domingo, 30 de junho de 2019

À Procura de DEUS

Uma velha narrativa indígena fala de um homem que, certo dia, sentiu uma grande necessidade de Deus.
Então, dentro de sua alma, sussurrou: Deus, fale comigo. Preciso imensamente ouvir Sua voz.
No mesmo instante, no galho próximo, o canto de um rouxinol encheu a natureza.
O homem não se apercebeu da beleza do canto, nem da mensagem que vinha na musicalidade e repetiu: Deus, fale comigo!
Nesse instante, a natureza modificou sua feição e um trovão ecoou nos céus.
Ainda assim, o homem foi incapaz de ouvir.
Olhou em volta e disse: Deus, deixe-me vê-lO.
E uma estrela brilhou no céu. Logo mais, milhões de pequenas lanternas brilharam por todo o manto da noite. A lua se desfez em luz de prata e se espelhou nas águas do lago.
Mas o homem não notou. Agora, quase desesperado, começou a falar mais alto: Deus, mostre-me um milagre.
E uma criança nasceu. Contudo, o homem não sentiu o pulsar da vida no novo ser que surgia, esperançoso.
O homem começou a chorar e disse: Deus, sinto-me tão só. Toque-me e deixe-me sentir que Você está aqui comigo...
E uma borboleta pousou suavemente em seu ombro, abrindo e fechando as asas multicoloridas.
O homem levantou o ombro e a espantou.
*   *   *
O estudo da natureza nos mostra, em todos os lugares, a ação de uma vontade oculta.
Por toda parte, a matéria obedece a uma força que a domina, organiza e dirige.
O espetáculo da natureza, o aspecto dos céus, das montanhas, dos mares, apresentam ao nosso Espírito a ideia de uma Inteligência oculta no Universo.
Em cada um de nós existem fontes de onde podem brotar ondas de vida e de amor, virtudes, potências inumeráveis.
É aí, nesse santuário íntimo, que se pode procurar Deus. Deus está em nós. As almas refletem Deus como as gotas do orvalho da manhã refletem os raios do sol, cada um deles segundo o seu próprio brilho e grau de pureza.
É dentro de si mesmos que todos os homens de gênio, os grandes missionários e os profetas, conheceram Deus e Suas leis e as revelaram aos povos da Terra.
*   *   *
É consolador poder caminhar na vida com a fronte levantada para os céus, sabendo que, mesmo nas tempestades, no meio das mais cruéis provas, no fundo dos cárceres, como à beira dos abismos, uma Providência, uma Lei Divina, paira sobre nós.
Um Pai que observa os nossos atos e que, de nossas lutas, de nossas lágrimas, faz sair a nossa própria glória e a nossa felicidade.
Redação do Momento Espírita, com base em
Prece indígena, de autoria ignorada e no cap. IX, pt. 2,
do livro
Depois da morte, de Léon Denis, ed. FEB.
Em 26.6.2019.

terça-feira, 25 de junho de 2019

Limites da Encarnação

I – Limites da Encarnação

                                                                     SÃO LUIS                                                                                                  Paris, 1859
                24Quais são os limites da encarnação?                           
    A encarnação não tem, propriamente falando, limites nitidamente traçados, se por isto se entende o envoltório que constitui o corpo do Espírito, pois a materialidade desse envoltório diminui à medida que o Espírito se purifica. Em certos mundos, mais avançados que a Terra, ele já se apresenta menos compacto, menos pesado e menos grosseiro, e consequentemente menos sujeito a vicissitudes. Num grau mais elevado, desmaterializa-se e acaba por se confundir com o períspirito. De acordo com o mundo a que o Espírito é chamado a viver, ele se reveste do envoltório apropriado à natureza desse mundo.
                O períspirito mesmo sofre transformações sucessivas. Eteriza-se mais e mais, até a purificação completa, que constitui a natureza dos Espíritos puros. Se mundos especiais estão destinados, como estações, aos Espíritos mais avançados, estes não ficam sujeitos a eles, como nos mundos inferiores: o estado de libertação que já atingiram permite-lhes viajar para toda parte, onde quer que sejam chamados pelas missões que lhes foram confiadas.
                Se considerarmos a encarnação do ponto de vista material, tal como a vemos na Terra, podemos dizer que ela se limita aos mundos inferiores. Depende do Espírito, portanto, libertar-se mais ou menos rapidamente da encarnação, trabalhando pela sua purificação.
                Temos ainda a considerar que, no estado de erraticidade, ou seja, no intervalo das existências corporais, a situação do Espírito está em relação com a natureza do mundo a que o liga o seu grau de adiantamento. Assim, na erraticidade, ele é mais ou menos feliz, livre e esclarecido, segundo for mais ou menos desmaterializado.
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Por ALLAN KARDEC

