domingo, 30 de setembro de 2018

Salvação dos Ricos

Salvação dos Ricos

1Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer um e amar ao outro, ou há de entregar-se a um e não fazer caso do outro; vós não podeis servir a Deus e às riquezas. (Lucas, XVI: 13).
            2 – E eis que, chegando-se a ele um, lhe disse: Bom Mestre, que obras boas devo eu fazer, para alcançar a vida eterna? Jesus lhe respondeu: Por que me chamas bom? Bom só Deus o é. Porém, se tu queres entrar na vida, guarda os mandamentos. Ele lhe perguntou: Quais? E Jesus lhe disse: Não cometerás homicídio; não adulterarás; não cometerás furto; não dirás falso testemunho; Honra a teu pai e a tua mãe, e ama o teu próximo como a ti mesmo. O mancebo lhe disse: Eu tenho guardado tudo isso desde a minha mocidade; que é que me falta ainda? Jesus lhe respondeu: Quer-se ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me. O mancebo, porém, como ouviu esta palavra, retirou-se triste; porque tinha muitos bens. E Jesus disse aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificultosamente entrará no Reino dos Céus. Ainda vos digo mais: que mais fácil é passar um camelo(1) pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no Reino dos Céus. (Mateus, XIX: 16-24 – Lucas, XVII: 18-25 – Marcos, X: 17-25).




(1) Esta figura audaciosa pode parecer um pouco forçada, porque lhe deram esta última acepção. É provável que no pensamento de Jesus estivesse a primeira, pois não se percebe a relação entre um camelo e uma agulha. É que, em hebreu, a mesma palavra se emprega para designar “cabo” e “camelo”. A tradução com a primeira acepção seria pelo menos mais natural.

O Evangelho Segundo o Espiritismo

por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires

O cuidado de Deus

Ele vivia muito bem com a esposa e filhos. Sorria-lhe a vida e se sentia realizado, profissionalmente.
Então, um câncer agressivo se manifestou e começou o seu calvário: cirurgias, tratamentos com quimio e radioterapia. Uma jornada de dores, anseios e sofrimento.
Também um tempo de aprendizado, desenvolvimento de autoconhecimento, paciência e humildade.
Ele sempre sentira um amparo muito forte da Espiritualidade, embora, em momentos mais recentes, lhe faltasse a devida harmonia interior para perceber verdadeiramente esse apoio espiritual.
Em convalescença da nona cirurgia, que lhe retirou um nódulo do pescoço, Fábio estava em casa sozinho. A esposa levara os filhos para brincar no parque, aproveitando o dia de sol e céu claro.
Ele sentiu vontade de tomar o tererê, uma bebida de origem paraguaia, espécie de mate com água gelada. Desde algumas semanas antes da cirurgia, ele tivera que dela se abster.
Dirigiu-se até a cozinha e começou o preparo. Foi aí que verificou que não tinha nenhum limão.
Paciência, disse para si mesmo.
Contudo, se permitiu ficar um pouco mais triste. Afinal, sem limão, o tererê  não teria o mesmo sabor.
Passaram-se alguns poucos minutos e ele ouviu duas batidas fracas na porta do apartamento.
Com cuidado, porque ainda estava com pontos, no local da cirurgia, foi atender.
Para sua surpresa, viu o filho de três anos de idade, da vizinha do mesmo andar.
Eu vim trazer este limão para você. - Disse o pequeno.
E, antes que Fábio pudesse entender o que estava acontecendo, a mãe do menino surgiu, pedindo desculpas pelo incômodo.
Não sei o que aconteceu, disse ela. Ele estava assistindo TV, de repente se levantou, pegou um limão na geladeira, abriu a porta do apartamento e saiu em disparada.
Fábio se agachou, pegou o limão, agradeceu, deu um abraço na criança.
Voltou para a cozinha e completou o preparo da sua bebida, com limão. As lágrimas começaram a escorrer dos seus olhos.
Ele estava tão penalizado de si mesmo, tão triste. Como se estivesse só no mundo, ante o quadro de uma longa convalescença.
Mas Deus lhe dera um recado. Estava de olho nele.  E se servira de uma criança para lhe dizer isso. Uma criança que viera trazer o que ele precisava para se sentir um pouquinho melhor.
*   *   *
Deus e a Espiritualidade, com certeza, não se encontram à nossa disposição para nos fazerem favores.
Nem para providenciarem itens de que necessitamos.
Mas todos os dias nos oferecem demonstração de cuidados para nos tranquilizar e nos mostrar que estão conosco.
Coisas pequenas, detalhes miúdos. Entretanto, é próprio da grandeza não esquecer coisas minúsculas, quase insignificantes mas que se fazem de muita importância para nossas vidas.
Conforme as exortações evangélicas, até os fios de cabelo da nossa cabeça estão contados e nenhum deles se perde sem que o Pai o saiba.
Nada nos ocorre sem a ciência divina. Sem a ciência desse Deus que veste a erva do campo, que não tece, nem fia;
Que providencia o alimento para as aves, que não semeiam, nem colhem, nem armazenam em celeiros.
Esse Pai amoroso e bom vela por cada um de nós, os Seus filhos, cada dia, todos os dias.
Não esqueçamos desse detalhe.
Redação do Momento Espírita, com base em
fato ocorrido com Dr. Fábio Renan Durand.
Em 25.9.2018

Nós pedimos para nascer?

Muitos, principalmente os jovens, no momento de rebeldia dizem:
- EU NÃO PEDI PARA NASCER.

Diz Richard Simonetti: "Ledo engano. No Plano Espiritual não só pedimos como, não raro, imploramos a casais em disponibilidade que nos deem a oportunidade de um retorno às experiências humanas, reconhecendo-as indispensáveis à nossa edificação e à solução de problemas cármicos."

Chico Xavier disse que quando psicografava o livro "NOSSO LAR", viu milhares de Espíritos que aguardavam, por longo tempo, a oportunidade de reencarnar e completou dizendo que deveríamos respeitar o corpo que o Senhor nos concede, porque não será fácil uma nova oportunidade.

No livro "Missionários da Luz", o Espírito André Luiz, conta através da psicografia de Chico Xavier, a história de um Espírito que se preparava para reencarnar, com a intenção de reparar o erro que cometeu como mãe na Terra. Quando encarnada, foi devotadíssima mãe e esposa, mas contrariava a influência do marido no lar e estragava os filhos com excessos de meiguice sem razão. Eram três rapazes e uma jovem, que caíram muito cedo em desregramentos, e cedo desencarnaram. Após desencarnar entraram em regiões baixas. Quando esta mãe desencarnou, percebeu que falhou na educação dos filhos, então, implorou para reencarnar junto deles novamente. Seu pedido levou mais de 30 anos para ser concedido.

