quinta-feira, 30 de agosto de 2018

O Ponto de vista

O Ponto de Vista

5 – A ideia clara e precisa que se faça da vida futura dá uma fé inabalável no porvir, e essa fé tem consequências enormes sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista pelo qual eles encaram a vida terrena. Para aquele que se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é infinita, a vida corporal não é mais do que rápida passagem, uma breve permanência num país ingrato. As vicissitudes e as tribulações da vida são apenas incidentes que ele enfrenta com paciência, porque sabe que são de curta duração e devem ser seguidos de uma situação mais feliz. A morte nada tem de pavoroso, não é mais a porta do nada, mas a da libertação, que abre para o exilado a morada da felicidade e da paz. Sabendo que se encontra numa condição temporária e não definitiva, ele encara as dificuldades da vida com mais indiferença, do que resulta uma calma de espírito que lhe abranda as amarguras.
                Pelas simples dúvida sobre a vida futura, o homem concentra todos os seus pensamentos na vida terrena. Incerto do porvir, dedica-se inteiramente ao presente. Não entrevendo bens mais preciosos que os da Terra, ele se porta como a criança que nada vê além dos seus brinquedos e tudo faz para os obter. A perda do menor dos seus bens causa-lhe pungente mágoa. Um desengano, uma esperança perdida, uma ambição insatisfeita, uma injustiça de que for vítima, o orgulho ou a vaidade ferida, são tantos outros tormentos, que fazem da sua vida uma angústia perpétua, pois que se entrega voluntariamente a uma verdadeira tortura de todos os instantes.
                Sob o ponto de vista da vida terrena, em cujo centro se coloca, tudo se agiganta ao seu redor. O mal o atinge, como o bem que toca aos outros, tudo adquire aos seus olhos enorme importância. É como o homem que, dentro de uma cidade, vê tudo grande em seu redor: os cidadãos eminentes como os monumentos; mas que, subindo a uma montanha, tudo lhe parece pequeno.
                Assim acontece com aquele que encara a vida terrena do ponto de vista da vida futura: a humanidade, como as estrelas no céu, se perdem na imensidade; ele então se apercebe de que grandes e pequenos se confundem como as formigas num monte de terra; que operários e poderosos são da mesa estatura; e ele lamenta essas criaturas efêmeras, que tanto se esfalfam para conquistar uma posição que os eleva tão pouco e por tão pouco tempo. É assim que  importância atribuída aos bens terrenos está sempre na razão inversa da fé que se tem na vida futura.   
                6 – Se todos pensarem assim, dir-se-á, ninguém mais se ocupando das coisas da Terra, tudo perigará. Mas não, porque o homem procura instintivamente o seu bem estar, e mesmo tendo a certeza de que ficará por pouco tempo em algum lugar, ainda quererá estar o melhor ou o menos mal possível. Não há uma só pessoa que, sentindo um espinho sob a mão, não a retire para não ser picada. Ora, a procura do bem estar força o homem a melhorar todas as coisas, impulsionado como ele é pelo instinto do progresso e da conservação, que decorre das próprias leis da natureza. Ele trabalha, portanto, por necessidade, por gosto e por dever, e com isso cumpre os desígnios da Providência, que o colocou na Terra para esse fim. Só aquele que considera o futuro pode dar ao presente uma importância relativa, consolando-se facilmente de seus revezes, ao pensar no destino que os aguarda.
                Deus não condena, portanto, os gozos terrenos, mas o abuso desses gozos, em prejuízo dos interesses da alma. É contra esse abuso que se previnem os que compreendem estas palavras de Jesus: O meu reino não é deste mundo.
                Aquele que se identifica com a vida futura é semelhante a um homem rico, que perde uma pequena soma sem se perturbar; e aquele que concentra os seus pensamentos na vida terrestre é como o pobre que ao perder tudo o que possui, cai em desespero.
                7 – O Espiritismo dá amplitude ao pensamento e abre-lhe novo horizonte. Em vez dessa visão estreita e mesquinha, que o concentra na vida presente, fazendo do instante que passa sobre a terra o único e frágil esteio do futuro eterno, ele nos mostra que esta vida é um simples elo do conjunto harmonioso e grandioso da obra do Criador, e revela a solidariedade que liga todas as existências de um mesmo ser, todos os seres de um mesmo mundo e os seres de todos o mundos. Oferece, assim, uma base e uma razão de ser à fraternidade universal, enquanto a doutrina da criação da alma, no momento do nascimento de cada corpo, faz que todos os seres sejam estranhos uns aos outros. Essa solidariedade das partes de um mesmo todo explica o que é inexplicável, quando apenas consideramos uma parte. Essa visão de conjuntos, os homens do tempo de Cristo não podiam compreender, e por isso o seu conhecimento foi reservado para mais tarde.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

O que acontece quando você começa a frequentar um centro espírita

Quando você entra em um centro espírita, você não se torna médium. A não ser que você já tenha nascido com o corpo físico preparado para isso, você não começa a ver ou a ouvir os Espíritos.

Quando você entra em um centro espírita, não existe nenhuma espécie de recado dos Espíritos Superiores direcionado exclusivamente a você. Tampouco seus familiares desencarnados te enviarão cartas dizendo o que você deve ou não fazer da vida.
Quando você entra em um centro em espírita, as pessoas não vão te contar quem você foi ou fez em suas vidas passadas. Se essas informações fossem necessárias você se lembraria por conta própria. Basta saber que você colhe hoje aquilo que plantou em outras existências até para que você passe a semear com mais sabedoria e amor no seu dia de hoje.

Quando você entra em um centro espírita, você não recebe a solução mágica para resolver seus problemas. Suas dores continuarão a existir. Suas perdas, suas mágoas, suas dificuldades de relacionamento ou o que quer que você enfrente na vida.
Quando você entra em um centro espírita, você definitivamente não está salvo. Seu lugar no céu jamais poderá ser comprado até porque a ideia de céu do Espiritismo nada tem a ver com anjos tocando harpa nas nuvens, e sim com a consciência tranquila do dever cumprido.

A verdade, que poucos compreendem ou querem compreender, é que quando você começa a frequentar um centro espírita absolutamente nada muda em sua vida.
Acredite. Nada mesmo.
A não ser que você tome a decisão de mudar, que você compreenda que precisa realizar melhorias em si mesmo, que aceite o convite da reforma íntima e moral, tudo continuará da mesma forma que já estava.

Ninguém pode viver nossa vida ou dar por nós os passos que nos cabem. Compete a cada um de nós a construção da nossa própria felicidade. Essa noção de responsabilidade individual, tão pouco considerada nos dias atuais, é, com certeza, uma das primeiras lições, entre tantas outras, que você aprenderá quando de fato entrar em um centro espírita.

Fonte: https://www.mensagemespirita.com.br/md/ad/o-que-acontece-quando-voce-comeca-a-frequentar-um-centro-espirita

domingo, 26 de agosto de 2018

Nossos anjos de guarda

Quando se mencionam os anjos de guarda, quase sempre nos surgem à mente imagens de seres celestes, com asas brancas e uma auréola luminosa a envolvê-los.
Foi assim que, através dos tempos, nós mesmos os idealizamos. E os artistas, pintores, escultores dessa forma os consagraram, perpetuando essa nossa concepção.
No entanto, nossos anjos de guarda, que nos protegem e guardam, são apenas almas mais evoluídas do que nós.
Diga-se, bem mais evoluídas. Nem poderia ser diferente pois que sua missão é velar por seus protegidos.
Eles nos acompanham desde o nascimento até a morte física, podendo continuar conosco por mais tempo.
Têm a missão de nos encaminhar, de forma positiva, em nossas vidas, desde que lhes sejamos dóceis aos bons conselhos.
Eles agem, normalmente, como os pais para com os filhos. Guiam para o bom caminho, auxiliam com seus conselhos, consolam nas aflições e nos sustentam a coragem frente às provas da vida.
Esses amigos espirituais são muito importantes para nós, embora nem sempre lhes saibamos agradecer pelo tanto que nos ajudam.
No entanto, é importante termos ciência de que, por mais nos auxiliem, não são eles que determinam o rumo de nossas existências.
Somos todos portadores de livre-arbítrio, a liberdade de pensar e agir.
Por isso, quando nossas escolhas são negativas, opostas às suas sugestões, eles se afastam, em respeito à nossa liberdade.
Retornam quando lhes rogamos a presença, sempre atentos aos nossos comportamentos.
Esse assunto é tão cativante que deveria converter os mais incrédulos, por seu encanto e por sua doçura.
Pensar que temos sempre ao nosso lado, seres que nos são superiores, que estão ali para aconselhar, sustentar, ajudar a escalar a montanha escarpada do bem.
Saber que são amigos mais firmes e mais devotados que as mais íntimas ligações que possamos ter na Terra é uma ideia bastante consoladora.
Esses seres ali estão por ordem de Deus, que os colocou ao nosso lado.
Onde quer que estejamos, nosso anjo guardião estará conosco: nos cárceres, nos hospitais, nos lugares dos vícios, na solidão.
Nada nos separa desse amigo que não podemos ver, mas do qual recebemos os mais doces impulsos e os mais sábios conselhos.
Infelizmente, muitos de nós desconhecemos essa verdade que nos ajudaria nos momentos de crise e nos salvaria de muitas situações difíceis.
Ideal seria que mantivéssemos ligações com eles, essa terna intimidade que reina entre os melhores amigos!
E que não tentássemos lhes ocultar nada, pois eles são os olhos de Deus e não os podemos enganar!
Consideremos o futuro. Procuremos avançar nesta vida, e nossas provas serão mais curtas, nossas existências mais felizes.
Armemo-nos de coragem! Não estamos sós. Esses bons amigos, que somente desejam que sejamos felizes, têm os olhos postos em nós.
Busquemos lhes ouvir os conselhos. Atendamos às suas sugestões.
Pensemos nisso.
 Redação do Momento Espírita, com base nas
questões 491 e 495 de
O livro dos Espíritos, de
Allan Kardec, ed. FEB.
Em 25.8.2018.

