domingo, 31 de maio de 2015

Calar a Discórdia

    Calar a Discórdia

    A harmonia plena ainda constitui um sonho distante de qualquer organização humana.

    Os homens guardam grandes diferenças entre si.

    Diversos fatores induzem a distintas formas de entender e viver a vida.

    A educação recebida no lar, as experiências profissionais e afetivas, os professores e os amigos.

    Todos esses elementos contribuem para a singularidade da personalidade humana.

    A diversidade produz a riqueza.

    Se todos os homens pensassem do mesmo modo, o marasmo e a mesmice tomariam conta do mundo.

    Uma assembléia ou equipe composta de forma heterogênea possui grande potencial.

    Ocorre que conviver em harmonia com o diferente pressupõe maturidade.

    Em qualquer gênero de relacionamento humano, é necessário respeitar o próximo.

    Mas é preciso também manter o foco em um objetivo maior.

    Toda associação humana possui uma finalidade.

    No âmbito profissional, busca-se o crescimento da empresa na qual se participa.

    Na esfera familiar, colima-se a educação e o preparo de seus membros para a vida, em um contexto de dignidade.

    Em uma associação filantrópica, tem-se por meta a prática do bem.

    A noção clara do objetivo que se persegue facilita a convivência.

    O fato de alguém discordar de suas idéias não significa que esteja contra você.

    O relevante é verificar qual o modo mais eficiente de atingir a meta almejada pelo grupo.

    A convivência humana raramente deixa de produzir algum atrito.

    Mas é preciso saber calar a discórdia.

    Se o embate de idéias e posições não é ruim, a agressividade e o radicalismo sempre o são.

    Pense sobre as instituições que você integra.

    Sua presença em tais ambientes visa ao interesse coletivo, ou à exaltação de seu ego?

    É melhor afastar-se delas do que, por mesquinharia, ser causa de desestabilização e brigas.

    Mas o ideal é aprender a sacrificar seu interesse pessoal em prol de uma causa maior.

    Se uma controvérsia surge, reflita com serenidade sobre os pontos de vista envolvidos.

    Caso sua posição não seja defensável, abdique dela.

    Procure ser um elemento pacificador nos meios em que se movimenta.

    Há pouca coisa tão cansativa quanto um altercador contumaz.

    Certas posturas são toleráveis apenas em pessoas muito jovens.

    Na maturidade, a rebeldia e a vaidade sistemáticas são ridículas.

    Não canse seus semelhantes, com posições inflexíveis e injustificáveis.

    Aprenda a ceder e a compatibilizar, quando isso não comprometer sua honestidade e sua ética.

    De que lhe adianta vencer um debate, se a causa que você defende sofre com isso?

    O homem sábio identifica quando deve avançar e quando deve recuar.

    Mas sempre o faz de forma sincera e digna.

    De nada adianta afetar concordância e semear a discórdia nos bastidores.

    A dissimulação e a intriga são indignas de uma pessoa honrada.

    Reflita sobre isso, quando se vir envolvido em debates e contendas.

    Quando se engajar em uma causa, sirva-a com desinteresse.

    Jamais se permita servir-se dela para aparecer.

    Mas principalmente nunca a prejudique por radicalismo e imaturidade.
      • (Momento Espírita)

    • Sobre o Autor

      • O Programa Radiofônico Momento Espírita, produzido pela Federação Espírita do Paraná, desde 1992, tem revelado números muito interessantes. Sua redação é composta por uma Equipe de Voluntários que, sem desejar fazer proselitismo, elabora textos, sempre embasados na Doutrina Espírita, que levam a mensagem da esperança, bom ânimo, da alegria de viver a quem sintonize em uma das mais de 200 emissoras de rádio, espalhadas nos vários Estados do nosso Brasil, cadastradas no site www.momento.com.br Além disso, já são 12 CDs e 7 livros, contendo as seleções dos mais belos e mais solicitados textos, disponibilizados ao público na Livraria Mundo Espírita e em diversos outros locais, em todo o Brasil. O site www.momento.com.br , abrigado no www.feparana.com.br já ultrapassou a casa dos 5.000.000 acessos, desde a sua criação, em 28 de março de 1998. Mais recentemente, o site do Momento Espírita em espanhol, reativado em janeiro de 2007, vem registrando igualmente maior número de visitas para os seus mais de 200 textos disponibilizados. Ainda não muito conhecida, a versão em inglês já ultrapassa 100 textos. Estão cadastradas para a recepção em seus e.mails, três a quatro vezes na semana, entre segunda e sexta, mais de 44.000 pessoas. Trata-se do Momento em Casa - MEC que, a cada dia, tem acrescentados cadastramentos espontâneos. Após longo processo, a Federação Espírita do Paraná alcançou êxito e adquiriu os direitos patrimoniais de uso e gozo da marca nominativa MOMENTO ESPÍRITA, conforme a Lei de Propriedade Industrial 9279/96.

Espíritos Inexperientes

Na comunhão com os espíritos domiciliados no Além, encontrarás não apenas os instrutores que te induzem à disciplina e à renovação.

Qual ocorre na Terra mesmo, aqui e ali, surpreenderás espíritos inexperientes, conquanto simpáticos, que te partilham o nível de idéias e sentimentos.

Harmonizados com as tuas necessidades e inclinação, dedicam-se ao teu bem-estar e mostram-se dispostos a te servirem na condição de verdadeiros escravos, às vezes, em detrimento de teus melhores interesses na vida espiritual.

Sempre fácil e agradável o intercâmbio com eles, de vez que se te sujeitam alegremente aos menores caprichos.

Quem de nós, espíritos endividados e imperfeitos que ainda somos, não terá consigo algo da criança necessitada de carinho e de aprovação?

Embora agradecidos ao bem que semelhantes amigos nos facultam, é preciso não nos viciemos a pedir-lhes proteção indiscriminada e incessante. Em virtude de nos assemelharmos, de algum modo, à criança, e claramente por isso mesmo, não nos será lícito dispensar o concurso de professores que nos conduzam à aquisição do auto-conhecimento, por vezes, à custa de disciplinas constrangedoras, mas, necessárias.