Observemos que, além de pedirmos, não é tão fácil uma nova oportunidade. Por isso, aproveitemos bem a nossa encarnação.

Compilação de Rudymara
https://www.mensagemespirita.com.br/md/ad/nos-pedimos-para-nascer
Fonte: Grupo de Estudo "Allan Kardec"

Pensamento para todos os dias!

Para os dias bons, gratidão.
Para os dias difíceis, fé.
Para os dias de saudade, tempo.
Para todos os dias coragem.

Chico Xavier

Causas do Sono durante a reunião espírita

Quais as causas do sono de que muitos companheiros se queixam quando participam de uma reunião mediúnica? Como evitá-lo?

Raul Teixeira: - As causas podem ser várias. Desde o cansaço físico, quando o indivíduo que vem de atividades muito intensas e que, ao sentar-se, ao relaxar-se, naturalmente é tomado pelo torpor da sonolência.

Também, pode ser causado pela indiferença, pelo desligamento, quando alguém está num lugar, fisicamente, entretanto, pensando em outro, desejando não estar onde se acha. Compelido por uma circunstância qualquer, a pessoa se desloca mentalmente.

O sono pode, ainda, ser provocado por entidades espirituais que nos espreitam e que não têm nenhum interesse em nosso aprendizado para o nosso equilíbrio e crescimento.

Muitas vezes, os companheiros questionam. ‘Mas nós estamos no Centro Espírita, estamos num campo protegido e como o sono nos perturba?”

Temos que entender que tais entidades hipnotizadoras podem não penetrar o circuito de forças vibratórias da Instituição ficam do lado de fora. Mas, a pessoa que entrou no Centro, na reunião não sintonizou-se com o ambiente, continua vinculada aos que se conservam fora, e através dessa porta, desse plug aberto, ou dessa tomada, as entidades que ficaram lá de fora lançam seus tentáculos mentais, formando uma ponte. Então, estabelecida a ligação atuam na intimidade dos centros neuroniais desses incautos, que dormem, que se dizem desdobrar:

“Eu não estava dormindo... apenas desdobrei, eu ouvi tudo...

“Eles viram e ouviram tudo o que não fazia parte da reunião. Foram fazer a viagem com as entidades que os narcotizaram.

Deparamos aí com distúrbios graves, porque quando termina a reunião o indivíduo está fagueiro, ótimo e sem sono e vai assistir à televisão até altas horas, depois de se haver submetido aos fluidos enfermiços. Por isso recomendamos àqueles que estão cansados fisicamente, que façam um ligeiro repouso antes da reunião ainda que seja por poucos minutos, para que o organismo possa beneficiar-se do encontro, para que fiquem mais atentos durante o trabalho doutrinário, levantar-se, borrifar o rosto com água fria, colocar-se em uma posição discreta, sempre que possível ao fundo do salão, em pé, sem encostar-se, a fim de lutar contra o sono.

Apelar para a prece, porque sempre que estamos desejosos de participar do trabalho do bem, contamos com a eficiente colaboração dos Espíritos Bondosos. Faze a tua parte que o céu te ajudará.

Temos, então, o sono como esse terrível adversário de nossa participação, de nosso aprendizado, de nosso crescimento espiritual. Não permitamos que ele se apodere de nós. Lutemos o quanto conseguirmos, e deveremos conseguir sempre, para combatê-lo, para termos bons frutos no bom aprendizado.

Do livro: Diretrizes de Segurança (Divaldo Franco e Raul Teixeira)

Sejamos como Jesus

Certa vez, numa entrevista, Francisco Cândido Xavier foi questionado se o nome Jesus possui algum significado especial.
O médium mineiro, a fim de ilustrar a magnitude desse nome, relatou que, quando ainda morava em Pedro Leopoldo, tinha o costume de, semanalmente, unir-se a amigos, a fim de visitar pessoas, em especial as enfermas, e por elas orar.
Uma senhora, de nome Valéria, foi acometida de grave pneumonia. Assim, o grupo de amigos decidiu que iria todas as tardes orar junto dela.
Numa dessas ocasiões, Chico Xavier pediu: Minha irmã, diga o nome Jesus. Ela tentou, mas o mau desempenho respiratório não lhe dava fôlego suficiente para completar a palavra.
Em outra oportunidade, após a oração, novamente o médium solicitou: Diga o nome Jesus, minha irmã.
Valéria esforçou-se muito e, quase que num sussurro, sorriu e disse: Jesus.
Dias depois, Valéria desencarnou.
Alguns anos se passaram. Certa feita, Chico Xavier foi acometido de um infarto. Após os cuidados no hospital, foi enviado para casa, onde deveria fazer repouso absoluto.
Nesses dias de convalescença, muitos Espíritos amigos o visitaram, trazendo-lhe conforto físico e espiritual.
Todavia, em certa oportunidade, um Espírito se apresentou. Tratava-se de uma bela mulher, envolvida em luz e paz.
Com um afável sorriso, aproximou-se dele e falou: Meu irmão, traz grande alegria ao meu coração visitá-lo. Você se lembra de mim?
O médium, ainda que se esforçasse, não conseguia se recordar daquele rosto.
Minha irmã, disse ele, você pode me dizer seu nome? Peço perdão, mas não consigo me lembrar de você.
Eu não vou lhe dizer meu nome, redarguiu o Espírito. Faça um esforço, Chico! Lembre-se de mim!
Entretanto, por mais que tentasse, Chico não conseguia se lembrar.
Notando a dificuldade do amigo, o Espírito asseverou: Não irei lhe dizer meu nome, querido Chico. Direi apenas uma palavra e você me reconhecerá: Jesus!
Nesse exato instante, Chico sorriu para ela e a reconheceu: Minha irmã Valéria! Você veio me visitar!
Emocionada, ela respondeu: Eu vim, meu amigo. E vim por meio d'Ele, em nome d'Ele, Jesus.
*   *   *
O Mestre dos mestres, em Sua grandeza, fez-se pequeno. Pobre, nasceu numa manjedoura.
Foi ofendido, desacreditado. Inocente de toda culpa, levaram-nO ao madeiro da cruz. Generoso, em Sua paixão ensinou-nos a perdoar: Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que fazem.
Por um instante, cerremos os olhos e pensemos n'Ele.
Bondoso Jesus, que conheces a toda Humanidade e a cada um de nós em particular, permite que nossas mãos não se apartem das Tuas.
Permite que os nossos pés possam seguir as pegadas que deixaste em nossos caminhos.
Auxilia-nos para que, nas lutas de cada dia, nosso coração pouco a pouco se iguale ao Teu.
*   *   *
­Que em nossas fraquezas, dificuldades e dores, digamos o nome de Jesus alto ou no segredo da nossa alma.
Que em nossas ações diárias, em nossos pensamentos e sentimentos, sigamos Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida.
Redação do Momento Espírita, com base em
entrevista concedida por Francisco Cândido Xavier
a Hebe Camargo e Nair Belo, em dezembro de 1985.
Em 27.9.2018.