Autoeducação

Não há, basicamente, em nenhum nível, uma outra educação que não seja a autoeducação.
Toda educação é autoeducação e nós, como professores e educadores, somos, em realidade, apenas o entorno da criança educando-se a si própria.
Devemos criar o mais propício ambiente para que a criança eduque-se junto a nós, da maneira como ela precisa educar-se por meio de seu destino interior.
*   *   *
A lição trazida por Rudolph Steiner, importante educador, filósofo e artista, criador da Pedagogia Waldorf, exige nossa atenção e estudo aprofundados.
O processo da educação não ocorre de fora para dentro e nem de uma única via. Todos nós nos autoeducamos juntos.
Assim, tanto a função dos pais, os primeiros educadores, como a dos professores, da escola, é proporcionar esse entorno rico, propício para que a criança se autoeduque.
Outro grande educador, Johann Heinrich Pestalozzi, acreditava que a escola deveria ser a extensão do lar, propiciando um ambiente familiar para oferecer uma atmosfera de segurança e afeto.
Ao contrário de muitos dos seus contemporâneos, o pensador suíço não concordava totalmente com o elogio da razão humana. Para ele, só o amor tinha força salvadora, capaz de levar o homem à plena realização moral.
Aí estaria então o ambiente propício para que a criança pudesse se educar junto ao educador.
Por fim, Allan Kardec, aluno de Pestalozzi, trará no âmago da obra espírita esse mesmo viés de pensamento.
Segundo ele, a educação que apresenta a chave do progresso moral não é a do intelecto e nem mesmo a educação moral pelos livros, mas aquela que consiste na arte de manejar os caracteres.
E caracteres, qualidades, tendências, não se manejam de fora para dentro. Ninguém deixa de ser orgulhoso, vaidoso porque leu em livros ou porque foi forçado por educadores.
Aliás, essa forma tradicional de lidar com as imperfeições da alma, escondendo-as ou mascarando-as, traz maiores problemas naqueles que desejamos modificar as más tendências ou os vícios.
Verdadeiramente, somente mudamos quando nos autodescobrimos. O autodescobrimento ou autoconhecimento é que propicia a autoeducação.
Dessa forma, educandos e educadores devemos mergulhar nesse processo rico de descoberta interior, um auxiliando o outro. Obviamente, o mais preparado, com maior experiência nas coisas da vida, terá condições de orientar o processo, de provocar a reflexão e proporcionar experimentações, vivências, que façam com que a autoeducação aconteça.
*   *   *
Que se faça pela moral tanto quanto se faz pela inteligência e se verá que, se existem naturezas que se recusam a aceitá-las, há, mais do que se pensa, as que exigem apenas uma boa cultura para produzir bons frutos.
Eis o papel do educador: a boa cultura, o solo fértil, o entorno saudável para que a nova planta possa se desenvolver ou se autodesenvolver.
Redação do Momento Espírita, com base em obra de
Rudolph Steiner:
GA 306, palestra de 20.4.1923, tradução de VWS
e na questão 917 de
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 21.6.2019

INUSTO "PASSAR EM BRANCO"




No último dia 03 de abril de 2019 completou-se seu centenário de nascimento. E ninguém falou nada, pelo menos eu não vi.... Sim, o compositor João Cabete, de expressivo e inspirado acervo musical, nasceu em 03 de abril de 1919 na cidade de São Paulo, capital.

Injusto esquecer seu legado musical, não homenageá-lo em gratidão pelo inspirado acervo musical que deixou, acalentando almas com o vigor da esperança e da harmonia.

Permito-me transcrever parcialmente trechos da rica biografia constante no site da UEM. Aliás, sugiro ao leitor pesquisar a íntegra da biografia, pela riqueza de detalhes e pela impossibilidade de aqui transcrever. Acesse o portal www.uemmg.org.br e pesquise biografias pelo nome João Cabete.