Aceitemos a colaboração dos espíritos inexperientes, entretanto, não nos esqueçamos de que, na maioria das circunstâncias, são eles companheiros de evolução e burilamento, em condições tão deficitárias quanto as nossas.

Muita gente prefere o exclusivo convívio deles no intercâmbio espiritual, pretextando que apenas deles recolhe o conforto e a assistência de que precisa e compreendemos, em tese, essa disposição de espírito, porquanto ninguém vive sem o calor da amizade. Ponderemos, no entanto, que sem a autoridade do instrutor que esclarece e corrige, a escola perderia a finalidade.

Agradece o concurso fraterno dos espíritos inexperientes, não obstante simpáticos, sem olvidar que eles são nossos companheiros de classe no educandário da vida, necessitados tanto quanto nós mesmos, de ensinamento e orientação.

pelo Espírito Emmanuel - Do livro: No Portal da Luz, Médium: Francisco Cândido Xavier

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Velórios

    Velórios

    Diante do corpo de alguém que demandou a Pátria Espiritual, examina o próprio comportamento, a fim de que não te faças pernicioso, nem resvales pelas frivolidades, que nesse instante devem ser esquecidas.

    O velório é um ato de fraternidade e de afeição aos recém-desencarnados, embora continuem vinculados aos despojos, não poucas vezes, em graves perturbações.

    Imantados à organização somática, da qual são expulsos pelo impositivo da morte, que os surpreende com o "milagre da vida", não obstante em outra dimensão, desesperam‑se, experimentando asfixia e desassossegos de difícil classificação, acompanhando o acontecimento, em crescente inquietude.

    Raras pessoas estão preparadas para entender o fenômeno da morte, ou possuem suficientes recursos de elevação moral a fim de serem trasladados do local mortuário, de modo a serem certificadas do ocorrido em circunstâncias favoráveis, benignas...

    No mais das vezes, atropelam-se com outros desencarnados, interrogam os amigos que lhes vêm trazer o testemunho último aos despojos carnais, caindo, quase sempre, em demorado hebetamento ou terrível alucinação...

    Em tais circunstâncias medita a posição que desfrutas nos quadros da vida orgânica, considerando a inadiável imposição do teu regresso à Espiritualidade.

    Se desejas ajudar ao amigo em trânsito, cujo corpo velas, ora por ele.

    No silêncio a que te recolhes, evoca os acontecimentos felizes a que ele se encontra vinculado, os gestos de nobreza que o caracterizaram, as renúncias que se impôs e os sacrifícios a que se submeteu... Recorda-o lutando e renovando-se.

    Não o lamentes, arrolando os insucessos que o martirizaram, as aflições em rebeldia que experimentou.

    O choro do desespero como as observações malévolas, as imprecações quanto as blasfêmias ferem-nos à semelhança de ácido derramado em chagas abertas.

    De forma alguma registes mágoas ou desaires entre ti e ele, os vínculos da ira ou as cicatrizes do ódio ainda remanescentes.

    Possivelmente ele te ouvirá as vibrações mentais, sem compreender o que se passa, ou sofrerá a constrição das tuas memórias que acionarão desconhecidas forças na sua memória que, então, sintonizará contigo, fazendo que as paisagens lembradas o dulcifiquem - se são reminiscências felizes - ou o requeimem interiormente - se são amargas ou cruéis - fomentando estados íntimos que se adicionarão ao que já experimentam...

    A frivolidade de muitos homens tem transformado os velórios em lugares de azedas recriminações ao desencarnado, recinto de conversas malsãs, cenáculo de anedotário vinagroso e picante, sala de maledicências insidiosas ou agrupamento para regabofes, onde o respeito, a educação, a consideração à dor alheia, quase sempre batem em retirada...

    E não pode haver uma dor tão grande na Terra, quanto a que experimenta alguém que se despede de outrem, amado, pela desencarnação.

    Sem embargo, o desencarnado vive.

    Ajuda-o nesse transe grave, que defrontarás também, quando, quiçá esse por quem oras hoje, seja as duas mãos da cordialidade que te receberão no além ao iniciares, por tua vez, a vida nova...

    Unge-te, pois, de piedade fraternal nas vigílias mortuárias, e comporta-te da forma como gostarias que procedessem para contigo nas mesmas circunstâncias.
    Joanna de Ângelis

Dar a César

    Dar a César

    Os fariseus constituíam um importante partido político-religioso entre os judeus, ao tempo de Jesus, e cultivavam uma religiosidade de superfície, baseada em exterioridades. O Evangelho os apresenta, em várias passagens, em atitude hostil ao Mestre.

    Indagado, certa feita, por eles, sobre a obrigação de pagar imposto aos romanos, respondeu-lhes Jesus: "Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". A pergunta fora capciosa pois esse tributo era detestado em Israel e, conforme a resposta de Jesus, esperavam os fariseus indispô-lo com a autoridade romana (caso aconselhasse o não pagamento do imposto) ou desacreditá-lo junto ao povo (caso recomendasse o pagamento). Com aquela resposta Jesus surpreendeu e desorientou os astuciosos interlocutores aproveitando ainda a oportunidade para dar um ensinamento de caráter geral.

    Devemos notar, desde logo, que não foi estabelecida uma opção - ou a César ou a Deus - nem uma sucessão: primeiro a um, depois ao outro. As recomendações são simultâneas, ficando evidente que o Mestre não via incompatibilidade entre as exigências da vida social e as diretrizes religiosas, entre fé e cidadania.

    Há, compreensivelmente, algumas diferenças. César, a autoridade humana, estabelece leis e cobra impostos, oferecendo, em troca, um conjunto de condições e serviços necessários à existência material (hospitais, escolas,órgãos de segurança, justiça etc). Deus, nosso Pai, nos oferece a vida para que sejamos felizes, respeitando e promovendo a felicidade do próximo.

