentido da nossa existência na Terra e buscar viver conforme os padrões do equilíbrio e da harmonia interior.
Há poucos dias o Papa Francisco declarou com severidade que a missa era um culto respeitável, que exigia concentração e não algo turístico para fotografias...
A falsa necessidade de aparecer como triunfador, realizado nas redes sociais, agridem e aturdem os vencedores de mentira.
Gentileza para com eles e com todos: um semblante suave, um sorriso afável, um aperto de mão, um muito obrigado, uma saudação, constituem pequenos gestos de vida saudável.
Igualmente, ser gentil consigo, evitar intoxicar-se pela ira é recurso para a sociedade melhor. 

Divaldo Pereira Franco.
Artigo publicado no Jornal A Tarde,
coluna Opinião, de 16.11.2017.
Em 20.11.2017.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Amor ao Próximo

A orientação do Cristo para que amemos o próximo como a nós mesmos é fácil de ser repetida, mas ainda está um tanto distante de ser vivida.
Quando Jesus faz essa recomendação, não estabelece nenhuma condição, simplesmente recomenda que amemos.
Todavia, temos a tendência de consagrar a maior estima apenas àqueles que leiam a vida pela cartilha dos nossos pontos de vista.
Nosso devotamento costuma ser caloroso para com os que concordam com o nosso modo de ver, com nossos hábitos enraizados e princípios sociais.
Esquecemo-nos de que nem sempre nossas interpretações são as melhores, nossos costumes os mais nobres e nossas diretrizes as mais elogiáveis.
É importante desintegrarmos a concha do nosso egoísmo para dedicarmos o amor ao próximo conforme o recomenda Jesus. Não pela servidão afetiva com que se ligam ao nosso roteiro pessoal, mas pela fidelidade com que se dedicam em favor do bem comum.
Se amamos alguém tão só pela beleza física, provável encontremos amanhã o objeto de nossa afeição a caminho do monturo.
Se estimamos em algum amigo apenas a oratória brilhante, é possível esteja ele em aflitiva mudez, dentro em breve.
Se o móvel da nossa suposta afeição são os bens materiais, lembremos que esses são passageiros como as flores de um dia.
É imprescindível aperfeiçoar nosso modo de ver e de sentir, a fim de avançarmos no rumo da vida superior.
É bem verdade que existem pessoas com as quais não trocamos afetividades. Diríamos até que a presença de algumas pessoas nos causam aversão.
Todavia, se não as conseguimos amar, é importante que não lhes desejemos o mal. Que quebremos de vez por todas as pesadas algemas do desafeto, não lhes enviando vibrações negativas.
Jesus recomenda que amemos os nossos inimigos, mas dedicar amor aos inimigos ainda é muito difícil, no atual estágio evolutivo da Terra. Todavia, não é impossível. Basta que comecemos a ver os nossos supostos inimigos como irmãos que carecem do amor de Deus tanto quanto nós.
O primeiro passo é intensificar o afeto aos que nos são simpáticos. Depois, dedicar atenção aos que nos são indiferentes: porteiros, carteiros, frentistas, ascensoristas, entre outros. Em seguida, tolerar os que nos causam aversão.
Assim, quando menos esperarmos, o amor ao próximo já será uma constante em nossos corações. É preciso darmos o primeiro passo, e continuarmos firmes. Eis aí o grande desafio!
*   *   *
Busquemos as criaturas, acima de tudo, pelas obras com que beneficiam o tempo e o espaço em que nos movimentamos, porque um dia compreenderemos que o melhor raramente é aquele que concorda conosco, mas é sempre aquele que concorda com o Senhor, colaborando com Ele, na melhoria da vida, dentro e fora de nós.
Pensemos nisso!

 Redação do Momento Espírita, com base no cap. Pelas obras, do
livro
Fonte viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 26.6.2013.

