terça-feira, 27 de março de 2018

A Carta do Chefe Seattle

Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios.
Faz já 147 anos. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade.
A carta:

“Como podeis comprar ou vender o céu, a tepidez do chão? A ideia não tem sentido para nós.

“Se não possuímos o frescor do ar ou o brilho da água, como podeis querer comprá-los?

“Qualquer parte desta terra é sagrada para meu povo. Qualquer folha de pinheiro, qualquer praia, a neblina dos bosques sombrios, o brilhante e zumbidor inseto, tudo é sagrado na memória e na experiência de meu povo. A seiva que percorre o interior das árvores leva em si as memórias do homem vermelho.

“Os mortos do homem branco esquecem a terra de seu nascimento quando vão pervagar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta terra maravilhosa, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumosas são nossas irmãs; os gamos, os cavalos, a majestosa águia, todos são nossos irmãos. Os picos rochosos, a fragrância dos bosques, a energia vital do pônei e o Homem, tudo pertence a uma só família.

“Assim, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossas terras, ele está pedindo muito de nós. O Grande Chefe manda dizer que nos reservará um sítio onde possamos viver confortavelmente por nós mesmos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Se é assim, vamos considerar a sua proposta sobre a compra de nossa terra. Mas tal compra não será fácil, já que esta terra é sagrada para nós.

“A límpida água que percorre os regatos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos ancestrais. Se vos vendermos a terra, tereis de vos lembrar que ela é sagrada, e deveis lembrar a vossos filhos que ela é sagrada, e que qualquer reflexo espectral sobre a superfície dos lagos evoca eventos e fases da vida de meu povo. O marulhar das águas é a voz dos nossos ancestrais. Os rios são nossos irmãos, eles nos saciam a sede. Levam as nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se vendermos nossa terra a vós, deveis vos lembrar e ensinar a vossas crianças que os rios são nossos irmãos, vossos irmãos também, e deveis a partir de então dispensar aos rios a mesma espécie de afeição que dispensais a um irmão.

“Nós sabemos que o homem branco não entende o nosso modo de ser. Para ele um pedaço de terra não se distingue de outro qualquer, pois é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo de que precisa. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga; depois que a submete a si, que a conquista, ele vai embora, à procura de outro lugar. Deixa atrás de si a sepultura de seus pais e não se importa. Sequestra os filhos da terra e não se importa. A cova de seus pais e a herança de seus filhos, ele as esquece. Trata a sua mãe, a terra, e a seu irmão, o céu, como coisas a serem compradas ou roubadas, como se fossem peles de carneiro ou brilhantes contas sem valor. Seu apetite vai exaurir a terra, deixando atrás de si só desertos.

“Isso eu não compreendo. Nosso modo de ser é completamente diferente do vosso. A visão de vossas cidades faz doer aos olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e como tal nada possa compreender.

“Nas cidades do homem branco não há um só lugar onde haja silêncio, paz. Um só lugar onde ouvir o farfalhar das folhas na primavera, o zunir das asas de um inseto. Talvez seja porque sou um selvagem e não possa compreender.

“O barulho serve apenas para insultar os ouvidos. E que vida é essa onde o homem não pode ouvir o pio solitário da coruja ou o coaxar das rãs à margem dos charcos à noite? O índio prefere o suave sussurrar do vento esfrolando a superfície das águas do lago, ou a fragrância da brisa, purificada pela chuva do meio-dia ou aromatizada pelo perfume das pinhas.

“O ar é precioso para o homem vermelho, pois dele todos se alimentam. Os animais, as árvores, o homem, todos respiram o mesmo ar. O homem branco parece não se importar com o ar que respira. Como um cadáver em decomposição, ele é insensível ao mau cheiro. Mas, se vos vendermos nossa terra, deveis vos lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar insufla seu espírito em todas as coisas que dele vivem. O ar que nossos avós inspiraram ao primeiro vagido foi o mesmo que lhes recebeu o último suspiro.

“Se vendermos nossa terra a vós, deveis conservá-la à parte, como sagrada, como um lugar onde mesmo um homem branco possa ir sorver a brisa aromatizada pelas flores dos bosques.

“Assim consideraremos vossa proposta de comprar nossa terra. Se nos decidirmos a aceitá-la, imporei uma condição: o homem branco terá de tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.

“Sou um selvagem e não compreendo de outro modo. Tenho visto milhares de búfalos a apodrecerem nas pradarias, deixados pelo homem branco que neles atira de um trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como o fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante que o búfalo, que nós caçamos apenas para nos manter vivos.

“Que será do homem sem os animais? Se todos os animais desaparecessem, o homem morreria de solidão espiritual. Porque tudo que aconteça aos animais pode afetar os homens. Tudo está relacionado.

“Deveis ensinar a vossos filhos que o chão onde pisam simboliza as cinzas de nossos ancestrais. Para que eles respeitem a terra, ensinai a eles que ela é rica pela vida dos seres de todas as espécies. Ensinai a eles o que ensinamos aos nossos: que a terra é a nossa mãe. Quando o homem cospe sobre a terra, está cuspindo sobre si mesmo.

“De uma coisa temos certeza: a terra não pertence ao homem branco; o homem branco é que pertence à terra. Disso temos certeza. Todas as coisas estão relacionadas como o sangue que une uma família. Tudo está associado.

“O que fere a terra fere também os filhos da terra. O homem não tece a teia da vida; é antes um de seus fios. O que quer que faça a essa teia, faz a si próprio.

“Mesmo o homem branco, a quem Deus acompanha, e com quem conversa como amigo, não pode fugir a esse destino comum. Talvez, apesar de tudo, sejamos todos irmãos. Nós o veremos. De uma coisa sabemos — e que talvez o homem branco venha a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Podeis pensar hoje que somente vós O possuís, como desejais possuir a terra, mas não podeis. Ele é o Deus do homem e Sua compaixão é igual tanto para o homem branco quanto para o homem vermelho. Esta terra é querida Dele, e ofender a terra é insultar o seu Criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminai a vossa cama, e vos sufocareis numa noite no meio de vossos próprios excrementos.

“Mas no vosso parecer, brilhareis alto, iluminados pela força do Deus que vos trouxe a esta terra e por algum favor especial vos outorgou domínio sobre ela e sobre o homem vermelho. Este destino é um mistério para nós, pois não compreendemos como será no dia em que o último búfalo for dizimado, os cavalos selvagens domesticados, os secretos recantos das florestas invadidos pelo odor do suor de muitos homens e a visão das brilhantes colinas bloqueadas por fios falantes. Onde está o matagal? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. O fim do viver e o início do sobreviver.”

