terça-feira, 31 de julho de 2018

Jesus e o mundo

É comum os que nos afirmamos cristãos, demonstrarmos desânimo com a corrupção do mundo.
Entretanto, o Cristo é o maior exemplo de confiança na regeneração dos homens.
Infinitamente superior a todos os seres que passaram pelo planeta, Ele ensinou e exemplificou o bem.
Renunciou, temporariamente, de sua natural morada junto aos anjos, para conviver com seres rudes.
Suportou demonstrações de ignorância e crueldade, ao ponto de aceitar a dor do martírio.
Assim O fez certamente por acreditar no progresso da Humanidade.
Jesus, o Modelo da Perfeição, não recusou o convívio com os doentes do corpo e da alma.
Ele afirmou que os que gozam de saúde não necessitam de médico. Portanto, como Divino Médico das almas, Ele veio para os que se encontravam equivocados.
Por consequência, nós, os Seus seguidores não devemos agir de modo diferente.
Assim, não é viável perdermos a esperança ou desanimarmos, diante das pequenas e abençoadas lutas que o céu a todos nos concede.
As sombras das experiências humanas são provas purificadoras.
Desta bendita escola saíram, diplomados em santificação, Espíritos sublimes.
Hoje eles se constituem em abençoados patronos da evolução terrestre.
Os que seguimos na retaguarda, por entre dificuldades morais, não podemos menosprezar o plano de aprendizado que a vida nos oferece.
Se compreendemos um pouco as leis superiores que regem o Cosmo necessitamos dar a nossa cota de exemplo e sacrifício.
Se o melhor não auxiliar o pior, inutilmente aguardaremos a melhoria da Humanidade.
Se o bom desamparar o mau, a fraternidade não passará de uma ilusão.
Se o sábio não auxiliar o ignorante, a educação não passará de uma perigosa mentira.
Caso o humilde fuja do orgulhoso, o amor se converterá em palavra inútil.
O aprendiz da gentileza não pode desprezar o prisioneiro da impulsividade e da grosseria.
Se assim fizermos, o desequilíbrio terminará por comandar a existência humana.
A virtude precisa socorrer as vítimas dos vícios e o bem necessita amparar os que se lançam nos despenhadeiros do mal.
Caso contrário, a admiração e o encanto pela figura do Cristo de nada nos servirá.
O Mestre não era deste mundo, mas a ele veio para a redenção de todos.
Sabia que Seus apóstolos não pertenciam ao acervo moral da Terra.
Mas os enviou para que, sob sua influência, o planeta se convertesse em um reino de luz.
*   *   *
Se, como cristãos, fugimos ao contato do mundo, a pretexto de nos preservarmos do erro, seremos como uma flor improdutiva na árvore do Evangelho.
A Seara do Senhor não necessita de cânticos e ladainhas, mas de trabalhadores abnegados e fiéis.
Do nosso esforço é que deverá brotar a sementeira renovada de um amanhã pleno de paz e fraternidade.
Pensemos nisso.
 Redação do Momento Espírita, com base no cap. 29, do livro Coragem,
pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier,
ed. CEC.
Em 27.7.2018.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

 A Bagagem

Existe um personagem de desenhos animados infantis que tem um certo toque de mistério e magia.
Seu nome é Gato Félix. A todo lugar que vá, ele leva a sua maleta. É uma maleta especial, pequena. E, contudo, tudo o que ele deseja, tira da dita maleta.
Se for hora do lanche, ele encontra frutas, sanduíches e sucos. Se necessita fazer um conserto, as ferramentas lá estão. Sempre as certas e precisas.
Se chove de repente, basta abrir a maleta para encontrar capa de chuva, guarda-chuva, botas. E assim com qualquer situação.
Cada um de nós também possui uma pequena mala de mão, em sua vida. Mais ou menos parecida com a do interessante personagem infantil.
Quando a vida começa, temos em mãos a pequena mala. À medida que os anos passam, a bagagem, dentro dela, vai aumentando.
É que vamos colocando tudo o que recolhemos pelo caminho.
Algumas coisas muito importantes. Outras, nem tanto. Muitas, dispensáveis.
Chega um momento em que a bagagem começa a ficar insuportável de ser carregada. Pesa demais.
Nesse momento, o melhor mesmo é aliviar o peso, esvaziar a mala.
Você examina o conteúdo e vai pondo para fora.
Amor, amizade. Curioso, não pesam nada.
Depois você tira a raiva. Como ela pesa! Na sequência, você tira a incompreensão, o medo, o pessimismo.
Nesse momento, você encontra o desânimo. Ele é tão grande que, ao tentar tirá-lo, ele é que quase o puxa para dentro da mala.
Por fim, você encontra um sorriso. Bem lá no fundo, quase sufocado.
Pula para fora outro sorriso. E mais outro. Aí você encontra a felicidade.
Mas ainda tem mais coisas dentro da mala. Você remexe e encontra a tristeza. É bom jogá-la fora.
Depois, você procura a paciência dentro da mala. Vai precisar bastante dela.
E também procura a força, a esperança, a coragem, o entusiasmo, equilíbrio, responsabilidade, tolerância e o bom e velho humor.
A preocupação que você encontrar, deixe de lado. Depois você pensa o que fazer com ela.
Bem, agora que você tirou tudo da sua mala, deve arrumar toda a bagagem.
Pense bem o que vai colocar lá dentro de novo. Isso é com você.
E depois de toda a bagagem pronta, o caminho recomeçado, lembre de repetir a arrumação vez ou outra.
É que o caminho é longo, até chegar ao final da jornada e você terá que carregar a mala, o tempo todo.
E quando chegar do outro lado, é bom que em sua bagagem tenha o máximo de coisas positivas, como boas obras, amizades, carinho, amor.
Porque isso tudo não pesa na sua bagagem, enquanto na Terra. Mas quando for colocada na balança da justiça, para além da existência física, pesará e muito, positivamente.
*   *   *
A vida é uma grande viagem. Durante um tempo, se excursiona pelas paisagens terrenas.
É um período para estudar, trabalhar, progredir.
Um dia, se retorna para a estação espiritual. É o momento de contar as conquistas e as perdas. Os erros e os acertos.
Que nossa bagagem, nesse dia, possa estar repleta de virtudes, bem praticado, afetos conquistados para nossa própria e grande felicidade.
Redação do Momento Espírita, com base
em artigo de autoria ignorada.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 5, ed. FEP.
Em 24.7.2018.