Autoestima

Como o próprio nome sugere, autoestima diz respeito a essa auto avaliação, ao juízo que fazemos de nós mesmos e se, como resultado disso, sentimo-nos bem ou não conosco mesmos.
A autoestima envolve o auto respeito, a autoconfiança, a certeza do próprio valor, o bem-querer a si mesmo.
Normalmente, ouvimos os termos baixa autoestima e autoestima elevada, simbolizando os dois extremos bastante comuns.
A baixa autoestima é produto do Eu não valho nada; Não sou ninguém; Pior do que eu, só eu; num processo de desvalorização sistemática em grande parte das situações da vida.
São vítimas constantes, que não conseguem enxergar seu valor, que se desmerecem em toda e qualquer situação. Depreciam-se sempre que têm oportunidade.
Não toleram sua imagem no espelho, sua voz, sua fotografia. Nunca estão satisfeitas com seu corpo. Então, se escondem ou criam mecanismos de mascarar o que acreditam ser horrível mostrar.
Nas relações amorosas frustram-se facilmente, pois não se acham merecedoras do amor do outro e acabam por auto boicotarem-se ou mesmo sabotarem qualquer relacionamento que pareça saudável.
A segunda, a autoestima elevada, fruto do Eu sou o máximo; Melhor do que eu, só eu! Um orgulho exacerbado, uma superioridade agressiva e que chega a extremos de provocar irritação nos outros.
Aparentam se amarem muito, porém, tudo fica nas aparências, pois querem mais parecer do que ser. Usam demais a palavra eu. Eu fiz, eu sei, eu fui. Falam de si, ouvem pouco.
Chegam a dizer ou pensar, muitas vezes: Eu não preciso de ninguém. Eu me basto.
Ambos os casos mostram claramente visões distorcidas da realidade. Os primeiros estão enfermos. E os segundos, também.
Qual o caminho, então, para se construir uma boa autoestima?
Primeiro, o autoconhecimento. Se em ambos os casos nos deparamos com visões falsas, deformadas do eu, é fundamental que tomemos consciência de quem realmente somos, e ainda, de como estamos atualmente em nossa caminhada evolutiva.
Tomemos consciência de nossa realidade, sem máscaras, sem distorções, sem reduções ou amplificações. Não sejamos cruéis nesta auto avaliação nem permissivos. Nenhum dos extremos nos serve.
Depois de conhecer um pouco melhor nosso real estado, passamos para o segundo estágio: a aceitação.
Precisamos nos aceitar como somos, ou melhor, como estamos, pois somos obra em movimento, em construção. Aceitemo-nos com nossas sombras, com nossas falhas, e não deixemos de perceber o quanto de luz emitimos.
Se em algum momento a auto avaliação está nos fazendo enxergar apenas sombras ou, no outro extremo, não vê-las, voltemos ao início e recomecemos o processo, pois a visão ainda está distorcida.
Somos uma coleção de conquistas, de histórias, de vitórias. As derrotas serviram para nos fazer aprender, nos deixar mais fortes e melhor vencer. Nunca nos deixemos medir apenas pelo que nos falta conseguir.
Uma boa autoestima determina tudo em nossa vida: desde a disposição para acordar todo dia, passando pelo tipo de relação que construímos com os outros, que tipo de pessoas atraímos para nosso convívio, até a saúde de nosso corpo físico ao longo da existência terrestre.
Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.
Em 16.11.2017.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Erotismo

