domingo, 31 de março de 2019

Ajude Sempre

Ajude Sempre
Diante da noite, não acuse as trevas. Aprenda a
fazer lume.

Em vão condenará você o pântano. Ajude-o a
purificar-se.

No caminho pedregoso, não atire calhaus nos
outros. Transforme os calhaus em obras úteis.

Não amaldiçoe o vozerio alheio. Ensine alguma
lição proveitosa, com o silêncio.

Não adote a incerteza, perante as situações
difíceis. Enfrente-as com a consciência limpa.

Debalde censurará você o espinheiro. Remova-o
com bondade.

Não critique o terreno sáfaro. Ao invés disso, dê-
lhe adubo.

Não pronuncie más palavras contra o deserto.
Auxilie a cavar um poço sob a areia escaldante.

Não é vantagem desaprovar onde todos
desaprovaram. Ampare o seu irmão com a boa
palavra.

É sempre fácil observar o mal e identificá-lo.
Entretanto, o que o Cristo espera de nós outros é
a descoberta e o cultivo do bem para que o
Divino Amor seja glorificado.


Autor: André Luiz
Psicografia de Francisco Cândido Xavier

sábado, 30 de março de 2019

Neuroses

Neuroses
Os expressivos, alarmantes índices da neurose na Terra funcionam como um veemente apelo ao nosso discernimento, ao exame das causas e suas consequências, com maior vigor do que até o momento tem merecido de cada um de nós.

Relegada aos gabinetes especializados e a homens, tecnicamente armados pelo sacerdócio da Medicina, a neurose vem colhendo, nas malhas da sua rede infeliz, surpreendentemente número de vítimas, ora avassalando o mundo civilizado e ameaçando a estabilidade da razão.

Sociólogos conjeturam; psicólogos interrogam; teólogos meditam; psiquiatras, psicanalistas tentam penetrar-lhe as causas, e, não obstante a metodologia de que se servem para a segura diagnose e o eficaz tratamento, a onda neurótica, vencendo incautos e avisados cada vez mais se apresenta referta, avassalante e dominadora.

Isto porque, no problema da neurose em suas raízes profundas, se há que considerar, de imediato, o neurótico em si mesmo, não apenas, no aspecto de réprobo, antes como ser vital no concerto da comunidade em que se movimenta.

Com etiologia complexa e profunda, essa enfermidade apiréptica vem merecendo cuidadosos estudos e debates, a fim de se localizarem os fatores que produzem as perturbações do sistema nervoso, em considerando-se a falta de lesões anatômicas mais graves.

Não obstante as divergências acadêmicas, Freud classificou-as em: verdadeiras, em que há desequilíbrios fisiológicos ao lado de perturbações meramente psicológicas, apesar de transitórias, e psiconeuroses, que são determinadas pelas “fixações da infância” em regressões inconscientes. No primeiro grupo estão situadas as neuroses de ansiedade, a neurastenia, a hipocondria e as de ascendência traumática... Na segunda classe aparecem as de ordem histérica ansiosa, conversiva, os perturbantes estados obsessivos e convulsivos.

Em tal complexidade, surgem as neuroses mistas com mais grave quadro de manifestação.

Influenciando os fenômenos somáticos, expressam-se, não raro, com sintomatologia estranha que desvia a atenção do médico e do paciente, graças à força das síndromes que, para o último, assumem um caráter real, por serem as “dores neuróticas” semelhantes às de às de ordem física. Surgem medos, paralisias, movimentos desconexos, distúrbios múltiplos...

Alguns estudiosos da questão reportam-se, também, taxativos, aos fatores genéticos predisponentes; outros se apoiam nos impositivos da sociedade, com as suas altas cargas de tensão; alguns advertem sobre o tecnicismo desesperador; fala-se do resultado das poluições de vária ordem, todavia, a quase totalidade se esquece da problemática espiritual do alienado pela neurose.

O neurótico é, antes, um espírito calceta, em inadiável processo purificador. Reencarnado para ressarcir ou recambiado à reencarnação por necessidade premente de esquecer delitos e logo repará-los.
A sua psicosfera impõe, nos implementos orgânicos, distonias e desarmonias que se refletirão mais tarde em forma de alienação, como decorrência do seu estado interior, como 
desajustado.

É óbvio que o comportamento social, as frustrações infantis, as inseguranças da personalidade, as injunções de tempo e de lugar, os fatores familiares e de habitat, as constrições de ordem moral e econômica engendram, evidentemente, as desarticulações neuróticas, porque conseguem limitar as aspirações do espírito fraco, que não se consegue sobrepor a essas conjunturas, para os cometimentos normais.