terça-feira, 24 de julho de 2018

Pirogenia

Pirogenia

Certa feita, a televisão mostrou, em reconstituição de imagens, a tragédia de uma família, às voltas com estranhos fenômenos.
Combustão espontânea, foi o que denominaram.
Fenômeno que acontece nas mais diversas horas do dia. Sem explicação aparente, incendeia-se o colchão, o armário, o teto, roupas no varal.
Vizinhos se mostram incrédulos e comentam que é fraude.
Se é fraude, é de questionarmos por que uma família pobre, sem recursos, colocaria fogo no pouco que possui e lhe irá fazer falta?
Fraude só tem lugar onde há vantagens. No caso em pauta só há desvantagens.
Ademais, como explicar a intranquilidade, o desassossego, as noites mal dormidas, dado o temor que logo irrompa o fogo em algum canto da casa?
O fenômeno não é novo.
No Antigo Testamento encontramos exemplos dele. Quando o legislador hebreu Moisés cuidava do rebanho do sogro, no campo, foi surpreendido pela visão à distância de um grande clarão. Curioso, foi verificar do que se tratava. O clarão vinha de um pequeno arbusto que queimava: a sarça ardente.
Do meio das chamas, uma voz se faz ouvir. É o Espírito protetor da nação israelita, Jeová, que lhe recorda da missão de libertador do seu povo.
Mais adiante, no Sinai, quando Moisés ora para ouvir as orientações espirituais, um raio corta os céus e escreve nas pedras os Dez Mandamentos, o Decálogo.
Dois fenômenos que a Bíblia dá notícias e testifica. Espíritos do bem se servem do fenômeno mediúnico de efeitos físicos, a pirogenia, para chamar a atenção e atender o seu objetivo.
Em outros casos, são Espíritos brincalhões ou vingativos que, provocando tais efeitos, se divertem com o apuro pelo qual passam as suas vítimas.
Sempre existe um médium no local ou nas proximidades. É ele que fornece a energia, o fluido para que o Espírito, associando o seu próprio fluido, consiga realizar o que pretende. No caso, o fogo.
Conhecida a causa, fácil se torna extinguir o efeito.
Oração, vivência nobre, não temer - eis o início da libertação.
Espíritos assim infelizes, que se detêm no mal, nas tolas brincadeiras necessitam também de esclarecimento.
Precisam compreender a grande tolice que cometem. Porque quem faz mal ao outro, a si mesmo prejudica.
Nada de sobrenatural, nem de espetacular. Basta que se estude os fatos e se aplique os recursos devidos.

 Curiosidades
 Em junho de 1981, na Itália, o jovem André Albertini saiu de férias. Nunca mais voltou para casa.
Meses depois, alguns fenômenos curiosos começaram a acontecer. O jornal que o pai lia apareceu com uma grande mancha vermelha. Tinha a cor e aparência de sangue fresco.
Era o Espírito do filho, que fora assassinado, e principiava suas tentativas de comunicação com o pai.

Redação do Momento Espírita.
Em 19.11.2012.

domingo, 22 de julho de 2018

Caridade Com Os Criminosos

IV – Caridade Com Os Criminosos

                                                                       ELIZABETH DE FRANÇA
                                                                       Havre, 1862
                                                          
            14 – A verdadeira caridade é um dos mais sublimes ensinamentos de Deus para o mundo. Entre os verdadeiros discípulos da sua doutrina deve reinar perfeita fraternidade. Devem amar os infelizes, os criminosos, como criaturas de Deus, para as quais, desde que se arrependam, serão concedidos o perdão e a misericórdia, como para vós mesmos, pelas faltas que cometeis contra a sua lei. Pensai que sois mais repreensíveis, mais culpados que aqueles aos quais recusais o perdão e a comiseração, porque eles quase sempre não conhecem a Deus, como o conheceis, e lhes será pedido menos do que a vós.
            Não julgueis, oh! Não julgueis, meus queridos amigos, porque o juízo com que julgardes vos será aplicado ainda mais severamente, e tendes necessidade de indulgência para os pecados que cometeis sem cessar. Não sabeis que há muitas ações que são crimes aos olhos do Deus de pureza, mas que o mundo não considera sequer como faltas leves?
            A verdadeira caridade não consiste apenas na esmola que dais, nem mesmo nas palavras de consolação com que as acompanhais. Não , não é isso apenas que Deus exige de vós! A caridade sublime, ensinada por Jesus, consiste também na benevolência constante, e em todas as coisas, para com o vosso próximo. Podeis também praticar esta sublime virtude para muitas criaturas que não necessitam de esmolas, e que palavras de amor, de consolação e de encorajamento conduzirão ao Senhor.
Aproximam-se os tempos, ainda uma vez vos digo, em que a grande fraternidade reinará sobre o globo. Será a lei de Cristo a que regerá os homens: somente ela será freio e esperança, e conduzirá as almas às moradas dos bem-aventurados. Amai-vos, pois, como os filhos de um mesmo pai; não façais diferenças entre vós e os infelizes, porque Deus deseja que todos sejam iguais; não desprezeis a ninguém. Deus permite que os grandes criminosos estejam entre vós, para vos servirem de ensinamento. Brevemente, quando os homens forem levados à prática das verdadeiras leis de Deus, esses ensinamentos não serão mais necessários, e todos os Espíritos impuros serão dispersados pelos mundos inferiores, de acordo com as suas tendências.
            Deveis a esses de que vos falo o socorro de vossas preces: eis  a verdadeira caridade. Não deveis dizer de um criminoso: “É um miserável; deve ser extirpado da Terra; a morte que se lhe inflige é muito branda para uma criatura dessa espécie”. Não, não é assim que deveis falar! Pensai no vosso modelo, que é Jesus. Que diria ele, se visse esse infeliz ao seu lado? Havia de lastimá-lo, considerá-lo como um doente muito necessitado, e lhe estenderia a mão. Não podeis, na verdade, fazer o mesmo, mas pelo menos podeis orar por ele, dar-lhe assistência espiritual durante os instantes que ainda deve permanecer na Terra. O arrependimento pode tocar-lhe o coração, se orardes com fé. É vosso próximo, como o melhor dentre os homens. Sua alma, transviada e revoltada, foi criada, como a vossa, para se aperfeiçoar. Ajudai-o, pois, a sair do lamaçal, e orai por ele.