Numa cultura dedicada quase que exclusivamente ao erotismo é natural que o hedonismo predomine nas mentes e nos corações.
Como decorrência das calamidades produzidas pelas guerras contínuas de devastação com as suas armas inteligentes e destruição em massa, o desespero substituiu a confiança que havia entre as criaturas, dando lugar ao desvario de todo porte que ora toma conta da sociedade.
Sem dúvidas, tem havido um grande desenvolvimento cientifico-tecnológico, dantes jamais sonhado, no entanto, não acompanhado pelos valores ético-morais, cada dia mais negligenciados e desrespeitados pelos indivíduos assim como pelas nações.
A globalização, que se anunciava em trombetas, como solução para os magnos problemas socioeconômicos do mundo, experimenta a grande crise, filha espúria da falência moral de muitos homens e mulheres situados na condição de executivos supremos, que regiam as finanças e os recursos de todos, naufragados por falta de dignidade, ora expungindo em cárceres os seus desmandos, deixando porém centenas de instituições de variado porte na falência irrecuperável.
Como efeito, o sexo tornou-se o novo deus da cultura moderna, exaltado em toda parte e elemento de destaque em todas as situações.
Enquanto enxameiam as tragédias, os crimes seriais como o suicídio imediato dos seus autores, os multiplicadores de opinião utilizam-se da mídia alucinada para a saturação das mentes com as notícias perversas, que estimulam psicopatas à prática de hediondez que não lhes havia alcançado a mente.
Pessoas ditas famosas, na arte, no cinema, na televisão, exibem, sem pudor, as suas chagas morais, narrando os abortos que praticaram, a autorização para a eutanásia em seres queridos que lhes obstaculizavam o gozo juvenil, a multiplicação de parceiros sexuais, os adultérios por vingança ou simplesmente por vulgaridade, os preços a que se entregam, as perversões que os caracterizam, vilipendiando os sentimentos daqueles que os veem ou leem estarrecidos uns, com inveja outros, em lamentável comércio de degradação.
Jovens, masculinos e femininos, exibem-se no circo dos prazeres, na condição de escravos burlescos em revistas de sexo explícito ou em filmes de baixa qualidade, tornando-se ídolos da pornografia e da sensualidade doentia.
A pedofilia alcança patamares dantes nunca imaginados, graças à Internet que lhe abre portas ao infinito, quando pais insensatos vendem os filhinhos para o vil comércio do sexo infanto-juvenil, despedaçando-lhes a meninice que vai cruelmente assassinada.
Por outro lado, a prostituição de menores é cada vez maior, porque o cansaço dos viciados exige carnes novas para os apetites selvagens que os consomem.
E, porque vivem sempre entediados e sem estímulos novos, o alcoolismo, o tabagismo, a drogadição constituem o novo passo no rumo da violência, da depressão, do autocídio.
Vive-se, neste momento, a tirania do sexo em exaltação.
As dolorosas lições do passado, de religiosos que não se souberam comportar, desrespeitando os votos formulados, que desmoralizaram as propostas doutrinárias das crenças que abraçavam, o disfarce, a hipocrisia, ocultando as condutas reprocháveis, geraram tal animosidade às formulações espiritualistas, com as exceções compreensíveis, que os jovens não suportam, sequer, referências aos valores do Espírito imortal.
Somente há interesse pelos esportes, particularmente por aqueles de natureza física, no culto apaixonado pela beleza e pela estética de que se tornam escravos por livre opção.
Num período, porém, em que uma boneca serve de modelo, ao invés de haver copiado um ser humano, exigindo que cirurgias corretoras modifiquem a aparência de algumas mulheres, a fim de ficarem com as medidas do brinquedo erótico, é quase normal que haja um verdadeiro ultraje no que diz respeito aos valores reais da vida.
A desconsideração de muitos governantes em relação ao povo que estorcega na miséria, faz que as favelas e os morros vomitem os seus revoltados habitantes para as periódicas ondas de arrastão que estarrecem.
Sucede que o bem não indo ao seu encontro, tem que enfrentar o mal que prolifera e que desce do lugar em que se homizia buscando solução, mantendo comportamentos selvagens.
As cidades, grandes e pequenas, tornam-se praças de guerras não declaradas, porque as necessidades dos sofredores não são atendidas e alguns poderosos que governam, locupletam-se com os valores que deveriam ser destinados à educação, à saúde, ao trabalho, ao recreio dos cidadãos...
É compreensível que aumentem as estatísticas das enfermidades dilaceradoras como o câncer, a tuberculose, as cardiovasculares, a AIDS, outras sexualmente transmissíveis, as infecções hospitalares, dentre diversas, acompanhadas pelos transtornos psicológicos e psiquiátricos que demonstram o atraso em que ainda permanecem as conquistas na área da saúde, embora as suas indescritíveis realizações.
*   *   *
O ser humano estertora...
Em razão da falta de orientação sexual, nestes dias de disparates, a gravidez entre meninas desprevenidas aumenta de forma chocante, como fruto de experiências estimuladas pela vulgaridade, sem qualquer preparo para a maternidade, jogando nas ruas diariamente crescente número de abandonados...
Faltam programas de orientação moral, porque o momento é de prazer e de gozo, condenando a maioria dos incautos ao desespero e à ilusão.
Ainda se prolongará o reinado erótico por algum tempo, até o momento quando as Divinas Leis convidem os responsáveis pelo abuso ao comedimento, à reparação, encaminhando-os para mundos inferiores, onde se encontrarão sob a situação de acerbas aflições, recordando o paraíso que perderam, mas que podem alcançá-lo novamente após as lutas redentoras.
Especialmente nesta hora chegou à Terra o Espiritismo, a fim de convidar as criaturas desnorteadas a encontrar o rumo nos deveres éticos, restaurando a paz e a alegria real nos corações, sem a música mentirosa das sereias mitológicas...
Restaurando a palavra de Jesus, propõe uma revisão ética dos postulados do Cristianismo também ultrajado, a fim de que se revivam os comportamentos de Jesus e dos Seus primeiros discípulos, dando lugar à lídima fraternidade, à iluminação de consciências, ao serviço da caridade.
Mantém-te vigilante, a fim de que não te iludas nem enganes a ninguém, contribuindo com a tua parte, por mais modesta que seja, de modo a fazer instalar-se a era do amor pela qual todos anelam.

Joanna de Ângelis.
Mensagem psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na manhã de 19 de maio de 2009, na residência de Josef Jackulak, em Viena Áustria.
 Em 24.05.2010.
 