Prece por um Suicida

VI – Por Um Suicida


            71 – Prefácio – O homem não tem  jamais o direito de dispor da sua própria vida, pois só a Deus compete tirá-lo do cativeiro terreno, quando o julgar oportuno. Apesar disso, a justiça divina pode abrandar o seu rigor, em virtude de certas circunstâncias, reservando, porém, toda a sua severidade para aquele que quis furtar-se às provas da existência. O suicida assemelha-se ao prisioneiro que escapa da prisão antes de cumprir a sua pena, e que ao ser preso de novo será tratado com mais severidade. Assim acontece, pois com o suicida, que pensa escapar às misérias presentes e mergulha em maiores desgraças. (Cap. V, nº 14 e segs.)
                72 – Prece – Sabemos qual a sorte que espera os que violam a vossa lei, Senhor, para abreviar voluntariamente os seus dias! Mas sabemos também que a vossa misericórdia é infinita. Estendei-a sobre o Espírito de Fulano, Senhor! E possam as nossas preces e a vossa comiseração abrandar as amarguras dos sofrimentos que suporta, por não ter tido a coragem de esperar o fim das suas provas! Bons Espíritos, cuja missão é assistir os infelizes, tomai-o sob a vossa proteção; inspirai-lhe o remorso pela falta cometida, e que a vossa assistência lhe dê a força de enfrentar com mais resignação às novas provas que terá de sofrer, para repará-la. Afastai dele os maus Espíritos, que poderiam levá-lo novamente ao mal, prolongando os seus sofrimentos, ao fazê-lo perder o fruto das novas experiências. E a ti, cuja desgraça provoca as nossas preces, que possa a nossa comiseração adoçar a tua amargura, fazendo nascer em teu coração a esperança de um futuro melhor!. Esse futuro está nas vossas próprias mãos: confia na bondade de Deus, que espera sempre por todos os que  se arrependem, e só é severo para os de coração empedernido.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Prece pelos enfermos

Senhor dos Mundos, Excelso Criador de todas as coisas.
Venho à Tua soberana presença neste momento, para suplicar ajuda aos que estão sofrendo por doenças do corpo ou da mente.
Sabemos que as enfermidades nos favorecem momentos de reflexão, e de uma aproximação maior de Ti, pelos caminhos da dor e do silêncio.
Mas apelamos para tua misericórdia e pedimos:
Estende Tua luminosa mão sobre os que se encontram doentes, sofrendo limitações, dores e incertezas.
Faz a fé e a confiança brotarem fortes em seus corações.
Alivia suas dores e dá-lhes calma e paz.
Cura suas almas para que os corpos também se restabeleçam.
Dá-lhes alívio, consolação e acende a luz da esperança em seus corações, para que, amparados pela fé e a esperança, possam desenvolver o amor universal, porque esse é o caminho da felicidade e do bem-estar... é o caminho que nos leva a Ti.
Que a Tua paz esteja com todos nós.
Que assim seja!!

https://www.mensagemespirita.com.br/oracao/112/prece-pelos-enfermos

Legado Paterno

Easy Eddie foi um ótimo advogado, que manteve o criminoso Al Capone fora da prisão por muito tempo. Para isso, ganhava bem.
Morava com a família numa mansão, sem preocupação com as atrocidades que ocorriam à sua volta.
Para o seu único filho ele providenciava o melhor: roupas, carros e uma excelente educação.
Apesar do seu envolvimento com o crime organizado, Eddie tentou lhe ensinar o que era certo e o que era errado. Queria que se tornasse um homem melhor do que ele mesmo.
Deu-se conta, afinal, que mesmo com toda a sua riqueza e influência, havia duas coisas que ele não podia dar ao filho: um bom nome e um bom exemplo.
Por isso, tomou uma decisão. Testemunhou contando a verdade sobre Al Capone. Oferecia, dessa forma, um lampejo de integridade ao filho, embora soubesse que o preço seria muito alto.
Realmente foi. Um ano depois, Easy Eddie foi morto em uma rua de Chicago. Deixava para o filho o maior legado que poderia oferecer pelo preço mais alto que poderia pagar.
Entre os achados em seus bolsos, a polícia encontrou um texto, recortado de uma revista:
O relógio da vida recebe corda apenas uma vez e nenhum homem tem o poder de decidir quando os ponteiros pararão, se mais cedo ou mais tarde.
Agora é o único tempo que você possui. Viva, ame e trabalhe com vontade. Não ponha nenhuma esperança no tempo, pois o relógio pode parar a qualquer momento.
*   *   *
A Segunda Guerra Mundial produziu muitos heróis. Um deles foi o Tenente-Comandante Edward Henry Butch O’Hare, um piloto de caça, operando no porta-aviões Lexington, no pacífico.
Em 20 de fevereiro de 1942, seu esquadrão estava em missão quando ele notou que estava ficando sem combustível e precisaria regressar ao navio.
Nesse retorno, viu que um esquadrão de bombardeiros japoneses voava em direção à frota americana, indefesa, por estarem distantes, em missão, os seus caças.
Não pensando em si, mas em quantas vidas poderiam ser destroçadas, ele mergulhou sobre os aviões japoneses, disparando as suas metralhadoras, até sua munição acabar e o esquadrão japonês partir em outra direção.
Depois, ele voltou ao porta-aviões. O filme da câmera montada no seu avião registrou o fato com detalhes. Mostrou a extensão da ousadia do piloto ao atacar o esquadrão inimigo para proteger a frota.
Por essa batalha, ele se tornou o primeiro Ás da Marinha na Segunda Guerra Mundial. Foi o primeiro aviador naval a receber a Medalha de Honra do Congresso.
No ano seguinte, Butch morreu em combate aéreo. Tinha apenas vinte e nove anos de idade.
Sua cidade natal, Chicago, o homenageou, dando seu nome ao principal aeroporto: Aeroporto O’Hare.
A questão extraordinária é que esse piloto herói era o filho do advogado Easy Eddie.
Seu pai morrera por amor à verdade, à integridade. Deixara-lhe um legado.
Por esse exemplo, Butch deixou de pensar em si, na sua própria vida, para, de forma heroica, salvaguardar as vidas dos seus companheiros.
Extraordinário legado o do exemplo. Como já disse alguém: As palavras convencem, os exemplos arrastam.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base em dados
biográficos de Edward Henry Butch O´Hare.
Em 24.8.2018.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Amanhã eu faço

Ele mesmo declarou que sua maior imperfeição moral era a preguiça. Ao final da existência, lamentou-se do péssimo hábito de tudo deixar para amanhã. Não levava adiante as providências em andamento, preferia adiar compromissos, sempre se atrasava em tudo e não percebia que seus atrasos prejudicavam terceiros, traziam aflições a quem dele dependia e que o maior lesionado de suas atitudes negligentes era ele mesmo.

Chamava-se João e o “amanhã” foi acrescentado como apelido. Ficou conhecido, pois, com o nome de João Amanhã. Todos conheciam aquele homem que sempre apresentava desculpas, muitas delas bem esfarrapadas, para justificar atrasos ou não cumprimento dos mais elementares deveres, o que trouxe muito sofrimento para seus pais, durante toda a vida. Na verdade, porém, os pais foram os maiores responsáveis pelo adulto negligente, pois não o corrigiram na infância, concordando com sua costumeira indolência.

A mãe tentou corrigi-lo na adolescência, entregando-o aos cuidados de um tio muito trabalhador e disciplinado que viajava muito. O rapaz o acompanhou, mas alguns meses depois recebeu comunicado da mãe para que voltasse, face à enfermidade que acometera o pai. O rapaz deixou para viajar no dia seguinte, como de hábito em tudo que fazia. Por força do adiamento, no dia seguinte, o veículo coletivo sofreu avaria causando considerável atraso na viagem. Indiferente com o reparo, resolveu adiar novamente a viagem, para o próximo dia.

Quando conseguiu chegar o pai já havia morrido.