                                                                              ***
            LAMENNAIS
             Paris, 1862

15 – Um homem está em perigo de morte. Para salvá-lo, deve expor a própria vida. Mas sabe-se que é um malvado, e que, se escapar poderá cometer novos crimes. Deve-se, apesar disso, arriscar-se para o salvar?

         Esta é uma questão bastante grave, e que pode naturalmente apresentar-se ao espírito. Responderei segundo o meu adiantamento moral, desde que se trata de saber se devemos expor a vida, mesmo por um malfeitor. A abnegação é cega. Socorre-se a um inimigo; deve-se socorrer também a um inimigo da sociedade, numa palavra, a um malfeitor. Credes que é somente à morte que se vai arrebatar esse desgraçado? É talvez a toda a sua vida passada. Porque, pensai nisso, – nesses rápidos instantes que lhe arrebatam os últimos momentos da vida, o homem perdido se volta para a sua vida passada, ou melhor, ela se ergue diante dele. A morte, talvez, chegue muito cedo para ele. A reencarnação poderá ser terrível. Lançai-vos, pois, homens! Vós, que a ciência espírita esclareceu, lançai-vos, arrancai-o ao perigo! E então, esse homem, que teria morrido injuriando-vos, talvez se atire nos vossos braços. Entretanto, não deveis perguntar se ele o fará ou não, mas correr em seu socorro, pois, salvando-o, obedeceis a essa voz do coração que vos diz: “Podeis salvá-lo; salvai-o!”

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

Dias Amargos

Quando as notícias a respeito da violência nos chegam, nos sobressaltamos.
Pensamos, por vezes, que não existe lugar em que nos possamos sentir totalmente seguros.
Uma mãe vai buscar a criança na escola e, enquanto a acomoda no assento de trás do carro, alguém a surpreende, dando-lhe voz de assalto.
A reação imediata é angustiante, pois ela pensa unicamente na segurança do filho e como retirá-lo da situação de perigo.
Deixamos nossos filhos na porta da escola, os vemos adentrar o local. Imaginamos que, enquanto estiverem ali, estarão seguros.
No entanto, as chamadas balas perdidas os encontram nos bancos escolares, enquanto atentos buscam iluminar seus intelectos.
Vamos às compras, andamos pelo shopping quando um arrastão nos surpreende. E tudo é tão rápido que ficamos sem ação.
Por vezes, nos esquecemos até de eventual tentativa de nos ocultarmos, de nos protegermos, em algum lugar.
Violência cotidiana. Violência no trânsito onde a impaciência, a agressividade parecem ser a tônica de quem se encontra ao volante.
A impressão que se tem é de que estamos numa grande disputa para ver quem pode mais, quem chegará antes ao seu destino, quem conseguirá ultrapassar o outro.
Tudo isso nos torna desconfiados, amargurados, de tal sorte que, às vezes, a simples proximidade de alguém ao nosso lado, nos causa sobressalto.
Uma mensagem que chegue, de repente, no celular, nos acelera os batimentos cardíacos porque imaginamos se algo aconteceu a um dos nossos amados.
Deixamo-nos intoxicar pelo panorama ruim, pelas notícias de intranquilidade.
Sim, há muita maldade na Terra.
No entanto, de igual forma, existem muitos fatos positivos, muita gente se importando com o outro, muita gente investindo tempo e recursos para o bem-estar do seu semelhante.
De um modo geral, estamos demasiadamente focados nas notícias tristes e desumanas.
Em decorrência, alimentamos pensamentos negativos e acabamos contribuindo energeticamente para fortalecer a onda de violência e terror.
Seria importante que redirecionássemos o nosso foco. Que deixássemos de nos interessar tanto pelas notícias trágicas e buscássemos saber das coisas positivas que acontecem no mundo.
Seria importante que, sabendo de mortes violentas, de maldades e crimes expressivos, não comentássemos; que os lamentássemos intimamente e orássemos pelas vítimas e por seus agressores.
Que a nossa contribuição fosse positiva. As pessoas são suficientemente infelizes pelas tragédias que padecem, não precisam ter o panorama das suas dores espalhadas e repetidas de todas as formas.
Pensemos: se fôssemos nós os envolvidos no problema, gostaríamos que os comentários se somassem e se multiplicassem?
Não seria melhor que alguém se aproximasse e nos transmitisse boas energias, um abraço, um aperto de mão?
Por isso, usemos a lente do bem, e busquemos fatos positivos na leitura da vida que nos cerca.
Sejamos luz, no mundo momentaneamente escuro.
Sejamos esperança para as almas amarguradas pela desilusão.
Com certeza, os dias amargos passarão!
Contribuamos para que isso se dê o mais rápido possível!
Redação do Momento Espírita.
Em 14.7.2018

