quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Calma

Se você está no ponto de estourar mentalmente, silencie alguns instantes para pensar.
Se o motivo é moléstia no próprio corpo, a intranqüilidade traz o pior.
Se a razão é enfermidade em pessoa querida, o seu desajuste é fator agravante.
Se você sofreu prejuízos materiais, a reclamação é bomba atrasada, lançando caso novo.
Se perdeu alguma afeição, a queixa tornará você uma pessoa menos simpática, junto de outros amigos.
Se deixou alguma oportunidade valiosa para trás, a inquietação é desperdício de tempo.
Se contrariedades aparecem, o ato de esbravejar afastará de você o concurso espontâneo.
Se você praticou um erro, o desespero é porta aberta a faltas maiores.
Se você não atingiu o que desejava, a impaciência fará mais larga a distância entre você e o objetivo a alcançar.
Seja qual for a dificuldade, conserve a calma trabalhando, porque, em todo problema a serenidade é o teto da alma, pedindo o serviço por solução.

Pelo Espírito André Luiz
XAVIER, Francisco Cândido. Ideal Espírita. Espíritos Diversos. CEC.

Bases

"Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo." - (JOÃO, capítulo 13, versículo 8.)

É natural vejamos, antes de tudo, na resolução do Mestre, ao lavar os pés dos discípulos, uma demonstração sublime de humildade santificante.
Primeiramente, é justo examinarmos a interpretação intelectual, adiantando, porém, a análise mais profunda de seus atos divinos. É que, pela mensagem permanente do Evangelho, o Cristo continua lavando os pés de todos os seguidores sinceros de sua doutrina de amor e perdão.
O homem costuma viver desinteressado de todas as suas obrigações superiores, muitas vezes aplaudindo o crime e a inconsciência. Todavia, ao contacto de Jesus e de seus ensinamentos sublimes, sente que pisará sobre novas bases, enquanto que suas apreciações fundamentais da existência são muito diversas.
Alguém proporciona leveza aos seus pés espirituais para que marche de modo diferente nas sendas evolutivas.
Tudo se renova e a criatura compreende que não fora essa intervenção maravilhosa e não poderia participar do banquete da vida real.
Então, como o apóstolo de Cafarnaum, experimenta novas responsabilidades no caminho e, desejando corresponder à expectativa divina, roga a Jesus lhe lave, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça.

XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 5.

sábado, 26 de agosto de 2017

Amor que Salva

Ele era um garoto de sete anos. Mas parecia ter somente quatro. Louro, de olhos castanhos e boca em forma de coração, Vladimir era uma criança muito especial naquele orfanato, perto de Moscou.
Uma canção cantada por ele, e gravada por uma repórter durante uma reportagem, no orfanato, acabou por alcançar um casal americano que já desistira de ter filhos ou de adotar, por causa das decepções sofridas.
Contudo, a voz alta e límpida daquele garoto que parecia cantar com melancolia uma antiga canção russa, mexeu com os sentimentos de Rick.
Ele ligou para a esposa, no mesmo momento, e lhe disse: Querida, acabei de ouvir nosso filho no rádio.
Vladimir era portador de uma enfermidade chamada artrogripose. Suas articulações começaram a se tornar enrijecidas antes mesmo do nascimento.
Suas mãos eram viradas para dentro e seus pés para cima e para trás. Ele andava como um foca, deslizando e jogando os quadris para a frente, puxando as pernas e os pés.
Foi uma longa luta. Adoção internacional é bastante trabalhosa e cara. Finalmente, o casal foi a Moscou para buscar o menino.
Chegados ao orfanato, foram introduzidos em uma sala. Logo mais, puderam ouvir a tagarelice de uma criança e a intérprete lhes falou que o menino estava dizendo que não desejava ser apresentado na cadeira de rodas.
A médica que o acompanhava o colocou em pé, sustentando-o com seus braços.
O garoto de topete louro olhou sem qualquer receio e com forte sotaque falou:
Mamãe, papai, amo vocês. E abraçaram-se os três, emocionados, como se fosse um reencontro.
Vladimir teve muito que aprender. Necessitou aprender inglês para poder se comunicar com os pais e ir para a escola.
Mas ele desejava mais. Queria ter mãos normais para poder escrever sem ajuda e pés normais para poder andar de bicicleta e correr.
Submeteu-se a cirurgias das mãos para conseguir, ao menos que os pulsos ficassem retos.
Os pés tiveram que ser amputados e adaptada uma prótese com pés de borracha.
Vladimir ainda precisa de alguém para ajudá-lo em muitas coisas, pois seus cotovelos e joelhos são rígidos.
Mas, em sua bicicleta especial, impulsionada manualmente, ele sorri feliz porque tem tudo o que sempre desejou: um pai, uma mãe, a capacidade de andar e uma bicicleta.
*   *   *
O casal Rick e Diana ainda adotou mais uma criança. Também portadora de deformações congênitas de braços e pés.
A menina já se submeteu a algumas cirurgias e está se recuperando.
Foi o próprio Vladimir que pediu aos pais que lhe dessem uma irmã e hoje são uma família feliz.
E para não esquecer que foi a canção de Vladimir que transformou quatro vidas, toda noite, na hora de dormir, os pais cantam para as crianças.
O amor é verdadeiramente de essência Divina e consegue coisas inimagináveis. Mais do que isso, o amor desconhece fronteiras, idiomas e quaisquer outros obstáculos.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo A canção de
Vladimir, da Revista Seleções Reader’s Digest, de julho/2000.
Em 24.8.2017.

Valorizemos o Tempo

A cada dia que passa, o ritmo da nossa vida parece estar mais acelerado.
Temos pressa, muita pressa para tudo.
Pressa de viver, pressa de ser feliz, pressa de ficar rico, pressa de ver a semana passar...
Queremos que as férias cheguem logo, que a promoção se faça imediata, que o salário aumente...
Em determinados momentos questionamos, brincando: Parece que o tempo se diverte com a gente, o que gostamos passa tão rápido, e o que detestamos demora a passar.
As pessoas a quem amamos partem mais rápido do que desejamos, e os que nos ferem parece que nunca se vão...
Observando seriamente, está cada vez mais difícil encontrar tempo para nós mesmos.
Nunca temos tempo para fazer um mergulho interior, buscar saber o que queremos da vida.
Cada vez mais difícil fazer uma introspecção, uma busca criteriosa e sincera de nossas reais ansiedades.
Lembrando que Jesus recomendou o amor a si mesmo, acabamos descobrindo que não nos amamos e nem sequer nos conhecemos.
O que estamos fazendo com o nosso tempo?
Nos dias atuais, a quantidade de compromissos, tarefas e informações que nos chegam, aumentou muito.
Quanto mais tarefas abraçamos, mais preenchemos nosso tempo, e ele parece ficar mais curto.
Importante buscarmos o significado que damos à nossa vida na Terra.
Ligamos nossos pensamentos em tantos fatos e ações alheios e não conseguimos registrar o que nos é importante.
O pensamento saudável é um requisito que não podemos dispensar para bem conduzir nossos passos e obrigações frente a vida.
Quando as ideias se atropelam e não reflexionamos conforme deveríamos, causamos uma intoxicação de informações.
Vemo-nos atolados em situações de ansiedade, impaciência e descontrole que nos impedem o correto discernimento.
Desconhecendo nossa individualidade, ignoramos que somos Espíritos imortais em um corpo material, necessitando de momentos de silêncio, de tranquilidade para nos conhecermos.
Por menos tempo que tenhamos, é necessário separarmos alguns minutos para usufruir a paz de espírito, que nos facilita o autoconhecimento.
Alguns momentos de silêncio interior para conectarmos com nossa consciência e saber o que realmente queremos de nossas vidas.
A preservação de um tempo mental para reflexionarmos, meditarmos, nos dará autocontrole para as decisões mais acertadas.
Nossas paisagens mentais precisam ser alimentadas com imagens saudáveis e com ensinamentos nobres, para termos boa disposição frente a vida.
Indispensável algum tempo para dedicar aos nossos cônjuges, filhos, pais, amores; para lermos nosso poema preferido e nos deixarmos levar pela sua sonoridade; para amarmos de verdade, abraçarmos fortemente, doarmos sorrisos; ligarmos para nossos pais e lhe falarmos de nossa gratidão; brincarmos com nossas crianças; tratarmos a todos com respeito; lermos mais livros e assistirmos menos televisão; criarmos uma atmosfera de amor onde estivermos; orarmos e confiarmos em Deus.
Utilizemos nosso tempo com sabedoria.
Redação do Momento Espírita.
Em 26.8.2017.