Mas não foi só. Um outro tio, solteiro, solicitou sua presença para cuidar de seus negócios – face a impedimento inesperado – e ele novamente viajou. Deixou a namorada e prometeu voltar assim que possível. Seis meses depois, em virtude de adiamentos sucessivos, quando tentou voltar, novamente perdeu o veículo coletivo que o traria de volta. No dia seguinte, quando viajaria, amanheceu enfermo e impossibilitado de viajar. Com isso, até se recuperar foram mais de três meses. Numa época em que ainda não havia telefones, ficou de escrever para a mãe e para a namorada, mas sempre deixava para o dia seguinte. A mãe a namorada acharam que ele tinha morrido, em face da ausência de notícias. A mãe enfermou e a namorada decidiu ir para o convento.

Quando chegou, um ano depois, a mãe havia morrido. A noiva, surpreendida pela volta do namorado, e agora já com votos religiosos, suicidou-se. Ele, por sua vez, por negligência contumaz, após a morte da mãe, foi sucessivamente perdendo os próprios bens e os recursos básicos de sobrevivência. Transformou-se num mendigo, passou fome e vivia da caridade alheia, sem movimentar-se para nada. Quando solicitava esmolas para comer, diziam-lhe: você não comeu hoje, comerá amanhã. Morreu de fome, abandonado. E até seu corpo ficou insepulto naquela noite, pois os coveiros – numa tarde de chuva torrencial – disseram uns para os outros: deixemos para amanhã, como ele sempre fazia…

A vida é dinâmica e pede iniciativa, providências contínuas que nos preservem de enfermidades e nos garantam o sustento e o equilíbrio da própria existência. Entregar-se a atitudes irresponsáveis como a preguiça é um grande mal.

Observemos se nossos comportamentos não geram aflição para os outros, se nossos adiamentos e atrasos não prejudicam outras iniciativas e decisões. Nossas costumeiras pendências, alimentadas e mantidas, não se enquadram no triste exemplo acima, guardadas as devidas proporções?

Quando nos atrasamos com compromissos, quando não respondemos a alguém que nos aguarda, quando não damos notícia ou quando mesmo não cumprimos nossos compromisso e deveres, estamos lesando alguém. Quando não respeitamos horários e permanecemos indiferentes com a série de obrigações diárias da simples convivência, não estaremos nós lesando a tranquilidade alheia e trazendo prejuízos ao bem geral?

Afinal quem somos para exigir benefícios pessoais em detrimento da harmonia do conjunto?

Quem privilégio achamos que detemos acima de outras pessoas?

É algo para pensar, não é? Um bom convite a uma autoanálise sobre nós mesmos. Uma ótima oportunidade para pensar se não somos os velhos egoístas de sempre. Achar-se alguém superior a outrem é bem uma tola pretensão descabida. Ninguém é maior ou menor do que ninguém. Somos todos iguais, apesar das diferenças que possamos ter...



Por Orson Carrara, texto enviado pelo autor

domingo, 19 de agosto de 2018

A Felicidade Não é deste Mundo

III – A Felicidade Não É Deste Mundo

FRANÇOIS-NICOLAS-MADELAINE
Cardeal Morlot, Paris, 1863

            20
– Não sou feliz! A felicidade não foi feita para mim! Exclama geralmente o homem, em toda as posições sociais. Isto prova, meus caros filhos, melhor que todos os raciocínios possíveis, a verdade desta máxima do Eclesiastes: “A felicidade não é deste mundo”. Com efeito, nem a fortuna, nem o poder, nem mesmo a juventude em flor, são condições essenciais da felicidade. Digo mais: nem mesmo a reunião dessas três condições, tão cobiçadas, pois que ouvimos constantemente, no seio das classes privilegiadas, pessoas de todas as idades lamentarem amargamente a sua condição de existência.
            Diante disso, é inconcebível que as classes trabalhadoras invejem com tanta cobiça a posição dos favorecidos da fortuna. Neste mundo, seja quem for, cada qual tem a sua parte de trabalho e de miséria, seu quinhão de sofrimento e desengano. Pelo que é fácil chegar-se à conclusão de que a Terra é um lugar de provas e de expiações.
            Assim, pois, os que pregam que a Terra é a única morada do homem, e que somente nela, e numa única existência, lhe é permitido alcançar o mais elevado grau de felicidade que a sua natureza comporta, iludem-se e enganam aqueles que os ouvem. Basta lembrar que está demonstrado, por uma experiência multissecular, que este globo só excepcionalmente reúne as condições necessárias à felicidade completa do indivíduo.
            Num sentido geral, pode afirmar-se que a felicidade é uma utopia, a cuja perseguição se lançam as gerações, sucessivamente, sem jamais a alcançarem. Porque, se o homem sábio é uma raridade neste mundo, o homem realmente feliz não se encontra com maior facilidade.
            Aquilo em que consiste a felicidade terrena é de tal maneira efêmera para quem não se guiar pela sabedoria, que por um ano, um mês, uma semana de completa satisfação, todo o resto da existência se passa numa sequência de amarguras e decepções. E notai, meus caros filhos que estou falando dos felizes da Terra, desses que são invejados pelas massas populares.
            Consequentemente, se a morada terrena se destina a provas e expiações, é forçoso admitir que existem, além, moradas mais favorecidas, em que o Espírito do homem, ainda prisioneiro de um corpo material, desfruta em sua plenitude as alegrias inerentes à vida humana. Foi por isso que Deus semeou, no vosso turbilhão, esses belos planetas superiores para os quais os vossos esforços e as vossas tendências vos farão um dia gravitar, quando estiverdes suficientemente purificados e aperfeiçoados.
            Não obstante, não se deduza das minhas palavras que a Terra esteja sempre destinada a servir de penitenciária. Não, por certo! Porque, do progresso realizado podeis facilmente deduzir o que será o progresso futuro, e das melhoras sociais já conquistadas, as novas e mais fecundas melhoras que virão. Essa é a tarefa imensa que deve ser realizada pela nova doutrina que os Espíritos vos revelaram.
            Assim, pois, meus queridos filhos, que uma santa emulação vos anime, e que cada um dentre vós se despoje energicamente do homem velho. Entregai vos inteiramente à vulgarização desse Espiritismo, que já deu início à vossa própria regeneração. É um dever fazer vossos irmãos participarem dos raios dessa luz sagrada. À obra, portanto, meus caros filhos! Que nesta reunião solene, todos os vossos corações se voltem para esse alvo grandioso, de preparar para as futuras gerações um mundo em que felicidade não seja mais uma palavra vã.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

Conversas

Conversas

Onde estiveres, anota:
Se surgem lutas e crises
Com momentos infelizes
De verbo candente e vão,
Escuta com paciência,
Ajuda, ampara, abençoa
E lança a palavra boa
Que anule a perturbação.

Opiniões, confidências,
Diálogos, comentários,
São forças de efeitos vários
Que se ampliam a granel;
Há palavras que são flores,
Outras recordam espinhos
Nos lares e nos caminhos
Espalhando fogo e fel.

Estende luz e esperança,
Fala no bem quando fales,
Que a Terra já tem por males
Penúria, tristeza e dor;
Jesus nos pede a palavra
Para entender e servir,
A fim de erguer no porvir
O Reino de Paz e Amor.