A Lição do Semeador

Ulverson Olsson era um homem portador de caráter especial, que se tornara indiferente ao bem, afirmando que ninguém realizava qualquer coisa de útil, que não mantivesse sob disfarce os interesses inescrupulosos dos desejos egoísticos.
Nascera num lar abastado de família tradicional e a ociosidade dele fizera um fútil, destituído dos sentimentos superiores de solidariedade e de amor.
Nos seus comentários ácidos sempre destilava pessimismo, a soldo de um comportamento cínico e destruidor.
Zombava da ingenuidade de Nils Holgersson e da pata Abba de Kebnekaise em sua viagem fantástica pelas fronteiras da Suécia demarcando as regiões, reduzindo todos os atos de amor a lendas e fantasias da imaginação de pessoas que considerava servis…
Tendo visitado a Lapônia (Lapplandis lãn) desconsiderava as tradições e as heranças místicas do seu nobre povo, lamentando não haver nascido na formosa região, onde os gênios e as fadas confraternizam com as criaturas vegetais, animais e humanas, para ter o prazer de as negar.
Como a sua existência era ociosa, viajava, quase sem cessar, a fim de apaziguar o vazio interior, que resultava da falta de objetivos elevados com que a existência humana se torna digna e formosa.
Insensível ao amor, comprometera-se intimamente gratificar qualquer pessoa cujos gestos de abnegação fossem destituídos de ambições egotistas.
Mesmo quando se referia a Jesus, em cuja doutrina fora educado, recusava-se a render-se ao Amor capaz de apaziguar todas as inquietações com a doçura do Seu olhar, com a musicalidade da Sua voz e com a inefável bondade do Seu coração.
Nesse tormento, fizera-se solitário e, porque não dizer, infeliz.
A felicidade é filha predileta do sentimento dos deveres tranquilamente cumpridos, mas Ulverson, distanciado do trabalho de solidariedade humana, não atendia a compromissos morais relevantes, nem desempenhava atividades que lhe exalçassem o caráter.
Nem mesmo as doces criancinhas conseguiam arrancar-lhe um sorriso de carinho ou um gesto afetuoso.
Dizia que se tratava de seres desagradáveis, e que, ingênuas na infância iam crescer depois, tornando-se arrogantes e desagradáveis quando adolescentes e adultos...
Parecia a figueira que secou, a grave lição apresentada por Jesus, no Seu Evangelho, como ensinamento profundo a respeito da produção que tudo e todos devem cumprir.
O seu mau humor tornara-o uma pessoa indelicada e desagradável.
A vida humana é rica de oportunidades para amar-se e confraternizar-se, espalhando alegrias e produzindo bem-estar.
Existem muitos corações afetuosos que perderam o rumo e, semelhantes a embarcações sem leme, navegam à matroca, correndo riscos numerosos.
Também são incontáveis aqueles que experimentam sofrimento e solidão, por não encontrarem uma palavra de amizade ou de compreensão, ajuda fraternal e entendimento, capazes de diminuir-lhes as culpas, os conflitos, as aflições pessoais...
Toda vez quando alguém se resolve por ajudar outrem, torna-se melhor, descobre o valor da existência e enriquece-se de alegria.
Não era o caso de Olsson, o viajante desencantado de si mesmo.
Numa das viagens, enquanto caminhava triste, observou um homem de avançada idade, que plantava pinheiros… Silenciosamente, cavava o buraco na verde relva e colocava uma semente, cobria-a e seguia adiante.
Parecia cansado, vergado ao peso dos anos, mas o semblante apresentava um sorriso jovial e encantador.
Tudo nele denotava a presença da felicidade, que nascia nas fibras delicadas do amor.
O rosto se encontrava iluminado por um sorriso gentil.
Quando Olsson o viu, sentiu-se estranhamente atraído pelo semeador, a quem interrogou:
Essas terras lhe pertencem, considerando-se que o senhor está plantando essas pináceas que crescem lentamente e que a sua idade não lhe permitirá vê-las grandiosas?
Não, não me pertencem essas terras. São da comunidade e delas cuido para que permaneçam exuberantes em decorrência das árvores nelas plantadas e replantadas.
Certamente não as verei adultas e belas. Mas isso, para mim, não é importante, porque todas essas que existem a volta, não fui eu quem as plantou, e aqui estão oferecendo-nos madeira, sombra, beleza, mantendo a natureza em triunfo…
Ele fez uma pausa, e logo prosseguiu:
Quando eu era jovem, plantava legumes porque podia alimentar-me deles pouco tempo depois. Com o tempo ocorreu-me plantar árvores…
E o que o senhor ganha com isso? – interrompeu-o, desconfiado.
Ganho a alegria de semear. Recordo-me que muito antes de mim, houve Alguém que semeou vidas para todo o sempre. Mesmo quem planta árvores pensa em acolher-se na sua sombra, o que não é o meu caso, mas quem planta vidas, semeia para a eternidade, sem esperar qualquer recompensa. Foi o que fez Jesus…
Nunca devemos semear esperando a colheita por nós mesmos, mas por todos aqueles que virão depois.
Não espera nenhuma compensação?
Sim, o prazer de semear, de plantar beleza, de participar da vida.
Emocionado, pela primeira vez, Ulverson Olsson, saltou do animal e acercando-se do ancião, disse-lhe com inusitada alegria:
Permita-me plantar árvores com você e cuidar da sua vida, porque sou jovem e cheio de energias.
Como Alguém plantou vidas, espero que Ele aceite que eu seja cuidador também da vida que Ele semeou.
A partir dali, em face da lição do semeador, Ulverson fez-se, também, semeador de esperança, de alegria, de paz, de árvores e de vidas…
Selma Lagerlöf
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na noite de 28 de maio de 2008, em Estocolmo, Suécia.
Em 01.06.2009.