A Mágoa

À semelhança de ácido que corrói a superfície na qual se encontra, a mágoa desgasta, a pouco e pouco, as peças delicadas das engrenagens orgânicas do homem, destrambelhando-lhe os equipamentos muito delicados da organização psíquica.
A mágoa é conselheira impiedosa e artesã de males cujos efeitos são imprevisíveis.
Penetra no âmago do ser e envenena-o, impedindo-lhe o recebimento dos socorros do otimismo, da esperança e da boa vontade em relação aos fatores que o maceram.
Instalando-se, arma a sua vítima de impiedade e rancor, levando-a a atitudes desesperadas, desde que lhe satisfaça a programação vil.
Exala amargura e desconforto, expulsando as pessoas que intentam contribuir para a mudança de estado, graças às altas cargas vibratórias negativas, que exteriorizam mau humor e azedume.
                                                                              ***
Quem acumula mágoas, coleciona lixo mental.
Reage às tentativas de alojamento da mágoa nos teus sentimentos.
Não estás, no mundo, por acaso, antes, com finalidades adredemente estabelecidas que deves atender.
Acompanha a marcha do Sol, e enriquece-te de luz, não mergulhando na sombra dos ressentimentos destrutivos.
Sorri ante o infortúnio, agradecendo a oportunidade de superá-lo através dos valores éticos e educativos que já possuis, poupando-te à consumpção de que é portadora a mágoa.

FRANCO, Divaldo Pereira. Episódios Diários. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 22.

Os Últimos Serão os Primeiros

Jesus gostava da simplicidade dos símbolos e, na sua linguagem máscula, os obreiros que chegaram na primeira hora são os profetas, Moisés e todos os iniciadores que marcaram as etapas do progresso, as quais continuaram a ser assinaladas através dos séculos pelos apóstolos, pelos mártires, pelos Pais da Igreja, pelos sábios, pelos filósofos e, finalmente, pelos espíritas. Estes, que por último vieram, foram anunciados e preditos desde a aurora do advento do Messias e receberão a mesma recompensa. Que digo? recompensa maior. Últimos chegados, eles aproveitam dos labores intelectuais dos seus predecessores, porque o homem tem de herdar do homem e porque coletivos são os trabalhos humanos: Deus abençoa a solidariedade. Aliás, muitos dentre aqueles revivem hoje, ou reviverão amanhã, para terminarem a obra que começaram outrora. Mais de um patriarca, mais de um profeta, mais de um discípulo do Cristo, mais de um propagador da fé cristã se encontram no meio deles, porém, mais esclarecidos, mais adiantados, trabalhando, não já na base e sim na cumeeira do edifício. Receberão, pois, salário proporcionado ao valor da obra.
O belo dogma da reencarnação eterniza e precisa a filiação espiritual. Chamado a prestar contas do seu mandato terreno, o Espírito se apercebe da continuidade da tarefa interrompida, mas sempre retomada. Ele vê, sente que apanhou, de passagem, o pensamento dos que o precederam. Entra de novo na liça, amadurecido pela experiência, para avançar mais. E todos, trabalhadores da primeira e da última hora, com os olhos bem abertos sobre a profunda justiça de Deus, não mais murmuram: adoram.
Tal um dos verdadeiros sentidos desta parábola, que encerra, como todas as de que Jesus se utilizou falando ao povo, o gérmen do futuro e também, sob todas as formas, sob todas as imagens, a revelação da magnífica unidade que harmoniza todas as coisas no Universo, da solidariedade que liga todos os seres presentes ao passado e ao futuro. - Henri Heine. (Paris, 1863.)

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 20. Item 3.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Vencerás

Não desanimes. Persiste mais um tanto.
Não cultives o pessimismo. Centraliza-te no bem a fazer.
Esquece as sugestões do medo destrutivo. Segue adiante, mesmo varando a sombra dos próprios erros.
Avança ainda que seja pôr entre lágrimas.
Trabalha constantemente.
Edifica sempre. Não consintas que o gelo do desencanto te entorpeça o coração.
Não te impressiones à dificuldade. Convence-te de que a vitória espiritual é construção para o dia a dia.
Não desistas da paciência.
Não creias em realização sem esforço.
Silêncio para a injúria.
Olvido para o mal.
Perdão às ofensas.
Recorda que os agressores são doentes.
Não permitas que os irmãos desequilibrados te destruam o trabalho ou te apaguem a esperança.
Não menosprezes o dever que a consciência te impõe.
Se te enganaste em algum trecho do caminho, reajusta a própria visão e procura o rumo certo.
Não contes vantagens nem fracassos.
Estuda buscando aprender.
Não se voltes contra ninguém.
Não dramatizes provações ou problemas.
Conserva o hábito da oração para que se te faça luz na vida íntima.
Resguarda-te em Deus e persevera no trabalho que Deus te confiou.
Ama sempre, fazendo pelos outros o melhor que possas realizar.
Age auxiliando.
Serve sem apego...
E assim VENCERÁS!!!

Pelo Espírito Emmanuel
XAVIER, Francisco Cândido; PIRES, José Herculano. Astronautas do Além. Espíritos Diversos. GEEM.