No momento de dormir

XII – No Momento De Dormir

            38 – Prefácio – O sono é o repouso do corpo, mas o Espírito não necessita desse repouso. Enquanto os sentidos se entorpecem, a alma se liberta parcialmente da matéria, gozando das suas faculdades espirituais. O sono foi dado ao homem para a reparação de suas forças orgânicas e das suas forças morais, enquanto o corpo recupera as energias gastas no estado de vigília, o espírito vai se retemperar entre os outros Espíritos. É então que ele tira, de tudo o que vê, de tudo que percebe, e dos conselhos que lhe são dados, as ideias que lhe ocorrem depois, em forma de intuições. É o retorno temporário do exilado à sua verdadeira pátria, a liberdade momentaneamente concedida ao prisioneiro. Mas acontece, como no caso dos prisioneiros perversos, que o Espírito nem sempre aproveita esse momento de liberdade para o seu adiantamento. Se conserva maus instintos, em vez de procurar a companhia dos Bons Espíritos, busca a dos seus semelhantes e dirige-se aos lugares em que pode liberar as suas más inclinações. Aquele que se acha compenetrado desta verdade eleve o seu pensamento, no momento em que sente aproximar-se o sono; solicite o conselho dos Bons Espíritos e daqueles cuja memória lhe seja cara, a fim de que venham assisti-lo, no breve intervalo que lhe é concedido. Se assim fizer, ao acordar se sentirá fortalecido contra o mal, com mais coragem para enfrentar as adversidades.

            39 – Prece – Minha alma vai encontrar-se por um instante com os outros Espíritos. Que venham os bons ajudar-me com os seus conselhos. Meu Anjo Guardião, fazei que ao acordar eu possa conservar uma impressão durável e benéfica desse encontro!

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

domingo, 23 de setembro de 2018

A Ingratidão dos Filhos e os Laços de Família

I – A Ingratidão dos Filhos e os Laços de Família

SANTO AGOSTINHO
Paris, 1862
            9 – A ingratidão é um dos frutos mais imediatos do egoísmo, e revolta sempre os corações virtuosos. Mas a dos filhos para com os pais tem um sentido ainda mais odioso. É desse ponto de vista que a vamos encarar mais especialmente, para analisar-lhe as causas e os efeitos. Nisto, como em tudo, o Espiritismo vem lançar luz sobre um dos problemas do coração humano.
Quando o Espírito deixa a Terra, leva consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza, e vai no espaço aperfeiçoar-se ou estacionar, até que deseje esclarecer-se. Alguns, portanto, levam consigo ódios violentos e desejos de vingança. A alguns deles, porém, mais adiantados, é permitido entrever algo da verdade: reconhecem os funestos efeitos de suas paixões, e tomam então boas resoluções; compreendem que, para se dirigirem a Deus, só existe uma senha – caridade. Mas não há caridade sem esquecimento das ofensas e das injúrias, não há caridade com ódio no coração e sem perdão.
            É então que, por um esforço inaudito, voltam o seu olhar para os que detestaram na Terra. À vista deles, porém, sua animosidade desperta. Revoltam-se à idéia de perdoar, e ainda mais a de renunciarem a si mesmos, mas sobretudo a de amar aqueles que lhes destruíram talvez a fortuna, a honra, a família. Não obstante, o coração desses infortunados está abalado. Eles hesitam, vacilam, agitados por sentimentos contrários. Se a boa resolução triunfa, eles oram a Deus, imploram aos Bons Espíritos que lhes dêem forças no momento mais decisivo da prova.
            Enfim, depois de alguns anos de meditação e de preces, o Espírito se aproveita de um corpo que se prepara, na família daquele que ele detestou, e pede, aos Espíritos encarregados de transmitir as ordens supremas, permissão para ir cumprir sobre a Terra os destinos desse corpo que vem de se formar. Qual será, então, a sua conduta nessa família? Ela dependerá da maior ou menor persistência das suas boas resoluções. O contacto incessante dos seres que ele odiou é uma prova terrível, da qual às vezes sucumbe, se a sua vontade não for bastante forte. Assim, segundo a boa ou má resolução que prevalecer, ele será amigo ou inimigo daqueles em cujo meio foi chamado a viver. É assim que se explicam esses ódios, essas repulsas instintivas, que se notam em certas crianças, e que nenhum fato exterior parece justificar. Nada, com efeito, nessa existência, poderia  provocar essa antipatia. Para encontrar-lhe a causa, é necessário voltar os olhos ao passado.
            Oh!, espíritas! Compreendei neste momento o grande papel da Humanidade! Compreendei que, quando gerais um corpo, a alma que se encarna vem do espaço para progredir. Tomai conhecimento dos vossos deveres, e ponde todo o vosso amor em aproximar essa alma de Deus: é essa a missão que vos está confiada e da qual recebereis a recompensa, se a cumprirdes fielmente. Vossos cuidados, a educação que lhe derdes, auxiliarão o seu aperfeiçoamento e a sua felicidade futura. Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe, Deus perguntará: “Que fizestes da criança confiada à vossa guarda?” Se permaneceu atrasada por vossa culpa, vosso castigo será o de vê-la entre os Espíritos sofredores, quando dependia de vós que fosse feliz. Então vós mesmos, carregados de remorsos, pedireis para reparar a vossa falta: solicitareis uma nova encarnação, para vós e para ela, na qual a cercareis de mais atentos cuidados, e ela, cheia de reconhecimento, vos envolverá no seu amor.
            Não recuseis, portanto, o filho que no berço repele a mãe, nem aquele que vos paga com a ingratidão: não foi o acaso que o fez assim e que vo-lo enviou. Uma intuição imperfeita do passado se revela, e dela podeis deduzir que um ou outro já odiou muito ou foi muito ofendido, que um ou outro veio para perdoar ou expiar. Mães! Abraçai, pois, a criança que vos causa aborrecimentos, e dizei para vós mesmas: “Uma de nós duas foi culpada”. Merecei as divinas alegrias que Deus concedeu à maternidade, ensinando a essa criança que ela está na Terra para se aperfeiçoar, amar e abençoar. Mas, ah! Muitas dentre vós, em vez de expulsar por meio da educação os maus princípios inatos, provenientes das existências anteriores, entretém e desenvolvem esses princípios, por descuido ou por uma culposa fraqueza. E, mais tarde, o vosso coração ulcerado pela ingratidão dos filhos, será para vós, desde esta vida, o começo da vossa expiação.
            A tarefa não é tão difícil como podereis pensar. Não exige o saber do mundo: o ignorante e o sábio podem cumpri-la, e o Espiritismo vem facilitá-la, ao revelar a causa das imperfeições do coração humano.
            Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior. É necessário aplicar-se em estudá-los. Todos os males têm sua origem no egoísmo e no orgulho. Espreitai, pois, os menores sinais que revelam os germens desses vícios e dedicai-vos a combatê-los, sem esperar que eles lancem raízes profundas. Fazei como o bom jardineiro, que arranca os brotos daninhos à medida que os vê aparecerem na árvore. Se deixardes que o egoísmo e o orgulho se desenvolvam, não vos espanteis de ser pagos mais tarde pela ingratidão. Quando os pais tudo fizeram para o adiantamento moral dos filhos, se não conseguem êxito, não tem do que lamentar e sua consciência pode estar tranquila. Quanto à amargura muito natural que experimentam, pelo insucesso de seus esforços, Deus reserva-lhes uma grande, imensa consolação, pela certeza de que é apenas um atraso momentâneo, e que lhe será dado acabar em outra existência a obra então começada, e que um dia o filho ingrato os recompensará com o seu amor. (Ver cap. XIII, nº 19)
            Deus não faz as provas superiores às forças daquele que as pede; só permite as que podem ser cumpridas; se isto não se verifica, não é por falta de possibilidades, mas de vontade. Pois quantos existem, que em lugar de resistir aos maus arrastamentos, neles se comprazem: é para eles que estão reservados o choro e o ranger de dentes, em suas existências posteriores. Admirai, entretanto, a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Chega um dia em que o culpado está cansado de sofrer, o seu orgulho foi por fim dominado, e é então que Deus abre os braços paternais para o filho pródigo, que se lança aos seus pés. As grandes provas, — escutai bem, — são quase sempre o indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus. É um momento supremo, e é nele sobretudo que importa não falir pela murmuração, se não se quiser perder o fruto da prova e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes, agradecei a Deus, que vos oferece a ocasião de vencer para vos dar o prêmio da vitória. Então quando, saído do turbilhão do mundo terreno, entrardes no mundo dos Espíritos, sereis ali aclamado, como o soldado que saiu vitorioso do centro da refrega.
            De todas as provas, as mais penosas são as que afetam o coração. Aquele que suporta com coragem a miséria das privações materiais, sucumbe ao peso das amarguras domésticas, esmagadas pela ingratidão dos seus. Oh!, é essa uma pungente angústia! Mas o que pode, nessas circunstâncias, reerguer a coragem moral, senão o conhecimento das causas do mal, com a certeza de que, se há longas dilacerações, não há desesperos eternos, porque Deus não pode querer que a sua criatura sofra para sempre? O que há de mais consolador, de mais encorajador, do que esse pensamento de que depende de si mesmo, de seus próprios esforços, abreviar o sofrimento, destruindo em si as causas do mal? Mas, para isso, é necessário não reter o olhar na Terra e não ver apenas uma existência; é necessário elevar-se, pairar no infinito do passado e do futuro. Então, a grande justiça de Deus se revela aos vossos olhos, e esperais com paciência, porque explicou a vós mesmos o que vos parecia monstruosidade da Terra. Os ferimentos que recebestes vos parecem simples arranhaduras. Nesse golpe de vista lançado sobre o conjunto, os laços de família aparecem no seu verdadeiro sentido: não mais os laços frágeis da matéria que ligam os seus membros, mas os laços duráveis do Espírito, que se perpetuam, e se consolidam, ao se depurarem, em vez de se quebrarem com a reencarnação.
            Os Espíritos cuja similitude de gostos, identidade do progresso moral e a afeição, levam a reunir-se, formam famílias. Esses mesmos Espíritos, nas suas migrações terrenas, buscam-se para agrupar-se, como faziam no espaço, dando origem às famílias unidas e homogêneas. E se, nas suas peregrinações, ficam momentaneamente separados, mais tarde se reencontram, felizes por seus novos progressos. Mas como não devem trabalhar somente para si mesmos, Deus permite que Espíritos menos adiantados venham encarnar-se entre eles, a fim de haurirem conselhos e bons exemplos, no interesse do seu próprio progresso. Eles causam, por vezes, perturbações no meio, mas é lá que está a prova, lá que se encontra a tarefa. Recebei-os, pois, como irmãos; ajudai-os, e, mais tarde, no mundo dos Espíritos, a família se felicitará por haver salvo do naufrágio os que, por sua vez, poderão salvar outros.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