    César quase sempre impõe e o não atendimento às suas determinações se faz acompanhar, imediatamente, de medidas punitivas diversas. Deus propõe, convida à livre adesão às Suas leis que, seguidas, nos felicitam com a alegria e a paz e, desrespeitadas, quando permitimos a instalação da desarmonia em nós mesmos, ainda assim, nos ajudam a sanar as nossas deficiências, conduzindo-nos para a felicidade.

    Dada a nossa posição evolutiva, nunca foi tarefa simples - nem tampouco impossível - conciliar as duas recomendações. No passado e ainda hoje parece aceitável para muitos estabelecer uma compartimentação que permite buscar a vantagem imediata no dia-a-dia, mesmo lesando interesses alheios e, supostamente, atender a Deus comparecendo periodicamente a um templo, para acompanhar prédicas e preces, fazendo, eventualmente, alguma doação material. Não é isso, contudo, o que a religião preconiza, sabendo-se, aliás, que as primeiras gerações cristãs compunham-se de pessoas comuns, que tinham conduta social exemplar vivenciando o amor a Deus e ao próximo, como recomendara o Mestre.

    Comentando aquele ensinamento, observa o Codificador, "Esse princípio é uma conseqüência daquele outro que manda agir com os outros como quereríamos que os outros agissem conosco. Condena todo prejuízo material e moral causado aos outros, toda violação dos seus interesses... Estende-se ao cumprimento dos deveres contraídos para com a família, a sociedade, a autoridade, bem como para os indivíduos em geral."

    "O Evangelho segundo o Espiritismo" (capítulo 11, itens 6 e 7).

    Textos do editorial "S.Xavier" do boletim SEI - Serviço Espírita de Informações
    SEI 1702, de 11/11/2000.

Por Caráter-Prece Espírita

Excelso Companheiro,não nos permitas a leviandade de caráter...
Livra-nos de máscaras e disfarces que afivelemos à face.
Que sejamos o que somos,com a obrigação de sermos sempre mais.
Não nos deixe continuar na condição de "sepulcros caiados"...
Que busquemos a integridade moral.
Todavia,que não nos tornemos moralistas para com os irmãos ainda frágeis...
Que não nos esqueçamos de que caminhamos tangenciando o abismo de nossas imperfeições.
Que a ninguém acusemos ou atiremos pedras...
Somos frágeis,Senhor,e,sem o Teu amparo,a qualquer instante,poderemos cair.
Despoja-nos das exterioridades do eu e sê conosco,em nossos propósitos de melhorar!

Carlos Baccelli

segunda-feira, 25 de maio de 2015

A Aranha e a Teia

"Eu ouvi uma história dinamarquesa. Lembre-se dela, deixe que ela se torne parte da sua consciência.
Essa história conta sobre uma aranha que vivia lá no alto, nos caibros do telhado de um velho celeiro. 

Um dia ela desceu por um longo fio até uma viga mais baixa, onde descobriu que as moscas eram mais abundantes e mais fáceis de capturar.
Ela então, decidiu que passaria a viver nessa viga mais baixa e teceu ali uma confortável teia. 

Mas um dia, ela reparou por acaso no longo fio que vinha de cima, mergulhado na escuridão lá em cima e disse: ' Eu não preciso mais desse fio. Ele só está atrapalhando'. Ela então, cortou o fio, e ao fazer isso, destruiu toda a sua teia, que era sustentada por esse fio. 

Essa é também a história do ser humano.
Um fio liga você ao supremo, ao mais elevado - chame-o de Tao, existência, divindade. Você pode ter esquecido completamente que desceu por este fio.
Você veio do Todo e tem de voltar para lá. Tudo volta para a fonte original: tem de voltar.
Então, você pode até sentir o que esta aranha sentiu, que o fio que o liga ao plano mais elevado só está atrapalhando. Muitas vezes é por causa dele que você não pode fazer algumas coisas: ele sempre acaba ficando no meio do caminho.
Você não pode ser tão violento quanto gostaria; não pode ser tão agressivo quando gostaria; não pode odiar tanto quanto gostaria - o fio está sempre no caminho.

Às vezes você pode se sentir como essa aranha - com vontade de cortá-lo, de parti-lo como ela fez, para desobstruir o seu caminho. Foi isso que disse Nietzsche: 'Deus está morto'. Nietzsche partiu o fio. Mas em seguida enlouqueceu. 
No momento em que ele disse: Deus está morto, ele enlouqueceu, porque rompeu a ligação com a fonte original de toda a vida.

Quando faz isso, a pessoa passa a ter fome de algo vital, essencial. Ela acaba perdendo alguma coisa e se esquece completamente que ela era a própria base da sua vida.

A aranha cortou o fio, e com isso, destruiu a própria teia, que era sustentada por esse fio."
Osho em O Cipreste no Jardim.

Cada Hora

    Cada Hora

    Cada hora
    É ocasião de prestar
    Algum serviço
    Ou de pronunciar
    As melhores palavras.

    Felicidade
    É a soma das alegrias
    Que distribuímos
    Com os outros.

    Pensa
    Nos minutos
    Que já cravaste.
    O tempo não para.

    Emmanuel

domingo, 24 de maio de 2015

O Argueiro e a Trave no Olho

O Argueiro e a Trave no Olho

            9 – Por que vês tu, pois, o argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu olho? Ou como dizes a teu irmão: Deixa-me tirar-te do teu olho o argueiro, quando tens no teu uma trave? Hipócrita, tira primeira a trave do teu olho, e então verás como hás de tirar o argueiro do olho de teu irmão. (Mateus, VII: 3-5).