A Pluraridade dos Mundos Habitados sob a Óptica do Espiritismo e da Ciência

“Importa considerar, todavia, que a ciência do mundo, se não deseja continuar no papel de comparsa da tirania e da destruição, tem absoluta necessidade do Espiritismo, cuja finalidade divina é a iluminação dos sentimentos, na sagrada melhoria das características morais." Emmanuel. (O Consolador, 22. ed., FEB, p. 23.)
Ao nos propormos versar o problema da pluralidade dos mundos habitados, um dos princípios enfatizados pela Doutrina Espírita, e, hoje, cogitado por significativa parcela do establishment científico, como veremos, em síntese, é oportuno reiterar aquela afirmação lapidar do insigne Codificador do Espiritismo:[1] “Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará”. (Grifo de Kardec.) Todavia, na matéria em apreço, o Espiritismo antecipa-se à Ciência, ao ser, hoje, confirmado por ela, como veremos na segunda parte deste trabalho.
No entanto, é oportuno preceder, repetimos, as elucidações ao nível da ciência, so- bre o tema em apreço, com as inquestionáveis afirmações, colhidas ao longo das fontes mais conspícuas da literatura espírita.
Emmanuel, o preclaro Instrutor Espiritual – a quem devemos, no cumprimento de elevada missão, recebida dos Planos Superiores, o impulso significativo à evolução da Doutrina Espírita, em nossa terra, com repercussão em plano mundial –, detendo-se na análise da tese da pluralidade dos mundos habitados, afirma categórico:[2] “Alguns estudiosos, há muitos séculos, guardam as verdadeiras concepções do Universo, o qual não se encontra circunscrito ao minúsculo orbe terreno e é representado pelo infinito dos mundos, dentro do infinito de Deus.” E continua adiante: – “Infelizmente são inúmeros os que duvidam dessa realidade inconteste, aprisionados em escolas filosóficas que pecam pelo seu caráter obsoleto e incompatível com a evolução da Humanidade em geral.”
“Apesar da objetiva dos vossos telescópios, que descortinam, na imensidade, ‘as terras do céu’, julga-se erradamente que apenas o vosso mundo oferece condições de habitabilidade e somente nele se verifica o florescimento da vida.” (Esta declaração de Emmanuel é anterior ao lançamento do Telescópio Espacial Hubble, que dilatou, ao olhar humano, a extensão do Universo, considerando que ainda é prematuro, no plano divino, haver condições de confirmar a tese da pluralidade dos mundos habitados. O grifo é nosso.) “É que não reconhecem que a Terra minúscula é apenas um ponto obscuro e opaco, no concerto sideral, e nada de singular existe nela que lhe outorgue, com exclusividade, o privilégio da vida; em contraposição aos assertos dos negadores, podeis notar, cientificamente, que é mesmo, em vosso plano, o local do Universo onde a vida encontra mais dificuldades para se estabelecer.”
Manifestando-se sobre a posição da Terra em relação aos outros mundos, escreve, ainda, Emmanuel:[3] – “No turbilhão do Infinito, o sistema planetário centralizado pelo nosso Sol é excessivamente singelo, constituindo um aspecto muito pobre da Criação.” E quanto à humanidade terrestre, comparada à de outros orbes, elucida: – “Nas expressões físicas, semelhante analogia é impossível, em face das leis substanciais que regem cada plano evolutivo; mas, procuremos entender por humanidade a família espiritual de todas as criaturas de Deus que povoam o Universo e, examinada a questão sob esse prisma, veremos a comunidade terrestre identificada com a coletividade universal.” (Grifo nosso.)
Na histórica noite de 28 de julho de 1971, diante das luzes das câmaras da TV-Tupi, na cidade de São Paulo, no programa Pinga-Fogo, assistido por milhões de brasileiros, em todo o País, tendo, como entrevistadores, católicos, protestantes, espíritas, ateus, materialistas, céticos e elementos de outras confissões religiosas ou filosóficas, Emmanuel – em legítima simbiose mediúnica com o médium Francisco Cândido Xavier, respondendo a entrevistador, que pedia esclarecimento sobre o livro Cartas de uma Morta, do Espírito Maria João de Deus (editado em 1945 pela LAKE)*, no qual é afirmado que o Planeta Marte é habitado por civilização superior à da Terra; isto em divergência com as sondagens procedidas por cientistas americanos, que comprovam que Marte é um pla- neta deserto como a nossa lua, e cuja composição atmosférica inviabilizaria a vida como a existente na Terra – faz as seguintes ponderações, que transcrevemos em resumo, e que, no nosso entendimento, equacionam devidamente o problema levantado, o qual, aliás, tem motivado alguma estranheza, principalmente, aos estudiosos do Espiritismo:[4]
“(...) nós sabemos que o espaço não está vazio, conquanto as afirmações da Ciência e as sondas possam trazer respostas negativas do ponto de vista físico, nós precisamos compreender que a vida se estende em outras dimensões. E nós estamos no limiar de tempos novos em que a Ciência descortinará para todos nós um futuro imenso diante do Universo. Então, será necessário esperar que a Ciência possa compreender e interpretar para nós outros, os filhos da Terra, a vida em outras dimensões, em outros campos vibratórios. Allan Kardec, nas perguntas e respostas de números 56 e 57, se a memória não me está falhando, em O Livro dos Espíritos, explica que a Natureza dos mundos e a Natureza material ou física dos habitantes desses outros mundos podem ser muito diferentes dos habitantes da Terra.” (Grifo nosso.)
Quando a imprensa registra a brilhante odisséia do reconhecimento pela Ciência, através de tecnologia de ponta, da estrutura do planeta Marte – é oportuno registrar algo, em vôo rasante, do pensamento de corporações científicas, a respeito da pluralidade dos mundos habitados, com vida inteligente ou simplesmente com vida elementar, evoluindo, forçosamente, para estágio superior de vida.
O Professor Dulcídio Dibo, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, nas conclusões do seu livro Vida em Outros Planetas, registra:
“Na atualidade, existe uma verdadeira união de esforços de astrônomos, radioastrônomos, astrofísicos, físicos, biólogos, biofísicos, cientistas de computação e informática, e outros, com vistas à perspectiva de contato com civilizações extraterrestres, suficientemente grande, para justificar o início de uma série de programas de pesquisas bem formulados, conforme recomendação da Primeira Conferência de Comunicações com Inteligências Extraterrestres.
Oito entre dez astrônomos, físicos e biólogos dos mais importantes centros de pesquisas do mundo, ouvidos, numa sondagem da rede de televisão CNN, dos Estados Unidos, pensam que, nos próximos vinte anos, devem ser encontrados planetas das dimensões da Terra, girando em torno de estrelas similares ao Sol, em órbitas que permitam absorção de luz e calor nas doses adequadas à criação e manutenção da vida.
Entre os mais notáveis vultos da Comunidade Científica contemporânea, que se têm preocupado com a matéria, cabe destacar o Doutor Carl Sagan, recentemente falecido (1996), que foi professor de Astronomia e Ciências Espaciais da Universidade de Cornell, de Nova York, diretor do Laboratório para Estudos Planetários, da referida Universidade, e ex-Conselheiro da NASA, em sua especialidade. O Doutor Carl Sagan, em co-autoria com o Doutor Iosef Chmuelovitch Chklovski, do Instituto de Astronomia de Sternber, da Academia Soviética de Ciência, de Moscou, no alentado livro A Vida Inteligente no Universo, de mais de 500 páginas (edição da Publicações Europa-América Ltda., de Lisboa, Portugal), nos proporcionam elementos indiscutíveis, que confortam sobremaneira a tese da pluralidade dos mundos habitados, isto é, da vida extraterrestre, com todo o penhor de suas credenciais, sem ferir a ética científica, nem se inclinem para a ficção, o que com- prometeria a seriedade do trabalho.
Afirma Sagan, em entrevista à revista Veja, de 27 de março de 1996: – ‘Na vasta imensidão do espaço, devem existir outras civilizações mais antigas e avançadas que a nossa.’ E informa: – ‘Temos recebido sinais de rádio enigmáticos, vindos do espaço, que parecem satisfazer todos os critérios científicos para o que se estabeleceu ser uma transmissão extraterrestre inteligente. São sinais modulados, fortes e de banda curta. Ou seja, não poderiam ter sido gerados por nenhuma fonte natural conhecida de ondas de rádio cósmicas. Infelizmente esses eventos nunca se repetem. Eles duram cinco minutos e somem para sempre’.”
Nessa linha de preocupação e entendimento do problema, podemos referir-nos, entre outros, aos seguintes trabalhos de ordem científica:
Inteligência no Universo, de Roger A. Macgowan e Frederico I. Ordway, III, à página 479, da Editora Vozes Ltda., de Petrópolis, Rio de Janeiro;
- Origens Históricas da Física Moderna, de Armando Gibert, à página 34, da Editora Fundação Calouste Gulbenkian, de Lisboa, Portugal;
- A Aurora Cósmica, de Eric Chaisson, à página 70, Edição da Livraria Editora Francisco Alves S.A., do Rio de Janeiro.
Partindo dos elementos que nos fornece a literatura acima referida, permitimo-nos as seguintes digressões, sem extrapolar para nenhuma ficção de ordem científica, permanecendo, porém, nos limites dos princípios oferecidos pela Ciência: O Universo observável, cujo limite, para nós da Terra, pressupondo estarmos situados no meio desse espaço do Universo, está a um raio de vinte bilhões de anos-luz e, conseqüentemente, com um diâmetro de quarenta bilhões de anos-luz, segundo informam os recursos tecnológicos, hoje enriquecidos pelos elementos informativos proporcionados pelo Telescópio Espacial Hubble; inserem-se, nesse espaço assombroso, 100 bilhões de galáxias, acessíveis, por hora, ao conhecimento da moderna Cosmologia, ciência que trata da estrutura do Universo, diferente da sua coirmã, a Cosmogonia, que trata da origem do Universo.**
Considerando que a nossa galáxia, a nossa conhecida Via-Láctea, que embeleza as noites estreladas de verão, da qual enxergamos, no hemisfério sul, apenas um dos seus braços (galáxia espiral), trata-se apenas de uma integrante desse conjunto assombroso de 100 bilhões de galáxias conhecidas; e, considerando, ainda, que cada uma dessas galáxias contém 100 bilhões de estrelas, das quais 6 bilhões de estrelas, por galáxias, constituem um sistema planetário, calculam os astrônomos que, pelo menos, 3 bilhões de sistemas planetários possuem, no mínimo, um planeta apropriado ao desenvolvimento de formas elevadas de vida, isto é, de vida inteligente, até mais avançada que a nossa.
Permita-nos, com os elementos acima, um cálculo elementar: Efetuando a multiplicação de 3 bilhões de planetas, com vida inteligente, por 100 bilhões – que é o número de galáxias do Universo observável – teremos o número assombroso de 300 quintilhões de planetas com possibilidade de vida inteligente no Universo. Para ilustrar estas digressões, cabe citar que Sagan registra, em seu livro acima referido, à página 171, que no Universo observável, se for levado em conta o número incalculável de estrelas existentes nos 100 bilhões de galáxias, e a idade do Universo, forma-se um milhão de sistemas solares de hora em hora.
Em face desses números estonteantes, afirma o astrônomo Geoffrey Marcy, da Universidade Estadual de São Francisco, na Califórnia (Veja de 27-3-1996): “Estamos diante de uma prova gritante de que a existência de planetas, ao contrário do que sempre se acreditou, é uma regra e não uma raridade no Universo”, o que endossa o cálculo de número de planetas por sistemas planetários. E acrescenta: “Mesmo que as chances de surgimento de vida seja apenas de uma em 100 bilhões de planetas, o que é de um pessimismo brutal, ainda assim haveria algumas centenas de planetas habitáveis no Universo.”
A grandeza desse número de planetas, 300 quintilhões, com possibilidade de vida, é de tal magnitude e excede de forma tal a estrutura atual do nosso poder mental de apreensão, que perde o seu significado para o nosso entendimento, e diz da nossa insignificância no contexto do Universo.
Ninguém poderá, com lógica e bom senso, certo que não há bom senso sem lógica, afirmar que não existam, nesse número assombroso de planetas, alguns, pelo menos, com possibilidade de vida evoluindo para vida inteligente, ou mesmo habitados por seres inteligentes, até mais avançados que os da Terra.
Só a inflexível ortodoxia de um dogmatismo cristalizado no tempo e na asfixia do seu estreito horizonte infracientífico pode negar a possibilidade da pluraridade dos mundos habitados, e, conseqüentemente, que não estamos sós no Universo. 

REFERÊNCIAS:

[1] KARDEC, Allan. A Gênese, 40. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000, cap I, no. 55
[2] XAVIER, Francisco Cândido. Emmanuel, 21. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000, cap. XVI, p. 90-91.
[3] XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador, 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000, p. 55-56.
[4] Pinga-Fogo. Edicel, p. 65.
NOTAS:
* A indagação cabe, por extensão, ao livro Novas Mensagens, do Espírito de Humberto de Campos, editado pela FEB em 1945.
** Um ano-luz corresponde ao espaço de 9 trilhões e 461 bilhões de quilômetros. Para percorrer o espaço de um ano-luz, num supersônico, a 3 mil quilômetros a hora, levaríamos 350 milhões de anos; exemplo que damos para aproximar nosso entendimento dessa medida.
Ney da Silva Pinheiro. Revista "Reformador" - Ano 119 - Janeiro, 2002 - Nº 2.074.