Ninguém Morre

A temática não é nova. Mas, toda vez que é abordada, há sempre quem surja com a tão desgastada frase: Ninguém voltou do lado de lá para dizer que está vivo.
Quem assim repete o jargão, não se dá conta ou possivelmente ignora que as comunicações dos chamados mortos ocorrem todos os dias, sob as nossas vistas, ao nosso redor.
São inúmeros os casos dos que retornaram após a morte do corpo físico, testemunhando que a vida prossegue. E abundante.
São familiares, afetos que, através de sinais irrecusáveis, se dão a conhecer aos mais íntimos.
Ou simplesmente amigos, conhecidos, alguém que deseje auxiliar a outrem.
Em 1943, um ex-piloto da Força Aérea Inglesa, de nome Robert Gislepie, fazia treinamento com uma tripulação de alunos, sobre o mar da Irlanda.
Certa noite, recebeu uma ordem para verificar o que havia acontecido com um avião que vinha do Canadá.
Seguiu com seus alunos, sem tardar e uma hora e meia depois chegaram exatamente ao local onde havia ocorrido o último contato pelo rádio com o avião canadense.
Por causa do forte nevoeiro, eles voavam sem visibilidade alguma. Por isso decidiram retornar. Se nada viam, como procurar?
Então um dos motores falhou. O gelo começou a se formar nas asas do aparelho.
Gislepie pensou em baixar a altitude para se livrar do gelo. Mas, se fizesse isso, deveria voar sobre o mar, a fim de evitar as montanhas. Tal atitude aumentaria a rota. E a gasolina era pouca.
O que fazer? Era o seu dilema.
De repente, sentou-se ao seu lado um aluno e lhe disse: Mantenha a altitude. Logo vamos ter uma modificação de temperatura.
O instrutor acatou a orientação. Logo mais, o avião estava fora de perigo.
Com alegria, Gislepie pediu ao jovem que agradecesse à base a instrução, pois pensou que ele tivesse recebido orientação do pessoal de terra.
Foi então que o rapaz olhou para ele e falou:
Meu nome é Ken. Ken Russel. Se não precisa mais de mim vou voltar...
E desapareceu sob o olhar espantado do piloto.
Alguns dias depois, conversando com os seus alunos, Gislepie apontou um deles e disse:
Você deve ser Ken Russel. É muito parecido.
Não, foi a resposta. Eu sou Tony Russel. Ken Russel é meu irmão.
Ele morreu naquela noite em que fomos procurar o avião canadense. O avião em que estava caiu no mar e ele morreu.
Nem é preciso dizer do espanto do piloto.
Ele fora auxiliado por um morto.
À semelhança desse fato, existem outros muitos. Os que morreram, estão vivos. E se interessam pelos que ficaram.
Até mesmo por aqueles com quem não têm ligação afetiva. E se comunicam, testemunhando que ninguém morre de verdade. Só o corpo físico perece.
O Espírito prossegue a viver e se interessa pelo que sempre constituiu a sua preocupação e seus cuidados enquanto no corpo carnal.

* * *

A morte é sempre a chave que desata o perfume da vida. Não há morte, em essência. Tudo é recriação.
A morte simplesmente revela a vida mais amplamente.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita

domingo, 18 de março de 2018

Nossa Escolha

Observando a realidade que nos cerca, rica de progressos e conquistas alcançadas, percebemos que temos infinitas possibilidades de escolhas em qualquer área.
Da mesma forma podemos observar que nossas escolhas são feitas de acordo com nossas preferências, razão pela qual nos alimentaremos sempre daquilo que buscarmos.
Assim é que, focando a música, por exemplo, existem as calmas, suaves, que embalam a mente, nos proporcionando harmonia íntima e convidando à reflexão positiva.
Por outro lado, temos as que excitam à violência e ao desassossego.
Optar por uma ou outra, é nossa escolha.
Quanto às leituras, temos em grande quantidade as que nos instruem, edificam, esclarecem.
Também as extravagantes e sensuais que degradam, que corrompem e nos desvalorizam moralmente.
Nossa escolha nos levará ao que desejamos.
Se focamos a mídia eletrônica teremos ótimos programas e filmes que nos estimularão ao amor, à valorização da vida, aos bons costumes.
Porém, teremos em grande quantidade, programação decadente e anti-instrutiva, que nos poderá conduzir à derrocada moral.
De acordo com nossas tendências, será a nossa escolha.
Na vida social, poderemos nos reunir a grupos onde as conversações se encaminham para assuntos vulgares que relaxam o caráter, banalizando as horas.
Ou poderemos selecionar grupos que preservam os assuntos nobres e sadios, que levantam o ânimo e prezam a dignidade.
A escolha que fizermos, optando por essa ou aquela atitude, identificará a faixa de sintonia em que permanecemos e quais os nossos objetivos de vida.
Sempre, agindo por nós mesmos, ou atendendo a sugestões de outros, colheremos hoje ou amanhã, o fruto de nossos próprios atos.
*   *   *
Muitos apregoamos a ideologia da beleza física, da riqueza e da posição social destacada, como meta de uma felicidade idealizada.
Contudo, a beleza desaparece com o tempo ou mesmo frente a uma doença arrasadora. A riqueza muda de mãos rapidamente, e a posição social se desfaz diante da miséria ambulante.
Nosso objetivo deve ser, portanto, educar nossas tendências, nos tornando a cada dia melhores do que fomos nos dias anteriores.
Não temos o poder de melhorar as escolhas dos demais, mas devemos ser exemplo, nos melhorando constantemente.
E, nosso foco pessoal deve ser nosso aprimoramento intelectual e moral.
Aprimorando-nos, nossas tendências se modificarão, nossas sintonias serão outras e nossas escolhas serão as melhores.
Também deixaremos nos que se encontrem ao nosso lado no caminho, mesmo que anonimamente, nossas marcas de força e de otimismo.
Dessa forma, respeitemos os que se nos distanciam na estrada do progresso, pois que dia também chegará, em que eles despertarão para um novo objetivo de vida.
Somos todos irmãos em caminhada no rumo da perfeição, porém, cada qual responde pelas escolhas feitas, nas determinadas ocasiões vivenciadas.
Saibamos escolher os caminhos que nos conduzam ao bem, à paz de consciência, ao crescimento de nossas condições íntimas.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. LXVII,
do livro
Vida feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia  de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 17.3.2018.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Marcas de Nascença na visão espírita

Muitas pessoas carregam marcas de nascença, chegando a virar até uma identidade pessoal em alguns. E vem a curiosidade sobre a marca, do por que dela. No entanto, a curiosidade é algo inevitável para que tem marca de nascença. No entanto, será que estamos realmente preparados para saber da sua origem?