Marias Dolores

Psicografia de Chico Xavier
do Livro: Coração e Vida

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

O Suicídio e a Loucura

O Suicídio e a Loucura

14 – A calma e a resignação adquiridas na maneira de encarar a vida terrena, e a fé no futuro, dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo da loucura e do suicídio. Com efeito, a maior parte dos casos de loucura são provocados pelas vicissitudes que o homem não tem forças de suportar. Se, portanto, graças à maneira por que o Espiritismo o faz encarar as coisas mundanas, ele recebe com indiferença, e até mesmo com alegria, os revezes e as decepções que em outras circunstâncias o levariam ao desespero, é evidente que essa força, que o eleva acima dos acontecimentos, preserva a sua razão dos abalos que o poderiam perturbar.
15 – O mesmo se dá com o suicídio. Se excetuarmos os que se verificam por força da embriaguez e da loucura, e que podemos chamar de inconscientes, é certo que, sejam quais forem os motivos particulares, a causa geral é sempre o descontentamento. Ora, aquele que está certo de ser infeliz apenas um dia, e de se encontrar melhor nos dias seguintes, facilmente adquire paciência. Ele só se desespera se não ver um termo para os seus sofrimentos. E o que é a vida humana, em relação à eternidade, senão bem menos que um dia? Mas aquele que não crê na eternidade, que pensa tudo acabar com a vida, que se deixa abater pelo desgosto e o infortúnio, só vê na morte o fim dos seus pesares. Nada esperando, acha muito natural, muito lógico mesmo, abreviar as suas misérias pelo suicídio.
            16 – A incredulidade, a simples dúvida quanto ao futuro, as ideias materialistas, em uma palavra, são os maiores incentivadores do suicídio: elas produzem a frouxidão moral. Quando vemos, pois, homens de ciência, que se apoiam na autoridade do seu saber, esforçarem-se para provar aos seus ouvintes ou aos seus leitores, que eles nada têm a esperar depois da morte, não o vemos tentando convencê-los de que, se são infelizes, o melhor que podem fazer é matar-se? Que poderiam dizer para afastá-los dessa ideia? Que compensação poderão oferecer-lhes? Que esperanças poderão propor-lhes? Nada além do nada! De onde é forçoso concluir que, se o nada é o único remédio heroico, a única perspectiva possível, mais vale atirar-se logo a ele, do que deixar para mais tarde, aumentando assim o sofrimento.
            A propagação das ideias materialistas é, portanto, o veneno que inocula em muitos a ideia do suicídio, e os que se fazem seus apóstolos assumem uma terrível responsabilidade. Com o Espiritismo, a dúvida não sendo mais permitida, modifica-se a visão da vida. O crente sabe que a vida se prolonga indefinidamente para além do túmulo, mas em condições inteiramente novas. Daí a paciência e a resignação, que muito naturalmente afastam a ideia do suicídio. Daí, numa palavra, a coragem moral.
            17 – O Espiritismo tem ainda, a esse respeito, outro resultado igualmente positivo, e talvez mais decisivo. Ele nos mostra os próprios suicidas revelando a sua situação infeliz, e prova que ninguém pode violar impunemente a lei de Deus, que proíbe ao homem abreviar a sua vida. Entre os suicidas, o sofrimento temporário, em lugar do eterno, nem por isso é menos terrível, e sua natureza dá o que pensar a quem quer que seja tentado a deixar este mundo antes da ordem de Deus. O espírita tem, portanto, para opor à ideia do suicídio, muitas razões: a certeza de uma vida futura, na qual ele sabe que será tanto mais feliz quanto mais infeliz e mais resignado tiver sido na Terra; a certeza de que, abreviando sua vida, chega a um resultado inteiramente contrário ao que esperava; que foge de um mal para cair noutro ainda pior, mais demorado e mais terrível; que se engana ao pensar que, ao se matar, irá mais depressa para o céu; que o suicídio é um obstáculo à reunião, no outro mundo, com as pessoas de sua afeição, que lá espera encontrar. De tudo isso resulta que o suicídio, só lhe oferecendo decepções, é contrário aos seus próprios interesses. Por isso, o número de suicídios que o Espiritismo impede é considerável, e podemos concluir que, quando todos forem espíritas, não haverá mais suicídios conscientes. Comparando, pois, os resultados das doutrinas materialistas e espírita, sob o ponto de vista do suicídio, vemos que a lógica de uma conduz a ele, enquanto a lógica de outra o evita, o que é confirmado pela experiência.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

Súplica do órfão



Mãezinha,

Sinto hoje imensa saudade de você!

O dia se doura e as flores arrebentam em perfume, cantando uma sinfonia de cores e de música, que me embala o próprio coração.

Mas não a encontro, mãezinha!

A casa da minha alma se cobre de tristeza, porque sua voz não mais canta, melodiosa, aos meus ouvidos...

Disseram-me que você partiu, deixando-me tão pequeno e só!...

Por que você se foi, mamãezinha?

Informaram-me que Nosso Senhor recolhe as mãezinhas na Terra, para convertê-las em estrelas nos céus. Não acreditei! Todavia, quando a noite da soledade me envolveu na escuridão, vi duas estrelas brilhando junto a mim...

Seriam seus olhos fulgurantes, clareando meus passos trôpegos?

Oh! Mamãezinha, ouço em derredor outras crianças que gritam e abraçam em transportes de júbilo o abençoado coração maternal!

Somente eu não tenho mais você!... Sou débil plantinha que não encontra alfombra para agasalhar-se, nem mesmo tronco robusto para se apoiar...

Todavia, eu sei que você partiu, embora eu a sinta comigo, pois que, frequentemente, me parece ouvir a sua voz, cantando baixinho aos ouvidos do meu coração, uma doce canção de mimar, quando eu não consigo dormir...

Enquanto as casas se iluminam e a Terra inteira se veste de alegria para homenagear as mães, deixe-me dizer também com as outras criancinhas: "Deus a abençoe, mamãe!..."

E, se lhe for permitido, somente hoje, quando eu me for deitar, volte outra vez ao meu berço pequenino, e repita bem suavemente, para que somente eu possa ouvir: "Durma, durma, meu filhinho, para que os anjos dos céus venham buscá-lo..."

Médium: Divaldo P Franco Autor(a): Anália Franco

A Vitória do Bem

“A vitória do bem é sempre o resultado final de qualquer cometimento. Mais vidas sempre são resgatadas pelo amor.

Prossigamos em nosso trabalho de libertação de consciências e de iluminação de vidas.”

Bezerra de Menezes, o médico dos pobres.
Psicografia de Divaldo Franco

Auxílio

Chico Xavier

Auxiliemos nossos entes queridos a serem autênticos, como são e devem ser perante a vida. Indiscutivelmente tanto quanto irrompem problemas em nossa estrada, problemas outros inúmeros aparecem no campo de ação daqueles que mais amamos, no entanto, a fim de ampará-los com eficiência e segurança, atuemos em favor deles, em bases de equilíbrio e de amor, reconhecendo que não estamos sozinhos na empresa socorrista de vez que muitos de nós, Deus estava e continua a estar no caso de cada um.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

"As vezes, o mal na vida. É o bem mal interpretado."

Conta-se que o conquistador mongol Genghis-Khan tinha como animal de estimação um falcão. Com ele saía a caçar. Era seu amigo inseparável.

Certo dia, em uma das suas jornadas, com o falcão como companhia, sentiu muita sede. Aproximou-se de um rochedo de onde um filete de água límpida brotava.

Tomou da sua taça, encheu até a borda e levou aos lábios. No mesmo instante, o falcão se jogou contra a taça e o líquido precioso caiu ao chão.

Genghis-Khan ficou muito irritado. Levou a taça novamente até o filete de água e tornou a encher. De novo, antes que ele pudesse beber uma gota sequer, o falcão investiu contra sua mão, fazendo com que caísse ao chão a taça e se perdesse a água.

Desta vez o impiedoso conquistador olhou para a ave e falou:
- Vou tornar a encher a taça. Se você a derrubar outra vez, impedindo que eu beba, você perderá a vida.

Na mão direita segurando a espada mongol, com a esquerda ele tornou a colocar a taça debaixo do filete de água e a encheu.
No exato momento que a levava aos lábios, o falcão voou rápido e a derrubou.

Ágil como ele só, Genghis-Khan utilizou a espada e, em pleno ar, decepou a cabeça do falcão, que lhe caiu morto aos pés. Ainda com raiva, ele chutou longe o corpo do animal.

E porque a taça se tivesse quebrado na terceira queda, ele subiu pelas pedras para beber do ponto mais alto do rochedo, no que imaginou fosse a nascente da fonte.

Para sua surpresa, descobriu presa entre as pedras, bem no meio da nascente, uma enorme cobra venenosa. O animal estava morto há tempo, com certeza, porque mostrava sinais de decomposição. O cheiro era insuportável.

Nesse instante, e somente então, o grande conquistador se deu conta de que o que o falcão fizera, por três vezes, fora lhe salvar a vida, pois se bebesse daquela água contaminada, poderia adoecer e morrer.
Tardiamente, lamentou o gesto impensado que o levara a matar o animal, seu amigo.
* * *
Assim muitas vezes somos nós. A Providência Divina estabelece formas de auxílio para nós e não as entendemos. Pelo contrário, nos rebelamos.
Por vezes, a presença de Deus em nossas vidas se faz através dos sábios conselhos de amigos. Contudo, quando eles vêm nos falar de como seria mais prudente agirmos nessa ou naquela circunstância, nos irritamos. E podemos chegar a romper velhas amizades.
De outras vezes, Deus estabelece que algo que desejamos intensamente, não se concretize. Algo que almejamos: um concurso, uma viagem, um prêmio, uma festa, um determinado emprego. É o suficiente para que gritemos contra o Pai, nos dizendo abandonados, esquecidos do Seu apoio.

Raras vezes paramos para pensar e analisar sobre o que nos está acontecendo. Quase nunca paramos para nos perguntar: Não será a mão de Deus agindo, para me dizer que este não é o melhor caminho para mim?
Nada ocorre ao acaso. Tudo tem uma razão de ser. Você nunca se deu conta que um engarrafamento que o detém no trânsito por alguns preciosos minutos, pode lhe impedir de ser participante de um acidente mais adiante?

Um contratempo à saída de casa, que lhe retarde a tomada do ônibus no momento que você planejava, pode ser a mão de Deus interferindo para que você não se sirva daquela condução, para não estar presente no acidente que logo acontece.

Providência Divina. Esteja atento. Busque entender as pequenas mensagens que Deus lhe envia todas as horas.
E não se irrite. Não se altere. Agradeça. A mão de Deus está agindo em seu favor, em todos os momentos, todos os dias.

