segunda-feira, 23 de março de 2020

Das Sombras à Luz

Relata o Evangelista Mateus que, subindo a um monte, falou Jesus:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados os aflitos, porque eles serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.
*   *   *
Jesus resumiu nas bem-aventuranças o processo de ascensão do Espírito.
Falando aos pobres de espírito, Jesus nos convida a nos conhecermos para além da matéria em que ora vivemos.
Dessa forma, nos tornarmos partícipes da construção de nós mesmos, da nossa felicidade, do nosso céu interior.
Reconhecendo-nos imortais, compreendemos o sofrimento. Não se trata de castigo ou punição divina, mas de precioso remédio que, mesmo amargo, traz a cura às mazelas morais que nos são próprias.
Por isso, o conforto: os que choram e sofrem serão consolados.
Assimilando os objetivos da felicidade e do sofrimento, compreendemos que o Universo é regido por leis infinitamente justas.
Isso nos possibilita a mansuetude, herdamos a Terra, sintonizamos com a Criação.
Mansos, nos deparamos com as aparentes injustiças do mundo. Nelas, porém, identificamos a justiça de Deus.
Aquilo que, à primeira vista, nos parece tão injusto é, na realidade, imensurável oportunidade de reajuste diante das imutáveis leis divinas.
Percebemos então, naturalmente, que a justiça divina é absoluta. Também infinitamente misericordiosa.
Constatamos que nossos méritos são diminutos diante da bondade celeste que a todos nos acolhe e ampara.
Em nome dessa misericórdia, em mais um passo seguro assinalado por Jesus em Suas bem-aventuranças, marchamos em direção a Deus.
Assim, identificamo-nos, profundamente, com o Criador. Tornamo-nos puros de coração, capazes de compreender a essência do Senhor da Vida: como Espíritos, veremos a face de Deus.
Da simplicidade e ignorância, chegamos à perfeição. Nessa relação íntima e profunda com Deus, nos tornamos fonte de amor, fonte de paz.
Podemos ser chamados filhos de Deus pois somos semelhantes a Ele. Exatamente como Jesus que asseverou: Eu e o pai somos um.
*   *   *
O progresso é inevitável. Trata-se de lei divina.
Pouco a pouco, ora nos adiantando, ora estacionando, a verdade é que todos partimos das sombras em direção à luz.
Sombras do egoísmo, da falta de caridade, de paciência, de empatia, de benevolência. Sombras que, por hora, permeiam a existência de todos nós.
Todavia, Jesus deixou nítidas pegadas para nossa caminhada. Segui-las é rota segura para nos iluminarmos e do breu chegarmos às radiantes luzes da angelitude.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, com base no
Evangelho de Mateus, cap. 5, vers. 3 a 11.
Em 23.3.2020

domingo, 15 de março de 2020

Tua Lâmpada

Tua fé viva! – tua lâmpada.

Zelarás por tua lâmpada para que as perturbações do caminho não te mergulhem nas trevas.

O serviço é a chama que lhe define a vida, a compaixão é o óleo que a sustenta.

Clareia a estrada para os que se acolhem na sombra e segue adiante!... Vê-los-ás tresmalhados no grande tumulto...Entre eles, encontramos os que se julgam em liberdade, quando não passam de cativos da ignorância e do ódio; os que deliram na ambição desregrada, pisando o cairel de pavorosas desilusões, os que estadeiam soberbia nas eminências do mundo, admitindo-se encouraçados de poder, sem perceberem o abismo que os espreita; os que fizeram da vida culto incessante a todos os excessos e para quem a morte breve surgirá por freio de contenção... E com eles se agitam aqueles outros que desprezaram as vantagens do sofrimento, transformando o benefício da dor em cárcere de revolta; os que descreram do trabalho e se enredaram no crime; os que desertaram da consciência atirando-se ao fogo do remorso e os que perderam a fé, incapazes de sentir a benção de Deus que lhes brilha no coração!...

Unge de amor o pensamento transviado de todos os que se demoram na retaguarda, enlouquecidos por sinistros enganos e derrama o bálsamo do conforto nas feridas abertas de quantos se afligem na estrada, sob a névoa do desespero!...

Para isso, não conte dificuldades, nem relaciones angústias. Auxilia e ama sempre.