domingo, 12 de novembro de 2017

Não Desanime

Quando você se observar, à beira do desânimo, acelere o passo para frente, proibindo-se parar.
Ore, pedindo a Deus mais luz para vencer as sombras.
Faça algo de bom, além do cansaço em que se veja.
Leia uma página edificante, que lhe auxilie o raciocínio na mudança construtiva de ideias.
Tente contato de pessoas, cuja conversação lhe melhore o clima espiritual.
Procure um ambiente, no qual lhe seja possível ouvir palavras e instruções que lhe enobreçam os pensamentos.
Preste um favor, especialmente aquele favor que você esteja adiando.
Visite um enfermo, buscando reconforto naqueles que atravessam dificuldades maiores que as suas.
Atenda às tarefas imediatas que esperam por você e que lhe impeçam qualquer demora nas nuvens do desalento.
Guarde a convicção de que todos estamos caminhando para adiante, através de problemas e lutas, na aquisição de experiência, e de que a vida concorda com as pausas de refazimento das nossas forças, mas não se acomoda com a inércia em momento algum.

André Luiz
psicografia de Chico Xavier

sábado, 11 de novembro de 2017

A Raiz da Violência

O Terceiro Milênio chegou. Embora muitos tenham apregoado que ele seria negro, ele chegou de mansinho. E sem que nos déssemos realmente conta, estamos vivendo os dias de um novo século e de um novo milênio.
Com a sua chegada, nos enchemos de esperança de um mundo melhor, pleno de paz. No entanto, o Terceiro Milênio herdou naturalmente tudo aquilo que os homens construíram nos milênios anteriores.
Por isso, ainda temos muitos problemas que preocupam as mentes dos homens nobres e os corações sensíveis.
Entre esses, um dos mais cruciais, com certeza, o problema da violência.
Os que residimos em grandes cidades afirmamos estar cansados da violência. Afinal, não podemos sair de casa sossegados. Se paramos o carro ao sinal vermelho, em pleno dia, corremos o risco de sermos assaltados.
Ao andarmos pelas avenidas, a trabalho, a passeio ou fazendo compras, nunca estamos livres de termos a bolsa roubada, a carteira surrupiada.
Nossas crianças vão para a escola e ficamos apreensivos. Voltarão para casa sem serem agredidas e terem roubados os tênis, a jaqueta, o relógio?
Autoridades se reúnem, psicólogos discutem, educadores dialogam. Todos desejam saber o que fazer para deter a onda de violência.
E, ante tantas sugestões, optamos por reformar e ampliar o número de presídios.
Em tudo isso, nos esquecemos de que o problema não está no presídio, mas no homem que está lá dentro.
Esquecemos que o que deve ser reformado, melhorado, é o próprio ser humano. Afinal, onde está a raiz da violência?
Está na criança abandonada nas ruas que, sem carinho e instrução, amanhã se tornará o lobo do seu semelhante.
A violência está no hospital que não consegue atender com dignidade o enfermo necessitado, pela falta de estrutura.
A violência está no abandono a que relegamos os nossos velhos, em asilos e casas que se dizem especializadas, onde têm abrigo, alimento e agasalho, mas não têm a atenção do afeto.
A violência está nos orfanatos, onde as crianças crescem sem lar, sem família e sequer conseguem ter a ideia do que seja propriedade alheia. Porque ali tudo é de todos. Eles não têm um cantinho seu, nada é seu.
Nem o carinho das atendentes, pois elas precisam desdobrar-se para todos.
A violência está no abandono da escola. Já se disse há muito: eduque-se a criança e não será preciso punir o homem.
*   *   *
Antes de advogarmos a causa da não violência por métodos violentos, tornemo-nos voluntários na ação do bem.
Armemo-nos de coragem e dediquemo-nos à educação de uma criança. Pode ser nosso filho, nosso sobrinho, um parente distante, um amigo, um garoto de rua.
Armemo-nos de amor e visitemos hospitais, espalhando o perfume de nossa presença. Se os enfermos não têm remédio suficiente, se têm que aguardar muitas horas para serem atendidos, terão ao seu lado alguém que os acalme, que lhes dê conforto e atenção.
O caminho da paz se inicia no coração do homem.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita.
Em 10.1.2013

Paz em Casa

Compras na terra o pão e a vestimenta, o calçado e o remédio, menos a paz.

Dar-te-á o dinheiro residência e conforto, com exceção da tranquilidade de espírito.

Eis porque nos recomenda Jesus venhamos a dizer, antes de tudo, ao entramos numa casa: "paz seja nesta casa".

A lição exprime vigoroso apelo à tolerância e ao entendimento.