            10 – Um dos caprichos da humanidade é ver cada qual o mal alheio antes do próprio. Para julgar-se a si mesmo, seria necessário poder mirar-se num espelho, transportar-se de qualquer maneira fora de si mesmo, e considerar-se como outra pessoa, perguntando: Que pensaria eu, se visse alguém fazendo o que faço? É o orgulho, incontestavelmente, o que leva o homem a disfarçar os seus próprios defeitos, tanto morais como físicos. Esse capricho é essencialmente contrário à caridade, pois a verdadeira caridade é modesta, simples e indulgente. A caridade orgulhosa é um contra senso, pois esses dois sentimentos se neutralizam mutuamente. Como, de fato, um homem bastante fútil para crer na importância de sua personalidade e na supremacia de suas qualidades, poderia ter ao mesmo tempo, bastante abnegação para ressaltar nos outros o bem que poderia eclipsá-lo, em lugar do mal que poderia pô-lo em destaque? Se o orgulho é a fonte de muitos vícios, é também a negação de muitas virtudes. Encontramo-lo no fundo e como móvel de quase todas as ações. Foi por isso que Jesus se empenhou em combatê-lo, como o principal obstáculo ao progresso.


O Evangelho Segundo o Espiritismo

por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires

(Capítulo 10 – BEM-AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS)

As Três Revelações: Moisés, Cristo e o Espiritismo

As Três Revelações: Moisés, Cristo e o Espiritismo

                1 – Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim para destruí-los, mas para dar-lhes cumprimento. Porque em verdade vos digo que o céu e a Terra não passarão, até que não se cumpra tudo quanto está na lei, até o último jota e o último ponto. (Mateus, V: 17- 18)

MOISÉS


                2 – Há duas partes Distintas na lei mosaica: a de Deus, promulgada sobre o Monte Sinal, e a lei civil ou disciplinar, estabelecida por Moisés. Uma é invariável, a outra é apropriada aos costumes e ao caráter do povo, e se modifica com o tempo.
                A lei de Deus está formulada nos dez mandamentos seguintes:
                I – Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás deuses estrangeiros diante de mim. Não farás para ti imagens de escultura, nem figura alguma de tudo o que há em cima no céu, e do que há embaixo na terra, nem de coisa que haja nas águas debaixo da terra. Não adorarás nem lhes darás culto.
                II – Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.
                III – Lembra-te de santificar o dia de sábado.
                IV – Honrarás a teu pai e a tua mãe, para teres uma dilatada vida sobre a terra que o Senhor teu Deus te há de dar.
                V – Não matarás.
                VI – Não cometerás adultério.
                VII – Não furtarás.
                VIII – Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
IX – Não desejarás a mulher do próximo.
                X – Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem outra coisa alguma que lhe pertença.

                Esta lei é de todos os tempos e de todos os países, e tem, por isso mesmo, um caráter divino. Todas as demais são leis estabelecidas por Moisés, obrigado a manter pelo temor um povo naturalmente turbulento e indisciplinado, no qual tinha de combater abusos arraigados e preconceitos adquiridos durante a servidão do Egito. Para dar autoridade às leis, ele teve de lhes atribuir uma origem divina, como o fizeram todos os legisladores dos povos primitivos. A Autoridade do homem devia apoiar-se sobre a autoridade de Deus. Mas só a idéia de um Deus terrível podia impressionar homens ignorantes, em que o senso moral e o sentimento de uma estranha justiça estavam ainda pouco desenvolvidos. É evidente que aquele que havia estabelecido em seus mandamentos: “não matarás” e “não farás mal ao teu próximo”, não poderia contradizer-se, ao fazer do extermínio um dever. As leis mosaicas, propriamente ditas, tinham, portanto, um caráter essencialmente transitório.

CRISTO


                3 – Jesus não veio destruir a lei, o que quer dizer: a lei de Deus. Ele veio cumpri-la, ou seja: desenvolvê-la, dar-lhe o seu verdadeiro sentido e apropriá-la ao grau de adiantamento dos homens. Eis porque encontramos nessa lei o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, que constitui a base de sua doutrina. Quanto às leis de Moisés propriamente ditas, ele, pelo contrário, as modificou profundamente, no fundo e na forma. Combateu constantemente o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações, e não podia fazê-las passar por uma reforma mais radical do que as reduzindo a estas palavras: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo”, e ao acrescentar: “Esta é toda a lei e os profetas”.

                Por estas palavras: “O céu e a terra não passarão, enquanto não se cumprir até o último jota”, Jesus quis dizer que era necessário que a lei de Deus fosse cumprida, ou seja, que fosse praticada sobre toda a terra, em toda a sua pureza, com todos os seus desenvolvimentos e todas as suas conseqüências. Pois de que serviria estabelecer essa lei, se ela tivesse de ficar como privilégio de alguns homens ou mesmo de um só povo? Todos os homens, sendo filhos de Deus, são, sem distinções, objetos da mesma solicitude.
                4 – Mas o papel de Jesus não foi simplesmente o de um legislador moralista, sem outra autoridade que a sua palavra. Ele veio cumprir as profecias que haviam anunciado o seu advento. Sua autoridade decorria da natureza excepcional do seu Espírito e da natureza divina da sua missão. Ele veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está na Terra, mas no Reino dos Céus, ensinar-lhes o caminho que os conduz até lá, os meios de se reconciliarem com Deus, e os advertir sobre a marcha das coisas futuras, para o cumprimento dos destinos humanos. Não obstante, ele não disse tudo, e sobre muitos pontos limitou-se a lançar o germe de verdades que ele mesmo declarou não poderem ser então compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos claros, de maneira que, para entender o sentido oculto de certas palavras, era preciso que novas idéias e novos conhecimentos viessem dar-nos a chave. Essas idéias não podiam surgir antes de um certo grau de amadurecimento do espírito humano. A ciência devia contribuir poderosamente para o aparecimento e o desenvolvimento dessas idéias. Era preciso, pois, dar tempo à ciência para progredir.