Ainda, nesse capítulo, se deve considerar que a neurose é um campo amplo e variado, tendo-se em vista a consciência do problema pelo paciente e a sua falta de forças para a superação.

A par desses fatores ocorrem outros na esfera psicológica, quais os denominados “parasitose espiritual”, que se transformando em calamitoso processo obsessivo de longo curso, em face de a vítima do passado converter-se em cobrador do presente, como consequência dos delitos perpetrados pelo delinquente, não são regularizados ante as soberanas Leis da Vida.

Não se exteriorizam as síndromes da neurose no caso em tela, de início, senão quando ocorre a dominação obsessiva do hospedeiro sobre sua vítima.

Indispensável que o olhar vigilante dos religiosos se volte para aqueles que padecem os primeiros sinais de distonia, norteando-os ao cultivo das disciplinas austeras e das virtudes cristãs, com que se armarão para uma libertação eficiente e real, terapêutica de resultado auspicioso para o reajustamento do espírito na vida orgânica e sua consequente experiência psíquica, diante do processo de auto reparação dos impositivos cármicos.

As técnicas da análise, a terapia medicamentosa conseguem, não raro, enquanto favorecem o equilíbrio por um lado, danificar os tecidos mais sutis da organização psicológica, produzindo distonias de outra natureza que se irão manifestar de forma desastrosa no futuro, caso esses processos não recebam a contribuição espiritualista relevante.

Por este motivo, faz-se mister que uma religião capaz de adentrar-se no âmago do ser, como ocorre com o Espiritismo, apresente recursos preventivos para a grande massa humana aturdida nestes dias. Entretanto, esses conceitos, verdadeiro compêndio de Higiene Mental, já foram lecionados por Jesus e estão exarados no “Sermão da Montanha”, ora ratificados pelos textos que Lhe recordam a existência entre nós, de que dão notícia os sobreviventes do túmulo e falam sobre a vida estuante do além.

O neurótico é alguém rebelado contra si mesmo, insatisfeito no inconsciente e contra os outros revoltado.

Instável faz-se agressivo; desajustado, permite-se sucumbir; atônito entrega-se ao desalinho psíquico; excitado, deixa-se desvairar pela violência. Disciplinado, porém, pela moral cristã, adquire recursos para o autocontrole que irá funcionar no seu aparelho nervoso com recursos que bloqueiam as reações do inconsciente, remanescentes das vidas passadas, impedindo que aquelas reações desorganizem as funções conscientes que arrojam no resvaladouro da neurose.

Respeito ao dever, culto ao trabalho, edificação pelo pensamento, exercício de ações nobilitantes produzem no homem salutar metodologia de vida, que o impedem tombar, que o levantam da queda, que o sustentam na caminhada.

Missão relevante está reservada ao Espiritismo: promover superior revolução social na Terra, modificando os conceitos ora vigentes sobre o homem - espírito eterno em viagem evolutiva -, fazendo ver que, no fundo de toda problemática que afeta a criatura, suas raízes estão no pretérito espiritual do próprio ser que volve ao ministério de reeducação, de ascensão, de dignidade pelo esforço pessoal que o credencia à paz, à plenitude.

Conscientizar, responsabilizar, iluminar a mente humana, eis como apresentar-se eficiente método para estancar a avassaladora onda da neurose atual, que, encontrando vazia de reservas morais a criatura humana, cada vez se torna pior, transformando a vida moderna em pandemônio e o homem, consequentemente, em servo do desequilíbrio dominador, desditoso.

Autor: Carneiro Campos
Psicografia de Divaldo Franco. Do livro: Sementes de Vida Eterna