Redação do Momento Espírita.

"As vezes, o mal na vida. É o bem mal interpretado." (Meimei)

A vida futura

A Vida Futura

                1 – “Tornou pois a entrar Pilatos no pretório, e chamou a Jesus, e disse-lhe: Tu és o Reino dos Judeus? Respondeu-lhe Jesus: O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, certo que os meus ministros haviam de pelejar para que eu não fosse entregue aos judeus; mas por agora o meu Reino não é daqui. Disse-lhe então Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu o dizes, que eu sou rei. Eu não nasci nem vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade; todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”. (João, cap. XVIII, 33-37)

A VIDA FUTURA


                2 – Por estas palavras, Jesus se refere claramente à vida futura, que ele apresenta, em todas as circunstâncias, como o fim a que se destina a humanidade, e como devendo ser o objeto das principais preocupações do  homem sobre a terra. Todas as suas máximas se referem a esse grande princípio. Sem a vida futura, com efeito, a maior parte dos seus preceitos de moral não teriam nenhuma razão de ser. É por isso que os que não crêem na vida futura, pensando que ele apenas falava da vida presente, não os compreendem ou os acham pueris.
                Esse dogma pode ser considerado, portanto, como o ponto central do ensinamento do Cristo. Eis porque está colocado entre os primeiros, no início desta obra, pois deve ser a meta de todos os homens. Só ele pode justificar os absurdos da vida terrestre e harmonizar-se com a justiça de Deus.
                3 – Os judeus tinham ideias muito imprecisas sobre a vida futura. Acreditavam nos anjos, que consideravam como os seres privilegiados da criação, mas não sabiam que os homens, um dia, pudessem tornar-se anjos e participar da felicidade angélica. Segundo pensavam, a observação das leis de Deus era recompensada pelos bens terrenos, pela supremacia de sua nação no mundo, pelas vitórias que obteriam sobre os inimigos. As calamidades públicas e as derrotas eram os castigos da desobediência. Moisés o confirmou, ao dizer essas coisas, ainda mais fortemente, a um povo ignorante, de pastores, que precisava ser tocado antes de tudo pelos interesses deste mundo. Mais tarde, Jesus veio lhes revelar que existe outro mundo, onde a justiça de Deus se realiza. É esse mundo que ele promete aos que observam os mandamentos de Deus. É nele que os bons são recompensados. Esse mundo é o seu reino, no qual se encontra em toda a sua glória, e para o qual voltará ao deixar a Terra.
                Jesus, entretanto, conformando o seu ensino ao estado dos homens da época, evitou lhes dar os esclarecimentos completos, que os deslumbraria em vez de iluminar, porque eles não o teriam compreendido. Ele se limitou a colocar, de certo modo, a vida futura como um princípio, uma lei da natureza, à qual ninguém pode escapar. Todo cristão, portanto, crê forçosamente na vida futura, mas a ideia que muitos fazem dela é vaga, incompleta, e por isso mesmo falsa em muitos pontos. Para grande número, é apenas uma crença, sem nenhuma certeza decisiva, e daí as dúvidas, e até mesmo a incredulidade.
                O Espiritismo veio completar, nesse ponto, como em muitos outros, o ensinamento do Cristo, quando os homens se mostraram maduros para compreender a verdade. Com o Espiritismo, a vida futura não é mais simples artigo de fé, ou simples hipótese. É uma realidade material, provada pelos fatos. Porque são as testemunhas oculares que a vêm descrever em todas as suas fases e peripécias, de tal maneira, que não somente a dúvida já não é mais possível, como a inteligência mais vulgar pode fazer uma idéia dos seus mais variados aspectos, da mesma forma que imaginaria um país do qual se lê uma descrição detalhada. Ora, esta descrição da vida futura é de tal maneira circunstanciada, são tão racionais as condições da existência feliz ou infeliz dos que nela se encontram, que acabamos por concordar que não podia ser de outra maneira, e que ela bem representa a verdadeira justiça de Deus.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

Música para a alma

Ele se chama Jorge Bergero. É um violoncelista da orquestra do Teatro Colón, em Buenos Aires.
Mas, com certeza, seu mais importante papel e a mais extraordinária lição que confere ao mundo é o que realiza como presidente da Associação Civil Música para a Alma.
Iniciada na Argentina, com apenas dez músicos, hoje conta com mais de dois mil e quinhentos e extrapolou as fronteiras do país.
Já alcançou o Uruguai, Bolívia, Chile, Peru, Paraguai, Equador, Itália, França e Israel.
O propósito é tocar músicas clássicas em hospitais e locais em que se encontram idosos internados.  O objetivo é levar a música a quem está distante dela e alegrar a todos.
Assistir aos vídeos que mostram esses artistas se apresentando em salas e corredores de hospitais é emocionante.
Pacientes retidos no leito, com quase nenhuma mobilidade, erguem os braços e acompanham o ritmo das músicas, como se fossem autênticos maestros.
Alguns tentam acompanhar os tenores e sopranos, na execução dos trechos de ópera.
O projeto foi inspirado na namorada de Jorge, Maria Eugênia Rubio, uma flautista incrível e, segundo ele, muito bonita.
Bonita de corpo e alma. Um sorriso maravilhoso.
Em 2008, ela foi diagnosticada com câncer de mama e, na medida em que a enfermidade avançava, ficava sempre mais difícil para ela continuar a executar o seu instrumento.
Internada para tratamento, Jorge e seus amigos resolveram levar a música para ela e aos demais pacientes do hospital.
Nascia ali o projeto Música para a Alma. E descobriram como aquilo fazia bem. Criava momentos mágicos, inigualáveis para os internados. Alguns recordavam de momentos felizes de suas vidas.
E os músicos, ao concluírem a sua apresentação, por se sentirem imensamente felizes, se indagavam: Quando será nosso próximo concerto?
Em dezembro de 2011, Eugênia partiu. Em nome do amor a ela e à música, que Jorge qualifica como o próprio oxigênio para sua vida, ele continuou com o projeto e ainda o ampliou.
Hoje, são em torno de setenta a oitenta concertos realizados, por ano.
E o que é grandioso é ver honrada dessa forma a lembrança de um grande amor, fonte inspiradora do trabalho inicial.
Quando tantos de nós, ante a morte de um ser querido, nos isolamos e até desistimos de viver, o músico argentino continua a sorrir e a fazer sorrir aos demais.
Em nome do amor. De um grande amor, que ele multiplica com suas ações.
Que grandes benefícios espalha ele, além de, com seu exemplo, ter arrebatado tantos outros músicos igualmente idealistas.
Profissionais que, com regularidade, deixam os palcos, os trajes de gala para se misturarem ao povo sofrido, e lhes oferecer o melhor de si: a execução de peças clássicas com seus instrumentos musicais ou as modulações impecáveis das suas vozes.
*   *   *
Em meio a tantas dores, a situações complexas que envolvem as nações, enquanto muitos discutem estratégias militares, políticas e governamentais, gente simples espalha suas sementes de alegria e amor.
Gente como você e eu, gente que deseja abraçar o seu próximo e o faz com o melhor de si.
Pensemos nisso: O que nós podemos fazer para tornar melhor a vida de alguém?

Redação do Momento Espírita.
Em 16.8.2018.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Espíritos mais evoluídos entre nós

Há um bom tempo que se fala nas reencarnações de espíritos mais avançados objetivando a consolidação da Terra como mundo de regeneração.

Esse fato vem sendo comprovado através de informações advindas por intermédio de médiuns responsáveis em várias partes do planeta, além da simples observação do comportamento diferenciado de muitas crianças e jovens na atualidade.

Como Kardec escrevera na sua obra A Gênese, a troca de uma geração mais atrasada moralmente por outra mais desenvolvida se daria paulatinamente. Verificamos esta ocorrência na atualidade.

Boriska, na Rússia, vem impressionando os jornalistas com seus conceitos filosóficos morais, apesar de ser uma criança ainda. No México, um garoto vem impactando os médicos com os seus conhecimentos científicos e dizendo que uma de suas tarefas no mundo é conseguir a cura para diversos tipos de câncer. Vários outros estão deixando perplexos os que lhe ouvem ou com eles partilham a convivência, pelos tesouros morais que apresentam.

Gostaria, no entanto, de me referir, especificamente, a uma menina chamada Akiane. Desde os quatro anos que desenha de maneira encantadora, inclusive, seu primeiro desenho foi o rosto lindo que ela afirmou ser a de um anjo que a levou para um mundo muito belo de cores e luzes deslumbrantes. A partir daí, Akiane começou a retratar espíritos e paisagens maravilhosas. Ela afirma, ainda, que tem uma tarefa especial nesta vida. Escreve poemas extraordinários, de uma pureza deslumbrante.

Muito doce, hoje Akiane está com doze anos Mora em Idaho, EUA.