O ESPIRITISMO


5 – O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo material. Ele nos mostra esse mundo, não mais como sobrenatural, mas, pelo contrário, como uma das forças vivas e incessantemente atuantes da natureza, como a fonte de uma infinidade de fenômenos até então incompreendidos, e por essa razão rejeitados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo se refere em muitas circunstâncias, e é por isso que muitas coisas que ele disse ficaram ininteligíveis ou foram falsamente interpretadas. O Espiritismo é a chave que nos ajuda a tudo explicar com facilidade.
6 – A lei do Antigo Testamento está personificada em Moisés, a do Novo Testamento, no Cristo. O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus. Mas não está personificado em ninguém, porque ele é o produto do ensinamento dado, não por um homem, mas pelos Espíritos, que são as vozes do céu, em todas as partes da Terra e por inumerável multidão de intermediários. Trata-se, de qualquer maneira, de uns seres  coletivos, compreendendo o conjunto dos seres do mundo espiritual, cada qual trazendo aos homens o tributo de suas luzes, para fazê-los conhecer esse mundo e a sorte que nele os espera.
                7 – Da mesma maneira que disse o Cristo: “Eu não venho destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento”. Também diz o Espiritismo: “Eu não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe cumprimento”. Ele nada ensina contrário ao ensinamento do Cristo, mas o desenvolve, completa e explica, em termos claros para todos, o que foi dito sob forma alegórica. Ele vem cumprir, na época predita, o que o Cristo anunciou, e preparar o cumprimento das coisas futuras. Ele é, portanto, obra do Cristo, que o preside, assim como preside ao que igualmente anunciou: a regeneração que se opera e que prepara o Reino de Deus sobre a Terra.

O Evangelho Segundo o Espiritismo

por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires

(Capítulo I - Não Vim Destruir a Lei)

A Verdadeira Propriedade

PASCAL
Genebra, 1860
            9 – O homem não possui como seu senão aquilo que pode levar deste mundo. O que ele encontra ao chegar e o que deixa ao partir, goza durante sua permanência na Terra; mas, desde que é forçado a deixá-los, é claro que só tem o usufruto, e não a posse real. O que é, então, que ele possui? Nada do que se destina ao uso do corpo, e tudo o que se refere ao uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Eis o que ele traz e leva consigo, o que ninguém tem o poder de tirar-lhe, e o que ainda mais lhe servirá no outro mundo do que neste. Desde depende estar mais rico ao partir do que ao chegar neste mundo, porque a sua posição futura depende do que ele houver adquirido no bem. Quando um homem parte para um país longínquo, arruma a sua bagagem com objetos de uso nesse país e não se carrega de coisas que lhe seriam inúteis. Fazei, pois, o mesmo, em relação à vida futura, aprovisionando-vos de tudo o que nela vos poderá servir.
            Ao viajante que chega a uma estalagem, se ele pode pagar, é dado um bom alojamento; ao que pode menos, é dado um pior; e ao que nada tem, é deixado ao relento. Assim acontece com o homem, quando chega ao mundo dos Espíritos: sua posição depende de suas posses, com a diferença de que não pode pagar em ouro. Não se lhe perguntará: Quanto tínheis na Terra? Que posição ocupáveis? Éreis príncipe ou operário? Mas lhe será perguntado: O que trazeis? Não será computado o valor de seus bens, nem dos seus títulos, mas serão contadas as suas virtudes, e nesse cálculo o operário talvez seja considerado mais rico do que o príncipe. Em vão alegará o homem que, antes de partir, pagou em ouro a sua entrada no céu, pois terá como resposta: as posições daqui não são compradas, mas ganhas pela prática do bem; com o dinheiro podeis comprar terras, casas, palácios; mas aqui só valem a qualidades do coração. Sois rico dessas qualidades? Então, sejas bem-vindo, e teu é o primeiro lugar, onde todas as venturas vos esperam. Sois  pobre? Ide  para o último, onde sereis tratado na razão de vossas posses.
*
M., Espírito Protetor
                                                                     Bruxelas, 1861

            10 – Os bens da Terra pertencem a Deus, que os dispensa de acordo com a sua vontade. O homem é apenas o seu usufrutuário, o administrador mais ou menos íntegro e inteligente. Pertencem tão pouco ao homem, como propriedade individual, que Deus freqüentemente frustra todas as suas previsões, fazendo a fortuna escapar daqueles mesmos que julgam possuí-la com os melhores títulos.
        Direis talvez que isso se compreende em relação à fortuna hereditária, mas não aquela que o homem adquiriu pelo seu trabalho. Não há dúvida que, se há uma fortuna legítima, é a que foi adquirida honestamente, porque uma propriedade só é legitimamente adquirida quando, para conquistá-la, não se prejudicou a ninguém. Pedir-se-á conta de um centavo mal adquirido, em prejuízo de alguém. Mas por que um homem conquistou por si mesmo a sua fortuna, terá alguma vantagem ao morrer? Não são freqüentemente inúteis os cuidados que ele toma para transmiti-la aos descendentes? Pois se Deus não quiser que estes a recebam, nada prevalecerá sobre a sua vontade. Poderá ele usar e abusar de sua fortuna, impunemente, durante a vida, sem ter de prestar contas? Não, pois ao lhe permitir adquiri-la, Deus pode ter querido recompensar, durante esta vida, os seus esforços, a sua coragem, a sua perseverança; mas se ele somente a empregou para a satisfação dos seus sentidos e do seu orgulho, se ela se tornou para ele uma causa de queda, melhor seria não a ter possuído. Nesse caso, ele perde de um lado o que ganhou de outro, anulando por si mesmo o mérito do seu trabalho, e quando deixar a Terra, Deus lhe dirá que já recebeu a sua recompensa.
Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI - Allan Kardec