domingo, 15 de julho de 2018

A Renúncia

O homem estava caído, com a cabeça ensanguentada. Pedro parou seu carrão e, pelo celular, chamou a ambulância.
Aproximou-se. Para estancar o sangue, rasgou um pedaço de sua camisa de linho e enfaixou a cabeça do ferido.
Quando a ambulância chegou, ele entregou seu cartão para um dos enfermeiros, pedindo que ligasse para dar notícias do pobre infeliz.
Dias depois, recebeu um telefonema. O enfermeiro Márcio avisava que aquele andarilho teria alta. Seu nome era José Carlos e não tinha familiares na cidade.
Pedro não sabia porque se interessava tanto por aquele homem. Foi ao hospital, entrou na enfermaria e aproximou-se da cama do seu protegido.
Pedro se identificou como o que o havia socorrido na rua. O atendido se emocionou. Há muitos anos ninguém se interessava por ele.
Era o homem mal cheiroso do qual todos buscavam se afastar. Lágrimas lhe umedeceram os olhos e romperam em choro convulsivo.
Pedro ficou ali parado, esperando aquele ser humano dar vazão a sua dor, que parecia reprimida dentro dele. Depois, pediu para que contasse a sua história, se assim desejasse.
José Carlos falou do pai alcoólatra, da mãe que, cansada das agressões, abandonou a família, deixando o irmão e ele nas mãos do pai.
Lembrou da fome, do irmão menor chorando, das sovas que levavam por motivo nenhum.
Um dia, depois de uma grande surra, apanhou o irmãozinho pela mão e saiu andando, prometendo que jamais voltaria para aquela casa.
Depois de muito andar, o pequenino começou a chorar. Suas perninhas doíam pelas chineladas que havia recebido, pelo cansaço. Sentia fome.
José Carlos tinha onze anos e bateu na porta de uma casa. Uma mulher de cabelos brancos, muito bonita, atendeu. Vendo o sofrimento nos olhos daquelas crianças os acolheu.
Ele nunca estivera em uma casa tão linda, nem jamais comera comidas tão gostosas.
À noite, entre os lençóis limpos, aquecido, pensou que no dia seguinte, com certeza, eles teriam que ir embora.
Mas se ele, o maior, desaparecesse, é possível que a mulher ficasse com seu irmão, tão pequeno.
Então, no meio da noite, fugiu, levando como lembrança uma meia do irmãozinho.
Nos dias seguintes, à distância, ficou acompanhando as saídas da senhora conduzindo Pedrinho.
Foram ao parque, às compras, ao mercado. Ela o segurava pela mão. Ficara com ele.
Satisfeito, José desapareceu daquela cidade. Nunca esqueceu aquela mulher-mãe que os acolheu.
Tornou-se andarilho. Muitos anos depois, retornou à cidade e ao casarão.
A família havia se mudado e ele nunca mais soube do irmão.
Foi aí, entre lágrimas, que percebeu que Pedro também chorava.
Em suas mãos, retirada da carteira de couro, José Carlos reconheceu o pé de meia do seu irmão, aquele que fazia par com o que ele carregava até hoje, como lembrança.
Sem falar nada, se abraçaram, e todos que ali passavam se emocionavam.
Quando souberam da história, choravam de alegria. Ainda hoje, naquele hospital, se fala da história de amor de um irmão que renunciou a tudo pela vida do irmãozinho.
Atualmente, os dois dirigem um lar que abriga crianças em situação de risco, a quem têm oportunidade de dar carinho e proteção.
O lar funciona naquela mesma casa bonita, onde um dia José Carlos deixou seu irmão Pedro, na esperança de que ele pudesse ter amor de mãe, bem maior do que qualquer tesouro.

Redação do Momento Espírita, a partir
de história de autoria ignorada.
Em 10.7.2018.

Prece pelo nosso País

Estamos na comoção nacional
Que atinge todos os Estados Brasileiros,
Assim, pedimos aos queridos companheiros,
Unir os nossos corações,
Em nossas sinceras orações
Pela felicidade do País.

Assim, vamos orar em nossas preces tradicionais:

Pai Nosso que estais nos Céus,
Santificado seja o vosso nome,
Venha a nós o vosso Reino,
Seja feita a vossa vontade,
Assim na Terra, como no mar e nos céus,
O pão nosso de cada dia
Dai-nos hoje, Senhor,
Perdoai as nossas dívidas e faltas,
Como perdoamos aos nossos devedores
E não nos deixeis cair em tentação
E livrai-nos do mal, de todos os males,
Assim seja, com JESUS e por JESUS!

Ave Maria,
Mãe de Jesus
Cheia de Graça,
Bendita seja entre as mulheres,
Bendito seja o fruto divino do vosso Divino Ventre
Que nos trouxe JESUS.
Assim seja, com JESUS e por JESUS.

O Senhor abençoe as nossas orações
Pela tranquilidade de nossas legiões.
Assim seja!...

Bezerra de Menezes

Rogativa

Que os nossos dirigentes nos mantenham,
O pão e a paz, o amor e a luz,
E assim trabalharemos e serviremos
Na abençoada Doutrina de Jesus!...

Maria Dolores

(Página recebida pelo Médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública, na noite de 3/10/1998 no Grupo Espírita da Prece – Uberaba/MG)

Trabalhadores do Senhor

III – Trabalhadores do Senhor

ESPÍRITO DE VERDADE
Paris, 1862

            5 – Chegastes no tempo em que se cumprirão as profecias referentes à transformação da Humanidade. Felizes serão os que tiverem trabalhado o campo do Senhor com desinteresse, e movidos apenas pela caridade! Suas jornadas de trabalho serão pagas ao cêntuplo do que tenham esperado. Felizes serão os que houverem dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos, e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, na sua vinda, encontre a obra acabada”, porque a esses o Senhor dirá: Vinde a mim, vós que sois os bons servidores, vós que soubestes calar os vossos melindres e as vossas discórdias, para que a obra não sofresse!” .
            Mas infelizes os que, por suas dissensões, houverem retardado a hora da colheita, porque a tempestade chegará e eles serão levados no turbilhão! Nessa hora clamarão: “Graça! Graça!” Mas o Senhor lhes dirá: “Por que pedis graça, se não tivestes piedade de vossos irmãos, se vos recusastes a lhes estender as mãos, e se esmagastes o fraco em vez de o socorrer? Por que pedis graça, se procurastes a recompensa nos prazeres da Terra e na satisfação do vosso orgulho? Já recebeste a vossa recompensa, de acordo com a vossa vontade. Nada mais tendes a pedir. As recompensas celestes são para aqueles que não houverem pedido recompensas da Terra”.
            Deus faz, neste momento, a enumeração dos seus servidores fiéis. E já marcou pelo seu dedo os que só têm a aparência do devotamento, para que não usurpem o salário dos servidores corajosos. Porque é a esses, que não recuaram diante de sua tarefa, que vai confiar os postos mais difíceis, na grande obra da regeneração pelo Espiritismo. E estas palavras se cumprirão: “Os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros no Reino dos Céus!”.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec



sexta-feira, 13 de julho de 2018

O Ponto de Vista

5 – A ideia clara e precisa que se faça da vida futura dá uma fé inabalável no porvir, e essa fé tem consequências enormes sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista pelo qual eles encaram a vida terrena. Para aquele que se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é infinita, a vida corporal não é mais do que rápida passagem, uma breve permanência num país ingrato. As vicissitudes e as tribulações da vida são apenas incidentes que ele enfrenta com paciência, porque sabe que são de curta duração e devem ser seguidos de uma situação mais feliz. A morte nada tem de pavoroso, não é mais a porta do nada, mas a da libertação, que abre para o exilado a morada da felicidade e da paz. Sabendo que se encontra numa condição temporária e não definitiva, ele encara as dificuldades da vida com mais indiferença, do que resulta uma calma de espírito que lhe abranda as amarguras.
                Pelas simples dúvida sobre a vida futura, o homem concentra todos os seus pensamentos na vida terrena. Incerto do porvir, dedica-se inteiramente ao presente. Não entrevendo bens mais preciosos que os da Terra, ele se porta como a criança que nada vê além dos seus brinquedos e tudo faz para os obter. A perda do menor dos seus bens causa-lhe pungente mágoa. Um desengano, uma esperança perdida, uma ambição insatisfeita, uma injustiça de que for vítima, o orgulho ou a vaidade ferida, são tantos outros tormentos, que fazem da sua vida uma angústia perpétua, pois que se entrega voluntariamente a uma verdadeira tortura de todos os instantes.
                Sob o ponto de vista da vida terrena, em cujo centro se coloca, tudo se agiganta ao seu redor. O mal o atinge, como o bem que toca aos outros, tudo adquire aos seus olhos enorme importância. É como o homem que, dentro de uma cidade, vê tudo grande em seu redor: os cidadãos eminentes como os monumentos; mas que, subindo a uma montanha, tudo lhe parece pequeno.
                Assim acontece com aquele que encara a vida terrena do ponto de vista da vida futura: a humanidade, como as estrelas no céu, se perdem na imensidade; ele então se apercebe de que grandes e pequenos se confundem como as formigas num monte de terra; que operários e poderosos são da mesa estatura; e ele lamenta essas criaturas efêmeras, que tanto se esfalfam para conquistar uma posição que os eleva tão pouco e por tão pouco tempo. É assim que  importância atribuída aos bens terrenos está sempre na razão inversa da fé que se tem na vida futura.   
                6 – Se todos pensarem assim, dir-se-á, ninguém mais se ocupando das coisas da Terra, tudo perigará. Mas não, porque o homem procura instintivamente o seu bem estar, e mesmo tendo a certeza de que ficará por pouco tempo em algum lugar, ainda quererá estar o melhor ou o menos mal possível. Não há uma só pessoa que, sentindo um espinho sob a mão, não a retire para não ser picada. Ora, a procura do bem estar força o homem a melhorar todas as coisas, impulsionado como ele é pelo instinto do progresso e da conservação, que decorre das próprias leis da natureza. Ele trabalha, portanto, por necessidade, por gosto e por dever, e com isso cumpre os desígnios da Providência, que o colocou na Terra para esse fim. Só aquele que considera o futuro pode dar ao presente uma importância relativa, consolando-se facilmente de seus revezes, ao pensar no destino que os aguarda.
                Deus não condena, portanto, os gozos terrenos, mas o abuso desses gozos, em prejuízo dos interesses da alma. É contra esse abuso que se previnem os que compreendem estas palavras de Jesus: O meu reino não é deste mundo.
                Aquele que se identifica com a vida futura é semelhante a um homem rico, que perde uma pequena soma sem se perturbar; e aquele que concentra os seus pensamentos na vida terrestre é como o pobre que ao perder tudo o que possui, cai em desespero.
                7 – O Espiritismo dá amplitude ao pensamento e abre-lhe novo horizonte. Em vez dessa visão estreita e mesquinha, que o concentra na vida presente, fazendo do instante que passa sobre a terra o único e frágil esteio do futuro eterno, ele nos mostra que esta vida é um simples elo do conjunto harmonioso e grandioso da obra do Criador, e revela a solidariedade que liga todas as existências de um mesmo ser, todos os seres de um mesmo mundo e os seres de todos o mundos. Oferece, assim, uma base e uma razão de ser à fraternidade universal, enquanto a doutrina da criação da alma, no momento do nascimento de cada corpo, faz que todos os seres sejam estranhos uns aos outros. Essa solidariedade das partes de um mesmo todo explica o que é inexplicável, quando apenas consideramos uma parte. Essa visão de conjuntos, os homens do tempo de Cristo não podiam compreender, e por isso o seu conhecimento foi reservado para mais tarde.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Por ALLAN KARDEC

A Outra Janela

A menina debruçada na janela trazia nos olhos grossas lágrimas e o peito oprimido pelo sentimento de dor causado pela morte do seu cão de estimação.
Com pesar, observava atenta o jardineiro a enterrar o corpo do amigo de tantas brincadeiras. A cada pá de terra jogada sobre o animal, sentia como se sua felicidade estivesse sendo soterrada também.
O avô, que observava a neta, aproximou-se, envolveu-a num abraço e falou-lhe com serenidade: Triste a cena, não é verdade?
A netinha ficou ainda mais triste e as lágrimas rolaram em abundância.
No entanto, o avô, que sinceramente desejava confortá-la, chamou-lhe a atenção para outra realidade. Tomou-a pela mão e a conduziu até uma janela opostamente localizada na ampla sala.
Abriu as cortinas e permitiu que ela visse o imenso jardim florido à sua frente, e lhe perguntou carinhosamente:
Está vendo aquele pé de rosas amarelas, bem ali à frente?
Lembra-se de que me ajudou a plantá-lo? Foi num dia de sol como o de hoje, que nós dois o plantamos.
Era apenas um pequeno galho cheio de espinhos, e hoje... Veja como está lindo, carregado de flores perfumadas e botões como promessa de novas rosas!
A menina enxugou as lágrimas que ainda teimavam em permanecer em suas faces e abriu um largo sorriso.
Mostrou as abelhas que pousavam sobre as flores e as borboletas que faziam festa entre uma e outra, e as tantas rosas de variados matizes, que enfeitavam o jardim.
O avô, satisfeito por tê-la ajudado a superar o momento de dor, falou-lhe com afeto:
Veja, minha filha, a vida nos oferece sempre várias janelas.
Quando a paisagem de uma delas nos causa tristeza, sem que possamos alterar-lhe o quadro, voltemo-nos para outra, e certamente nos depararemos com uma paisagem diferente.
Tantos são os momentos felizes que se desenrolam em nossa existência. Tantas oportunidades de aprendizado nos visitam no dia a dia, que não vale a pena chorar e sofrer diante de quadros que não podemos alterar.
São experiências valiosas das quais devemos tirar as lições oportunas, sem nos deixar tragar pelo desespero e pela revolta, que só infelicitam e denotam falta de confiança em Deus.
A nossa visão do mundo ainda é muito limitada, não temos a capacidade de perceber os objetivos da Divindade, permitindo-nos os momentos de dor e sofrimento.
Mas Deus tem sempre objetivos nobres e uma proposta de felicidade a nos aguardar, após cada dificuldade superada.
*   *   *
Se hoje você está a observar um quadro desolador, lembre-se de que existem outras tantas janelas, com paisagens repletas de promessas de melhores dias.
Não se permita contemplar a janela da dor. Aproveite a lição e siga em frente com ânimo e disposição.
O sofrimento que hoje nos parece eterno, não resiste à força das horas que a tudo modifica.
A luz sempre vence as trevas, basta que tenhamos disposição íntima e coragem de voltar-nos para ela.
Agindo assim, o gosto amargo do sofrimento logo cede lugar ao sabor agradável de viver, e saber que Deus nos ampara em todos os momentos da nossa vida.
Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 3, ed. FEP.
Em 11.7.2018.