Movimento

Imagine que por alguns instantes você ficasse sem se mexer. Parasse tudo que estivesse fazendo. Fechasse os olhos. Permanecesse estático.
Você se consideraria completamente parado, não é mesmo? Imóvel. Assim como a maioria das coisas ao seu redor.
Pois bem, isso não seria completamente verdade, pelo menos do ponto de vista absoluto.
Você acreditaria se afirmássemos que está viajando, primeiramente, a uma velocidade de cerca de mil, seiscentos e quarenta e cinco quilômetros por hora?
Sim, cerca de duas vezes a velocidade de um avião a jato.
A Terra está girando em torno de seu próprio eixo nesta grande velocidade e nós, como tudo mais no planeta, giramos junto.
Porém, não é apenas esta viagem que estamos fazendo. O planeta está dando um grande passeio em torno do sol, como bem aprendemos na escola, o movimento de translação.
Isso significa que também estamos viajando a cerca de cento e sete mil quilômetros por hora, dentro de nosso sistema solar.
Os dados magníficos e fascinantes não param por aí. Nosso sistema solar também está em movimento contínuo em relação ao centro da galáxia.
O sol arrasta todos os planetas com ele cerca de duzentos e quarenta metros por segundo, o que equivale mais ou menos a oitocentos e sessenta e quatro mil quilômetros por hora.
Resumindo: estamos voando pelo Cosmo a mais de novecentos mil quilômetros por hora e nos imaginamos completamente parados. Você já havia pensado nisso?
*   *   *
Tudo está em movimento, tudo está em atividade e tudo é regido por leis perfeitas que não erram nunca, que não abrem uma exceção.
A rotação não falha de vez em quando. A translação não muda de rota de tempos em tempos. Tudo segue um script determinado e majestoso.
E nós somos esses viajores velozes, deste Universo criado perfeito, onde tudo é movimento, onde tudo tem um papel, onde tudo cumpre sua missão.
E qual será a nossa?
Certamente não é a de permanecermos imóveis, pois nada no Universo está assim.
Tudo se move, tudo se expande, tudo ruma para cumprir a sua tarefa grandiosa sob a regência segura do grande Criador.
O Universo é movimento. A evolução é movimento.
Então, nos movimentemos.
Movimentemos nossas ideias. Estudemos, leiamos, forneçamos novos estímulos edificantes e bons desafios para nossa mente.
Movimentemos os pensamentos negativos. Não permitamos que criem ninho em nosso íntimo. Que possamos substituí-los por outros, melhores, mais otimistas e produtivos, o mais breve possível.
Movimentemos os pensamentos positivos. O pensamento é criador. Enviemos bons pensamentos a quem desejar.
A prece é comunicação, por isso, pensamento em movimento!
Movimentemos a tristeza. Quando ela surgir, mantenhamo-la perto apenas o tempo necessário para que nos faça refletir e aprender. Depois disso, respiremos fundo e abracemos, novamente, a alegria de viver.
Movimentemos o amor: alguns de nós temos tanto para dar, porém, nos escondemos do mundo. Doemo-nos. Doemos nosso tempo, movimentemo-nos mais na direção do outro.
Movimentemos nosso corpo: façamos exercícios. Alongamentos. Respiremos bem. Tratemos o corpo como ele merece. É um instrumento que necessita ser bem cuidado para que possamos realizar por completo nossa importante missão aqui na Terra.
Redação do Momento Espírita.
Em 21.9.2018.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