Na visão espírita as marcas, os sinais, as manchas de nascença, são indícios que evidenciam uma vida anterior, à vida atual, ou seja, é uma evidência da reencarnação.

Quanto maior o trauma, ou ferimento de grande intensidade, e pouco tempo antes da morte, ou qualquer outra causa que afetou profundamente o emocional do indivíduo como uma queimadura, ou ferida, ou determinados tipos de morte trágica, acidentais... Pode deixar marcas que atingem de certa forma o corpo espiritual, isto é, o períspirito; a intensidade emocional do acontecimento, cria uma marca semelhante no períspirito; então as informações que o períspirito carrega, transmite para o corpo que está se formando na gestação, dessa vez com a marca. Ou seja, o Espiritismo nos esclarece que as marcas de nascença existem por causa de experiências vivenciadas com muita intensidade emocional em alguma vida passada, e tais experiências intensas ficam gravadas na consciência do espírito, que não superou tal acontecimento, e assim quando tal espírito reencarna novamente ainda carregando tais lembranças transporta para o corpo físico em forma de marca tais experiências do seu passado na matéria, para superar tais acontecimentos do passado com as experiências adquiridas na vida atual.

Por que não lembramos do acontecimento que causou tais marcas? Por que não lembramos das nossas vidas passadas?
Deus, como um pai que protege os seus filhos, e em Sua Infinita Sabedoria, sabendo que AINDA não somo capazes de superar o nosso passado nem de aceitar o passados das outras pessoas, Lançou o véu do esquecimento sobre nós; o fato de não lembrarmos do passado é porque não seria interessante para nós. As lembranças do passado só vem quando necessitamos realmente e quando Deus permite lembrarmos ou receber informações do nosso passado para o nosso próprio bem, em que vai ter proveito para algum entendimento que estejamos necessitados. E a espiritualidade benfeitora nos informa que nem sempre estamos preparados para saber a origem de tais marcas, que é melhor a vida seguir, e não dar tanta importância para as marcas, porque algumas vezes podemos ficar abalados com tais informações da sua origem, e não sermos maduros o bastante para saber administrar tais informes.

O que se tem a fazer é conviver com tais marcas, no entanto, quando se estiver liberto do corpo físico pelo desencarne, as marcas vão desaparecer do perispírito a medida em que o espírito compreender os fatos e for se depurando, isto é, for removendo as suas impurezas, as suas imperfeições, os seus erros; pois cada vida é uma história, embora acontecimentos tenham marcado o individuo de tal forma que reflete no corpo físico atual, estes fatos tem que ser superados, pois o passado existe para ser aceitado e superado, existe para que o perdão seja exercido tanto para com outros como a si mesmo. A curiosidade bate obviamente, mas é esta curiosidade que diz: “É passado, estou em uma nova vida, em uma nova oportunidade, em uma nova experiência. Isto passou”.

Nós espíritas sabemos que existe algo muito mais importante do que um capricho de curiosidade, que é dedicarmos ao nosso aperfeiçoamento com os ensinos de Jesus Cristo, e assim seguir cada vez mais o caminho do bem, da caridade do amor ao próximo, é compreender a nós mesmos para nos elevarmos e ir depurando, limpado o espírito das suas imperfeições, dos seus erros, sabemos que devemos viver para nos aprimorar sempre deixando para traz os traumas que o espírito carrega, para ir educando-o para o auto progresso. O que tem que ser motivo de nossa curiosidade é Jesus, que os seus ensinamentos nos ensina a descobrir a nós mesmos, a nos superar, a deslumbrar novos horizontes, a ter a vontade de fazer nossa própria luz brilhar e assim desfazermos das nossas imperfeições e lembranças amargas do passado.

Lembrando que é apenas com a permissão de Deus que podemos saber de algo do passado, ninguém está apto para decifrar o passado de ninguém, apenas se Deus assim o permitir, e Deus só permite quando é necessário. Pois, se for por termos de curiosidade, Ele sabe que não é necessário. Precisamos nos aceitar. Deus sabe o que Faz. E Jesus é o remédio para tudo, pois é com ele que tudo compreendemos.

Fonte: Blog Jardim Espírita
(autor desconhecido)

Almas Afins

QUANDO AS ALMAS VIBRAM NA MESMA SINTONIA ELAS SE ATRAEM E SE RECONHECEM


Os encontros mais importantes, já foram combinados pelas almas antes mesmo que os corpos se vejam... (Paulo Coelho)

Dizem que vivemos várias vidas… Se formos analisar a vida do espírito, podemos dizer que vivemos uma só, ora em um corpo físico e ora fora dele, na construção do Eu que se modifica e engrandece nas várias existências, em diversos corpos e diversas “personalidades”, embora essas nunca percam sua essência.

Uma vez conquistado ou aprendido um atributo do espírito, como a paciência, resiliência, capacidade de perdoar, etc., esses não se perdem. Carregamos sempre conosco esses bens espirituais, nossos verdadeiros tesouros.

Não somos os mesmos de outras existências físicas, assim como não somos os mesmos de 10 anos, 5 anos, 1 ano, 1 mês atrás. Pois estamos em constante mudança, crescimento e renovação íntima. Mas os laços que criamos com aqueles que nos relacionamos não desatam, apenas se esticam ou se afrouxam. E sendo a vida contínua, as histórias provavelmente não terminam com a morte do corpo físico, e sim quando atingido seu objetivo.

E se formos considerar uma vida sendo uma história construída com pessoas específicas, podemos considerar que em uma existência física vivemos várias vidas, pois vivemos várias histórias com pessoas distintas.

Hoje em dia tudo virou “carma”, seja bom ou ruim. No caso do ruim sentimos, por exemplo, aquela impressão do “meu santo não bate com o dele”, e enquanto não nos acertarmos com o outro podemos sim viver a mesma história com a mesma pessoa por várias existências físicas. (Pode ser então que eu tenha que suportar o mesmo marido ou mulher por várias outras vidas além dessa?)

Temos que ter em mente que não estamos aqui para suportarmos uns aos outros, e sim para aprendermos a amar. Enquanto estivermos suportando ficamos presos, quando aprendemos a amar, nos libertamos.