sábado, 23 de maio de 2015

Um Abraço

O que você faz quando está com dor de cabeça, ou quando está chateado?
Será que existe algum remédio para aliviar a maioria dos problemas físicos e emocionais?
Pois é, durante muito tempo estivemos à procura de alguma coisa que nos rejuvenescesse, que prolongasse nosso bom humor, que nos protegesse contra doenças, que curasse nossa depressão e que nos aliviasse do estresse.
Sim, alguma coisa que fortalecesse nossos laços afetivos e que, inclusive, nos ajudasse a adormecer tranquilos.
Encontramos! O remédio já havia sido descoberto e já estava à nossa disposição. O mais impressionante de tudo é que ainda por cima não custa nada.
Aliás, custa sim, custa abrir mão de um pouco de orgulho, um pouco de pretensão de ser autossuficiente, um pouco de vontade de viver do jeito que queremos, sem depender dos outros.
É o abraço. O abraço é milagroso. É medicina realmente muito forte. O abraço, como sinal de afetividade e de carinho, pode nos ajudar a viver mais tempo, proteger-nos contra doenças, curar a depressão, fortificar os laços afetivos.
O abraço é um excelente tônico. Hoje sabemos que a pessoa deprimida é bem mais suscetível a doenças. O abraço diminui a depressão e revigora o sistema imunológico.
O abraço injeta nova vida nos corpos cansados e fatigados, e a pessoa abraçada sente-se mais jovem e vibrante. O uso regular do abraço prolonga a vida e estimula a vontade de viver.
Recentemente ouvimos a teoria muito interessante de uma psicóloga americana, dizendo que se precisa de quatro abraços por dia para sobreviver, oito abraços para manter-se vivo e doze abraços por dia para prosperar.
E o mais bonito é que esse remédio não tem contraindicação e não há maneira de dá-lo sem ganhá-lo de volta.

* * *

Já há algum tempo temos visto, colado nos vidros de alguns veículos, um adesivo muito simpático, dizendo: Abrace mais!
Eis uma proposta nobre: abraçar mais.
O contato físico do abraço se faz necessário para que as trocas de energias se deem, e para que a afetividade entre duas pessoas seja constantemente revitalizada.
O abraçar mais é um excelente começo para aqueles de nós que nos percebemos um tanto afastados das pessoas, um tanto frios no trato com os outros.
Só quem já deu ou recebeu um sincero abraço sabe o quanto este gesto, aparentemente simples, consegue dizer.
Muitos pedidos de perdão foram traduzidos em abraços...
Muitos dizeres eu te amo foram convertidos em abraços.
Muitos sentimentos de saudade foram calados por abraços.
Muitas despedidas emocionadas selaram um amor sem fim no aconchego de um abraço.
Assim, convidamos você a abraçar mais.
Doe seu abraço apertado para alguém, e receba imediatamente a volta deste ato carinhoso.
Pense nisso! Abrace mais você também.

Fé em DEUS

    Fé em Deus

    A fé em Deus não te arredará das provas inevitáveis, mas te investirá na força devida para suportá-las;

    não te afastará os obstáculos do caminho, entretanto, doar-te-á a significação de cada um deles, para que recebas, em silêncio, a mensagem de que são portadores;

    não impedirá o afastamento dos companheiros a que mais te afeiçoas, nos encargos que te marcam a vida, todavia, conceder-te-á energias e recursos para substituí-los, até que surjam outros cooperadores decididos a apoiar-te;

    não te livrará da enfermidade de que ainda precises, no entanto, iluminar-te-á o entendimento para que lhe assimiles o recado salutar;

    não te retirará dos desenganos e decepções que o mundo te propicie, mas auxiliar-te-á a extrair deles mais luz ao próprio discernimento;

    não te desligará do parente difícil, porém, ajudar-te-á a aceitá-lo e compreendê-lo em teu próprio benefício;

    não te proibirá as quedas prováveis nas trilhas da existência, no entanto, ensinar-te-á, através da própria dor, onde se encontram as situações que te cabe evitar, em auxílio a ti mesmo; 

    não te demitirá dos problemas que, porventura, te ameacem a paz, contudo, dar-te-á serenidade para resolvê-los com segurança; 

    não te buscará nos labirintos de ilusão, nos quais talvez hajas penetrado, impensadamente, entretanto, clarear-te-á o raciocínio para te libertares;

    a fé em Deus, por fim, não te mudará os quadros exteriores de luta, mas infundir-te-á paciência a fim de que compreendas em todos eles os degraus de elevação, de que necessitas, para escalar os cimos da vida imperecível.
    EMMANUEL

Calma e Auxílio

    Calma e Auxílio

    Trabalha sempre, mas não desprezes a calma em que te retomes a fim de pensar com acerto.


    Isso é da própria natureza.



    O rio para mover a usina do progresso exige a represa em que as águas estacionam no impacto de forças tecnicamente organizadas.



    Conserva a entrada do coração acessível a todos os companheiros que te cerquem, tantos deles agoniados, a te rogarem concurso e consolação.



    Que o teu sorriso seja o porteiro dos teus sentimentos, encorajando-lhes as energias.



    Em torno de ti, enxameiam os tristes, os torturados, os infelizes, os desorientados e todos aqueles que, por falta de fé, se transviaram no torvelinho do desespero.



    Repontam de tua própria casa do teu grupo de serviço, do bairro em que reside e da cidade em que te situas.



    Sê para eles um refúgio de paz e de esperança.



    Aprende a ouvir com paciência para que possas esclarecer com discernimento e serenidade.



    Se te afliges com o problema que te trazem, entrega a questão a Deus e mantém-te disponível, para que não te prives da oportunidade de auxiliar.



    Guarda a diligência sem pressa e oferece a todos os que te busquem o reconforto de que necessitem, a fim de seguirem adiante.



    Assim compreenderás, com a bênção da calma em ti mesmo, que prosseguirás com o ensejo de construir incessantemente no bem dos semelhantes, reconhecendo que o tempo, na vida de cada um de nós, é uma doação preciosa de Deus.



    Se aceitaste Jesus por mestre da vida, trazes contigo a chama capaz de acender a fé nos companheiros que vagueiam no mundo, à maneira de lágrimas apagadas.