O jugo leve

O Jugo Leve


            1 – Vinde a mim, todos os que andam em sofrimento e vos achais carregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mateus, XI: 28-30)

            2 – Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perdas de seres queridos, encontram sua consolação na fé no futuro, e na confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Sobre aquele que, pelo contrário, nada espera após esta vida, ou que simplesmente duvida, as aflições pesam com todo o seu peso, e nenhuma esperança vem abrandar sua amargura. Eis o que levou Jesus a dizer: “Vinde a mim, vós todos que estais fatigados, e eu vos aliviarei”.
            Jesus, entretanto, impõe uma condição para a sua assistência e para a felicidade que promete aos aflitos. Essa condição é a da própria lei que ele ensina: seu jugo é a observação dessa lei. Mas esse jugo é leve e essa lei é suave, pois que impõe como dever o amor e a caridade.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

Reencarnação - Encontro com os Pais

REENCARNAÇÃO - COMO FUNCIONA O ENCONTRO PRÉVIO COM OS FUTUROS PAIS

Enquanto o reencarnante se prepara, os guias da reencarnação escolhem quem devem ser os seus futuros pais na Terra.
Se todos estiverem ligados por laços de simpatia ou, pelo menos, de neutralidade de sentimentos, não haverá grande problemas a serem resolvidos e tudo será fácil quanto ao nascimento do Espírito, na Terra.

Mas, se o reencarnante e os futuros pais tiverem problemas de antipatia ou ódio, resultantes de desentendimentos anteriores, em outras vidas, torna-se necessário uma série de providências, entre as quais a de promover encontros, entre eles, de reconciliação, até chegar-se a um nível de entendimento - senão de reconciliação total, pelo menos de arrefecimento do ódio, que lhes permitam aceitar-se mutuamente, como membros de uma futura família na Terra.

Estas reuniões de reconciliação são realizadas no plano espiritual, sob a supervisão dos responsáveis por aquele processo de reencarnação e os futuros pais comparecem, em espírito, enquanto seus corpos estão adormecidos na Terra e, ao despertarem do sono, normalmente não se recordam de nada do que ocorreu com eles, enquanto seus corpos dormiam.

Se os futuros pais já viverem na Terra mas, jovens, ainda não se conhecerem, os guias espirituais providenciam para que venham a se conhecer ("por acaso"), simpatizem e decidam-se pelo casamento.

Porém, muitas vezes, estes jovens são, sem o saberem conscientemente, desafetos de vidas anteriores e, para evitar que ao se encontrarem, venham a sentir uma antipatia instintiva e mútua, o que os distanciaria da ideia de casamento, os guias espirituais os magnetizam, para que não possam sentir o antagonismo existente.

Nesse clima ameno, de romance, resultante dos eflúvios magnéticos, passam o período do noivado e casam.
Normalmente, nesses casos, os noivos não escutam as opiniões dos parentes que, por não estarem sob a mesma influência magnética, veem a situação de outro ângulo e acham que aquele casamento não pode dar certo, isto segundo o critério de sucesso ou de insucesso adotado pelos homens.

Pode acontecer que o planejamento de uma reencarnação seja feito com bastante antecedência, enquanto os que irão constituir aquele futuro núcleo familiar ainda estejam vivendo no mundo espiritual.

Os guias da reencarnação providenciam, neste caso, para que primeiro renasçam os que vão receber, na Terra, a missão de paternidade para que, no devido tempo, o reencarnante inicie a sua existência terrena como seu filho.
Chega, finalmente, a época em que o reencarnante vai renascer na Terra.

Assim, como nos despedimos de nossos amigos, ao transferirmos residência para outra cidade ou encetarmos uma viagem demorada, ele também, que vai partir para a viagem da reencarnação na Terra, despede-se dos Espíritos cuja amizade conquistou.

E, consciente da responsabilidade que vai assumir por receber um corpo físico, que deverá usar com muito cuidado, pede que, enquanto estiver na Terra, o auxiliem constantemente, fazendo-o recordar-se, embora imprecisamente, pelos canais da intuição, do mundo espiritual de onde vai partir.

Os Espíritos amigos o encorajam e prometem velar por ele e, conforme o grau de amizade que os une, às vezes realizam até reuniões de confraternização, com a presença de todos os amigos do reencarnante.

É a festa de despedida para o que vai iniciar uma peregrinação pela escola terrena.

Chegando o dia do início da reencarnação propriamente dita, quando o Espírito deverá ser ligado ao ventre de sua futura mãe, na Terra, ele, cujo corpo perispiritual apresenta a forma e tamanho de uma pessoa adulta, é conduzido pelos guias da reencarnação, ao seu futuro lar na Terra, onde irá renascer como criança.