Filho de DEUS

A expressão Filho de Deus é bastante empregada em nosso linguajar cotidiano. Tão utilizada que se desgastou.
Temos ideia do que significa ser Filho de Deus? Sentimo-nos filhos de Deus?
Primeiro, precisamos entender de Quem ou de Que estamos falando.
A palavra Deus designa a Inteligência Suprema do Universo, a causa primária de todas as coisas.
Dentro de todas essas coisas, estamos também nós, Espíritos, os seres inteligentes da Criação.
Essa Inteligência, que chamamos Deus – e outros chamam por outros nomes – rege o Universo através de leis perfeitas de amor e justiça. Nada sai do Seu controle. Tudo é perfeitamente administrado por Ele.
Ele também administra uma obra de beleza inimaginável. Conhecemos pouquíssimo de sua exuberância e quanto mais vamos descobrindo, mais vamos nos encantando. Como tudo se encaixa, como tudo funciona com perfeição, do micro ao macro.
Tudo tem sua função na natureza, tudo se encadeia, se entrelaça, se interliga. É uma verdadeira obra de arte.
Agora vem o mais interessante: fazemos parte desta obra de arte. Temos uma função importante na Criação.
Quando o Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, perguntou aos mestres da Espiritualidade qual o objetivo da encarnação dos Espíritos, isto é, por que necessitamos vestir um corpo material e nos vincularmos a uma vida física, recebeu a seguinte resposta:
Deus impõe a encarnação aos espíritos, com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns é expiação, para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer as vicissitudes da existência corporal.
Visa ainda um outro fim a encarnação: o de por o espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação.
Aí está: a parte que nos toca na obra da Criação. Temos uma parte em tudo isso. Somos importantes, temos significado, precisamos existir.
Para aqueles que, por vezes, nos sentimos insignificantes, pensemos: será que o sol se sente assim? Ele tem uma parte na grande obra universal.
Mas o que é o sol diante das centenas de bilhões de sóis no Universo? Para os que gostam de contar números apenas, pode parecer insignificante.
Em segundo lugar, precisamos entender que não somos partes do Criador e nem emanações dEle.
Somos Sua obra, somos filhos, somos independentes dAquele que nos criou.
Carregamos em nosso íntimo sua assinatura, a assinatura do grande Autor, que nos faz caminhar rumo à felicidade inevitavelmente.
Um pai está sempre próximo e presente na vida de seus filhos. Não poderia ser diferente.
O que acontece conosco é que não percebemos o Pai como poderíamos perceber. Alguns a ponto de dizer que Ele nem sequer existe. Essa aparente distância nós criamos pela falta de sensibilidade, que precisa ser desenvolvida.
Essa sensibilidade faz parte de nossas conquistas morais, assim como a amorosidade – amor ao próximo. Juntas vão construir uma nova virtude: religiosidade.
A religiosidade nos dará a capacidade de perceber o Criador, percebendo o nosso próximo e construindo um laço de amor entre nós, ele e o Pai Maior.

Redação do Momento Espírita, com citação da questão 132,
de
O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 21.8.2017.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

O Fim do Mundo

O Fim do Mundo

14 - Como compreender a afirmativa dos astrônomos relativamente à morte térmica do planeta?

- É certo que todo organismo material se transformará, um dia, revestindo novas formas. As energias do Sol, como as forças telúricas do orbe terrestre, serão esgotadas aqui, para surgirem noutra parte. Alguns astrônomos calculam a morte térmica do planeta para daqui a um milhão de anos, aproximadamente.
Já se disse, porém, que a vida é o eterno presente. E o nosso primeiro dever não é o de contar o tempo, demarcando, em bases inseguras, a duração das obras conhecidamente sagrada para as edificações definitivas do nosso espírito, as quais são inacessíveis a todas as transformações da matéria, em face do Infinito.


XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Questão 14.

Progressão dos Mundos

IV – Progressão dos Mundos

SANTO AGOSTINHO

Paris, 1862

19O progresso é uma das leis da natureza. Todos os seres da Criação, animados e inanimados, estão submetidos a ela, pela bondade de Deus, que deseja que tudo se engrandeça e prospere. A própria destruição, que parece, para os homens, o fim das coisas, é apenas um meio de levá-las, pela transformação, a um estado mais perfeito, pois tudo morre para renascer, e nada volta para o nada.
Ao mesmo tempo em que os seres vivos progridem moralmente, os mundos que eles habitam progridem materialmente. Quem pudesse seguir um mundo em suas diversas fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos da sua constituição, o veria percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas em graus insensíveis para cada geração, e oferecer aos seus habitantes uma morada mais agradável, à medida que eles também avançam na senda do progresso. Assim marcham paralelamente os progressos do homem, o dos animais seus auxiliares, o dos vegetais e o das formas de habitação, porque nada fica estacionário na natureza.
Quanto esta idéia é grandiosa e digna da majestade do Criador! E como, ao contrário, é pequena e indigna do seu poder aquela que concentra a sua solicitude e a sua providência no imperceptível grão de areia da Terra, e restringe a humanidade a algumas criaturas que o habitam!
A Terra, seguindo essa lei, esteve material e moralmente num estado inferior ao de hoje, e atingirá, sob esses dois aspectos, um grau mais avançado. Ela chegou a um de seus períodos de transformação, e vai passar de mundo expiatório a mundo regenerador. Então os homens encontrarão nela a felicidade, porque a lei de Deus a governará.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

terça-feira, 15 de agosto de 2017

A Dor Serena

A experiência da dor é comum a todos os homens.
Ela se revela a cada um de modo diferente, mas a todos visita.
Os pobres sofrem pela incerteza quanto à manutenção de sua família.
Os doentes experimentam padecimento físico.
Os idealistas se angustiam pelo bem que tarda em se realizar.
O governante se acabrunha pela magnitude da tarefa que lhe repousa sobre os ombros.
Qualquer que seja a posição social de um homem, ele vive a experiência do sofrimento.
A própria transitoriedade da vida terrena é fonte de angústias e incertezas.
Pode-se muito fazer e muito angariar, mas a morte é uma certeza e a tudo transformará.
Alguma dilaceração é inerente ao viver.
Ninguém ignora a possibilidade de seus afetos o sucederem no retorno à pátria espiritual.
Nenhum homem sensato imagina que o vigor físico o acompanhará para sempre.
A universalidade da dor chama a atenção dos homens para o fato de que são essencialmente iguais.
Ocupam diferentes posições e têm experiências singulares, mas ninguém é feito de material imune à ação do tempo.
A vida material é transitória e isso não se pode negar.
Contudo, as pessoas evitam refletir sobre essa realidade.
Quando apanhadas pelos fenômenos próprios da transitoriedade da vida, costumam se revoltar.
Todos sofrem, mas poucos sofrem bem.
Tão raro é o bem sofrer que geralmente não é sequer compreendido.
Quando, em face de alguma experiência dilacerante, a criatura mantém a serenidade, acha-se que ela tem algum problema.
Confunde-se sensibilidade à dor com escândalos.
Se a pessoa não brada indignada e não procura culpados por sua miséria, entende-se que ela tem algo de obscuro em seu íntimo.
Uma mãe capaz de suportar serenamente a dor da morte de um filho surge aos olhos alheios como insensível.
Como se ausência de gritos significasse falta de amor!
No sermão da montanha, Jesus afirmou a bem-aventurança dos que choram, dos injuriados e perseguidos.
Certamente não estava a referir-se aos que sofrem em meio a revoltas e desatinos.
Afinal, em outra passagem evangélica, afirmou que, quem desejasse, deveria tomar sua cruz e segui-lO.
Trata-se de um sinal de que a conquista da redenção pressupõe algum sacrifício.
A Terra, por algum tempo ainda, será morada de Espíritos rebeldes às leis Divinas.
Por séculos, semearam dor nos caminhos alheios e não se animaram a reparar os estragos.
Por isso, são periodicamente atingidos pelos reflexos de seus atos, até que aprendam o código de fraternidade que rege a vida.
Reflita sobre isso antes de se permitir gritos e rebeldia.
As experiências que o atingem visam a torná-lo melhor e mais sensível à dor do semelhante.
Elas possibilitam sua recomposição perante a Justiça cósmica.
Não perca a oportunidade com atitudes infantis.
Cesse reclamações, não procure culpados e não se imagine vítima.
Aproveite o ensejo para exemplificar sua condição de cristão.
Quando o sofrimento o atingir, sinta-se desafiado a ser um exemplo de dignidade, esforço e luta.
Sua serenidade perante a dor fará com que outros repensem a forma com que vivem.
Assim, você estará colaborando na construção de um mundo melhor, com menos revolta e insensatez.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 14.8.2017.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Diferentes Estados da Alma na Erraticidade


Diferentes Estados da Alma na Erraticidade

           1 – Não se turbe o vosso coração. Crede em Deus, crede também em mim. – Há muitas moradas na casa de meu pai. Se assim não fosse, eu vo-lo teria dito; pois vou preparar-vos o lugar. E depois que eu me for, e vos aparelhar o lugar, virei outra vez e tomar-vos-ei para mim, para que lá onde estiver, estejais vós também. (João, XIV:1-3).