No limiar do ninho doméstico, unge-te de compreensão e de paciência, a fim de que não penetres o clima dos teus, à feição de inimigo familiar.

Se alguém está fora do caminho desejável ou se te desgostam arranjos caseiros, mobiliza a bondade e a cooperação para que o mal se reduza.

Se problemas te preocupam ou apontamentos te humilham, cala os próprios aborrecimentos, limitando as inquietações.

Recebe a refeição por bênção divina.

Usa portas e janelas, sem estrondos brutais.

Não movas objetos, de arranco.

Foge à gritaria inconveniente.

Atende ao culto da gentileza.

Há quem diga que o lar é ponto do desabafo, o lugar em que a pessoa se desoprime. Reconhecemos que sim; entretanto, isso não é razão para que ele se torne em praça onde a criatura se animalize.

Pacifiquemos nossa área individual para que a área dos outros se pacifique.
Todos anelamos a paz do mundo; no entanto, é imperioso não esquecer que a paz do mundo parte de nós.

Chico Xavier - Emmanuel

Cristãos Decididos

Estamos sendo convocados pelos Espíritos nobres para ser os lábios pelos quais a palavra de Jesus chegue aos corações empedernidos.
Estamos sendo convocados para ser os braços do Mestre, que afaguem, que se alonguem na direção dos mais aflitos, dos combalidos, dos enfraquecidos na luta.
Estamos colocados na postura do bom samaritano, a fim de podermos ser aquele que socorra o caído na estrada de Jericó da atualidade.
Nunca houve na história da sociedade terrena tantas conquistas de natureza intelectual e tecnológica!
Nunca houve tanta demonstração de humanismo, de solidariedade, tanta luta pelos direitos humanos!
É necessário, agora, que os cristãos decididos arregacem as mangas e ajam em nome de Jesus.
Em qualquer circunstância, que se interroguem: - em meu lugar que faria Jesus?
E, faça-o, conforme o amoroso Companheiro dos que não têm companheiros, faria.
Filhos da alma!
Estamos saturados de tecnologia de ponta, graças à qual, as imagens viajam no mundo quase com a velocidade do pensamento, e a dor galopa desesperada o dorso da humanidade em desalinho.
O Espiritismo veio como Consolador para erradicar as causas das lágrimas.
Sois os herdeiros do Evangelho dos primeiros dias, vivenciando-o à última hora. Estais convidados a impregnar o mundo com ternura, utilizando-vos da compaixão.
Periodicamente, neste planeta de provas e expiações, as mentes em desalinho vitalizam micro-organismos viróticos que dão lugar a pandemias destruidoras.
Recordemo-nos das pestes que assolaram o mundo: a peste negra, a peste bubônica, as gripes espanhola, a asiática e a deste momento de preocupações, porque as mentes dominadas pelo ódio, pelo ressentimento, geram fatores propiciatórios à manifestação de pandemias desta e de outra natureza.
Só o amor, meus filhos, possui o antídoto para anular esses terríveis e devastadores acontecimentos, desses flagelos que fazem parte da necessidade da evolução.
Sede vós aquele que ama.
Sede vós, cada um de vós, aquele que instaura o Reino de Deus no coração e dilata-o em direção da família, do lugar de trabalho, de toda a sociedade.
Não postergueis o dever de servir para amanhã, para mais tarde.
Fazei o bem hoje, agora, onde quer que se faça necessário.
As mães afro-descendentes, as mães de todas as raças, em um coro uníssono, sob o apoio da Mãe Santíssima, oram pela transformação da Terra em Mundo de Regeneração.
Sede-lhes filhos dóceis à sua voz quão dócil foi o Crucificado galileu que, ao despedir-se da Terra, elegeu-a mãe do evangelista do amor, por extensão, a Mãe Sublime da Humanidade.
Muita paz, meus filhos.
Que o Senhor de bênçãos nos abençoe.
O servidor humílimo e paternal de sempre, Bezerra.
Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, ao final
da conferência  pública em torno da maternidade, realizada no Grupo Espírita
André Luiz, no Rio de Janeiro, na noite de 13 de agosto de 2009.
Em 23.09.2009.