domingo, 8 de julho de 2018

Prece para Afastar a Depressão

Jesus mestres dos mestres, amor que nos envolve e aquece,
a vida em nosso planeta está a cada dia mais difícil, há tanta violência,
tanta fome, tanta injustiça e dor...
e o coração se enche de amargura e a alma
fica triste e deprimida.

Nesse momento, então, venho à Tua presença
pedir que me ajudes a melhorar meus
estados de espírito... a fim de que eu possa
crescer no comando do meu próprio ser.

Faz-me lembrar que tudo passa,
que a nuvem escura irá embora, que o amigo voltará
a dobrar a esquina, vindo ao meu encontro...
E que a esperança renascerá no meu coração
e a fé ocupará os espaços vazios.

Toca meu coração com tua mão de luz para
que a sombra que a envolve seja transformada
em claridade, e a tristeza em alegria de viver;
para que meus olhos vejam como a vida esplende
ao sol e a natureza festeja a alegria de viver;
que as minhas emoções fiquem livres e leves e
minha alma vibre na tranquila e jubilosa paz
da consciência voltada para Deus.

Faz-me lembrar ainda que o teu Evangelho foi
o maior dos sorrisos na história do pensamento humano,
e ajuda-me, assim, a sorrir também...

Por tudo isso e por tudo o mais te agradeço, Senhor da Vida.

Carta de Uma Mãe para Sua Filha

“Minha querida menina, no dia que você perceber que estou envelhecendo, eu peço a você para ser paciente, mas acima de tudo, tentar entender pelo o que estarei passando.

Se quando conversarmos, eu repetir a mesma coisa dezenas de vezes, não me interrompa dizendo: “Você disse a mesma coisa um minuto atrás”. Apenas ouça, por favor. Tente se lembrar das vezes quando... você era uma criança e eu li a mesma história noite após noite até você dormir.

Quando eu não quiser tomar banho, não se zangue e não me encabule. Lembra de quando você era criança eu tinha que correr atrás de você dando desculpas e tentando colocar você no banho?

Quando você perceber que tenho dificuldades com novas tecnologias, me dê tempo para aprender e não me olhe daquele jeito...lembre-se, querida, de como eu pacientemente ensinei a você muitas coisas, como comer direito, vestir-se, arrumar seu cabelo e lhe dar com os problemas da vida todos os dias...o dia que você ver que estou envelhecendo, eu lhe peço para ser paciente, mas acima de tudo, tentar entender pelo o que estarei passando.

Se eu ocasionalmente me perder em uma conversa, dê-me tempo para lembrar e se eu não conseguir, não fique nervosa, impaciente ou arrogante. Apenas lembre-se, em seu coração, que a coisa mais importante para mim é estar com você.

E quando eu envelhecer e minhas pernas não me permitirem andar tão rápido quanto antes, me dê sua mão da mesma maneira que eu lhe ofereci a minha em seus primeiros passos.

Quando este dia chegar, não se sinta triste. Apenas fique comigo e me entenda, enquanto termino minha vida com amor. Eu vou adorar e agradecer pelo tempo e alegria que compartilhamos. Com um sorriso e o imenso amor que sempre tive por você, eu apenas quero dizer, eu te amo minha querida filha.”

Bem Sofrer E Mal Sofrer

I – Bem Sofrer E Mal Sofrer

LACORDAIRE
Havre, 1863

            18
– Quando Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, porque deles é o Reino dos Céus”, não se referia aos sofredores em geral, porque todos os que estão neste mundo sofrem, quer estejam num trono ou na miséria, mas ah!, poucos sofrem bem, poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzir ao Reino de Deus. O desânimo é uma falta; Deus vos nega consolações, se não tiverdes coragem. A prece é um sustentáculo da alma, mas não é suficiente por si só: é necessário que se apóie numa fé ardente na bondade de Deus. Tendes ouvido frequentemente que Ele não põe um fardo pesado em ombros frágeis. O fardo é proporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem. A recompensa será tanto mais esplendente, quanto mais penosa tiver sido a aflição. Mas essa recompensa deve ser merecida, e é por isso que a vida está cheia de tribulações.
            O militar que não é enviado à frente de batalha não fica satisfeito, porque o repouso no acampamento não lhe proporciona nenhuma promoção. Sede como o militar, e não aspires a um repouso que enfraqueceria o vosso corpo e entorpeceria a vossa alma. Ficai satisfeitos, quando Deus vos envia à luta. Essa luta não é o fogo das batalhas, mas as amarguras da vida, onde muitas vezes necessitamos de mais coragem que um combate sangrento, pois aquele que enfrenta firmemente o inimigo poderá cair sob o impacto de um sofrimento moral. O homem não recebe nenhuma recompensa por essa espécie de coragem, mas Deus lhe reserva os seus louros e um lugar glorioso. Quando vos atingir um motivo de dor ou de contrariedade, tratai de elevar-vos acima das circunstâncias. E quando chegardes a dominar os impulsos da impaciência, da cólera ou do desespero, dizei, com justa satisfação: “Eu fui o mais forte”!
            Bem-aventurados os aflitos, pode, portanto, ser assim traduzidos: Bem-aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, a sua firmeza, a sua perseverança e a submissão à vontade de Deus, porque eles terão centuplicado as alegrias que lhes faltam na Terra, e após o trabalho virá o repouso.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