Com relação ao carma bom, é aquela sensação boa de reencontro, simpatia, alegria. O que faz com que queiramos nos relacionar com uns ao invés de outros. Sendo a história do espírito uma escrita constante, ela não cessa com as mudanças físicas, e sim retoma do ponto anterior, após uma pequena ou longa pausa.

Daí vem o especial, a saudade sem razão, as fortes emoções, etc. Pois quando as almas vibram na mesma sintonia elas se atraem e se reconhecem, independente dos corpos que habitam.

Os Servidores de Deus

De um modo geral, a expressão servo de Deus nos remete a religiosos, encerrados em templos, envoltos em orações e atos de caridade.
No entanto, a grandeza do Pai não é limitada. Consequentemente, nem o campo que oferece aos Seus filhos para a semeadura do bem.
Por isso, Seus servidores se multiplicam pela Terra e se apresentam em inúmeras e extraordinárias facetas.
Samuel Broder é um exemplo. Chegara na América com um punhado de poloneses sobreviventes do holocausto hitleriano. Crescera nas ruas de um subúrbio de Detroit.
Logo descobrira que as carreiras científicas eram aquelas em que se podia vencer na vida sem dinheiro e sem status social.
Conseguindo as melhores notas em ciências, ganhou uma bolsa para a Universidade de Michigan.
Conforme suas próprias palavras, ele adentrou em um outro planeta.
Para um rapaz saído de um gueto operário, cujo sonho mais grandioso deveria ser um emprego de metalúrgico na Ford ou na Chrysler, surpreendeu-se ao dividir o quarto com um colega que estudava noite e dia para se tornar compositor.
Em poucos meses, a imaginação daquele jovem imigrante sedento de saber, se inflamaria e ele definiria sua verdadeira vocação: a ciência.
Inspirado pela Oração do homem de ciência, idealizada por um grande escritor americano, gravara em seu coração e em sua memória cada palavra:
Ó Deus, dai-me uma visão sem nuvens e livrai-me da pressa.
Dai-me a coragem de opor-me a toda vaidade e de perseguir, como puder e até o fim, cada uma de minhas tarefas.
Dai-me a vontade de não aceitar nunca o repouso ou a homenagem antes de ter podido verificar se meus resultados correspondem a meus cálculos.
Ou de poder descobrir e consertar meus erros.
Com essa disposição, ao adentrar o laboratório que lhe abriu um dos seus professores, teve a inspiração para a sua vida profissional: o câncer.
Dias e noites inteiros ele se fechava no laboratório para aprender a fabricar anticorpos destinados a combater as células cancerosas.
Nem sempre eram produtivos seus esforços. Reconhecia, contudo, que mesmo seus fracassos não eram inúteis.
A diferença, dizia, entre um grande sábio e um pesquisador medíocre está no fato de que um sabe fazer as perguntas certas, o outro não.
Um é capaz de se servir das tecnologias de ponta, o outro, não.
Dessa forma, ele se colocara na vanguarda da luta contra o câncer.
Com a irrupção da AIDS, ele tomou uma grande decisão: enfrentar o vírus suspeito de ser seu causador, pesquisando um medicamento capaz de bloquear a sua ação.
Era uma iniciativa perigosa porque ninguém podia avaliar os riscos que poderia causar a manipulação, em laboratório, de concentrados importantes de vírus vivos.
Dos seus cinco colaboradores, dois, de imediato, deixaram o laboratório.
Na época, primavera-verão de 1983, a equipe de Samuel Broder foi a única que aceitou trabalhar na pesquisa, apesar dos riscos.
Para o Dr. Samuel, com seus quarenta anos, pai de duas meninas, havia ainda o risco de levar esse vírus para casa e as contaminar.
Mas, ele aceitou todos os riscos em nome do amor.
Samuel Broder, como outros tantos pesquisadores devotados, é um servidor de Deus, materializando Sua misericórdia entre os seus irmãos, na Terra.
Aprendamos a reconhecê-los e agradeçamos a Deus pelas suas existências.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 38,
do livro
Muito além do amor, de Dominique Lapierre,
ed. Salamandra.
Em 15.3.2018.

segunda-feira, 12 de março de 2018

A Benção da Vida

O hábito de reclamar da própria vida é bastante difundido.
Parece sempre haver algo desagradável e injusto na existência que se leva.
Às vezes é o dinheiro que falta. Em outras a profissão que não agrada.
Há quem reclame de sua aparência, da família que tem, dos problemas que vivencia.
Em casos mais graves, pode passar pela mente a ideia de tudo abandonar.
Ocorre que a vida é uma bênção maravilhosa.
A Divindade investe suas graças mais pujantes em cada renascimento que se opera na face do planeta.
Constitui uma profunda ingratidão rejeitar a oportunidade recebida do Criador.
Toda reencarnação é precedida de cuidadosos preparos.
Traça-se um mapa do contexto em que cada homem e cada mulher se verão envolvidos.
Tudo com o propósito de que cresçam, aprendam e libertem-se do que os prende à ilusão e ao sofrimento.
Amigos dedicados auxiliam na programação, com infinito carinho.
A Providência Divina se desdobra em cuidados.
Finalmente, após muita preparação e cercado de expectativas, eis que o ser ressurge no mundo material.
Como ele veio a trabalho, será chamado ao esforço próprio.
Deverá mostrar seu valor, superar dificuldades e vencer velhos vícios.
Mas sempre cercado de amor e cuidados.
Seus mentores espirituais o observam, inspiram-no, orientam-no, torcem por ele.
Ninguém jamais está abandonado ou sozinho.
A Misericórdia Divina sempre está atenta e operosa.
Ela trata de fazer chegar a cada um os recursos de que necessita.
Pode ser a inspiração em um momento no qual se hesita entre o vício e a virtude.
Ou a figura de um amigo, cuja presença calorosa torna a vida mais fácil.
Ou então um grande afeto que surge de repente.
Absolutamente todos seguem bafejados pelo amor de Deus.
Precisam se esforçar, claro.
Mas oportunidades e bênçãos jamais escasseiam.
Mesmo quando tudo parece perdido, é preciso encontrar forças e seguir adiante.
A Providência Divina possui recursos infinitos e jamais é avarenta de bênçãos.
No momento certo, ela se manifesta das mais diferentes formas.
Assim, evite reclamar da vida que você leva.
Em especial, nem pense em fugir dos seus compromissos, em desertar do palco do mundo.
Você foi posto nele com muito carinho e mãos extremamente amorosas o sustentam e embalam de forma incansável.
Quando defrontado por dores e desilusões, entre em contato com a Divindade.
Adote o hábito da oração, relate seus problemas ao Criador e se abra para a orientação que certamente virá.
Como filho imensamente amado, você segue rumo a um destino angelical.
Apenas precisa ter a coragem de seguir adiante.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.
Em 16.03.2011.