“(...) Apesar dos momentos difíceis, principalmente por ter perdido o pai aos oito anos de idade, a veia musical sempre esteve presente. Desde criança, acompanhado de seu inseparável violão, já fazia apresentações em movimentos promovidos pelas rádios da comunidade portuguesa. (...).

(...) sua verdadeira fonte de inspiração sempre foi a natureza e Deus em Sua grandeza. A maioria de suas composições foi feita ao pé do piano, instrumento para o qual nunca estudou, mas que tocava muito bem. (...)

Em 26 de agosto de 1987, na cidade de Cruzeiro (SP), João Cabete desencarnou, aos 68 anos, vítima de insuficiência cardíaca. Um grande nome da música espírita partiu para o Plano Espiritual, mas as notícias continuaram a chegar por meio de mensagens psicografadas, principalmente por Glória Caribe, uma grande amiga da família.

LEGADO MUSICAL
João Cabete foi um destes tantos lutadores e divulgadores da música espírita. Ele não chegou a gravar um LP ou CD, mas tinha um amor muito grande pelo Coral Scheilla, do Grupo de Fraternidade Espírita Irmã Scheila (Gfeis), de Belo Horizonte (MG), e também pelo Coral de Juiz de Fora (MG) - tanto que suas músicas foram gravadas e interpretadas por diversos cantores, grupos e corais espíritas.

Cabete escreveu mais de 200 composições, interpretadas até hoje por vários grupos e corais espalhados pelo Brasil. Entre as mais conhecidas, estão músicas como “Alma das Andorinhas”, “Além das Grandes Estrelas” e “Fim dos Tempos”.(...)”

Não poderia deixar de registrar, embora já com atraso de 2 meses, essa importante efeméride da história no Espiritismo no Brasil, seja pelo legado musical, seja pela sensibilidade e trabalho do conhecido compositor e tarefeiro espírita. Para situar o leitor da qualidade do vulto aqui homenageado, recordo a sensibilidade da belíssima composição Gratidão a Deus, de sua composição, cantada por muitos corais e vozes pessoais.



Por Orson Carrara.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

A Questão do Tempo

O vestibulando chega correndo ao local da prova, mas o portão se fecha à sua frente. Ele senta e desaba.
Tanto esforço. Tanta preparação. Tanto estudo. Tudo perdido por um atraso mínimo de segundos.
O pedestre observa o sinal vermelho, mas decide atravessar correndo porque está atrasado para um compromisso.
Freada brusca. Susto. Talvez ferimentos graves. Tudo por questão de um segundo de precipitação.
O funcionário chega correndo, esbaforido, bate o cartão e vai para seu local de trabalho.
Ali, precisa de alguns minutos para se recompor. Subiu as escadas correndo porque os elevadores estavam lotados e ele não desejava se atrasar, a fim de não ter descontados valores, ao final do mês, em seu salário.
Desculpas se sucedem a desculpas. Não deu tempo. Não foi possível chegar. Perdi o ônibus. O trânsito estava terrível na hora em que saí.
Tempo é nossa oportunidade de realização, que devemos aproveitar com empenho.
A nossa incapacidade de planejar o uso do tempo provoca a desarmonia e toda a série de contratempos.
O tempo pode ser comparado a uma moeda. Se tomarmos de uma porção de ouro e cunharmos uma moeda, poderemos lhe dar o valor de um real.
Este será o valor inscrito. Mas o valor verdadeiro será muito maior, representado pela quantidade do precioso metal que utilizamos.
As moedas do tempo têm uma cunhagem geral, que é igual para todos: um segundo, um mês, um ano, um século.
No entanto, o valor real dependerá do material com que cunhamos o nosso tempo, isto é, o que fazemos dele.
Para um correto aproveitamento desse tesouro, que é o tempo, é preciso disciplina.
Para evitar correria, levantemos um pouco mais cedo. Preparemo-nos de forma rápida, sem tanta enrolação.
Deixemos, desde a véspera, o que necessitaremos para sair, mais ou menos à mão, evitando desperdícios de minutos à procura disso ou daquilo.
Se sabemos que o trânsito, em determinados horários, está mais congestionado, disciplinemo-nos e nos programemos para sair um pouco antes, com folga.
Esses pequenos cuidados impedirão que percamos compromissos importantes, que tenhamos de ficar sempre criando desculpas para justificar os nossos atrasos, que tenhamos taquicardia por ansiedade ao ver o relógio dos segundos correr célere, demarcando os minutos e as horas.
*   *   *
Na órbita das nossas vidas, não joguemos fora os tempinhos tantas vezes desprezados.
Aproveitemos para escrever um ligeiro bilhete de carinho a alguém que esteja enfrentando momentos graves.
Telefonemos a um familiar ou amigo que não vejamos há muito tempo.
Cuidemos de um vaso de planta. Desenvolvamos ideias felizes para fazer o bem a alguma pessoa que saibamos necessitada.
Valorizemos os minutos para descobrir motivos gloriosos de viver, para aprender a amar a vida e iluminar o nosso caminho.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 3, do livro
Vereda familiar, pelo Espírito Thereza de Brito, psicografia de
Raul Teixeira, ed. Fráter e no cap.
O grande tesouro,
do livro Uma razão para viver, de Richard Simonetti,
ed. Gráfica São João.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 2, ed. FEP.
Em 19.6.2019