Se garras de incompreensão ou de injúria te assaltaram na marcha, entrega os tesouros que carregas abençoando as mãos que te firam ou te despojem, mas alça a tua flama de confiança e caminha.

Cada golpe desferido na alma é renovação que aparece, cada espinho que se nos enterra na carne do sonho é flor de verdade a enriquecer-nos o futuro, cada lágrima, vertida nos alimpa a visão!... Tua fé viva! – tua lâmpada!...

Faze-a fulgir, acima de tuas próprias fraquezas, para que um dia, possas transfigura-la em estrela de eterna alegria, nos cimos da Grande Luz. 



pelo Espírito Emmanuel - Do livro: Cartas do Coração, Médium: Francisco Cândido Xavier

terça-feira, 10 de março de 2020

Viver

Por vezes, não nos lembramos de como é bom viver. Talvez porque nos esqueçamos de usufruir a vida em totalidade.
Quase sempre, a ansiedade é nossa companheira. E é ela que nos impede de viver em plenitude.
Quando nos deixamos envolver pela ansiedade, estamos em um lugar fisicamente, mas a mente se encontra em outro ou, então, horas à frente.
É bastante comum nos encontrarmos em uma festa e cogitarmos do cansaço que sentiremos no dia seguinte, do inconveniente de termos que levantar cedo, de retomar a rotina.
Descambamos para queixumes e lamentações. Esquecemos de viver aquele momento de alegria, de encontro com os amigos, de risos, de descontração.
Consequentemente, a festa não nos beneficiará, ao contrário, será sinônimo de cansaço e indisposição.
E que dizer quando reclamamos das crianças em casa? Reclamamos do barulho, da correria. Enfim, elas requerem tanta atenção, tantos quefazeres.
E deixamos de usufruir dessa extraordinária possibilidade de observá-las, de rir com elas, rir do que fazem e como fazem.
Permitimo-nos perder a chance de ter algumas horas de puro prazer, correndo, rindo, rolando na grama, chutando bola. E também abraçando, estreitando forte, beijando.
Já nos demos conta de quão maravilhoso é o colar de dois braços miudinhos nos envolvendo o pescoço? Nenhuma joia, por mais valiosa, supera essa preciosidade.
Porque abraço de criança é tudo de bom: é espontâneo, é forte, é macio.
E, no final do passeio, ou na hora de dormir, como é doce sentir aquele calor do corpo de uma criança em nossos braços, perceber-lhe o ritmo da respiração, sentir o pulsar do seu coração junto ao nosso.
Isso se chama viver. Isso se chama sorver a vida em abundância.
Viver é, também, permitir-se despentear pelo vento, com suas mãos rebeldes e despreocupadas.
É sentir o sol percorrendo-nos o corpo e estendendo cores por toda a natureza, beijando a superfície das águas, fazendo-as brilhar como líquidos cristais.
Viver é sentar-se à mesa com a família, com os amigos e comer devagar, buscando identificar o sabor de cada alimento. E se deixar ficar ali, conversando, falando dos tantos nada que fazem a felicidade de cada dia.
É dar um passeio de mãos dadas, deixando a brisa sussurrar segredos entre ambos. Recados ouvidos de Deus, segredos somente conhecidos por quem ama.
Viver é deter-se para assistir a um pôr do sol, observando as pinceladas divinas que se sucedem, em promessa de um dia esplendoroso, após a noite de veludo e estrelas que se aproxima.
Viver é ter a certeza de que, após os dias de invernia, chuva e frio, suceder-se-ão as horas floridas da primavera risonha.
E que, após os dias de intenso calor, a natureza começará a se despir de folhas e flores, preparando-se para se engalanar de geada, brumas e garoa.
Viver cada minuto, cada emoção, sem ansiedade, como único e inigualável.
Assim, a vida se torna maravilhosa. Cada dia, uma experiência inédita porque, sendo Criação Divina, não existem reprises nas horas, nem nos minutos.
Pensemos nisso e, enquanto ainda nos encontramos no panorama terrestre, bebamos do cálice da vida, gota a gota, deliciando-nos com o seu sabor.
E se horas amargas se apresentarem, recordemos que como as estações, também os quadros de dores e dificuldades se sucedem, substituídos por outros de alegrias, risos e cores.
Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita v. 26, ed. FEP.
Em 9.3.2020.

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...