A Felicidade não é deste mundo

III – A Felicidade Não É Deste Mundo

FRANÇOIS-NICOLAS-MADELAINE
Cardeal Morlot, Paris, 1863

            20
– Não sou feliz! A felicidade não foi feita para mim! Exclama geralmente o homem, em toda as posições sociais. Isto prova, meus caros filhos, melhor que todos os raciocínios possíveis, a verdade desta máxima do Eclesiastes: “A felicidade não é deste mundo”. Com efeito, nem a fortuna, nem o poder, nem mesmo a juventude em flor, são condições essenciais da felicidade. Digo mais: nem mesmo a reunião dessas três condições, tão cobiçadas, pois que ouvimos constantemente, no seio das classes privilegiadas, pessoas de todas as idades lamentarem amargamente a sua condição de existência.
            Diante disso, é inconcebível que as classes trabalhadoras invejem com tanta cobiça a posição dos favorecidos da fortuna. Neste mundo, seja quem for, cada qual tem a sua parte de trabalho e de miséria, seu quinhão de sofrimento e desengano. Pelo que é fácil chegar-se à conclusão de que a Terra é um lugar de provas e de expiações.
            Assim, pois, os que pregam que a Terra é a única morada do homem, e que somente nela, e numa única existência, lhe é permitido alcançar o mais elevado grau de felicidade que a sua natureza comporta, iludem-se e enganam aqueles que os ouvem. Basta lembrar que está demonstrado, por uma experiência multissecular, que este globo só excepcionalmente reúne as condições necessárias à felicidade completa do indivíduo.
            Num sentido geral, pode afirmar-se que a felicidade é uma utopia, a cuja perseguição se lançam as gerações, sucessivamente, sem jamais a alcançarem. Porque, se o homem sábio é uma raridade neste mundo, o homem realmente feliz não se encontra com maior facilidade.
            Aquilo em que consiste a felicidade terrena é de tal maneira efêmera para quem não se guiar pela sabedoria, que por um ano, um mês, uma semana de completa satisfação, todo o resto da existência se passa numa sequência de amarguras e decepções. E notai, meus caros filhos que estou falando dos felizes da Terra, desses que são invejados pelas massas populares.
            Consequentemente, se a morada terrena se destina a provas e expiações, é forçoso admitir que existem, além, moradas mais favorecidas, em que o Espírito do homem, ainda prisioneiro de um corpo material, desfruta em sua plenitude as alegrias inerentes à vida humana. Foi por isso que Deus semeou, no vosso turbilhão, esses belos planetas superiores para os quais os vossos esforços e as vossas tendências vos farão um dia gravitar, quando estiverdes suficientemente purificados e aperfeiçoados.
            Não obstante, não se deduza das minhas palavras que a Terra esteja sempre destinada a servir de penitenciária. Não, por certo! Porque, do progresso realizado podeis facilmente deduzir o que será o progresso futuro, e das melhoras sociais já conquistadas, as novas e mais fecundas melhoras que virão. Essa é a tarefa imensa que deve ser realizada pela nova doutrina que os Espíritos vos revelaram.
            Assim, pois, meus queridos filhos, que uma santa emulação vos anime, e que cada um dentre vós se despoje energicamente do homem velho. Entregai vos inteiramente à vulgarização desse Espiritismo, que já deu início à vossa própria regeneração. É um dever fazer vossos irmãos participarem dos raios dessa luz sagrada. À obra, portanto, meus caros filhos! Que nesta reunião solene, todos os vossos corações se voltem para esse alvo grandioso, de preparar para as futuras gerações um mundo em que felicidade não seja mais uma palavra vã.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Por Allan Kardec

Os Desafios da Vida

Abrir a caixa de um quebra-cabeças pela primeira vez, desses de milhares de minúsculas peças, é como se deparar com um grande desafio da vida.
Num primeiro momento, parece impossível. As partes são muito parecidas. Algumas delas, somos capazes de jurar, são idênticas em cor, formato e encaixe.
Como encontrar cada pedaço de um céu azul da paisagem, se todos são iguais? Por que essa peça iria aqui e não ali? Como distinguir cada peça verde de uma grande mata se todas têm nuances de cor tão similares?
Alguns se desesperam: Isso não é para mim! O que eu estou fazendo aqui? – Dizem.
Existem aqueles que simplesmente desistem.
Outros ficam ali, olhando por alguns minutos, atônitos...
Por onde começar?
Se temos paciência e um pouco de perseverança, observamos a imagem da caixa. A pintura, a paisagem bela que daquela confusão poderá sair um dia, quem sabe...
E ela parece nos dizer: Vale a pena tentar! Será compensador!
Olhamos para a caixa, olhamos para as peças. E tornamos a olhar.
Então, um fenômeno interessante começa a acontecer. Conforme vamos focando em um ponto da imagem, nosso cérebro vai passando uma revista pelas peças, uma revista detalhada.
Aí, aquelas pecinhas que pareciam ser todas iguais, da mesma cor, começam a se mostrar um pouco distintas. Elas têm pequenos detalhes que as diferenciam umas das outras. Até as cores não são as mesmas.
No azul encontramos diferentes tons e nessa e naquela há uma pequena mancha na ponta que não havíamos visto antes.
Tudo acontece em função do foco. Estamos focados, atentos, dedicados.
Nunca conseguiremos resolver problemas e vencer desafios sem foco, sem atenção.
Nesse momento, o peito ansioso acalma. A respiração muda. A visão parece ficar mais poderosa. Estamos enxergando coisas que não enxergávamos antes!
Nossa performance melhora. Vislumbramos alguma forma. São quinze, vinte peças juntas que nos animam a continuar, até que chega um momento terrível: a procura por uma peça específica que parece não estar na mesa.
É uma peça fundamental, importante para terminar aquela fase, ou uma área determinada, e não a encontramos.
Tudo para...
Voltamos a pensar que não somos capazes de concluir.
*   *   *
Assim também acontece com os problemas complexos.
Nesse caso, temos dois caminhos a seguir. O primeiro é darmos uma pausa, mudarmos os pensamentos, sair, arejar a mente, falar sobre outras coisas. Darmos tempo ao tempo.
O segundo é pedir ajuda. Afinal, quem disse que temos que resolver nossos problemas sozinhos?
Não há vergonha nisso. Não é sinal de fraqueza. No exemplo de que nos servimos, montar um quebra-cabeças na companhia de alguém é muito mais divertido.
Veremos que logo estaremos no caminho novamente e que uma ajuda é sempre muito bem-vinda.
Por fim, encarando os desafios de frente, passando pelos problemas e passando bem, iremos perceber que saímos mais fortes, mais maduros, assim como quem termina a montagem de um quebra-cabeças.
E levaremos conosco a lição da concentração, da perseverança, da tranquilidade, pelo êxito alcançado, pela dificuldade vencida.