O Homem No Mundo

IV – O Homem No Mundo

UM ESPÍRITO PROTETOR
Bordeaux, 1863
            10 – Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração daqueles que se reúnem sob o olhar do Senhor, implorando a assistência dos Bons Espíritos. Purificai, portanto, os vossos corações. Não deixeis que pensamentos fúteis ou mundanos os perturbem. Elevai o  vosso espírito para aqueles a quem chamais, a fim de que eles possam, encontrando em vós as disposições favoráveis, lançar em profusão as sementes que devem germinar os vossos corações, para neles produzir os frutos da caridade e da justiça.
            Não penseis, porém, que aos vos exortar incessantemente à prece e à evocação mental, queiramos levar-vos a viver uma vida mística, que vos mantenha fora das leis da sociedade em que estais condenados a viver. Não. Vivei com os homens do vosso tempo, como devem viver os homens; sacrificai-vos às necessidades, e até mesmo às frivolidades de cada dia, mas fazei-o com um sentimento de pureza que as possa santificar.
            Fostes chamados ao contato de espíritos de naturezas diversas, de caracteres antagônicos: não melindreis a nenhum daqueles com quem vos encontrardes. Estai sempre alegres e contentes, mas com a alegria de uma boa consciência e a ventura do herdeiro do céu, que conta os dias que o aproximam de sua herança.
            A virtude não consiste numa aparência severa e lúgubre, ou em repelir os prazeres que a condição humana permite. Basta referir todos os vossos atos ao Criador, que vos deu a vida. Basta, ao começar ou acabar uma tarefa, que eleveis o pensamento ao Criador, pedindo-lhe, num impulso da alma, a sua proteção para executá-la ou a sua benção para a obra acabada. Ao fazer qualquer coisa, voltai vosso pensamento à fonte suprema; nada façais sem que a lembrança de Deus venta purificar e santificar os vossos atos.
            A perfeição, como disse o Cristo, encontra-se inteiramente na prática da caridade sem limites, pois os deveres da caridade abrangem todas as posições sociais, desde a mais íntima até a mais elevada. O homem que vivesse isolado não teria como exercer a caridade. Somente no contato com os semelhantes, nas lutas mais penosas, ele encontra a ocasião de praticá-la. Aquele que se isola, portanto, priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de perfeição: só tendo de pensar em si, sua vida é a de um egoísta. (Ver cap. V. nº 26)
            Não imagineis, portanto, que para viver em constante comunicação conosco, para viver sob o olhar do Senhor, seja preciso entregar-se ao cilício e cobrir-se de cinzas. Não, não, ainda uma vez: não! Sede felizes no quadro das necessidades humanas, mas que na vossa felicidade não entre jamais um pensamento ou um ato que possa ofender a Deus, ou fazer que se vele a face dos que vos amam e vos dirigem.
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Por ALLAN KARDEC


Pai, que estáis no Céu

Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando tua porta, ora a teu pai que está em secreto; e teu pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.
Portanto, orarás assim: Pai nosso, que estais no céu...
*   *   *
A Torá, livro sagrado da fé judaica, nomeia Deus por meio de títulos como El shaddai, que significa Deus todo poderoso, ou Elohim, que indica o poder de Deus enquanto Criador.
Os Evangelistas relatam que, na época do Cristo, escribas e fariseus referiam-se a Deus de forma muito cerimoniosa, utilizando-se de palavras como Senhor ou Eterno.
Jesus, entretanto, foi o primeiro a referir-se a Deus como Abba, palavra utilizada de modo informal pelos judeus a fim de se dirigirem a seus próprios pais de maneira carinhosa.
Ao chamar Deus de Pai, o mestre instituiu uma importante mudança teológica, apresentando-nos a um Pai celestial do qual todos somos filhos.
Porém, o que significa chamarmos Deus de Pai?
*    *   *
Antes do sol raiar, Yu Xukang desperta seu filho, Xiao, que é deficiente físico e não pode caminhar.
Por morarem em uma cidade rural no sudoeste chinês, não há ônibus escolar e nem transporte público adequado às necessidades especiais do menino de nove anos.
Dessa forma, Yu caminha pouco mais de trinta quilômetros diariamente com o filho amarrado às costas, a fim de levá-lo à escola.
O pai se recusa a desistir, mesmo que suas costas estejam doloridas e já tenham se tornado curvadas por conta do esforço diário.
Eu sinto imenso orgulho do meu filho. Ele é um dos melhores alunos da classe e não irei desistir, afirma o pai, que sonha ver o filho entrando para a universidade.
*    *   *
Chamar Deus de Pai revela a grande intimidade e a profunda relação de amor que há entre Criador e criatura.
Chamando-o de Pai, estendemos uma forte ligação de confiança com Ele, tal qual uma criança que, dirigindo-se ao seu genitor, confia, sente-se amada, amparada, segura.
Ao chamá-lo de Pai, transbordamo-nos de Sua misericórdia, que a todos nos perdoa. Também nos deparamos com Sua perfeita pedagogia, que nos ensina com infinita justiça.
Justiça que não nos abandona em nossas faltas, mas, antes, permite repararmos o mal que cometemos, os corações que magoamos, o auxílio que não distendemos, o perdão que não oferecemos.
Ao invocarmos o Pai celestial, a Ele confiamos todas as nossas tribulações: das mais triviais e cotidianas, como o alimento, a saúde, o trabalho, até as mais elevadas, como a reforma íntima, a evolução pessoal, o progresso daqueles que marchamos em direção à angelitude.
E Deus, Pai verdadeiro que é, em tudo nos atende: para nossas mazelas morais, nos oferece a oportunidade de progresso; para nossas lágrimas, permite brote o sorriso e em nossas angústias, Ele nos revela a paz.
Silenciemos e o escutemos, fechemos os olhos e O sintamos: Pai que conhece a todos os homens e a cada um de nós em particular.
Pai que conduz nossos passos, Pai que nos ama infinitamente, conforta-nos, dá-nos esperança e nos aguarda de braços abertos.
Pai nosso, que estais no céu...
Redação do Momento Espírita, com citação do cap. 6,
 versículo 5, do Evangelho de Mateus e com base em
 dados biográficos de Yu Xukang.
Em 26.3.2019.