Ansiedade e Fé

Você já se percebeu ansioso por algum fato, em alguma situação?
É normal que, em determinados momentos da vida, sintamos esse excesso de expectativa, uma vontade de acelerar o tempo, de que as coisas se concluam, aconteçam.
Entretanto, você já imaginou o que aconteceria se esses momentos se sucedessem com grande frequência?
O que ocorreria se substituíssemos uma preocupação solucionada por outra, logo em seguida, com o mesmo nível de expectativa?
Não raro, alguns de nós agimos dessa forma.
Vamos acumulando momentos de ansiedade, renovando-os, mantendo-nos em um estado ansioso perene, constante.
Como essa situação emocional não é a adequada, não é a desejada para o cotidiano do organismo, este sofre com o contínuo bombardeio desse temperamento ansioso.
Sempre se constituirá em prejuízo ao nosso organismo a excessiva preocupação e cuidados que registremos para pessoas, acontecimentos ou coisas.
A ansiedade traduz desarmonia interior, insegurança e insatisfação. É a exteriorização do inconformismo, do qual decorre a incerteza em torno das ocorrências do cotidiano.
Não podemos controlar todas as variáveis da vida.
Sempre haverá situações que escapam do nosso alcance, do nosso controle.
Nesses momentos, nos quais fizemos tudo o que nos cabia, nos quais utilizamos de todos os recursos possíveis, cabe-nos apenas aguardar os desígnios da vida.
Será nesse exato momento que agirá a nossa fé.
Construída no entendimento de que Deus provê todas as nossas necessidades, e de que tudo que nos ocorre está sob os auspícios divinos, a fé nos tranquiliza e acalma na dificuldade.
Essa fé, antídoto da ansiedade, não nasce no nosso emocional.
Ela é trabalhada na razão, na compreensão da presença de Deus em nossas vidas, e na certeza do Seu amparo amoroso. Ensinando-nos a trabalhar nossa ansiedade, Jesus, terapeuta maior, nos provoca inúmeras reflexões:
Não vos inquieteis com o amanhã porque o amanhã trará seus próprios cuidados.
Basta a cada dia o seu mal.
As aves do céu não semeiam nem ceifam e vosso Pai Celestial as alimenta.
Olhai os lírios dos campos...
Se nos permitirmos meditar em torno dessas propostas de Jesus, nosso olhar perante a vida se modificará.
A ansiedade cederá espaço para a fé.
A confiança na Providência Divina, o entendimento de que não estamos sós, ganhará espaço em nossa intimidade.
A certeza de que Deus nos provê as necessidades passa a substituir o sentimento de ansiedade, quando não o de medo e insegurança perante a vida.
Dessa forma, se nos percebermos por demais ansiosos, busquemos a meditação, a reflexão profunda nos ensinamentos de Jesus, e na nossa relação com Deus.
Utilizemos a oração para nos amparar na construção da fé raciocinada, da compreensão da vida, da confiança em Deus.
Assim agindo, aos poucos, as dúvidas e incertezas diminuirão, e as veremos como processo natural da nossa existência na Terra.
Finalmente, quando formos surpreendidos pela ansiedade excessiva, após fazer o que nos cabe, entreguemos nossas preocupações e medos ao Pai, e Ele saberá como melhor conduzir todas as questões.

Redação do Momento Espírita, com citações do
cap. 49, do livro
Otimismo, pelo Espírito Joanna
de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco,
ed. LEAL.
Em 7.3.2015.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Alegria de Viver

Com certeza, já nos demos conta de como é gratificante o lazer.
As tantas atividades profissionais, de estudo ou domésticas, das quais não podemos nos esquivar, nos tomam as horas diárias.
Mas, não há quem de nós não consiga reservar alguns minutos para um cafezinho, um lanche breve, uma olhadela pela janela para descansar os olhos no azul do céu.
São momentos breves, que suavizam a rotina e nos recompõem as energias.
As leis trabalhistas do nosso país estabelecem que o empregado deva gozar férias, a cada período anual trabalhado. Também prescreve o descanso semanal.
Se compulsarmos a lei mosaica, verificaremos que se reporta ao Dia do Senhor, reservado ao repouso. Dia em que tarefa alguma deveria ser realizada.
Os Evangelhos, por sua vez, nos dizem que Jesus, após as atividades diárias com as pregações, as curas, os tantos atendimentos ao povo sofrido que O buscava, retirava-se para orar. No silêncio, dialogava com o Pai, refazendo-se pela oração.
As tradições espirituais informam que os Espíritos, igualmente, têm seus momentos de repouso. Naturalmente que, para eles, esse repouso é traduzido pela realização de uma tarefa diferente.
Por vezes, uma visita a planos mais elevados para reencontro com almas afins, que comungam dos mesmos nobres ideais.
Como o amor é imortal, os que viveram juntos experiências na carne, programam periódicos reencontros espirituais.
Nesses encontros fruem de inusitadas alegrias e retornam para seus labores, posteriormente, dedicados e refeitos.
*   *   *
Habitualmente, no início do ano, consultamos o calendário e assinalamos todos os feriados.
Principalmente, os feriadões, aqueles em que poderemos ter três, quatro dias de folga.
E, logo, começamos a nos programar. Para onde iremos? Com quem iremos? Como iremos?
Em verdade, os meses e semanas que antecedem esses dias são tomados por muitos preparativos: pesquisa de melhores preços de passagens, reservas de hotéis, compra de roupas apropriadas para a localidade que visitaremos...
Enfim, um rol enorme de providências que nos desgastam. Por vezes, se nossa viagem é para o Exterior, alguns de nós pretendemos conhecer vários países em um tempo curto. Para aproveitar, dizemos.
O que acaba acontecendo é uma grande correria, com subidas e descidas de ônibus, com visitas a museus, a praças, monumentos, tudo às pressas. Desejamos ver tudo e um tanto mais.
No final, retornamos exaustos. Às vezes, chegamos a ficar irritados, por causa do desgaste físico.
*   *   *
Raciocinemos um pouco. Programemos com calma nossas viagens, nossos passeios. Lembremos que, acima de tudo, isso nos deve constituir lazer, dar prazer.
Programemos tudo com mais calma. Aprendamos a correr menos e ver mais, usufruir momentos, situações.
Permitamo-nos sentir o prazer de respirar o ar marinho, de passeios pela orla, de banhos de sol a horas próprias.
Deixemo-nos extasiar pela beleza dos jardins, a arte da pintura, da música, da arquitetura.
Tudo com calma, com tempo, para gozar em plenitude as nossas folgas do trabalho profissional. Para retornarmos tranquilos, prontos para enfrentar mais alguns meses de atividades intensas.
Façamos do nosso lazer momentos de rara alegria de viver.
Permitamo-nos sentir o refazimento penetrar nossas veias, higienizar nossas ideias e renovar nossas energias.
Servirmo-nos do lazer com sabedoria faz parte da ciência de bem viver.
Redação do Momento Espírita.
Em 6.5.2015.