FONTE: Grupo Promotor de Estudos Espíritas - SP

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Exercício de Gratidão

O ser humano está sempre a criar expectativas, sonhos e desejos, para um tempo que ainda não chegou.
Esperamos tanto pelo futuro como se fosse ele o único tempo para ser feliz, que nos esquecemos de viver os bons momentos do agora, agradecendo o presente.
Embora agradecer cada meta alcançada, cada sonho conquistado nos pareça simples e fácil, a gratidão é uma escolha pessoal.
Não percebemos ainda que o exercício da gratidão a tudo e a todos, afasta de nós, gradativamente, a insegurança, a angústia e outros sentimentos negativos.
Não nos damos conta que ao exercitarmos a gratidão, desfrutamos de níveis mais elevados de emoções positivas, de satisfação com a vida, de vitalidade e otimismo.
Conforme esclarece a neurociência, a gratidão libera o hormônio que estimula o afeto, proporciona tranquilidade, reduz a ansiedade, o medo e as fobias.
À medida que desenvolvemos essa consciência, percebemos em nós maior facilidade de sintonia com o que é agradável, registrando sempre mais e maiores motivos para vivenciar a gratidão, chegando ao ponto de sermos gratos até pelas lições difíceis que a vida nos oferece.
Como o nosso cérebro não é capaz de registrar, ao mesmo tempo, gratidão e infelicidade, somos nós quem fazemos a escolha.
*   *   *
Não é por falta de termos o que agradecer que haveremos de nos manter infelizes.
Quanta gratidão devemos sentir por Deus, nosso Pai Celestial, que nos criou e nos destinou à perfeição.
Gratidão a Jesus Cristo, nosso irmão, mestre, modelo, guia e amigo de todas as horas, cujos ensinamentos nos apontam o caminho do bem, da perfeição.
Gratidão ao nosso anjo de guarda, que nos protege, ampara e inspira, sempre respeitando nosso livre-arbítrio.
Gratidão aos nossos pais, que nos receberam na presente reencarnação, se esforçaram e se dedicaram ao máximo, para nos oferecer o melhor.
Gratidão à nossa família, esteio de todos nós, que nos ama e sustenta.
Gratidão aos amigos que estão conosco, tanto nas horas boas como nas ruins, dispostos a nos ouvir, ajudar e apoiar.
Gratidão aos professores que, com empenho, dedicação e paciência, nos transmitiram o conhecimento que detinham. Gratidão aos Espíritos superiores, benfeitores da Humanidade terrestre, que trabalham incessantemente por todos nós.
Enfim, gratidão que devemos expressar a cada amanhecer, que representa nova página de oportunidades, no livro de nossa existência.
*   *   *
Nossas conquistas não ocorrem aos saltos, elas se fazem de forma lenta e progressiva.
À medida que nossa consciência vai assimilando conhecimentos a respeito das Leis Divinas, nossa visão interior alcança patamares antes não imaginados e vamos modificando, para melhor, nossa maneira de pensar, sentir, viver e conviver.
Passamos a nos ver como criaturas em crescimento, o mundo como a nossa casa, o próximo como nosso irmão.
Nossos sentimentos, então, abandonam o eu e se ampliam para o nós.
Nossa visão interior se dilata e sentimos a necessidade de abraçarmos a tudo e a todos.
Agradecidos, lucramos em saúde emocional, harmonia íntima, liberação de conflitos.
Acendemos, em nosso interior, uma luz que sinaliza nossa realidade espiritual e mostramos as marcas do céu em nós.
A vida com gratidão é plena de significado.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita.
Em 15.9.2018.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Os Bons Espíritas

Os Bons Espíritas

            4 – O Espiritismo bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, conduz forçosamente aos resultados acima, que caracterizam o verdadeiro espírita, como o verdadeiro cristão, pois um e outro são a mesma coisa. O Espiritismo não cria uma nova moral, mas facilita aos homens a compreensão e a prática da moral do Cristo, ao dar uma fé sólida e esclarecida aos que duvidam ou vacilam.
            Muitos, porém, dos que creem na realidade das manifestações, não compreendem as suas consequências nem o seu alcance moral, ou, se os compreendem, não os aplicam a si mesmos. Por que acontece isso? Será por uma falta de precisão da doutrina? Não, porque ela não contém alegorias, nem figuras que possam dar lugar a falsas interpretações. A clareza é a sua própria essência, e é isso que lhe dá força, para que atinja, diretamente a inteligência. Nada tem de mistérios, e seus iniciados não possuem nenhum segredo que seja oculto ao povo.
            Seria necessária, então, para compreendê-la, uma inteligência fora do comum? Não, pois veem-se homens de notória capacidade, que não a compreendem, enquanto inteligências vulgares, até mesmo de jovens que mal saíram da adolescência, apreendem com admirável justeza as suas mais delicadas nuanças. Isso acontece porque a parte, de qualquer maneira, material da ciência, não requer mais do que os olhos para ser observada, enquanto a parte essencial exige um certo grau de sensibilidade, que podemos chamar de maturidade do senso moral, maturidade essa independente da idade e o grau de instrução, porque é inerente ao desenvolvimento, num sentido especial, do espírito encarnado.
            Em algumas pessoas, os laços materiais são ainda muito fortes, para que o espírito se desprenda das coisas terrenas. O nevoeiro que as envolve impede-lhes a visão do infinito. Eis por que não conseguem romper facilmente com os seus gostos e os seus hábitos, não compreendendo que possa haver nada melhor do que aquilo que possuem. A crença nos Espíritos é para elas um simples fato, que não modifica pouco ou nada as suas tendências instintivas. Numa palavra, não veem mais do que um raio de luz, insuficiente para orientá-las e dar-lhes uma aspiração profunda, capaz de modificar-lhes as tendências. Apegam-se mais aos fenômenos do que à moral, que lhes parece banal e monótona. Pedem aos Espíritos que incessantemente as iniciem em novos mistérios, sem indagarem se tornaram dignas de penetrar os segredos do Criador. São, afinal, os espíritas imperfeitos, alguns dos quais estacionam no caminho ou se distanciam dos seus irmãos de crença, porque recuam ante a obrigação de se reformarem, ou porque preferem a companhia dos que participam das suas fraquezas ou das suas prevenções. Não obstante, a simples aceitação da doutrina em princípio é um primeiro passo, que lhes facilitará o segundo, numa outra existência.
            Aquele que podemos, com razão, qualificar de verdadeiro e sincero espírita, encontra-se num grau superior de adiantamento moral. O Espírito já domina mais completamente a matéria e lhe dá uma percepção mais clara do futuro; os princípios da doutrina fazem vibrar-lhe as fibras, que nos outros permanecem mudas; numa palavra: foi tocado no coração, e por isso a sua fé é inabalável. Um é como o músico que se comove com os acordes; o outro, apenas ouve os sons. Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações. Enquanto um se compraz no seu horizonte limitado, o outro, que compreende a existência de alguma coisa melhor, esforça-se para se libertar, e sempre o consegue, quando dispõe de uma vontade firme.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Trabalho e repouso