    Prossegue amando.
    Meimei

    • Sobre o Autor

      • Homenageada por tantas casas espíritas, que adotam o seu nome; autora de vários livros psicografados por Chico Xavier, entre eles: "Pai Nosso", "Amizade", "Palavras do Coração", "Cartilha do bem", "Evangelho em Casa", "Deus Aguarda", "Mãe" etc... Irma de Castro (Meimei) nasceu em 22 de outubro de 1922, na cidade de Mateus Leme - MG e transferiu residência para Belo Horizonte em 1934, onde conheceu Arnaldo Rocha, com quem se casou aos 22 anos de idade, tornando-se então, Irma de Castro Rocha. O casamento durou apenas dois anos, pois veio a falecer com 24 anos de idade, no dia 01 de Outubro de 1946, na cidade de Belo Horizonte-MG, por complicações generalizadas devidas a uma nefrite crônica.

domingo, 17 de maio de 2015

Na Luta Contra a Morte

    Na Luta Contra a Morte

    Anos a fio gastou Pasteur na preparação da vacina contra a raiva. O grande sábio observava camponeses e citadinos vitimados pela hidrofobia e, aliando à perseverança o trabalho, venceu o flagelo, convertendo-se em benfeitor da Humanidade. Édison lutou contra a velha iluminação a gás, a fim de expulsar efetivamente as sombras noturnas. Suou, esforçou-se, sofreu decepções e desenganos; muita vez conheceu a iminência do soçobro de seus ideais. Contudo, terminou a batalha, conquistando a lâmpada incandescente, que transformou as cidades terrestres em paraísos de luz.


    A história das grandes missões de benemerência no mundo está repleta de sofrimentos e desilusões. Não raro, torturam-se os missionários, quando não se pode consumi-los pelo fogo. Onde, porém, a conquista evolutiva se torna mais difícil e dolorosa é justamente no setor da renovação íntima, espiritual. A vaidade humana fez da religião um terreno proibido, onde toda expressão progressista se efetua ao preço de dobradas angústias. A Ciência e a Filosofia, sem dúvida, possuem os seus mártires. No entanto, em suas escolas há sempre lugar para os trabalhos de aperfeiçoamento e renovação. Seus benfeitores, na maioria das vezes, são objeto de críticas acerbas que não passam, quase sempre, de ironias verbais ou do ostracismo na classe a que pertencem, mas, no campo religioso, os movimentos de perseguição caracterizam-se por condenável insânia.

    Não fosse o aprimoramento judiciário do mundo, não tivéssemos a sociologia inspirando tribunais e juízes, na vanguarda do direito, e talvez prosseguisse a matança religiosa, decorrente dos processos inquisitoriais. Basta que o estudante da verdade aviste pequenino detalhe do mapa da vida eterna para que milhares de sacerdotes e autoridades supostas infalíveis se convertam nos instrumentos de maldição.

    É preciso muita coragem moral para não sucumbir aos golpes da guerra sistemática, movida na sombra.

    Para não nos referirmos, fastidiosamente, aos mártires inúmeros da , que tombaram nas perseguições de todas as épocas, recordemo-nos tão só de Giordano Bruno. O eminente filósofo italiano, que convivera com o pensamento de Pitágoras e Plotino, desde a meninice, assombrando os clérigos do convento de dominicanos, a que se recolhera na preparação do seu ministério de renovação religiosa, desprezou as resoluções dos concílios, cristalizadas em dogmas aviltantes, para ensinar o caminho da nova era. Através de salões e universidades, tribunas e praças públicas, afirma Bruno que o Universo é ilimitado, que a Terra não é o centro da vida, mas humilde dependência no concerto glorioso dos mundos que rolam, inumeráveis, no plano universal. Esclarece que o Sol não é um corpo errante, entre as nuvens, com a simples função de aclarar a superfície planetária e sim a gigantesca sede de globos diversos, que lhe recebem o poderoso influxo renovador. Explica que a vida é infinita e se encarna, através de infinitas formas, em todos os lugares. Exalta a grandeza da existência posta ao serviço do bem e da verdade, glorificando, em tudo, a universalidade divina. Mas os sacerdotes da convenção estabelecida não toleram o herói e, no dia 17 de fevereiro de 1600, seu corpo foi reduzido a cinzas, em Roma, numa fogueira acesa pelo sectarismo intransigente. Assegura um de seus historiadores que as chamas que lhe destruíram o corpo foram os primeiros sinais da aurora dos tempos modernos.

    Não nos referimos, porém, a isso, como quem pretende encetar novos movimentos de discussão. Para dificultar o acesso das almas à Fonte da Revelação Divina, bastam as polêmicas insidiosas dos homens, despreocupados da responsabilidade que assumem pelo que dizem.

    Apenas reafirmamos, do plano espiritual, a nossa plataforma de serviço, na luta contra a morte.

    Nos mais remotos recantos do globo surgem raios divinos da luz imortal, dentro da espessa noite da ignorância, destruindo as antigas muralhas de incompreensão que sitiam a inteligência das criaturas. O sacerdócio organizado, porém, não nos tolera as manifestações tendentes a efetuar a renovação religiosa do mundo. E porque não nos pode subtrair agora à liberdade que respiramos noutras dimensões, institui a represália fria e silenciosa contra os nossos companheiros mais corajosos que ainda envergam a túnica de carne nas atividades terrenas. O Santo Ofício desapareceu, mas ficaram a ironia e o ridículo, a animosidade gratuita e a guerra sem declaração.

    Apesar de tudo isso, porém, continuaremos em nossa obra de liberação da mente humana.

    Nossos adversários do sectarismo religioso recordam o nome do Cristo, amparando-se nele para sustentar as posições políticas e sociais que retêm, a pretexto de manter o prestígio da religião. Suscitam escândalos, reclamam repressões, mobilizam contra nós os órgãos do poder temporal. Como, porém, instituir oposição ao realismo da vida eterna, se a verdade é o terreno legal do Universo? Em nome de Jesus, recorrem à injúria e à condenação, mas se esquecem de que o Mestre, além das lições da Manjedoura, do Templo, do Tabor, do Getsemani e do Gólgota, deixou-nos também o ensinamento do Túmulo Vazio.