Redação do Momento Espírita.
Em 8.3.2018.

sábado, 10 de março de 2018

O Autopasse

No autopasse a pessoa (passista ou não) trabalha a seu favor ao utilizar os imensos recursos vibracionais que estão disponíveis. O recurso existe, falta a decisão de se cuidar.

Todo ambiente benévolo existente em um centro espírita facilita a qualidade do passe. Sozinha, a pessoa deve preparar-se para canalizar esta energia universal.

O primeiro passo é a intenção ou vontade. A canalização começa com a decisão de agir e atingir um objetivo. O corpo e a mente são importantes mecanismos que permitem intervir sobre esta energia. A intenção produz pensamentos e sentimentos que ajudam a dar “forma” à energia.

O segundo passo é preparar o ambiente externo e interno. Se for possível, dirija-se a um lugar calmo. Aquiete a mente, leia algo que o ajude a “entrar no clima” cultivando sentimentos nobres e positivos e ore.

Após estar com a mente aquietada e focada em sentimentos nobres, comece a impor as mãos sobre você mesmo. Se possuir sensibilidade, você sentirá a energia fluindo.

Não existem regras de tempo e nem de locais sobre as quais a mão poderá ser imposta. Algumas pessoas que estão, por exemplo, com feridas gostam de impô-la sobre elas.

Você irá mover suas mãos naturalmente. Procure cobrir uma quantidade significativa do corpo, pelo menos 20%.

A intenção de se cuidar, o carinho e amor por si mesmo, são importantes elementos que permitem com que a energia adquira boas qualidades. Esta energia reagirá com a energia do seu próprio corpo e gerará bem estar, aumento da sensibilidade, emersão e valorização de sabedorias, reavaliação de valores e crenças, etc. Eventualmente gerará curas e prevenirá doenças.

Cada vez mais a sociedade incita as pessoas a ficarem pensando e desejando. O nível vibracional fica mais baixo, gerando cansaço e stress. São cada vez mais necessários momentos nos quais são cultivados o oposto deste padrão desejante e impulsivo . O autopasse - assim como a yoga, a mentalização, a meditação, o reiki – são momentos de recuperação do equilíbrio e do bom senso. Pois, a vida bem vivida é aquela que é útil para o espírito evoluir.

Cuidar de nós mesmos e da nossa saúde mental é um ato de amor. “Com o amor é mais fácil expandir a consciência. A expansão da consciência é o caminho necessário para experimentar a espiritualidade. É uma forma de desenvolver a sensibilidade necessária para lidar com as vibrações mais nobres e as experiências mais evoluídas”.

Pratique o autopasse. Tenha a experiência pessoal de lidar conscientemente com a energia do universo. Aprenda! Aumente sua sensibilidade. Viva melhor!

Através do autopasse você estará realizando a higiene mental e energética. Assim será mais fácil assumir a responsabilidade pessoal de usar a mente para impedir que o negativo se mantenha ativo e o sofrimento se espalhe.

Entre os grandes espíritas que favorecem o autopasse está Divaldo Franco (em várias entrevistas) e Edgar Armond (livro Passes e Radiações).