Muitos pais enfrentam dificuldades a cada manhã, quando precisam despertar os filhos para seguirem para suas obrigações.
Quando pequenos, há os que escondem a cabeça debaixo das cobertas ou do travesseiro, como se isso os pudesse liberar do que devem fazer.
Viram para um lado, viram para o outro e pedem mais cinco minutos. Ou só mais um minutinho.
Quando maiores reclamam por precisarem levantar cedo, principalmente nos dias frios, invernosos. E, entre resmungos, dizem que o que mais desejam na vida é ficarem ricos, muito ricos, para não precisarem mais estudar, trabalhar.
Enfim, poderem ficar na cama pela manhã o quanto quiserem, e não terem com que se preocupar. Também não terem que enfrentar o frio e a chuva, nos dias de inverno.
Em verdade, não são somente as crianças ou jovens que assim pensam.
Alguns de nós, adultos, muitas vezes ficamos desejando ganhar na loteria, ou quem sabe, uma herança, que nos liberte das horas incômodas de trabalho.
Sem falar nos que ficamos contando, ano a ano, o tempo que falta para a aposentadoria...
*   *   *
Importante termos em mente que a vida não é um eterno período de férias.
A Terra é a grande escola do Espírito, onde com trabalho e disciplina auxiliamos no progresso do planeta e nós mesmos progredimos.
Estamos submetidos a leis físicas que regem o mundo: lei do magnetismo, lei de atração, lei da eletricidade, lei da gravidade...
Também estamos submetidos a leis morais, que regem o mundo da alma, da consciência, da ética.
É nesse grande mundo das leis morais que vamos encontrar uma lei importantíssima.
Trata-se da lei do trabalho, que estabelece que toda ocupação útil é trabalho. Ela nos impulsiona a evoluir, a crescer.
Trabalhar, portanto, não nos deve ser um problema. Importante estarmos ativos.
É certo que o repouso faz parte das divinas leis, sendo necessário para o corpo e para a mente.
No entanto, em demasia, se torna ociosidade, preguiça, nos impedindo de aprender e evoluir.
Muito tempo sem atividades intelectuais e físicas violentam o caráter do homem, enfraquecem seus músculos e nervos, que foram destinados ao movimento e à ação.
O trabalho nos proporciona troca de experiências, conhecimentos, aprendizados que a alma armazena, dentro de si, no decorrer das várias vidas na Terra.
Seja qual for nosso saber, sempre teremos algo a ensinar e muito a aprender.
Quando oferecemos nossas capacidades laborativas, a sociedade nos devolve em forma de salário.
Salário que revertemos no custeio de nossas necessidades e até pequenos prazeres.
Os mensageiros celestes, em suas orientações ao Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, prescreveram que o limite do trabalho é o limite de nossas forças.
Dessa forma, respeitando nossos limites, estabeleçamos períodos alternados de atividades e de repouso, evitando desgastes excessivos ou estresse.
A sabedoria está, exatamente, em chegar ao equilíbrio que nos possibilite excelente produção, ao tempo que, igualmente, nos permitamos o repouso, o lazer, a descontração.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, com base nos itens
682 e 683 de
O livro dos Espíritos, de Allan Kardec,
ed. FEB.
Em 8.9.2018.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Diante de tudo

Diante de tudo, estabelece Jesus para nós todos uma conduta básica, de que todas as providências exatas derivam para a solução dos problemas no caminho da vida.
Sombra - Caridade da luz.
Ignorância - Caridade do ensino.
Penúria - Caridade do socorro.
Doença - Caridade do remédio.
Injúria - Caridade do silêncio.
Tristeza - Caridade do consolo.
Azedume - Caridade do sorriso.
Cólera - Caridade da brandura. Ofensa - Caridade da tolerância. Insulto - Caridade da prece. Desequilíbrio - Caridade do reajuste. Ingratidão - Caridade do esquecimento.
Diante de cada criatura, exerçamos a caridade do serviço e da bênção.
Todos somos viajores na direção da Vida
Maior.
Doemos amor a Deus, na pessoa do próximo, e Deus, através do próximo, dar-nos-á mais amor.

A. Bezerra de Menezes - Chico Xavier

Assertividade

É segunda-feira. Sonia, no primeiro ano na Universidade, sai de casa às pressas deixando o quarto em completo desastre.
Sua mãe, resignada, decide deixar passar e não lhe diz nada.
Na terça-feira, a filha volta a fazer exatamente o mesmo. Sua mãe pensa que, dessa vez, tem de lhe dizer algo, mas, como ela já saiu, terá de esperar a hora do jantar.
No final da tarde, Sonia telefona dizendo que vai chegar mais tarde porque ficou com algumas amigas.
Chega a quarta-feira e Sonia volta a sair de casa com o mesmo descuido. É a terceira vez. Ao meio dia chega em casa e cumprimenta a mãe:
Oi, mamãe. Quer ajuda com o almoço?
Levantando exageradamente a voz, a mãe responde:
Não precisa se incomodar. E faça o favor de olhar como está o seu quarto! É impraticável que você o deixe assim todos os dias!
Sonia não entende a resposta. E sua mãe, provavelmente, não queria dizer o que disse da forma que disse. Foi vítima do chamado pêndulo assertivo.
A assertividade representa a habilidade de dizer as coisas de modo a chegar apropriadamente aos ouvidos do outro.
Que sejam externadas de forma clara e, ao mesmo tempo, respeitosa, evitando que a outra pessoa se sinta agredida.
Trata-se da arte de escolher o momento oportuno, o tom adequado e o ritmo justo para expressar o que queremos ou precisamos dizer.
Como habilidade, encontra-se no ponto intermediário entre duas atitudes: a passividade (quando não nos atrevemos a dizer as coisas) e a agressividade (quando as dizemos ferindo os demais).
Esse sistema se move como um pêndulo: se nos comportamos de um jeito passivo, vamos ficando carregados emocionalmente, de modo que, quando finalmente falamos, vamos para o outro extremo e somos exageradamente agressivos.
Assim funciona o chamado pêndulo assertivo, que explica porque pessoas que sabemos serem razoáveis e ponderadas, nos surpreendem, em certos momentos, com uma agressividade desproporcional.
Controlar o efeito pêndulo é difícil. É um exercício enorme de autocontrole, porém, extremamente necessário se desejamos ter uma vida equilibrada em sociedade.
*   *   *
Proponhamo-nos a ser mais assertivos em nossos dias. Que o que sentimos e pensamos, possa chegar nas pessoas da melhor forma possível, sem exageros, sem animosidade.
Na assertividade como virtude há gentileza, há amorosidade e há cuidado.
Pensemos sempre em como gostaríamos que aquela informação nos chegasse, se estivéssemos do outro lado.
Em que momento? De que maneira? Usemos de empatia e certamente iremos encontrar um caminho assertivo para a situação.
Quem se propõe a pensar no outro, quem se propõe a cuidar dos sentimentos alheios, naturalmente está cuidando de seus próprios, pois quando exalamos amorosidade, nos encharcamos dela em primeiro lugar.
Evitemos acumular sentimentos e pensamentos negativos.
Entendamos que nossa mente não merece ser tratada como lata de lixo. Conforme o passar do tempo, toda essa negatividade amontoada vai como que entrando em estado de putrefação, proporcionando odor e sensação desagradáveis à alma.
Libertemo-nos, sejamos assertivos e tudo façamos com fraternidade.