    Que eles, os sacerdotes cristalizados nas afirmativas dogmáticas, prossigam em seu ministério de condutores; colherão sempre o bem toda vez que atenderem ao serviço da iluminação coletiva, em obediência aos deveres que lhes competem. Quanto a nós, os desencarnados, continuaremos a campanha do Túmulo Vazio. Que eles procurem, de fato, honrar a vida, porque nós, desprezando todos os obstáculos, venceremos na gigantesca luta contra a morte!

    Irmão X

Assunto de Todos

Efetivamente não dispões do poder de improvisar a paz do mundo; entretanto, Deus já te concedeu a faculdade de renunciar à execução dos próprios desejos, em favor da tranqüilidade desse ou daquele ente querido, que depende de tua abnegação para ser mais feliz.

Não consegues estabelecer o entendimento fraternal entre todas as comunidades a que te vinculas; no entanto, a Divina Providência já te honrou com a bênção das palavras, no uso das quais podes entretecer a concórdia, no agrupamento de criaturas em que a vida te situou.

Não reténs o dom de te fazeres ouvir indefinidamente por todos, em todos os recantos do orbe, no levantamento do bem; todavia, a Sabedoria infinita já te confiou o benefício das letras, com as quais podes gravar os teus pensamentos nobres, inspirando bondade e segurança em tuas áreas de ação.

Não tens contigo os elementos precisos para sustentar a harmonia, nos lugares onde a Humanidade surge ameaçada de caos e perturbação, mas o Amor Supremo já te entregou a possibilidade de manter a ordem, quando não seja dentro da própria casa, pelo menos no espaço diminuto em que te dedicas ao trato pessoal.

Não extinguirás a fome que ainda atormenta vastos setores da Terra, mas podes ceder um prato em auxílio de alguém.

Não curarás todas as enfermidades que flagelam largas regiões em todo o Planeta. No entanto, podes ofertar, de quando em quando, uma hora de serviço no socorro aos doentes.

Não logras trazer o Sol para clarear os caminhos entenebrecidos durante a noite, mas podes acender uma vela e rechaçar a escuridão.

Realmente, por enquanto, nenhum de nós - os Espíritos em evolução na Terra - pode jactar-se de ser uma enciclopédia de talentos para realizar todas as operações do Bem Universal, ante as leis de Deus, mas, ajustados às Leis de Deus, todos já possuímos recursos para evolver na direção do Bem-Maior, fazendo o bem que podemos fazer.
 Pelo Espírito Emmanuel - Do livro: Rumo Certo, Médium: Francisco Cândido Xavier.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Num dia como o de Hoje

Num dia como o de hoje, crianças desvalidas morrerão sem sonhos e sem pão... Mas, também, almas generosas poderão ser vistas auxiliando os órfãos a se tornarem menos tristes.
Num dia como o de hoje, mães herdarão os troféus de guerras sangrentas... Porém, em algum lugar, uma outra agradecerá a Deus pelo filhinho que respira.
Num dia como o de hoje, um assassino enlouquecido marcará com sangue a sociedade que o repele e o odeia... Porém, não longe da iniquidade, transbordará a graça de milhares de atos silenciosos de renúncia.
Num dia como o de hoje, um convite à corrupção chegará aos seus ouvidos intranquilos... Mas, um olhar amigo chamará você à reflexão.
Num dia como o de hoje, bactérias resistentes trarão medo e desafios difíceis... Porém, no deserto de desilusão, alguém semeará a confiança.
Num dia como o de hoje, você poderá ouvir centenas de inverdades desesperadoras... Mas, bastará enxergar o céu, o sol, a chuva, o mar e a criança dormindo, para que você perceba as mãos do Altíssimo sobre tudo e sobre todos.
Num dia como o de hoje, almas desequilibradas estimularão sua paciência e sua capacidade de exercer o bom aprendizado... Porém, não desista se a recaída da intempestividade se fizer presente.
Num dia como o de hoje, talvez você pense em desistir de um sonho superior, talvez até escute o convite amargo do pensamento suicida... Mas, por favor, espere até amanhã, não desista assim...
Num dia como o de hoje, todos nós estivemos sujeitos a derrapar no caminho, e quem sabe até derrapamos. Porém, já nos propomos a refletir e a gentilmente ouvir mensagens como esta... Portanto, hoje estamos, sem dúvida, melhores do que ontem.
Num dia como o de hoje, ainda há chances de acrescentar uma estrela luminosa em nossa trajetória na escola da vida...
Num dia como o de hoje, poderemos saltar séculos para a felicidade plena, ou atrasar a caminhada com milênios de arrependimento.
*   *   *
São nossas as escolhas.
Escolhemos ver a vida apenas através das lentes do pessimismo, ou escolhemos ver o lado bom de tudo.
São nossas as escolhas.
Escolhemos crescer, aprender, modificar. Ou escolhemos estagnar, conformar, permanecer.
São nossas as escolhas.
Lembremos sempre disso.
*   *   *
Toda escolha que você faça pelos caminhos da sua vida terrena, apresentará aos que o cercam e acompanham o grau da sua maturidade, o nível dos seus ideais, a qualidade de tudo quanto o sensibiliza.
Será consequente que os seus irmãos de jornada passem a conceber imagens suas, caricatas ou não, em função do que você elege para a sua existência.
Sobre o mundo você será sempre o retrato dos seus gostos, dos seus interesses, das suas ações.
Cada gesto seu conduzirá um retrato do que você é, um recorte dos seus comportamentos.
Bom será que esses gestos demonstrem equilíbrio, bom senso, harmonia, para que alcancem a felicidade após serem vistos e observados por incontáveis criaturas.
Redação do Momento Espírita, com base em
texto de autor desconhecido e no cap. 16, do livro
 
Para uso diário, pelo Espírito Joanes, psicografia 
de José Raul Teixeira, ed. Fráter.
Em 14.5.2015.

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...