A gente briga, diz tanta coisa que não quer dizer. Briga pensando que não vai sofrer...
Com estes versos se expressa o cancioneiro popular. É a sabedoria do povo, sintetizando em breves palavras, os reveses dos encontros e desencontros.
Em se falando de rompimento de relacionamentos pessoais, o que é certo é que a dor é igual para homens e mulheres.
Olhos vermelhos de chorar, coração partido, uma sensação de que falta o chão, de que o mundo acabou.
Mágoa, sensação de abandono é o que fica machucando a alma.
Contudo, a vida escreve lições notáveis e felizes os que as aproveitam, em profundidade.
Soubemos de uma senhora que recebeu o marido de volta ao lar.
Cinco anos antes, encantado pela ilusão da juventude, a deixara, indo para os braços de quem lhe acenava com beleza e mocidade.
E, exatamente como o filho pródigo da parábola, nos dias de alegria e descontração, gozou de todos os prazeres. Tudo parecia sorrir.
Com a nova companheira, ele viajou, viu lugares maravilhosos, permitiu-se muitas coisas jamais antes sonhadas no aconchego do lar.
Agora, estava sendo literalmente devolvido à esposa. A rival, ao constatar que ele era portador de um câncer que avançava para a terminalidade, foi-se, sem olhar para trás.
Sou muito jovem – dissera – para me prender a um velho enfermo.
A esposa o acolheu e passou a tratá-lo. Confessou que ainda lhe queria bem.
Quatro meses passados e ela percebe, no olhar do companheiro que, embora ele tivesse melhorado um pouco a sua condição física, seu pensamento parecia viajar por outras paragens.
Vez ou outra, ela o surpreendia a olhar o telefone. Aquilo a machucava por constatar que ele não esquecera a outra.
Numa manhã de domingo, a esposa tomou a decisão: apanhou o telefone, digitou os números e o entregou a ele.
Pronto, fale com ela e pare de sofrer.
Saiu do quarto para chorar à distância, sozinha, sofrida mais uma vez.
Mais tarde, o marido lhe perguntou:
Você se importaria se ela me viesse visitar?
Não, absolutamente. Você tem o direito de recebê-la, respondeu amargurada.
Quando a campainha tocou, ela abriu a porta e se defrontou com uma linda jovem que sorria.
Estava muito bem vestida, como se tivesse vindo a uma festa. A esposa a conduziu ao quarto do enfermo.
Quando ia se retirar para os deixar a sós, o marido lhe disse:
Espere. A demora é pouca. Fique, por favor. Eu tenho algo a dizer a esta moça e desejo que você ouça.
Quero dizer a ela que agradeço por me ter permitido a chance, ainda nesta vida, de descobrir o erro que havia cometido. E a oportunidade de repará-lo.
Mais do que isso, quero lhe agradecer por me dar tempo de dizer a você que lhe quero muito bem.
Depois, com os olhos lacrimosos, a emoção quase a romper a cortina das lágrimas, completou:
Então, minha esposa, me perdoe. E me aceite de volta ao seu coração.
* * *
Feliz de quem reconhece os próprios erros e os pode reparar. Venturoso o ofendido que, convidado ao perdão, o oferece sem restrições.
Redação do Momento Espírita, com base na crônica Perdoa!,
de Ana Guimarães, da revista Cultura Espírita, julho.2015,
ed. ICEB.
Em 31.10.2015
de Ana Guimarães, da revista Cultura Espírita, julho.2015,
ed. ICEB.
Em 31.10.2015
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