          2 – A Casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito, oferecendo aos Espíritos desencarnados estações apropriadas ao seu adiantamento.

         Independentemente da diversidade dos mundos, essas palavras podem também ser interpretadas pelo estado feliz dos Espíritos na erraticidade. Conforme for ele mais ou menos puro e liberto das atrações materiais, o meio em que estiver, o aspecto das coisas, as sensações que experimentar, as percepções que possuir, tudo isso varia ao infinito. Enquanto uns, por exemplo, não podem afastar-se do meio em que viveram, outros se elevam e percorrem o espaço e os mundos. Enquanto certos Espíritos culpados erram nas trevas, os felizes gozam de uma luz resplandecente e do sublime espetáculo do infinito. Enquanto, enfim, o malvado, cheio de remorsos e pesares, freqüentemente só, sem consolações, separado dos objetos da sua afeição, geme sob a opressão dos sofrimentos morais, o justo, junto aos que ama, goza de uma indizível felicidade. Essas também são, portanto, diferentes moradas, embora não localizadas nem circunscritas.
O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

Talentos

A pobreza não é criação do Todo-Misericordioso. Ela existe somente em função da ignorância do homem que, por vezes, se arroja aos precipícios da inconformação ou da ociosidade, gerando o desequilíbrio e a penúria.
*
Há talentos do Senhor distribuídos por todas as criaturas, em toda a parte.
*
Observa os elementos de trabalho que a vida te conferiu e não te esqueças de que a única fonte de origem e de sustentação da riqueza legítima é sempre o trabalho.
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O ouro é talento com que se pode ampliar o progresso.
*
O apuro da inteligência é recurso de extensão da cultura.
*
A escassez é o processo da aquisição de nobres qualidades para quem aprende a servir
*
A alegria é fonte de estímulo.
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A dor para quem se consagra à aceitação construtiva, é capaz de se transformar em manancial de humildade.
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Cada qual de nós recebe na herança congênita do pretérito, as possibilidades de serviço que nos caracterizam as tendências no mundo, de acordo com os méritos e necessidades que apresentemos.
*
Em razão disso, é indispensável saibamos aproveitar o tempo, qual deve o tempo ser utilizado, de vez que os dias correm sobre os dias, até que o Senhor nos tome conta dos créditos, que generosamente nos emprestou.
*
Usa a compreensão que se desmanda no egoísmo e a provação que se perde na delinqüência encontram-se, desamparadas por si mesmas, nas veredas do mundo.
*
Derrama o tesouro de amor que o Pai Celestial te situou no coração, através das bênçãos de fraternidade e simpatia, bondade e esperança para com os semelhantes e, em qualquer grupo social no qual te vejas, serás, invariavelmente, a criatura realmente feliz, sob as bênçãos da Terra e dos Céus.

XAVIER, Francisco Cândido. Dinheiro. Pelo Espírito Emmanuel. IDE. Capítulo 13.

Na Cruz

"Ele salvou a muitos e a si mesmo não pôde salvar-se." (Mateus, 27:42)

Sim, ele redimira a muitos...
Estendera o amor e a verdade, a paz e a luz, levantara enfermos e ressuscitara mortos.
Entretanto, para ele mesmo erguia-se a cruz entre ladrões.
Em verdade, para quem se exaltara tanto, para quem atingira o pináculo, sugerindo indiretamente a própria condição de Redentor e Rei, a queda era enorme...
Era o Príncipe da Paz e achava-se vencido pela guerra dos interesses inferiores.
Era o Salvador e não se salvava.
Era o Justo e padecia a suprema injustiça.
Jazia o Senhor flagelado e vencido.
Para o consenso humano era a extrema perda.
Caíra, todavia, na cruz.
Sangrando, mas de pé.
Supliciado, mas de braços abertos.
Relegado ao sofrimento, mas suspenso da Terra.
Rodeado de ódio e sarcasmo, mas de coração içado ao Amor.
Tombara, vilipendiado e esquecido, mas, no outro dia, transformava a própria dor em glória divina. Pendera-lhe a fronte, em pastada de sangue, no madeiro, e ressurgia, à luz do sol, ao hálito de um jardim.
Convertia-se a derrota escura em vitória resplandecente. Cobria-se o lenho afrontoso de claridades celestiais para a Terra inteira.
Assim também ocorre no círculo de nossas vidas.
Não tropeces no fácil triunfo ou na auréola barata dos crucificadores.
Toda vez que as circunstâncias te compelirem a modificar o roteiro da própria vida, prefere o sacrifício de ti mesmo, transformando a tua dor em auxílio para muitos, porque todos aqueles que recebem a cruz, em favor dos semelhantes, descobrem o trilho da eterna ressurreição.

XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Capítulo 46.

Trabalhando pelo mundo da Nova Era

Meu vizinho pintou a casa. O telhado passou por uma rigorosa limpeza e posterior cobertura protetora. Ficou lindo, brilhando.
O muro mereceu tratamento específico e realçou as cores da própria casa.
A rua ganhou nova vida. Interessante! Bastou a ação de um homem para enriquecer toda a quadra.
E não houve quem não parasse para admirar e elogiar o conjunto final.
Enquanto se ouvem relatos de bombas que consomem vidas e destroem patrimônios públicos, meu vizinho trata de embelezar o local onde reside.
É um homem de fé, embora, talvez, nem se dê conta. Ele tem fé no futuro. E o prepara. Prepara a casa para si, para os filhos, para os netos.
Normalmente, pensamos que homens de fé são somente os religiosos ou aqueles que, de alguma forma, comparecem de forma assídua aos templos.
No entanto, toda vez que nos devotamos a contribuir com a beleza, estamos colaborando para tornar este mundo melhor.
Isso tem ares de religiosidade, esse sentimento do sagrado, que se reflete na cultura do belo, do bom, do útil.
Sagrada é a vida. Sagrados são os valores altruístas. Por extensão, sagrado tudo que é produto do trabalho do homem, no intuito de oferecer seu melhor.
Afinal, quem não se alegra em passar pela rua e encontrar casas bem pintadas, jardins encantadores, nos quais as flores disputam beleza entre os canteiros, exalando seu perfume?
Isso é a construção do mundo novo. Mundo em que todos nos empenhamos em produzir o bem para o próximo.
Bem que pode se traduzir na semeadura de um jardim que cause admiração e encantamento a quem o veja. E que se inebrie com seus perfumes.
Um mundo em que somente se terá em mente destruir se for para substituir por algo melhor, mais harmonioso.
Que se pense e se criem espaços para convivência das pessoas. Espaços em que as crianças possam ser deixadas a brincar sem medo.
Em que os idosos possam tomar sol, passear pelas alamedas, encontrar amigos, sorrir, viver.
Um mundo em que possamos parar para pensar em cores novas para as cortinas, em aparar a grama, em programar a chegada de um bebê, em decidir em família por um passeio prolongado no feriado que se aproxima.
Tempo para viver. Tempo para amar.
*   *   *
Entre tantos compromissos que nos tomam as horas, importante parar um pouco e nos indagarmos: Como estamos colaborando para o mundo novo?
Colaboramos com coloridos renovados, contribuímos com o meio ambiente, nos relacionamos bem com a família, os colegas, os amigos?
Sou um promotor da paz ou da intranquilidade? Sou o portador de notícias sempre ruins, ameaçadoras?
Sou aquele que fala da queda da bolsa, da corrupção que anda à solta, do acidente que ceifou vidas?
Ou sou o repórter das notas que falam de jovens vencedores em concursos de ciências; de mulheres que se fizeram mães da carne alheia; de devotados cientistas em pesquisa para a cura de doenças que atormentam a espécie humana?
Se nos descobrirmos como arautos do mal, tornemo-nos pesquisadores das boas notícias, de tudo que engrandece o ser humano, de tudo que tantos estão realizando para acelerar a chegada do mundo da Nova Era.
Pensemos nisso e ajudemos a construí-lo.
Redação do Momento Espírita.
Em 11.8.2017.