A garota seria o que alguns estudiosos definem como uma criança cristal, ou seja, uma alma evoluída, que veio contribuir para a mudança de nível espiritual do nosso mundo. Divaldo diz que Akiane pintou o que seria o rosto mais próximo do que tinha Jesus. Assisti um vídeo e fiquei realmente impressionado com os seus quadros e, particularmente, o de Jesus. No YouTube há vários vídeos sobre ela. Recomendamos.

Como se vê, eles já estão entre nós para fazer a diferença. Façamos a nossa parte.

Por Frederico Menezes
https://www.mensagemespirita.com.br/

A benção do perdão

Uma nuvem de tristeza pesava sobre a alma daquela mãe sofrida.
O seu jovem filho, criado com amor e desvelo, fora assassinado por um amigo dominado pelas drogas.
O desespero e a amargura eram suas companhias permanentes.
Os olhos fundos e a palidez denunciavam as noites de insônia e a falta de alimentação.
Uma amiga a convidou, talvez inspirada pela providência divina, a buscar ajuda do médium espírita, de profunda dedicação ao bem, Divaldo Franco.
Era início da noite na cidade de Salvador, Bahia, quando as duas senhoras adentraram a casa espírita, onde Divaldo atende aqueles que o procuram em busca de consolo e esperança.
Ele atendeu aquela mãe, com grande ternura.
A senhora lhe narrou o drama ocorrido, dizendo que um amigo do filho o havia alvejado por motivos banais, de ligeiro desentendimento entre ambos.
Enquanto ela contava o acontecido, aproximou-se do médium a benfeitora espiritual Joanna de Ângelis, trazendo o espírito do jovem assassinado e disse ao médium para transmitir à mãe sofrida, algumas palavras do filho.
Então, tomando emprestada a aparelhagem fonadora de Divaldo, ele dirigiu palavras de conforto para sua querida mãe.
Recomendou-lhe que não cometesse suicídio, como estava pretendendo, pois isso a afastaria ainda mais dele, e por mais tempo.
Pediu que ela se lembrasse da mãe do amigo que cometera o homicídio e agora estava detido pela justiça humana, numa cadeia, entre criminosos comuns.
Aquela mãe, sim, era muito infeliz, pois seu filho era o verdadeiro desgraçado e não ele, que estava sob o amparo de amigos espirituais atenciosos.
Ao ouvir aquela voz inconfundível, a mulher abraçou o médium, por cuja boca pudera ouvir as palavras amáveis e lúcidas do filho, que julgava ter desaparecido para sempre.
Sob a inspiração da benfeitora espiritual, Divaldo aconselhou aquela mãe a considerar o estado de alma da outra mãe, a do assassino, e pensar na possibilidade do perdão.
Na semana seguinte, o médium baiano viu adentrarem a sala duas senhoras, pálidas e de aspecto sofrido.
Uma ele já conhecia, a outra lhe era estranha.
Quando chegou a vez de atendê-las, a mulher, que estivera ali na semana anterior, lhe apresentou a companheira, dizendo ser a mãe do amigo do seu filho.
O médium entendeu que ela havia seguido os conselhos recebidos e buscava ajudar aquela mãe mais infeliz do que ela própria.
Conversaram por longo tempo.
Ao se despedir de ambas, Divaldo percebeu que um raio de luz penetrava suavemente aquelas almas doloridas.
A luz do perdão se fazia bênção de paz e gerava serena harmonia naqueles corações dilacerados pela dor da separação dos filhos bem-amados, embora por motivos diversos.
Na medida em que o tempo foi passando, as duas encontraram motivos para voltar a sorrir, e juntas visitavam o jovem no cárcere.
Mais tarde, fundaram uma casa de recuperação de toxicômanos para ajudar outros tantos jovens a se libertar das cadeias infelizes das drogas.
*   *   *
O perdão é uma das mais belas provas de confiança nas soberanas leis de Deus.
Perdoar é receber com resignação os fatos que não podemos evitar ou mudar, com a certeza de que a justiça divina não se equivoca e nada nos acontece se as leis de Deus, às quais todos nos encontramos submetidos, não o permitirem.
Redação do Momento Espírita, com base em fato
narrado por Divaldo Pereira Franco, na cidade de
Videira-SC, no dia 22.09.2003.
Em 13.8.2018

sábado, 11 de agosto de 2018

Ao meu querido pai

Olá, pai! Eu, que já fui criança um dia e que agora sou jovem, quase adulto, gostaria de dizer o que vai aqui dentro do meu coração, neste dia especial.
Eu sei que temos tido alguns desentendimentos, mas creia, papai, você é e sempre será meu grande herói.
Sabe, pai, quando observo suas mãos fortes, embora algumas marcas feitas pelo tempo, penso no quanto elas significam para mim, pois foram as primeiras a acariciar as minhas, inseguras na infância.
Quando vejo seus passos firmes, não esqueço de que foram eles que orientaram os meus primeiros passos.
Quando você me pede para ler algumas palavras que seus olhos já não conseguem ver com precisão, faço com carinho, pois não esqueço das palavras que você repetiu inúmeras vezes para que eu aprendesse a falar.
Percebo que, hoje, suas decisões são mais lentas. Mas sei também que minhas primeiras decisões foram por elas balizadas.
Talvez você não esteja tão atualizado quanto às novas tecnologias, mas eu me lembro que você pensou muito pouco em si mesmo, para fazer de mim uma pessoa de bem.
Se hoje sua saúde anda um pouco debilitada, sei que muito do seu desgaste foi para garantir a minha saúde. E se você não pronuncia corretamente alguma palavra, eu entendo, pois se esqueceu de si mesmo para que eu pudesse cursar uma universidade.
Se hoje sua memória o trai, não esqueço das tantas vezes que advogou a meu favor, nas situações difíceis em que me envolvi.
Eu cresci, papai, não sou mais aquela criança indefesa, graças a você. Hoje, a juventude me empolga as horas... Mas não esqueci minha infância, meus primeiros passos, minhas primeiras palavras, meus primeiros sorrisos.
Acredite que tudo está bem vivo em minha memória, e eu sei que, nesse seu peito cansado, ainda pulsa o mesmo coração amoroso de outrora.
É verdade que o tempo passou, mas eu nem me dei conta, pois você esteve sempre ao meu lado, disposto a me proteger e a me ensinar.
Sabe, velho, embora eu não tenha muito jeito para falar coisas bonitas, desejo lhe dizer o quanto você tem sido importante em minha vida. Você pode não ser mais aquele moço forte, quanto ao corpo, mas tem um certo ar de sabedoria que na sua imagem de ontem não existia.
Eu sei, pai, que apesar de o tempo ter passado, em seu peito o coração ainda pulsa no mesmo compasso; que o afeto que você cultivou, agora floresce em minha alma; que as emoções vividas ainda podem ser sentidas como nos velhos tempos...
Eu reconheço, meu pai, que apesar dos longos invernos suportados, você ainda mantém acesa a chama de amor e ternura pelos seres que embalou na infância.
Por isso tudo, e muito mais, eu quero lhe agradecer de todo meu coração: Pela amizade que você me devota; pelos meus defeitos que você nem nota;
por meus valores que você aumenta; pela minha fé que você alimenta;
por esta paz que nós nos transmitimos; por este pão de amor que repartimos;
pelo silêncio que diz quase tudo; por esse olhar que me reprova mudo;
pela pureza dos seus sentimentos; pela presença em todos os momentos;
por ser presente, mesmo quando ausente; por ser feliz quando me vê contente;
por ficar triste, quando estou tristonho; por rir comigo, quando estou risonho;
por repreender-me quando estou errado; por meus segredos, sempre bem guardados;
por me apontar Deus a todo instante; por esse amor sempre tão constante.

Redação do Momento Espírita, com transcrição
final de mensagem de autoria ignorada.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 2, ed. FEP.
Em 10.8.2018.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Mediunidade