O Perdão

O perdão incondicional no mundo atual é muito raro. Além de não perdoar com facilidade as ofensas de parentes e amigos, encontramos impedimentos enormes para a sua prática no que se refere aos inimigos.
O orgulho é de tal ordem que basta um familiar cometer um deslize qualquer para ficarmos furiosos.
Em vez de desculpar a fragilidade moral do infeliz e procurar lhe dar apoio para suavizar as punhaladas do remorso, ficamos a atirar pedras. Pedras do desprezo, da indiferença, sem medir as consequências de tal atitude.
Conta o escritor John Lageman um fato contemporâneo. Ocorreu com um ex-presidiário, que sofreu na alma a incompreensão e o abandono dos seus familiares, durante todo o tempo em que esteve recluso numa penitenciária.
Os seus parentes o isolaram totalmente. Nenhum deles lhe escreveu sequer uma linha. Nunca foram visitá-lo na prisão durante a sua permanência lá.
Tudo aconteceu a partir do momento em que o ex-­presidiário, depois de conseguir a liberdade condicional, por bom comportamento, tomou o trem de retorno ao lar.
Por uma coincidência que somente a Providência Divina explica, um amigo do diretor da penitenciária se sentou ao seu lado.
Por ser uma pessoa sensível, identificou a inquietação e a ansiedade na fisionomia sofrida do companheiro de viagem e, com gentileza, lhe falou:
O amigo parece muito angustiado! Não gostaria de conversar um pouco? Talvez pudesse diminuir o desconforto.
O ex-detento deu um profundo suspiro e, constrangido, falou:
Realmente, estou muito tenso. Estou voltando ao lar. Escrevi para minha família e pedi que colocasse uma fita branca na macieira existente nas imediações da estação, caso tivesse me perdoado o ato vergonhoso.
Se não me quisessem de volta, não deveriam fazer nada. Então eu permanecerei no trem e rumarei para lugar incerto.
O novo amigo verificou como sofria aquele homem. Ele sofreu uma dupla penalidade: a da sociedade que o segregou e a da família que o abandonou.
Condoeu-se e se ofereceu para vigiar pela janela o aparecimento da árvore. A macieira que selaria o destino daquele homem.
Dez minutos depois, colocou a mão no braço do ex­-condenado e falou quase num sussurro:
Lá está ela!
E mais baixo ainda, disse:
Não existe uma fita branca na macieira!
Fez uma pausa, que parecia uma eternidade e falou novamente:
... A macieira está toda coberta de fitas brancas.
A terapia do perdão dissipou, naquele exato momento, toda a amargura que havia envenenado por tanto tempo uma vida humana.
O pobre homem reabilitado deixou que as lágrimas escorressem pelas faces, como a lavar todas as marcas da angústia que até então o atormentara.
*  *  *
A simbologia das fitas brancas do perdão incondicional deve  ficar  gravada  em  nossa mente. Deve nos lembrar sempre as palavras de Jesus:
Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra.
Quem de nós não necessita de perdão? Quem já não errou, se equivocou, faliu?
A própria reencarnação é, para cada um de nós, o perdão incondicional de Deus, a nos oferecer uma nova chance para o resgate dos débitos e retomada do caminho, do aprendizado sem fim.

Redação do Momento Espírita, com base em
conto publicado na revista Presença Espírita nº 155.
Disponível no CD Momento Espírita,
v. 2, ed. Fep.
Em 21.01.2009.

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...