domingo, 6 de agosto de 2017

A Beneficência

II – A Beneficência

ADOLFO
Bispo de Alger, Bordeaux, 1861
11 – A beneficência, meus amigos, vos dará neste mundo os gozos mais puros e mais doces, as alegrias do coração, que não são perturbadas nem pelos remorsos, nem pela indiferença. Oh!, pudésseis compreender tudo o que encerra de grande e de agradável a generosidade das belas almas, esse sentimento que faz que se olhe aos outros com o mesmo olhar voltado para si mesmo, e que se desvista com alegria para vesti a um irmão! Pudésseis, meus amigos, ter apenas a doce preocupação de fazer aos outros felizes! Quais as festas mundanas que se pode comparar a essas festas jubilosas, quando, representantes da Divindade, levais a alegria a essas pobres famílias, que da vida só conhecem as vicissitudes e as amarguras; quando vedes esses rostos macilentos brilharem subitamente de esperança, desprovidos de pão, esses infelizes e seus filhos, ignorando que viver é sofrer, gritavam, choravam e repetiam estas palavras, que, como finos punhais, penetravam o coração materno: “Tenho fome!” Oh!, compreendei quanto são deliciosas as impressões daquele que vê renascer a alegria onde, momentos antes, só havia desespero! Compreendei quais são as vossas obrigações para com os vossos irmãos! Ide, ide ao encontro do infortúnio, ao socorro das misérias ocultas, sobretudo, que são as mais dolorosas. Ide, meus bem-amados, e lembrai-vos destas palavras do Salvador: “Quando vestirdes a um destes pequeninos, pensai que é a mim que o fazeis!”
            Caridade! Palavra sublime, que resume todas as virtudes, és tu que deves conduzir os povos à felicidade. Ao praticar-te, eles estarão semeando infinitas alegrias para o próprio futuro, e durante o seu exílio na Terra, serás para eles a consolação, o antegozo das alegrias que mais tarde desfrutarão, quando todos reunidos se abraçarem, no seio do Deus de amor. Foste tu, virtude divina, que me proporcionaste os únicos momentos de felicidade que gozei na Terra. Possam os meus irmãos encarnados crer na voz do amigo que lhes fala e lhes diz: É na caridade que deveis procurar a paz do coração, o contentamento da alma, o remédio para as aflições da vida. Oh!, quando estiverdes a ponto de acusar a Deus, lançai um olhar para baixo, e vereis quantas misérias a aliviar, quantas pobres crianças sem família; quantos velhos sem uma só mão amiga para os socorrer e fechar-lhes os olhos na hora da morte! Quanto bem a fazer! Oh!, não reclameis, antes agradecei a Deus, e prodigalizai a mancheias a vossa simpatia, o vosso amor, o vosso dinheiro, a todos os que, deserdados dos bens deste mundo, definham no sofrimento e na solidão. Colhereis neste mundo alegrias bem suaves, e mais tarde… somente Deus o sabe!
***
                        SÃO VICENTE DE PAULO
Paris, 1858
            12 – Sede bons e caridosos: eis a chave dos céus, que tendes nas mãos. Toda a felicidade eterna se encerra nesta máxima: “Amai-vos uns aos outros”. A alma não pode elevar-se às regiões espirituais senão pelo devotamento ao próximo; não encontra felicidade e consolação senão nos impulsos da caridade. Sede bons, amparai os vossos irmãos, extirpai a horrível chaga do egoísmo. Cumprido esse dever, o caminho da felicidade eterna deve abrir-se para vós. Aliás, quem dentre vós não sentiu o coração pulsar,crescer sua alegria interior, ao relato de um belo sacrifício, de uma obra de pura caridade? Se buscásseis apenas o deleite de uma boa ação, estaríeis sempre no caminho do progresso espiritual. Exemplos não vos faltam; o que falta é a boa vontade, sempre rara. Vede a multidão de homens de bem, de que a vossa história evoca piedosas lembranças.
            O Cristo não vos disse tudo o que se refere a essas virtudes de caridade e amor? Por que deixastes de lado os seus divinos ensinamentos? Por que fechar os ouvidos às suas divinas palavras, o coração às suas doces máximas? Eu desejaria que se votasse mais interesse, mais fé às leituras evangélicas; mas abandona-se esse livro, considerado como texto quimérico, mensagem cifrada; deixa-se no esquecimento esse código admirável. Vossos males provêm do abandono voluntário desse resumo das leis divinas. Lede, pois, essas páginas ardentes sobre a abnegação de Jesus, e meditai-as.
            Homens fortes, armai-vos; homens fracos, fazei da vossa doçura, da vossa fé, as vossas armas; tende mais persuasão e mais constância na propagação de vossa doutrina. É apenas um encorajamento que vimos dar-vos, e é para estimular o vosso zelo e as vossas virtudes, que Deus permite a nossa manifestação. Mas, se quisésseis, bastaria a ajuda de Deus e da vossa própria vontade, pois as manifestações espíritas se produzem somente para os que têm os olhos fechados e os corações indóceis.
            A caridade é a virtude fundamental que deve sustentar o edifício das virtudes terrenas; sem ela, as outras não existiriam. Sem a caridade, nada de esperar uma sorte melhor, nenhum interesse moral que nos guie; sem a caridade, nada de fé, pois a fé não é mais do que um raio de luz pura, que faz brilhar uma alma caridosa.
            A caridade é a âncora eterna de salvação em todos os mundos: é a mais pura emanação do Criador; é a sua própria virtude, que Ele transmite à criatura. Como pretender desconhecer esta suprema bondade? Qual seria o coração suficientemente perverso para, assim pensando, sufocar em si e depois expulsar este sentimento inteiramente divino? Qual seria o filho bastante mau para revoltar-se com essa doce carícia: a caridade?
            Não ousarei falar daquilo que fiz, porque os Espíritos também têm o pudor de suas obras; mas considero a que iniciei como uma das que mais devem contribuir para o alívio de vossos semelhantes. Vejo freqüentemente os Espíritos pedirem por missão continuar a minha tarefa; eu os vejo, minhas doces e queridas irmãs, no seu piedoso e divino ministério; eu os vejo praticar a virtude que vos recomendo, com toda a alegria que essa existência de abnegação e sacrifícios proporciona. É uma grande felicidade, para mim, ver quanto se enobrece o seu caráter, quanto a sua missão é amada e docemente protegida. Homens de bem, de boa e forte vontade, uni-vos para continuar amplamente a obra de propagação da caridade. Encontrareis a recompensa dessa virtude no seu próprio exercício. Não há alegria espiritual que ela não proporcione desde a vida presente. Permanecei unidos. Amai-vos uns aos outros, segundo os preceitos do Cristo. Assim seja!
***
CÁRITAS
Martirizado em Roma, Lyon, 1861
       13 – Chamo-me Caridade, sou o caminho principal que conduz a Deus; segui-me, porque eu sou a meta a que vós todos deveis visar.
            Fiz nesta manhã o meu passeio habitual, e com o coração magoado venho  dizer-vos: Oh, meus amigos, quantas misérias, quantas lágrimas, e quanto tendes de fazer para secá-las todas! Inutilmente tentei consolar as pobres mães, dizendo-lhes ao ouvido: Coragem! Há corações bondosos que velam por vós, que não vos abandonarão; paciência! Deus existe, e vós sois as suas amadas, as suas eleitas. Elas pareciam ouvir-me e voltavam para mim os seus grandes olhos assustados. Eu lia em seus pobres semblantes que o corpo, esse tirano do Espírito, tinha fome, e que, se as minhas palavras lhes tranqüilizam um pouco o coração, não lhes saciavam o estômago. Então eu repetia: Coragem! Coragem! E uma pobre mãe, muito jovem, que amamentava uma criancinha, tomou-a nos braços e ergueu-a no espaço vazio, como para me rogar que protegesse aquele pobre e pequeno ser, que só encontrava num seio estéril alimento insuficiente.
            Mais adiante, meus amigos, vi pobres velhos sem trabalho e logo sem abrigo, atormentados por todos os sofrimentos da necessidade, e envergonhados de sua miséria, não se atrevendo, eles que jamais mendigaram, a implorar a piedade dos passantes. Coração empolgado de compaixão, eu, que nada tenho, me fiz mendiga para eles, e vou para toda parte estimular a beneficência, inspirar bons pensamentos aos corações generosos e compassivos. Eis por que venho até vós, meus amigos, e vos digo: Lá em baixo há infelizes cuja cesta está sem pão, a lareira sem fogo, o leito sem cobertas. Não vos digo o que deveis fazer, deixo a iniciativa aos vossos bons corações; pois se eu vos ditasse a linha de conduta, não teríeis o mérito de vossas boas ações. Eu vos digo somente: Sou a caridade e vos estendo as mãos pelos vossos irmãos sofredores.
            Mas, se peço, também dou, e muito; eu vos convido para um grande festim e ofereço a árvore em que vós todos podereis saciar-vos. Vede como é bela, como está carregada de flores e de frutos! Ide, ide, colhei, tomai todos os frutos dessa bela árvore que se chama beneficência. Em lugar dos ramos que lhe arrancardes, porei todas as boas ações que fizerdes e levarei a árvore a Deus, para que Ele a carregue de novo, porque a beneficência é inesgotável. Segui-me, pois, meus amigos, a fim de que eu vos possa contar entre os que se alistam sob a minha bandeira. Sede intrépidos: eu vos conduzirei pela via da salvação, porque eu sou a Caridade!                                   
*
CÁRITAS
Lyon, 1861
            14 – Há muitas maneiras de fazer a caridade, que tantos de vós confundem com a esmola. Não obstante, há grande diferença entre elas. A esmola, meus amigos, algumas vezes é útil, porque alivia os pobres. Mas é quase sempre humilhante, tanto para o que a dá, quanto para o que a recebe. A caridade, pelo contrário, liga o benfeitor e o beneficiário, e além disso se disfarça de tantas maneiras! A caridade pode ser praticada mesmo entre colegas e amigos, sendo indulgentes uns para com os outros, perdoando-se mutuamente suas fraquezas, cuidando de não ferir o amor próprio de ninguém. Para vós, espíritas, na vossa maneira de agir em relação aos que não pensam convosco, induzindo os menos esclarecidos a crer, sem os chorar, sem afrontar as suas convicções, mas levando-os amigavelmente às reuniões, onde eles poderão ouvir-nos, e onde saberemos encontrar a brecha que nos permitirá penetrar nos seus corações. Eis uma das formas da caridade.
            Escutai agora o que é a caridade para com os pobres, esses deserdados do mundo, mas recompensados por Deus, quando sabem aceitar as suas misérias sem murmurações, o que depende de vós. Vou me fazer compreender por um exemplo.
            Vejo muitas vezes na semana uma reunião de damas de todas as idades. Para nós, como sabeis, são todas irmãs. Trabalham rápidas, bem rápidas. Os dedos são ágeis. Vede também como os rostos estão radiantes e como os seus corações batem em uníssono! Mas qual o seu objetivo? É que elas vêem aproximar-se o inverno, que será rude para as famílias pobres. As formigas não puderam acumular durante o verão os grãos necessários à provisão, e a maior parte de seus utensílios está empenhada. As pobres mães se inquietam e choram, pensando nos filhinhos que, neste inverno, sofrerão frio e fome! Mas tende paciência, pobres mulheres! Deus inspirou a outras, mais afortunadas que vós. Elas se reuniram e  confeccionam roupinhas. Depois, num destes dias, quando a neve tiver coberto a terra, e murmurardes, dizendo: “Deus não é justo!”, pois é esta a expressão comum dos vossos períodos de sofrimento, então vereis aparecer um dos enviados dessas boas trabalhadoras, que se constituíram em operárias dos pobres. Sim, era para vós que elas trabalhavam assim e vossos murmúrios se transformarão em bênçãos, porque, no coração dos infelizes, o amor segue de bem perto o ódio.
            Como todas essas trabalhadoras necessitavam de encorajamento, vejo as comunicações dos Bons Espíritos lhes chegarem de todas as partes. Os homens que participam desta sociedade oferecem também o seu concurso, fazendo uma dessas leituras que tanto agradam. E nós, para recompensar o zelo de todos e de cada um em particular, prometemos a essas obreiras laboriosas uma boa clientela, que as pagará em moeda sonante de bênçãos, a única moeda que circula no céu, assegurando-lhes ainda, sem medo de nos arriscarmos, que essa moeda não lhes faltará.
*
UM ESPÍRITO PROTETOR
Lyon, 1861
            15 – Meus caros amigos, cada dia ouço dizerem entre vós: “Sou pobre, não posso fazer a caridade”. E cada dia, vê que faltais com a indulgência para com os vossos semelhantes. Não lhes perdoais coisa alguma, e vos arvorais em juízes demasiado severos, sem vos perguntar se gostaríeis que fizessem o mesmo a vosso respeito. A indulgência não é também caridade? Vós, que não podeis fazer mais do que a caridade indulgente, faz pelo menos essa, mas fazei-a com grandeza. Pelo que respeita à caridade material, quero contar-vos uma história do outro mundo.
            Dois homens acabavam de morrer. Deus havia dito: “Enquanto esses dois homens viverem, serão postas as suas boas ações num saco para cada um, e quando morrerem, serão pesados esses sacos”. Quando ambos chegaram à sua última hora. Deus mandou que lhe levassem os dois sacos. Um estava cheio, volumoso, estufado, e retinia o metal dentro dele. O outro era tão pequeno e fino, que se viam através do pano as poucas moedas que continha. Cada um dos homens reconheceu o que lhe pertencia: “Eis o meu, — disse o primeiro — eu o conheço; fui rico e distribui bastante!” O outro: “Eis o meu. Fui sempre pobre, ah! Não tinha quase nada para distribuir”. Mas, ó surpresa: postos na balança, o maior tornou-se leve e o pequeno se fez pesado, tanto que elevou muito o outro prato da balança. Então, Deus disse ao rico: “Deste muito, é verdade, mas o fizeste por ostentação, e para ver o teu nome figurando em todos os templos do orgulho. Além disso, ao dar, não te privaste de nada. Passa à esquerda e fica satisfeito, por te ser contada a esmola como alguma coisa”. Depois, disse ao pobre: “Deste bem pouco, meu amigo, mas cada uma das moedas que estão na balança representou uma privação para ti. Se não distribuíste a esmola, fizeste a caridade, e o melhor é que a fizeste naturalmente, sem te preocupares de que a levassem à tua conta. Foste indulgente; não julgaste o teu semelhante; pelo contrário, encontraste desculpas para todas as suas ações. Passa à direita, e vai receber a tua recompensa.
***
JOÃO
Bordeaux, 1861
            16 – A mulher rica, feliz, que não tem necessidade de empregar o seu tempo nos trabalhos da casa, não pode dedicar algumas horas ao serviço do próximo? Que, com as sobras dos seus gastos felizes, compre agasalhos para o infeliz que tirita de frio; com suas mãos delicadas, confeccione roupas grosseiras, mas quentes, e ajude a mãe pobre a vestir o filho que vai nascer. Se o seu filho, com isso, ficar com alguns rendados de menos, o daquela terá mais calor. Trabalhar para os pobres é trabalhar na vinha do Senhor.
            E tu, pobre operária,que não dispõe de sobras, mas que desejas, no amor por teus irmãos, dar também um pouco do que possuis, oferece algumas horas do teu dia, do teu tempo, que é o teu único tesouro. Faze alguns desses trabalhos elegantes que tentam os felizes, vende o produto dos teus serões, e poderás também proporcionar, a teus irmãos a tua parte de alívio. Terás, talvez, algumas fitas a menos, mas darás sapatos aos que vivem descalços.
            E vós, mulheres devotadas a Deus, trabalhai também para as vossas obras piedosas, mas que os vossos trabalhos delicados e custosos não sejam feitos apenas para ornar as vossas capelas, ou para atrair a atenção sobre a vossa habilidade e paciência. Trabalhai, minhas filhas, e que o resultado de vossas obras seja consagrado ao alívio de vossos irmãos em Deus. Os pobres são os seus filhos bem amados: trabalhar por eles é glorificá-lo. Sede os instrumentos da Providência, que diz: “Às aves do céu, Deus dá o alimento”. Que o ouro e a prata, tecidos pelos vossos dedos, se transformem em roupas e provisões para os necessitados. Fazei isso, e o vosso trabalho será abençoado.
            E todos vós, que podeis produzir, daí: daí o vosso gênio, daí as vossas inspirações, daí o vosso coração, que Deus vos abençoará. Poetas, literatos, que sois lidos somente pela gente de sociedade, preenchei os seus lazeres, mas que o produto de algumas de vossas obras seja destinado ao alívio dos infelizes. Pintores, escultores, artistas de todos os gêneros, que a vossa inteligência venha também ajudar os vossos irmãos: não tereis menos glória por isso, e eles terão alguns sofrimentos a menos.
                Todos vós podeis dar: a qualquer classe a que pertençais, tereis sempre alguma coisa que pode ser dividida. Seja o que for que Deus vos tenha dado, deveis uma parcela aos que não têm sequer o necessário, pois em seu lugar ficaríeis contentes, se alguém dividisse convosco. Vossos tesouros da terra diminuirão um pouco, mas vossos tesouros do céu serão mais abundantes: colhereis pelo cêntuplo, lá em cima, o que semeardes em benefícios aqui em baixo.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Um Momento Apenas