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Rosas Vermelhas

Era dia dos namorados...
Rose olhava melancólica para o vaso em que costumava colocar as rosas vermelhas que chegavam, todos os anos, naquela data especial.
Rosas vermelhas eram as suas favoritas e todo ano seu marido as enviava, atadas como lindos enfeites.
Rose foi retirada de seus pensamentos pelo som da campainha. Atendeu a porta e lá estava o buquê de rosas vermelhas.
Com os olhos marejados de lágrimas ela leu o cartão que dizia, como nos anos anteriores: Seja minha namorada.
Cada ano ele enviava rosas e o cartão sempre dizia: Eu te amo mais este ano do que no ano passado. Meu amor por você sempre aumentará com o passar dos anos.
Ela sabia que aquela seria a última vez que as rosas apareceriam, pois seu marido havia morrido há quase um ano.
Rose pensava: Ele encomendou as rosas adiantado.
Seu amado marido não sabia que não estaria mais ali naquele dia...
Ele sempre gostou de preparar as coisas com antecedência, pois se estivesse muito ocupado tudo funcionaria perfeitamente.
Ela ajeitou as flores e as colocou no vaso de cristal.  Depois, colocou o vaso ao lado da foto sorridente do esposo querido.
Sentou-se, por horas, na cadeira favorita dele, enquanto olhava para sua fotografia e admirava as rosas.
*   *   *
Mais um ano transcorreu. Tinha sido difícil viver sem seu companheiro.
Era dia dos namorados outra vez e então, na mesma hora de sempre, como no dia dos namorados anteriores a campainha tocou.
E ali estavam as rosas, nas mãos do mensageiro, esperando para lhe serem entregues.
Rose as recebeu e as olhou chocada. Então, foi ao telefone e ligou para a floricultura. O dono atendeu e ela perguntou se poderia explicar por que alguém faria isso com ela, causando tanta dor.
Eu sei que seu marido faleceu há mais de um ano, disse o dono. Eu sabia que a senhora ligaria para saber.
Pois bem, as flores que recebeu hoje, foram encomendadas por ele. Seu marido sempre planejou adiante, não deixava nada imprevisto.
Existe um pedido que eu tenho arquivado e que ele pagou adiantado. A senhora vai receber as rosas vermelhas todos os anos, até que a sua porta não mais atenda. Essa foi a recomendação que ele me deixou.
Rose sentiu-se reanimada. Agora olhava as flores e pensava nos muitos momentos felizes que passara com aquele homem singular, que não deixara de ser gentil e carinhoso, mesmo depois de não estar mais fisicamente ao seu lado.
*   *   *
Se o céu dos nossos sorrisos está com as estrelas da alegria apagadas pela saudade daqueles que se foram, ofereçamos a eles as rosas da gratidão pelos momentos felizes que tivemos juntos.
Não deixemos que as lágrimas nos impeçam de ver as estrelas da esperança de um novo encontro, num amanhã feliz que não tarda a chegar.
Conservemos a certeza de que o amor é eterno tanto quanto a vida, e jamais se perde.
Lembremos que Jesus foi o grande propagador da Imortalidade. Ele atravessou o túmulo e voltou, exuberante, oferecendo-nos a prova de que a vida é indestrutível, tanto quanto o amor.

Redação do Momento Espírita, com base
em história de autoria desconhecida.
Em 12.6.2019.

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...