Redação do Momento Espírita, com base em matéria
de Ramón Cortez, para o jornal
El País, de 30.5.2017.
Em 3.9.2018

domingo, 2 de setembro de 2018

Desigualdade das Riquezas

Desigualdade das Riquezas

    8 – A desigualdade das riquezas é um dos problemas que em vão se procuram resolver, quando se considera apenas a vida atual. A primeira questão que se apresenta é a seguinte. Por que todos os homens não são igualmente ricos? Por uma razão muito simples: é que não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar. Aliás, é uma questão matematicamente demonstrada que, supondo-se feita essa repartição, o equilíbrio seria rompido em pouco tempo, em virtude da diversidade de caracteres e aptidões; que, supondo-a possível e durável, tendo cada um somente o necessário para viver, isso equivaleria ao aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e o bem-estar da humanidade; que, portanto, supondo-se que ela desse a cada um o necessário, desapareceria o estímulo que impulsiona as grandes descobertas e os empreendimentos úteis. Se Deus a concentra em alguns lugares, é para que dos mesmos ela se expanda, em quantidades suficientes, segundo as necessidades. Admitindo-se isto, pergunta-se por que Deus a concede a pessoas incapazes de fazê-la frutificar para o bem de todos. Essa é ainda uma prova da sabedoria e da bondade de Deus. Ao dar ao homem o livre arbítrio, quis que ele chegasse, pela sua própria experiência, a discernir o bem e o mal, de maneira que a prática do bem fosse o resultado dos seus esforços, da sua própria vontade. Ele não deve ser fatalmente levado a um nem ao outro, pois então seria um instrumento passivo e irresponsável como os animais. A fortuna é um meio de prová-lo moralmente; mas como, ao mesmo tempo, é um poderoso meio de ação para o progresso, Deus não quer que permaneça improdutiva, e é por isso que incessantemente a transfere. Cada qual deve possuí-la, para exercitar-se no seu uso e provar a maneira por que o sabe fazer. Como há a impossibilidade material de que todos a possuam ao mesmo tempo, e como, se todos a possuíssem, ninguém trabalharia, e o melhoramento do globo sofreria com isso: cada qual a possui por sua vez. Dessa maneira, o que hoje não a tem, já a teve no passado ou a terá no futuro, numa outra existência, e o que hoje a possui poderá não tê-la mais amanhã. Há ricos e pobres porque, Deus sendo justo, cada qual deve trabalhar por sua vez. A pobreza é para uns a prova da paciência e da resignação; a riqueza é para outros a prova da caridade e da abnegação. Lamenta-se, com razão, o triste uso que algumas pessoas fazem da sua fortuna, as ignóbeis paixões que a cobiça desperta, e pergunta-se se Deus é justo, ao dar a riqueza a tais pessoas. É claro que, se o homem só tivesse uma existência, nada justificaria semelhante repartição dos bens terrenos; mas, se em lugar de limitar sua vida ao presente, considerar-se o conjunto das existências, vê-se que tudo se equilibra com justiça. O pobre não tem, portanto, motivo para acusar a Providência, nem para invejar os ricos, e estes não o têm para se vangloriarem do que possuem. Se, por outro lado, estes abusam da fortuna, não será através de decretos, nem de leis suntuárias, que se poderá remediar o mal. As leis podem modificar momentaneamente o exterior, mas não podem modificar o coração: eis porque têm um efeito temporário e provocam sempre uma reação mais desenfreada. A fonte do mal está no egoísmo e no orgulho. Os abusos de toda espécie cessarão por si mesmos, quando os homens se dirigem pela lei da caridade.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

Entre o berço e o túmulo

Muitos defendem a ideia de que tudo na vida é passageiro, e que devemos aproveitar bem as oportunidades porque não duram para sempre.
Com ilusórios lances de sabedoria afirmam:
Nossa vida na Terra se limita ao tempo que vivemos entre o berço e o túmulo. O berço nos recebe rodeados de sonhos, sorrisos e esperanças. O túmulo guarda a despedida cheia de lágrimas.
Esta forma de pensar impede de vermos que nesse intervalo vivemos literalmente ligados ao corpo físico, e sempre às voltas com as peripécias materiais.
Como nosso cérebro atual não traz registros anteriores ao presente, acreditamos que esta seja a única e verdadeira vida.
Daí, investirmos toda capacidade interior em conquistas materiais, toda a energia em prazeres fugazes.
Mal percebemos que o que julgamos valioso é, na verdade, passageiro.
Deixamos de acreditar naquilo que não vemos, e que, embora não palpável, é eterno.
Acabamos avaliando, superficialmente, o sentido da vida.
Vejamos que ao valorizarmos os monumentos materiais que ficam na História, nem sempre entrevemos as ideias e os pensadores que planejaram tais feitos.
Com o tempo, porém, por ser matéria, essas obras serão destruídas e retornarão ao pó.
Já o sonho de realização, a ideia que os concretizou, alimentam almas que se dignificaram com sua criatividade.
Um exemplo: A acrópole de Atenas, admirada por milhões de olhos, vai desaparecendo, pouco a pouco, entretanto a cultura grega que a produziu é imortal na glória terrestre.
Observemos nossa indumentária física. Quando menos esperamos, a infância risonha e a mocidade colorida ficam para trás.
A madureza, com as suas responsabilidades, e a velhice, com seus desgastes no corpo físico, nos tiram o viço e a disposição.
Mas, nossa essência espiritual permanece.
Importante analisarmos melhor a vida. Limitarmos nosso viver apenas em função das coisas materiais é muito pouco, quase nada.
Os bens materiais são indispensáveis para a nossa manutenção física, bem como para manter aprendizados e aperfeiçoamentos enquanto aqui vivemos.
Precisamos compreender que embora o corpo material tenha que voltar ao pó, o Espírito permanece vivo, levando consigo tudo quanto aprendeu no decorrer desse período.
Daí a necessidade de valorizar a oportunidade de aprendizado e as experiências enriquecedoras que adquirimos neste percurso, porque estas ficarão em nós, Espíritos imortais.
Os bens materiais, que lutamos insanamente para adquirir, almejando serem para sempre nossos, não o serão.
As terras que acumulamos não são propriedade nossa. Basta que saiamos de cena e mudarão de dono.
As joias que possuímos e que nos preocupam quanto aos ladrões, não levaremos, depois da morte física.
O dinheiro que guardamos a sete chaves, perde seu valor útil, ou cairá em outras mãos.
Passamos o tempo na Terra buscando riquezas passageiras, e retornamos à pátria maior sem a fortuna ideal.
Melhor seria levarmos conosco nossa verdadeira riqueza.
Essa o ladrão não rouba, a traça não rói, a ferrugem não consome!
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 168,
do livro
Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 1º.9.2018

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...