Fonte: www.mensagemespirita.com.br

Pagar o Mal com o Bem

PAGAR O MAL COM O BEM

            1 – Tendes ouvido o que foi dito: Amarás ao teu próximo e aborrecerás ao teu inimigo. Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei bem ao que vos odeia, e orai pelos que vos perseguem e caluniam, para serdes filhos de vosso Pai, que está nos céus, o qual faz nascer o seu o seu sol sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos. Porque, se não amardes senão aos que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os publicanos também assim? E se saudardes somente aos vossos irmãos, que fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os gentios? – Eu vos digo que, se a vossa justiça não for maior e mais perfeita que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus. (Mateus, V: 20, 43-47).
            2E se vós amais somente aos  que vos amam, que merecimento é o que vós tereis? Pois os pecadores também amam os que os amam. E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que merecimento é o que vós tereis? Porque isto mesmo fazem também os pecadores. E se emprestardes somente àqueles de quem esperais receber, que merecimento é o que vós tereis? Porque também os pecadores emprestam uns aos outros, para que se lhes faça outro tanto. Amai, pois, os vossos inimigos, façam bem, e emprestai, sem nada esperar, e tereis muito avultada recompensa, e sereis filhos do Altíssimo, que faz bem aos mesmos que lhe são ingratos e maus. Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. (Lucas, VI: 32-36).
            3 – Se o amor do próximo é o princípio da caridade, amar aos inimigos é a sua aplicação sublime, porque essa virtude constitui uma das maiores vitórias conquistadas sobre o egoísmo e o orgulho.
            Não obstante, geralmente nos equivocamos quanto ao sentido da palavra amor, aplicada a esta circunstância. Jesus não pretendia, ao dizer essas palavras, que se deve ter pelo inimigo a mesma ternura que se tem por um irmão ou por um amigo. A ternura pressupõe confiança. Ora, não se pode ter confiança naquele que se sabe que nos quer mal. Não se pode ter para com ele as efusões da amizade, desde que se sabe que é capaz de abusar delas. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver os impulsos de simpatia existentes entre aquelas que comungam nos mesmos pensamentos. Não se pode, enfim, ter a mesma satisfação ao encontrar um inimigo, que se tem com um amigo.
            Esse sentimento, por outro lado, resulta de uma lei física: a da assimilação e repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo emite uma corrente fluídica que causa penosa impressão; o pensamento benévolo envolve-nos num eflúvio agradável. Daí a diferença de sensações que se experimenta, à aproximação de um inimigo ou de um amigo. Amar aos inimigos não pode, pois, significar que não se deve fazer nenhuma diferença entre eles e os amigos. Este preceito parece difícil, e até mesmo impossível de se praticar, porque falsamente supomos que ele prescreve darmos a uns e a outros o mesmo lugar no coração. Se a pobreza das línguas humanas nos obriga a usarmos a mesma palavra, para exprimir formas diversas de sentimentos, a razão deve fazer as diferenças necessárias, segundo os casos.
            Amar aos inimigos, não é, pois, ter por eles uma afeição que não é natural, uma vez que o contato de um inimigo faz bater o coração de maneira inteiramente diversa que o de um amigo. Mas é não lhes ter ódio, nem rancor, ou desejo de vingança. É perdoá-los sem segunda intenção e incondicionalmente, pelo mal que nos fizeram. É não opor nenhum obstáculo à reconciliação. É desejar-lhes o bem em vez do mal. É alegrar-nos em lugar de aborrecer-nos com o bem que os atinge. É estender-lhes a mão prestativa em caso de necessidade. É abster-nos, por atos e palavras, de tudo o que possa prejudicá-los. É, enfim, pagar-lhes em tudo o mal com o bem, sem a intenção de humilhá-los. Todo aquele que assim fizer, cumpre as condições do mandamento: Amai aos vossos inimigos.
            4 – Amar aos inimigos é um absurdo para os incrédulos. Aquele para quem a vida presente é tudo, só vê no seu inimigo uma criatura perniciosa, a perturbar lhe o sossego, e do qual somente a morte o pode libertar. Daí o desejo de vingança. Não há nenhum interesse em perdoar, a menos que seja para satisfazer o seu orgulho aos olhos do mundo. Perdoar, até mesmo lhe parece, em certos casos, uma fraqueza indigna da sua personalidade. Se não se vinga, pois, nem por isso deixa de guardar rancor e um secreto desejo de fazer o mal.
            Para o crente, e mais ainda para o espírita, a maneira de ver é inteiramente diversa, porque ele dirige o seu olhar para o passado e o futuro, entre os quais, a vida presente é um momento apenas. Sabe que, pela própria destinação da Terra, nela devem encontrar homens maus e perversos; que as maldades a que está exposto fazem parte das provas que deve sofrer. O ponto de vista em que se coloca torna-lhe as vicissitudes menos amargas, quer venham dos homens ou das coisas. Se não se queixa das provas, não deve queixar-se também dos que lhe servem de instrumentos. Se, em lugar de lamentar, agradece a Deus por experimentá-lo, deve também agradecer a mão que lhe oferece a ocasião de mostrar a sua paciência e a sua resignação. Esse pensamento o dispõe naturalmente ao perdão. Ele sente, aliás, que quanto mais generoso for, mais se engrandece aos próprios olhos e mais longe se encontra do alcance dos dardos do seu inimigo.
            O homem que ocupa no mundo uma posição elevada não se considera ofendido pelos insultos daquele que olha como seu inferior. Assim acontece com aquele que se eleva, no mundo moral, acima da humanidade material. Compreende que o ódio e o rancor o envileceriam e rebaixariam, pois, para ser superior ao seu adversário, deve ter a alma mais nobre, maior e mais generosa.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Por Allan Kardec

Os Desafios da Vida

Abrir a caixa de um quebra-cabeças pela primeira vez, desses de milhares de minúsculas peças, é como se deparar com um grande desafio da vida.
Num primeiro momento, parece impossível. As partes são muito parecidas. Algumas delas, somos capazes de jurar, são idênticas em cor, formato e encaixe.
Como encontrar cada pedaço de um céu azul da paisagem, se todos são iguais? Por que essa peça iria aqui e não ali? Como distinguir cada peça verde de uma grande mata se todas têm nuances de cor tão similares?
Alguns se desesperam: Isso não é para mim! O que eu estou fazendo aqui? – Dizem.
Existem aqueles que simplesmente desistem.
Outros ficam ali, olhando por alguns minutos, atônitos...
Por onde começar?
Se temos paciência e um pouco de perseverança, observamos a imagem da caixa. A pintura, a paisagem bela que daquela confusão poderá sair um dia, quem sabe...
E ela parece nos dizer: Vale a pena tentar! Será compensador!
Olhamos para a caixa, olhamos para as peças. E tornamos a olhar.
Então, um fenômeno interessante começa a acontecer. Conforme vamos focando em um ponto da imagem, nosso cérebro vai passando uma revista pelas peças, uma revista detalhada.
Aí, aquelas pecinhas que pareciam ser todas iguais, da mesma cor, começam a se mostrar um pouco distintas. Elas têm pequenos detalhes que as diferenciam umas das outras. Até as cores não são as mesmas.
No azul encontramos diferentes tons e nessa e naquela há uma pequena mancha na ponta que não havíamos visto antes.
Tudo acontece em função do foco. Estamos focados, atentos, dedicados.
Nunca conseguiremos resolver problemas e vencer desafios sem foco, sem atenção.
Nesse momento, o peito ansioso acalma. A respiração muda. A visão parece ficar mais poderosa. Estamos enxergando coisas que não enxergávamos antes!
Nossa performance melhora. Vislumbramos alguma forma. São quinze, vinte peças juntas que nos animam a continuar, até que chega um momento terrível: a procura por uma peça específica que parece não estar na mesa.
É uma peça fundamental, importante para terminar aquela fase, ou uma área determinada, e não a encontramos.
Tudo para...
Voltamos a pensar que não somos capazes de concluir.
*   *   *
Assim também acontece com os problemas complexos.
Nesse caso, temos dois caminhos a seguir. O primeiro é darmos uma pausa, mudarmos os pensamentos, sair, arejar a mente, falar sobre outras coisas. Darmos tempo ao tempo.
O segundo é pedir ajuda. Afinal, quem disse que temos que resolver nossos problemas sozinhos?
Não há vergonha nisso. Não é sinal de fraqueza. No exemplo de que nos servimos, montar um quebra-cabeças na companhia de alguém é muito mais divertido.
Veremos que logo estaremos no caminho novamente e que uma ajuda é sempre muito bem-vinda.
Por fim, encarando os desafios de frente, passando pelos problemas e passando bem, iremos perceber que saímos mais fortes, mais maduros, assim como quem termina a montagem de um quebra-cabeças.
E levaremos conosco a lição da concentração, da perseverança, da tranquilidade, pelo êxito alcançado, pela dificuldade vencida.
Redação do Momento Espírita.
Em 8.3.2018.

segunda-feira, 5 de março de 2018

A Lei do Retorno é infalível

Pode demorar, mas sempre receberemos na medida exata do que oferecemos. Nada mais, nada menos do que isso.
Não raro, costumamos achar que vimos sendo tratados injustamente ou de forma desagradável pelas pessoas que nos rodeiam. É como se estivéssemos recebendo muito menos do que verdadeiramente queremos ou pensamos que merecemos. Assim, passamos a colocar a culpa do que nos ocorre tão somente nas pessoas e no mundo lá fora, o que nos impede de nos enxergarmos como sujeitos de nossas histórias, uma vez que, nessa ótica, seríamos meros joguetes nas mãos dos outros.
E, assim, vamos passando os dias lamentando as supostas injustiças que nos vão sendo impostas, recheando nossas amarguras com os tratamentos que julgamos descabidos por parte das pessoas que convivem conosco, sentindo-nos mal amados, mal interpretados, mal vistos e desvalorizados. Afinal, ninguém parece nos entender ou perceber os potenciais que possuímos, como se estivéssemos sendo subutilizados em todos os setores de nossas vidas.