terça-feira, 19 de março de 2019

Vencendo o Bom Combate

De origem latina, o substantivo objetivo significa finalidade que se deseja atingir, meta que se pretende alcançar. Relaciona-se àquilo que aspiramos e que tornamos objeto de nossos anseios.
*    *   *
De família pobre, desde muito jovem, Valdir de Lima trabalhou arduamente em diversas funções para o sustento de sua família. Por conta disso, não teve condições de estudar formalmente.
Até os sessenta e cinco anos de idade, manteve-se analfabeto.
Por incentivo de sua esposa e de seus filhos, aos poucos, foi ganhando intimidade com o abecedário.
Dedicado, decidiu ir mais além. Matriculou-se num curso para jovens e adultos. Com êxito, concluiu o Ensino Médio.
Apaixonou-se por História. Encantava-se com os fatos que revolucionaram o mundo e com os feitos marcantes de personagens de séculos passados.
Assim, dispôs-se a prestar vestibular. Em breve, veio o resultado: fora aprovado para o Curso de História.
Nessa ocasião, porém, sua mulher viu-se diante de uma grave enfermidade: necessitou retirar um rim e, por conta disso, tornou-se bastante debilitada.
Por oito anos, seu Valdir dividiu seu tempo entre a sala de aula e o quarto de hospital onde ela se encontrava internada.
Após cinquenta e seis anos de harmoniosa convivência, sua maior incentivadora desencarnou.
Todavia, o esforçado idoso não se desmotivou. Mesmo em meio a lágrimas, manteve-se focado em seu objetivo.
Aos setenta e nove anos, sob aplausos dos familiares e dos colegas mais jovens, formou-se historiador.
A sua dedicação inspirou a instituição de Ensino Superior, na qual ele se graduou, a criar um curso de alfabetização e letramento para jovens, adultos e idosos carentes.
Além de aprender a ler e a escrever, os alunos também discutem acontecimentos sociais relevantes à realidade social na qual estão inseridos, desenvolvendo, assim, o tão necessário senso crítico.
*   *   *
Da grandeza de sua simplicidade, escreveu a poetisa Cora Coralina:
A vida tem duas faces: positiva e negativa.
O passado foi duro, mas deixou o seu legado.
Saber viver é a grande sabedoria.
Nasci em tempos rudes, aceitei contradições, lutas e pedras como lições de vida e delas me sirvo.
Aprendi a viver.
*    *   *
Por um instante, pensemos: quais são os nossos objetivos? O que estamos fazendo para os alcançar?
Ao longo de nossas experiências terrenas, muitos desafios se apresentam.
Sem dúvida, superarmos a nós mesmos é o maior deles. Trata-se de vencermos o bom combate, lutarmos contra as mazelas morais que ainda existem em nós, conforme nos recomendou o Apóstolo Paulo.
Em momento algum, podemos nos esquecer de eleger esse como o maior objetivo de nossas jornadas.
Substituirmos a violência pela paz, a busca por privilégios pelo trabalho edificante, a injustiça pela igualdade, as desavenças e mágoas vis pelo amor.
Enfim, substituirmos a busca pelos tesouros do mundo pelos tesouros do céu.
A força para tal empreitada reside dentro de cada um de nós. Se por algum instante duvidarmos, recordemos das palavras do Mestre Nazareno: Vós sois deuses.
Pensemos nisso! Tenhamos coragem! Esforcemo-nos!
Redação do Momento Espírita, com base na biografia
de Valdir de Lima e versos  do livro
Vintém de Cobre:
meias confissões de Aninha, de Cora Coralina,
ed. Global.
Em 19.3.2019

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...