A Relva

Na paisagem ela forma um tapete extenso e verdejante. Sobre ela passam os animais, que a pisoteiam.
Alguns, famintos, nela encontram alimento e, por isso, a arrancam com seus dentes afiados.
Ela continua serviçal, na função que a natureza lhe ofereceu.
E trabalha, na intimidade da terra, esforçando-se para recompor as falhas provocadas, tornando a crescer, exuberante.
Quando atapeta praças esportivas, é comprimida por grande número de pés, mas prossegue em seu mister.
Chutes mais fortes lhe arrancam pedaços, por vezes. Ela continua, operosa, a sua tarefa.
Agredida pelo calor inclemente, ela se aquieta no sofrimento.
Ressecada, prossegue na sua contribuição de cobrir grandes porções de terra, transformadas em campos ou praças.
Pensam que ela morreu. Todavia, logo venham as bênçãos da chuva, ela torna a verdecer.
Esquece, rapidamente, os sofrimentos e a secura, para se apresentar exuberante e sofrer tudo outra vez.
Vez ou outra, padece a dilaceração da enxada, transferindo-a a outros lugares, replantando-a ou desprezando-a sobre o monturo.
De outras, passa pela poda da tesoura, a fim de mais embelezar-se.
É a imagem da humildade ativa.
Notando esse quadro tantas vezes desconsiderado do relvado a se oferecer, apesar de tudo, miremo-nos nele à busca de lições.
Da mesma forma que a relva, não nos deixemos desfalecer ante o pisoteio das experiências difíceis. Ou o mordiscado das decepções no caminho por onde sigamos.
Quando a secura das afeições, em forma de indiferença ou abandono, nos alcançar, permaneçamos firmes.
E renovemo-nos ante as bênçãos de outros corações que nos amam e oferecem apoio e consolo.
Ao contato insano dos que nos agridem nos mais caros sentimentos, despedaçando-nos o coração, prossigamos.
Como a relva, busquemos na intimidade as energias necessárias para reverdecer, realizando as tarefas que nos competem, sem esmorecer.
Trabalhemos em nós a humildade e a paciência, sem deixar de servir.
Os que hoje agridem, passarão. Suas palavras, seus ataques, suas calúnias... tudo passará.
Depois dos dias de frio, vento e tempestade, sempre retornam as manhãs cantantes de sol e as tardes quentes, ao sabor do vento refrescante.
Iniciemos esforços para sofrer, sem nos desgovernarmos, nem abandonar os deveres que nos competem.
Não deixemos de servir porque a poda indevida nos alcançou, seja ela em forma de dores morais ou físicas.
Sempre estejamos dispostos a começar tudo novamente.
E, se enfim, nos sentirmos chamuscados, queimados por causa de tantas esfogueantes agonias, contemos com a chuva formidável da assistência do nosso Senhor Jesus.
Confiantes e dispostos, envolvidos nas benesses da Sua atenção, preparemo-nos para despontar em novo amanhã de frescor e alegria, exatamente como a relva.
Pensemos nisso! E não nos permitamos parar de crescer e servir, porque alguém desavisado pisoteou nossas esperanças e nossos sonhos.
Renovemo-nos sempre pela vontade de servir e seguir adiante para que os que venham depois somente encontrem traços de luz por onde passamos.

Redação do Momento Espírita, com base no cap.8, do
livro
Rosângela, do Espírito Homônimo, psicografia de
Raul Teixeira, ed. FRÁTER.
Em 5.7.2018.

terça-feira, 3 de julho de 2018

Como Agir diante da Ingratidão

Causa-te surpresa o fato de ser o teu acusador de agora, o amigo aturdido de ontem, que um dia pediu-te abrigo ao coração gentil e ora não te concede ensejo, sequer, para esclarecimentos. Despertas, espantado, ante a relação de impiedosas queixas que guardava de ti, ele que recebeu, dos teus lábios e da tua paciência, as excelentes lições de bondade e de sabedoria, com as quais cresceu emocional e culturalmente. Percebes, acabrunhado, que as tuas palavras foram, pelo teu amigo, transformadas em relhos com os quais, neste momento, te rasga as carnes da alma, ele, que sempre se refugiou no teu conforto moral. Reprocha-te a conduta, o companheiro que recebeste com carinho, sustentando-lhe a fragilidade e contornando as suas reações de temperamento agressivo. Tornou-se, de um para outro momento, dono da verdade e chama-te mentiroso. Ofereceste-lhe licor estimulante e recebes vinagre de volta. Doaste-lhe coragem para a luta, e retribui-te com o desânimo para que fracasses. Ele pretende as estrelas e empurra-te para o pântano. Repleta-se de amor e descarrega bílis na tua memória, ameaçando-te sem palavras.
*
Não te desalentes! O mundo é impermanente. O afeto de hoje torna-se o adversário de amanhã. As mãos que perfumas e beijas, serão, talvez, as que te esbofetearão, carregadas de urze.
*
Há mais crucificadores do que solidários na via de redenção. Esquecem-se, os homens, do bem recebido, transformando-se em cobradores cruéis, sem possuírem qualquer crédito. Talvez o teu amigo te inveje a paz, a irrestrita confiança em Deus, e, por isto, quer perturbar-te. Persevera, tranqüilo!Ele e isto, esta provação, passarão logo, menos o que és, o que faças. Se erraste, e ele te azorraga, alegra-te, e resgata o teu equívoco. Se estás inocente, credita-lhe as tuas dores atuais, que te aprimoram e te aproximam de Deus.
*
Não lhe guardes rancor. Recorda que foi um amigo, quem traiu e acusou Jesus; outro amigo negou-O, três vezes consecutivas, e os demais amigos fugiram dEle. Quase todos O abandonaram e O censuraram, tributando-Lhe a responsabilidade pelo medo e pelas dores que passaram a experimentar. Todavia, Ele não os censurou, não os abandonou e voltou a buscá-los, inspirá-los e conduzi-los de volta ao reino de Deus, por amá-los em demasia. Assim, não te permitas afligir, nem perturbar pelas acusações do teu amigo, que está enfermo e não sabe, porque a ingratidão, a impiedade e a indiferença são psicopatologias muito graves no organismo social e humano da Terra dos nossos dias.
* * *
Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Felicidade. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: LEAL, 1990.