A questão da mediunidade tem sido tratada, ainda em nossos dias, de forma bastante pueril por aqueles que, não a conhecendo em profundidade, se arvoram em discorrer a respeito.
Normalmente vinculam-na ao Espiritismo, como se ela fosse invenção e apanágio dos espíritas.
É, no entanto, no livro religioso mais antigo e respeitado de que tem conhecimento o Ocidente, que encontramos uma farta gama de exemplos de médiuns.
Referimo-nos à Bíblia. E em seu Antigo Testamento, encontramos a descrição detalhada do festim de Baltazar, o neto de Nabucodonosor, na Babilônia.
Em meio ao alegre festim, uma mão apareceu ao fundo da sala e escreveu três palavras, que ninguém conseguia decifrar.
Foi necessário chamar o profeta hebreu Daniel que ali compareceu e informou ao rei que as palavras significavam Pesado, Medido, Dividido, predizendo a divisão do seu reino em breve.
Fato que se consumou nos dias seguintes, com a vitória de medos e persas naquele país.
Ora, o primeiro fenômeno trata-se da escrita direta, quando os Espíritos não se utilizam da mão do médium para escrever, fenômeno estudado pelo Codificador da Doutrina Espírita no século XIX, com detalhes.
O segundo, o da decifração da mensagem tem a ver com a inspiração do profeta, que colheu no Invisível informação precisa.
Logo no início do Novo Testamento, o Evangelista Lucas descreve a anunciação de Maria pelo anjo Gabriel. Ora, ela viu o mensageiro Divino, portanto fenômeno de vidência.
Ouviu-o com detalhes, pois que com ele conversou. Fenômeno de audiência.
E, numa época em que não existia a ecografia, o mensageiro dos céus não somente lhe fala da sua concepção, mas do sexo da criança, do nome que Lhe seria dado e da Sua missão, com as palavras:
Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Será grande e o chamarão filho do Altíssimo e o seu reino não terá fim.
Finalmente, lhe informa Gabriel que sua prima também está grávida há seis meses, motivo que leva Maria a visitá-la.
Mediunidade não é, portanto, exclusividade dos espíritas. É de todos os tempos. É faculdade inerente ao homem, dada por Deus para que ele, deste mundo de dores, possa alçar-se ao Infinito e sentir o socorro e amparo espirituais, pelos fios invisíveis da comunicação que, em síntese, se dá através da oração, que eleva o ser às culminâncias do Invisível.
*   *   *
O pai de João Batista também recebeu a revelação do nascimento do filho, antes de sua esposa vir a conceber.
Narra o Novo Testamento que ele estava no Santuário, exercendo as suas funções de sacerdote, quando lhe apareceu o mensageiro do Senhor, ao lado direito do altar, dando-lhe detalhes do que sucederia, igualmente lhe dizendo do sexo da criança, o nome e sua missão.
O fato de estar o sacerdote Zacarias a orar nos dá a tônica de que para adentrarmos à Espiritualidade Superior, o caminho é sempre a prece, que nos eleva e credencia a tal.
Redação do Momento Espírita.
Em 04.09.2009.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Onda Gigante

Um pesadelo assustador para muitos, certamente: uma onda gigante vindo em sua direção, imponente, engolindo tudo pela frente.
Em nós, misturam-se sentimentos: impotência, pavor, desorientação. Não há o que fazer, não há para onde ir. Tudo parece condenado.
Diante das grandes ameaças, dos grandes problemas dos dias, muitas vezes nos sentimos assim, e os sonhos, à noite, acabam por produzir tais representações aterradoras.
Agora procuremos imaginar uma outra cena: um paredão de água do mar com cerca de vinte e quatro metros de altura, prestes a quebrar na costa.
No alto de toda essa imponência, na crista, vislumbramos algo que nos surpreende: lá está uma pessoa.
Trata-se de um surfista que se projeta muralha abaixo, desafiando aquela que passaria a ser a maior onda já surfada no mundo.
Os que observamos, à distância, nem sequer respiramos naqueles breves segundos. Enxergamos o pequeno risco veloz desenhado na água do mar, enquanto atrás, o grande muro parece querer desabar a qualquer momento.
O oceano silencia aguardando a arrebentação, como se prendesse o fôlego antes do rugido ensurdecedor da vaga quebrada no raso.
Após o grande estrondo, então, lá está o esportista, ileso, em pé em sua prancha, vitorioso sobre a espuma da onda vencida.
*   *   *
Grandes problemas podem ser vistos como grandes oportunidades.
O mundo de provas e expiações é também o mundo dos aprendizados constantes, é o mundo escola.
Cada experiência, por mais assustadora que possa parecer, guarda em si uma lição para o Espírito em crescimento.
Importante não enxergarmos as ondas gigantes da vida como grandes males, grandes desgraças.
Abandonemos essa visão imediatista, simplista, que julga os acontecimentos apressadamente, sem perceber suas consequências mais adiante. A vida do Espírito é a vida do longo prazo.
Quantas ondas assustadoras já encaramos na vida e nas vidas, sobrevivendo ao final?
Não é a primeira vez nem a última que iremos enfrentar desafios dessa monta, por isso é hora de pensarmos diferente.
Por que não surfarmos nas imensas vagas que se apresentam? Será que não é esse o convite do oceano da vida?
Pensemos, estudemos, analisemos, preparemo-nos melhor.
O mar não é o inimigo, assim como as Leis de Deus também não o são.
Convidemos a coragem para estar conosco todos os dias. O medo é natural. Não nos envergonhemos dele. Prossigamos com ele ao nosso lado, porém, não permitamos que ele nos controle.
Nada poderá nos destruir. Somos maiores do que as ondas gigantes, embora não possa parecer.
*   *   *
Enquanto nos encontramos no plano de exercício, qual a crosta da Terra, sempre seremos defrontados pela dificuldade e pela dor.
A lição dada e? caminho para novas lições.
Atrás do enigma resolvido, outros enigmas aparecem.
Outra não pode ser a função da escola, senão ensinar, exercitar e aperfeiçõar.
Enchamo-nos, pois, de calma e bom ânimo, em todas as situações. Fomos colocados entre obstáculos mil de natureza estranha, para que, vencendo inibições fora de nós, aprendamos a superar as nossas limitações.

 Redação do Momento Espírita, com citações do cap. 61,
do livro
Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 6.8.2018.

domingo, 5 de agosto de 2018

 O mais valioso dos tesouros

Em uma das suas parábolas, Jesus compara o reino dos céus a um tesouro escondido em um campo. Um homem o encontra e, desejando-o para si, vende tudo o que tem e compra aquele campo.
A parábola nos convida a realizarmos uma reflexão acerca do que consideramos tesouro.
Para alguns de nós, os tesouros são as coisas materiais: a casa bonita, os móveis novos, o carro último tipo, uma conta corrente expressiva, roupas caras, perfumes raros.
A possibilidade de comparecer a restaurantes sofisticados e solicitar pratos requintados. A chance de percorrer o mundo, conhecendo as obras raras do ontem e do hoje.
Para outros, tesouros são livros. E não nos cansamos de buscá-los, em especial as edições esgotadas, mais valiosas.
Outros colecionamos obras de arte e as exibimos aos amigos com alegria. Cada obra adquirida, mais um ponto para o nosso tesouro.
Recordamos de certo filme que apresentava uma família excessivamente rica. Tão rica que, para guardar seus maiores tesouros, mandou cavar um cofre no seio de uma alta montanha, onde até foram esculpidas as faces da mãe, do pai e do filho.
Certo dia, ladrões audaciosos adentraram aquele lar, amarraram os pais e sob ameaças de lhes ferir o filho, os fizeram dizer qual o segredo para adentrar na fortaleza. Os ladrões desejavam as riquezas que ali se encontravam.
Qual não foi sua surpresa ao descobrirem que os tesouros tão propalados não passavam de coisinhas tolas, como o bercinho onde dormira o bebê pela primeira vez, o primeiro brinquedo, o primeiro troféu, o primeiro sapatinho.
Para aqueles pais, tão ricos, o que consideravam como de maior valor era tudo aquilo que se referia ao filho. Ele lhes era o maior tesouro.
*   *   *
E o nosso tesouro? Qual será?
Recordamos Jesus que se referia aos tesouros da intimidade, que o ladrão não rouba, nem a traça corrói.
É isso mesmo. O maior tesouro é aquele que podemos amealhar dentro de nós: nossa riqueza interior.
O que possamos crescer em intelecto, em moral, isso ninguém nos haverá de furtar.
E mesmo após a morte do corpo físico, são aqueles que seguirão conosco.
Nosso conhecimento, nossas virtudes, nossas qualidades morais. Tesouros que utilizaremos na vida espiritual e nas próximas reencarnações, seja na Terra ou em qualquer outro mundo, qualquer outra morada de nosso Pai.
Você sabia?
...que para os Apóstolos Paulo de Tarso e Barnabé o maior tesouro eram os escritos de Levi, depois chamado Evangelista Mateus?
E você sabia que, por falarem muito a respeito do grande tesouro que possuíam, certa noite, ambos foram assaltados a fim de terem furtada aquela preciosidade?
E que, após o assalto, deram graças a Deus, considerando que aqueles escritos, nas mãos dos ladrões, com certeza os haveriam de transformar para o bem?

Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 9, ed. FEP.
Em 3.8.2018.

sábado, 4 de agosto de 2018

Você nasceu no lar de que precisavas

Nasceste no lar de que precisavas.
Vestiste o corpo físico que merecias.
Moras no melhor lugar que Deus poderia te proporcionar, de
acordo com teu adiantamento.
Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades; nem mais nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas.
Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para a tua realização.
Teus parentes e amigos são as almas que atraíste com tuas próprias afinidades.
Portanto, teu destino está constantemente sob teu controle.
Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas tudo aquilo que te rodeia a existência.
Teus pensamentos e vontades são a chave de teus atos e atitudes, são as fontes de atração e de repulsão na tua jornada vivencial.
Não reclames nem te faças de vítima. Antes de tudo, analisa e observa. A mudança está em tuas mãos.
Reprograma tua meta. Busca o bem e viverás melhor.
NÃO ESTRAGUE O SEU DIA

A sua irritação não solucionará problema algum.
As suas contrariedades não alteram a natureza das coisas.
Os seus desapontamentos não fazem o trabalho que só o tempo conseguirá realizar.
O seu mau humor não modifica a vida.
A sua dor não impedirá que o sol brilhe amanhã sobre os bons e os maus.
A sua tristeza não iluminará os caminhos.
O seu desânimo não edificará a ninguém.
As suas lágrimas não substituem o suor que você deve verter em benefício da sua própria felicidade.
As suas reclamações, ainda mesmo afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por você.
Não estrague o seu dia.
Aprenda, com a Sabedoria Divina, a desculpar infinitamente, construindo e reconstruindo sempre para o infinito Bem.
Emmanuel - Chico Xavier 

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Uma Prece

Ao despertar, enquanto você abre os olhos e se espreguiça na cama, seja para o Senhor da Vida o seu primeiro pensamento.
Meditando em tantas coisas que logo mais lhe tomarão todas as horas do dia, sem lhe deixar tempo para telefonar para o amigo que há muito não vê, ou almoçar com a família, eleve a Deus o seu pensamento e lhe diga:
Senhor, acalma meu passo. Desacelera as batidas do meu coração, acalmando minha mente.
Diminui meu ritmo apressado com a visão da eternidade do tempo. Em meio às confusões do dia a dia, dá-me a tranquilidade das montanhas.
Retira a tensão dos meus músculos e nervos com a música suave dos rios de águas cantantes que vivem em minhas lembranças.
Ajuda-me a conhecer o poder mágico e reparador do sono. Ajuda-me a me preparar bem para o repouso de todas as noites, lembrando-me sempre que enquanto dorme meu corpo, eu, Espírito, adentrarei o verdadeiro mundo e irei aos lugares que a minha mente elegeu como meu tesouro.
Ensina-me a arte de tirar pequenas férias: reduzir o meu ritmo para contemplar uma flor, papear com um amigo, afagar uma criança, ler um poema, ouvir uma música preferida.
Ensina-me a ter olhos de ver a beleza do céu azul, um raio de sol, a chuva da tarde, o cair da noite, com seu manto aveludado bordado de estrelas.
Acalma meu passo, Senhor, para que eu possa perceber no meio do incessante labor cotidiano dos ruídos, lutas, alegrias, cansaços ou desalentos, a Tua presença constante no meu coração.
Acalma meu passo, Senhor, para que eu possa entoar o cântico da esperança, sorrir para o meu próximo e calar–me para escutar a Tua voz.
Acalma meu passo, Senhor, e inspira-me a enterrar minhas raízes no solo dos valores duradouros da vida, para que eu possa crescer até às estrelas do meu destino maior.
Obrigado, Senhor, pelo dia de hoje, pela família que me deste, pelo meu trabalho e, sobretudo, pela Tua presença em minha vida.
Tudo isto Te peço, Senhor, pois se estás comigo, em nenhum lugar me sentirei triste, porque, apesar da tragédia diária, Tu enches de alegria o Universo.
Se estás comigo, não tenho medo de nada, nem de ninguém, porque nada posso perder e todas as forças do Cosmos são impotentes para tirar-me o que me pertence, na qualidade de filho de Deus: o Teu amor.
Se estás comigo, tudo executarei em Teu nome. Enfim, em nenhum lugar me sentirei estranho, deslocado, porque estás em todas as regiões, na mais suave de todas as paisagens, no limite indeciso de todos os horizontes.
*  *  *
A brisa refrescante que arrefece o calor dos dias de verão somente nos beneficiará se a respirarmos compassadamente.
Somente poderemos sentir a chuva benfazeja que se derrama sobre larga faixa terrestre, trazendo a fertilidade ao chão e alimentando as fontes, se alongarmos as mãos para recolher o líquido precioso.
Também as bênçãos de Deus se espelham sobre todas as criaturas, porém, para que as possamos sentir, dulcificando-nos as vidas, é preciso que nos unamos, em sintonia feliz, a essas faixas de luz.
E essa sintonia se chama oração.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.3, do livro Rosângela,
pelo Espírito Rosângela, psicografia de Raul Teixeira, ed. FRÁTER e no
texto
Se amas a Deus, de Amado Nervo, do livro Um presente especial,
de Roger Patrón Luján, ed. Aquariana.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 3, ed. FEP.
Em 2.8.2018.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Causa e Efeito


Nascimento: 3 de outubro de 1804

Morte: 31 de março de 1869 (64 anos)

Ocupação: Professor, Pesquisador, Pedagogo, Filósofo

Biografia: Hippolyte Léon Denizard Rivail foi educador, escritor e tradutor francês. Sob o pseudônimo de Allan Kardec, notabilizou-se como o codificador do espiritismo, também denominado de Doutrina Espírita.

- https://kdfrases.com/frase/91622

O Umbral

A ideia do Umbral sempre provocou fascínio entre os espíritas e não espíritas. Desde que o médium Francisco Cândido Xavier revelou pela primeira vez a existência do Umbral no livro Nosso Lar, em 1944, muitas pessoas criaram uma certa curiosidade sobre o assunto. Umbral pode ser definido como uma zona ou região cósmica onde se encontram, por afinidade e sintonia, espíritos que estão presos aos resultados de suas próprias ações, emoções e pensamentos negativos. É onde se reúnem desencarnados que não conseguem se libertar de muitas emoções, como mágoa, culpa, ressentimento, ódio, revolta, ambição, apego, angústia, dor, luto, decepção, frustrações, etc.
Seria, a bem dizer, uma região extrafísica onde os espíritos de afinidades e vibrações menos elevadas se encontrariam unidos em vibração de pensamentos e paixões. Porém nas próprias obras de André Luiz, assim como noutras obras de espíritos conhecidos, o umbral é tido como uma zona mental não necessariamente física, onde os pensamentos dos espíritos – encarnados ou desencarnados – cria as formas-pensamento que nada mais são que imagens criadas pela imaginação, vibração e energia mental que alimentam estas criações mentais.
Para o Umbral normalmente espíritos cuja vibração é muito baixa são atraídos por sintonia; espíritos que cometeram erros terríveis em vida ou que se prendem em paixões, vícios, sexo, drogas, perversões, maldades e toda sorte de qualidades inferiores, como orgulho, egoísmo, vaidade, medo, tristeza profunda, etc. Quase sempre esta “ida” ao umbral após o desencarne é compulsória e involuntária. O espírito se atrai a este ambiente psico-espiritual através das suas atitudes em vida e seus mais íntimos pensamentos.
Como no caso de André Luiz que foi atraído a o umbral devido a sua vida materialista e de grandes extravagâncias, muitos de nós acabamos nos encontrando neste “ambiente infernal” devido às nossas relutâncias em desapegar-se das paixões materiais. Muitos espíritos no umbral sofrem com problemas graves de consciência machucada pelo pior juiz que podemos ter que enfrentar: Nós mesmos. A culpa, a raiva e até mesmo o sentimento de vingança e rebeldia tornam espíritos umbralinos – espíritos que estão a tanto tempo perdidos no umbral – soldados incansáveis da marcha anti-evolutiva.

Como evitar o Umbral?

umbral 2
Mas não há motivos para desespero, existe uma forma de não “ir” para o umbral e ela é bem simples! tudo bem não é tão simples mas o importante é ter boa vontade e determinação! Caso nos tornemos pessoas desprendidas do mundo material, cheias de bons sentimentos, não dando espaço para a inveja, arrogância, ganância e orgulho poderemos não ter que passar por este estágio tão degradante d’alma.
O processo evolutivo não dá saltos, cada passo é dado aos poucos e não seria diferente com a nossa reforma íntima. É muito importante que estejamos atentos às nossas atitudes e aos nossos pensamentos – Orai e Vigiai – já nos dizia o mestre Jesus. Quem ora está em constante contato com o plano espiritual superior e quem vigia está sempre atento para suas atitudes perante as provações e expiações da carne. Para redimir-se com os erros do passado precisamos acertar o presente para que encontremos um futuro de bênçãos e alegrias. Confiar na providência divina e fazer a nossa parte diante do processo evolutivo é a melhor maneira de se evitar o Umbral e as penosas situações que extraímos de experiências desagradáveis de irmãos que nos trouxeram em vias mediúnicas seus testemunhos.
Sejamos pois de agora em diante exemplos de superação, de boa vontade e de refazimento. Criemos, pois, a nossa reforma íntima com sincera humildade e busca pela redenção. O umbral nada mais é do que a nossa imperfeição sendo colhida através das escolhas que fizemos durante nossa encarnação presente, logo é possível evita-lo basta seguir ao Cristo, nosso maior exemplo de perfeição na terra.

Muita paz e sucesso aos irmãos na reforma íntima!

https://espiritismodaalma.wordpress.com/2017/11/12/o-umbral/

Fontes: Livro dos espíritos , Allan kardec
Nosso lar , Francisco Cândido Xavier (pelo espírito André Luiz)

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...