Costumamos andar sempre apressados. A nossa desculpa é de que temos tarefas e mais tarefas nos aguardando.
Nesse corre-corre diário, por vezes, nos esquecemos de atender a deveres mínimos.
Como dar a correta informação da localização de uma rua, socorrer alguém que escorrega e cai na calçada.
Ou atender ao telefone com calma, ouvindo o que a pessoa deseja, mesmo que seja uma ligação equivocada.
Com atitudes semelhantes, vamos a pouco e pouco nos tornando criaturas distantes e indiferentes. Regidas e comandadas por compromissos sempre inadiáveis.
E é tão pouco que nos é pedido, um minuto, talvez dois.
Recordamos que o médium espírita Francisco Cândido Xavier trabalhava, nos dias da sua juventude, em uma fazenda modelo.
Certo dia, pela manhã, saiu de casa um pouco atrasado.
Ele ficara até a madrugada atendendo sofredores do mundo e se levantara alguns minutos além do horário habitual.
Caminhava apressado, pelas ruas quase desertas, àquela hora da manhã.
Passando frente a casa de uma velha senhora que morava sozinha, ela o viu e o chamou.
Chico acenou com a mão e falou rápido, sem deter o passo: Agora não posso. Na volta, no final do dia, falarei com a senhora.
No exato momento, a mediunidade do jovem mineiro visualizou a figura serena do seu amigo espiritual que lhe falou: Chico, não deixe de atender agora. É importante.
O médium parou, voltou sobre os próprios passos, abriu o portão e se dirigiu até a casa.
A senhora estava com um vidro de remédio nas mãos. Precisava saber como deveria tomá-lo. Com dificuldades de visão, não conseguia decifrar as indicações da bula, nem as da receita médica.
E a medicação lhe era necessária, com a possível brevidade.
Chico leu com cuidado e com paciência lhe explicou como deveria ser ministrado o medicamento. Tornou a explicar porque ela não entendera da primeira vez.
Depois se despediu. Retornou à estrada, apurando o passo.
De longe, pôde ouvir a senhora agradecida, quase a gritar: Vá com Deus, seu Chico. Vá com Deus.
Ele olhou para trás e percebeu que da boca da mulher saíam fluidos alvos que o alcançavam, envolvendo-o numa aura de harmonia.
Outra vez, o amigo espiritual lhe disse: Chico, já imaginou se não tivesse parado?
*   *   *
A quantas bênçãos nos furtamos por não estacar o passo, na nossa correria diária.
Quantas oportunidades de praticar o bem, auxiliar alguém são perdidas. Por pura pressa.
Isso sem pensar que, se fôssemos nós no lugar do solicitante, do necessitado, gostaríamos imensamente de ser ajudados, orientados, amparados. No momento. Não depois.
Porque depois pode ser tarde demais.
*   *   *
O bem que deixamos de fazer, podendo fazê-lo, é um grande mal.
O bem que praticamos gera o prazer do bem em si mesmo.
Façamos o bem em toda a parte com as mãos e o coração, orando e esclarecendo, a fim de que o trabalho da verdade fulgure em nossos braços como estrelas luminescentes em forma de mãos.
 