domingo, 1 de julho de 2018

Parentesco Corporal e Espiritual

Parentesco Corporal e Espiritual

                8 Os laços de sangue não estabelecem necessariamente os laços espirituais. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porque este existia antes da formação do corpo. O pai não gera o Espírito do filho: fornece-lhe apenas o envoltório corporal. Mas deve ajudar seu desenvolvimento intelectual e moral, para o fazer progredir.
            Os Espíritos que se encarnam numa mesma família, sobretudo como parentes próximos, são os mais frequentemente Espíritos simpáticos, ligados por relações anteriores, que se traduzem pela afeição durante a vida terrena. Mas pode ainda acontecer que esses Espíritos sejam completamente estranhos uns para os outros, separados por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem também por seu antagonismo na Terra, a fim de lhes servir de prova. Os verdadeiros laços de família não são, portanto, os da consanguinidade, mas os da simpatia e da comunhão de pensamentos, que unem os Espíritos, antes, durante e após a encarnação. Donde se segue que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem, pois, atrair-se, procurar-se, tornarem-se amigos, enquanto dois irmãos consanguíneos podem repelir-se, como vemos todos os dias. Problema moral, que só o Espiritismo podia resolver, pela pluralidade das existências. (Ver cap. IV, nº 13)

            Há, portanto, duas espécies de famílias: as famílias por laços espirituais e as famílias por laços corporais. As primeiras, duradouras, fortificam-se pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das diversas migrações da alma. As segundas, frágeis como a própria matéria, extinguem-se com o tempo, e quase sempre se dissolvem moralmente desde a vida atual. Foi o que Jesus quis fazer compreender, dizendo aos discípulos: “Eis minha mãe e meus irmãos”, ou seja, a minha família pelos laços espirituais, pois “quem quer que faça a vontade de meu Pai, que está nos céus, é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
            A hostilidade de seus irmãos está claramente expressa no relato de São Marcos, desde que, segundo este, eles se propunham a apoderar-se dele, sob o pretexto de que perdera o juízo. Avisado de que haviam chegado, e conhecendo o sentimento deles a seu respeito, era natural que dissesse, referindo-se aos discípulos, em sentido espiritual: “Eis os meus verdadeiros irmãos”. Sua mãe os acompanhava, e Jesus generalizou o ensino, o que absolutamente não implica que ele pretendesse que sua mãe segundo o sangue nada lhe fosse segundo o Espírito, só merecendo a sua indiferença. Sua conduta, em outras circunstâncias, provou suficientemente o contrário.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

Atenção Divina

Deus, nosso Pai, tem formas simples e eficazes para nos auxiliar.
Em um momento, Se utiliza do vento para levar uma mensagem a quem necessite.
Acolá, utiliza uma mente disposta a servir, para ouvir o pedido de um enfermo, e atendê-lo.
Envia a chuva a espaços regulares, programa as tempestades para a melhoria da atmosfera, estabelece o ciclo das estações.
Serve-Se das asas dos pássaros e dos insetos, bem como da brisa mansa para a fecundação das diversas espécies vegetais.
Enquanto dormimos, Deus elabora mais extraordinárias maneiras de nos alcançar, afirmando-nos a Sua Providência Amorosa.
Por vezes, um descuido de alguém passa a se constituir no atendimento Divino. Por isso, importante estarmos atentos ao que nos sucede, a cada passo.
Conta-se que, certa vez, um viajante, por ser inexperiente, perdeu-se em imenso deserto.
Quase a morrer de fome e sede, avistou uma palmeira. À sua sombra encontrou uma fonte de água pura e fresca, com a qual aplacou a sede.
Mas a fome ainda o magoava. Descansando o corpo, recostando-se na árvore, encontrou um pequenino saco de couro.
Pensando que dentro dele encontraria algo para comer, talvez algumas ervilhas ou alguns pedaços de carne, o homem abriu o saquinho com rapidez.
Grande foi seu desapontamento ao lhe examinar o conteúdo: eram pérolas!
Que ironia, pensou o infeliz. Estou a sucumbir de fome e só o que encontro são pérolas que de nada me servem. Preciso muito de algo para comer. Preciso readquirir forças para continuar minha viagem e tentar chegar ao meu destino.
Por ser um homem de fé, o viajante não se desesperou e orou fervorosamente ao Criador, pedindo ajuda.
Mal haviam passado alguns minutos, quando ouviu o galope apressado de um cavalo.
Logo se viu frente a frente com um cavaleiro nervoso e inquieto. Era o dono das pérolas.
Percebendo que o outro encontrara o tesouro, tomou-se de alegria.
Como reconhecimento, deu-lhe de comer das provisões que trazia consigo. Na sequência, convidou-o a montar seu próprio animal e o conduziu até o termo da sua viagem, evitando que tornasse a se perder.
Quando se despediram, o cavaleiro falou ao viajante:
Percebe como a Divina Providência agiu? No primeiro momento, tive como uma grande desgraça a perda das minhas pérolas.
Contudo, nada mais oportuno. Retornando para procurá-las, cheguei a tempo de lhe prestar socorro.
“Por meios aparentemente singelos, Deus nos livra, às vezes, de grandes flagelos.”
*   *   *
Em tempo algum as coletividades humanas deixaram de receber a sublime colaboração dos Enviados de Deus, na solução dos grandes problemas do mundo.
Os Enviados à Terra, pela Providência Divina, agem nos campos das ciências, da filosofia, da literatura, das artes, das religiões, da política, isto é, em todos os campos.
Tudo para nos auxiliar em nossa trajetória de progresso, na face deste planeta, que nos serve de lar.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. A obra da Providência,
do livro Lendas do Céu e da Terra, de Júlio César de Melo e Sousa,
ed. Melhoramentos e na questão 280, do livro
O Consolador,
pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier,
ed. FEB.
Em 29.6.2018

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...