Redação do Momento Espírita, com transcrição de frases
 do item
Bem, do livro Repositório de sabedoria, v. 1,
 pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de
Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 2.8.2017.

Obrigação

O Evangelho Seg. O Espiritismo. Cap. X, Item 21.

O condutor do transporte coletivo dirigia de maneira imprudente.
Arrancadas bruscas.
Alta velocidade.
Freadas repentinas.
Curvas violentas.
Avanço de sinal.
Ultrapassagens perigosas.
Ziguezague nas pistas.
Fechamento de veículos.
Desrespeito às faixas de segurança.
Parada insuficiente nos pontos.
Entretanto, somente quando tal comportamento foi revelado à empresa responsável é que as imprudências do condutor foram eliminadas.
*
Algo semelhante acontece nas instituições doutrinárias.
Alguém age de maneira contrária aos ensinamentos do Evangelho na condução do grupo assistencial.
Cultiva o personalismo.
Afasta colaboradores.
Desconhece a fratemidade.
Nestas circunstâncias, a caridade bem compreendida indica a obrigação de desvendar o mal que nasce de tais atitudes, a fim de que não corram risco os beneficios prestados pela instituição.

Anuário Espírita 2007. IDE. Página psicografada por Antônio Baduy Filho, no Culto do Evangelho do Sanatório Espírita José Dias Machado, na manhã do dia 11-06-06, em ltuiutaba-MG.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

No Rumo da Felicidade

Quantas vezes acordamos e, antes mesmo que o dia verdadeiramente inicie para nós, passamos a reclamar de tudo e de todos.
Olhamos pela janela e se o tempo está brusco, sem sol, reclamamos. Se a chuva cai, reclamamos.
Isso é um começo de dia de forma totalmente equivocada.
Interessante seria que nossa primeira ação, ao despertar, fosse um pensamento de gratidão por mais um dia que a Divindade nos está permitindo na carne.
Mais um dia que nos é dado para o trabalho, para o aprendizado, para conviver com os que amamos.
Com sol, com tempo nublado ou com chuva, feriado, domingo ou qualquer dia da semana, todos são bênçãos que Deus nos concede.
Cada dia, em nossa vida, é uma oportunidade que não devemos desperdiçar.
Aproveitemos o novo dia para concluirmos as tarefas ontem iniciadas. Também para ajustarmos o passo equivocado, para aprender algo mais.
Ele nos é ofertado como oportunidade de construção da felicidade. Importante olharmos para nosso interior e enxergarmos que espécie de muro existe, a nos separar da felicidade.
Às vezes, o que dela nos distancia são as ações desencadeadas pelo nosso egoísmo, pela nossa ambição, pelo nosso ciúme, pela nossa má vontade.
Quando resolvemos abraçar uma visão positiva frente à vida, tudo muda.
Alimentando o otimismo, a esperança nos fortalece com acenos de dias melhores.
Colaborando para fazer felizes aos que nos cercam, sendo úteis, amáveis e gentis, naturalmente receberemos sorrisos de retorno.
Afastando de nosso íntimo o mau humor, a mentira, o rancor e perdoando quem nos fere, nos sentiremos mais leves e felizes.
Em nosso lar, esse ninho sagrado onde Deus nos aconchegou para a sagrada caminhada da vida, na Terra, podemos e devemos iniciar e exemplificar esses exercícios todos.
Dessa forma, amemos e nos sentiremos felizes.
Tracemos nossa rota, com segurança, mantendo em nosso interior a construção agradável da paz.
Coloquemos o sorriso a bailar em nossos lábios, e conquistaremos a simpatia dos que nos cercam.
A alegria é um tempero especial para o estímulo de nosso eu na busca da felicidade.
E, com olhos de ver e ouvidos de ouvir, conforme nos ensinou Jesus podemos melhor identificar as dezenas de chamados divinos tentando nos despertar para esse estado:
O raiar do sol, colorindo a natureza que desperta; a beleza das árvores, que oferecem o oxigênio tão necessário ao nosso bem-estar; o orvalho da noite que enfeita as pétalas das flores, que aguardam o beijo do sol, cheias de frescura e beleza; as operosas abelhas que voejam em busca do néctar que se transformará em mel; o pãozinho quente que perfuma as manhãs e enriquece nossa refeição; o aroma inconfundível do café sendo preparado; a água fresca da fonte que a todos se oferece cantando; nossa família, através da qual Deus nos proporciona a todo momento oportunidades abençoadas do cultivo de virtudes tão necessárias ao nosso crescimento.
Em síntese, a grandiosa Presença Divina a nos saudar pela vitória de um novo dia!
Pensemos nisso: ser feliz depende apenas do nosso querer e fazer.
Agradeçamos o dia que surge e aproveitemos as próximas horas na construção da nossa felicidade.

Redação do Momento Espírita.
Em 29.7.2017.

Herdeiros

"E se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus e co- herdeiros do Cristo." - Paulo. (ROMANOS, 8:17)

Incompreensivelmente, muitas escolas religiosas, através de seus expositores, relegam o homem à esfera de miserabilidade absoluta.
Púlpitos, tribunas, praças, livros e jornais estão repletos de tremendas acusações.
Os filhos da Terra são categorizados à conta de réus da pena última.
Ninguém contesta que o homem, na condição de aluno em crescimento na Sabedoria Universal, tem errado em todos os tempos; ninguém ignora que o crime ainda obceca, muitas vezes, o pensamento das criaturas terrestres; entretanto, é indispensável restabelecer a verdade essencial. Se muitas almas permanecem caídas, Deus lhes renova, diariamente, a oportunidade de reerguimento.
Além disso, o Evangelho é o roteiro do otimismo divino.
Paulo, em sua epístola aos romanos, confere aos homens, com justiça, o título de herdeiros do Pai e co-herdeiros de Jesus.
Por que razão se dilataria a paciência do Céu para conosco, se nós, os trabalhadores encarnados e desencarnados da Terra, não passássemos de seres desventurados e inúteis? Seria justa a renovação do ensejo de aprimoramento a criaturas irremediavelmente malditas?
É necessário fortalecer a fé sublime que elevamos ao Alto, sem nos esquecermos de que o Alto deposita santificada fé em nós.
Que a Humanidade não menospreze a esperança.
Não somos fantasmas de penas eternas e sim herdeiros da Glória Celestial, não obstante nossas antigas imperfeições. O imperativo de felicidade, porém, exige que nos eduquemos, convenientemente, habilitando-nos à posse morredoura da herança divina.
Olvidemos o desperdício da energia, os caprichos da infância espiritual e cresçamos, para ser, com o Pai, os tutores de nós mesmos.

XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 120.

Defenda-se

Não converta seus ouvidos num paiol de boatos.
A intriga é uma víbora que se aninhará em sua alma.
*
Não transforme seus olhos em óculos da maledicência.
As imagens que você corromper viverão corruptas na tela de sua mente.
*
Não faça de suas mãos lanças para lutar sem proveito.
Use-as na sementeira do bem.
*
Não menospreze suas faculdades criadoras, centralizando-as nos prazeres fáceis.
Você responderá pelo que fizer delas.
*
Não condene sua imaginação às excitações permanentes.
Suas criações inferiores atormentarão seu mundo íntimo.
*
Não conduza seus sentimentos à volúpia de sofrer.
Ensine-os a gozar o prazer de servir.
*
Não procure o caminho do paraíso, indicando aos outros a estrada para o inferno.
A senda para o Céu será construída dentro de você mesmo.

XAVIER, Francisco Cândido. Agenda Cristã. Pelo Espírito André Luiz. FEB. Capítulo 41.

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...