Por essa razão é que jamais poderemos fugir ao enfrentamento de nós mesmos, analisando racionalmente o que estamos oferecendo, como estamos nos comportando, enxergando a nós mesmos, na forma como estamos tratando as pessoas, nas palavras que usamos, no tom de voz que colocamos, no olhar que dirigimos ao mundo lá fora. Muitas vezes, apenas estamos recebendo de volta exatamente o que oferecemos, nada mais nem menos do que isso.

Caso consigamos perceber a forma como as pessoas vêm nos enxergando, o que o mundo vem recebendo de nós, muito provavelmente entenderemos várias coisas que nos acontecem, tendo a consciência de que o que nos chega não é injusto e sim retorno de mesma medida. Muitas vezes, estaremos ofertando é nada, tratando mal as pessoas, ignorando-as e menosprezando-as, fechando-nos aos encontros, a tudo o que está fora de nós. Como é que poderão enxergar algo que não demonstramos? Como é que nos enxergarão, caso nos fechemos aqui dentro?

Embora exista quem não consiga fazer outra coisa que não azucrinar a vida de quem quer que seja, muitas pessoas com quem conviveremos estarão abertas a receber o nosso melhor e a fazer bom uso de tudo o que oferecemos, valorizando-nos e tratando-nos com o devido respeito. É preciso, portanto, que nos permitamos o compartilhamento transparente de nossas verdades, para que elas nos tragam o retorno afetivo que nos enriquecerá a vida onde e com quem estivermos. Porque merecemos, sempre, o que oferecemos.

Fonte: O Segredo
Autor: MARCEL CAMARGO

domingo, 4 de março de 2018

O Orgulho

"O orgulho é a fonte de todas as fraquezas, por que é a fonte de todos os vícios".

Santo Agostinho

Agostinho de Hipona, conhecido como Santo Agostinho (354-430), foi um filósofo, escritor, bispo e teólogo cristão africano, responsável pela elaboração do pensamento cristão. Deixou uma obra literária gigantesca: 113 trabalhos, 224 cartas e mais de quinhentos sermões

A Face de Deus

No dia 26 de agosto de 2017, o Centro Nacional de furacões, nos Estados Unidos, começou a monitorizar uma onda tropical sobre a costa ocidental africana.
Nas vinte e quatro horas seguintes, ela foi classificada como uma tempestade tropical. E recebeu o nome de Irma.
Viria a se transformar num furacão, um ciclone tropical que, alcançando o Caribe e Cuba, deixou um trilho de destruição e morte.
Aportou nos Estados Unidos com a mesma atitude de revolta de um planeta que procura sobreviver, apesar dos maus tratos que tem recebido dos seus habitantes.
Previamente anunciada, chegou a gerar pânico.  Os postos de gasolina, os supermercados, as lojas de materiais de construção, não conseguiram atender à demanda.
Faltou água, alimentos e até mesmo parafusos e pregos para as madeiras que deveriam proteger as portas e janelas.
A passagem de Irma deixou uma boa parcela da população americana carente de quase tudo. Mais de um milhão de pessoas ficou sem eletricidade.
Nos casos mais tristes, houve perda do maior patrimônio, a própria vida.
Depois de sua passagem catastrófica, quando as pessoas começaram a sair de suas casas, dos seus abrigos, foram tomando ciência dos estragos.
Não houve quem conseguisse controlar as lágrimas ante as cenas de desolação.
Árvores arrancadas, casas danificadas, destruição por toda parte. E, em muitos corações, a incerteza de como estariam os amigos e parentes.
Foi nesse momento, quando vizinhos e desconhecidos foram se encontrando nas ruas, que a Face de Deus se manifestou, mesmo para aqueles que nem creem em Sua existência.
Fosse em nome de Jesus, de Krishna, Buda, Jeová ou simplesmente pelo sentimento de solidariedade, Deus estava presente nas suas atitudes.
Nos dias de dificuldades que se sucederam, o que se observou foram as pessoas se dispondo a auxiliar, cada qual como podia e com o que dispunha.
Havia braços que se ofereciam para um simples corte de uma árvore caída, até doações de alimentos, de água para os abrigos preparados para pessoas e animais.
Os pássaros demoraram alguns dias para voltar a cantar. No entanto, a música do coração humano podia ser ouvida.
Uma música dorida, mas enérgica. Uma música que trazia o ritmo do trabalho, do apoio, da reconstrução.
A face de Deus brilhava nos olhos das criaturas, em demonstrações do potencial Divino do amor existente em cada uma.
Pensamos na lei de destruição, que determina que é necessário que tudo se destrua, para renascer e se regenerar.
Porque isso a que chamamos destruição é transformação, cujo objetivo é a renovação e o melhoramento dos seres vivos.
Sim, tudo se encaminha em nossas vidas para uma tomada de atitude diferente, para que saiamos de nosso comodismo e busquemos a renovação.
O furacão Irma nos apresentou a sua face do terror. Mas, em meio ao caos que criou, pudemos contemplar a Face de Deus nas Suas criaturas.
Irma transformou as almas em irmãs. E essa é a Face de Deus porque, conforme registrou o Evangelista João, Deus é amor.
Redação do Momento Espírita, com base no artigoA grande lição de Irma, de Umberto Fabri, do Jornal Correio Fraterno,
de setembro/outubro 2017 e transcrição da Primeira Epístola de João,
cap. 4, versículo 8.
Em 1º.3.2018.

quinta-feira, 1 de março de 2018

Indicação de um Amigo

Nunca se diga inútil.
Por agora: você não é um anjo.
No entanto é capaz de ser uma pessoa reta e nobre;
não terá santidade para mostrar, mas possui vastas possibilidades
de agir em benefício do próximo;
não apresenta qualidades perfeitas, contudo, você detém recursos
preciosos de servir.
Talvez não consiga revelar alto índice de cultura intelectual, porém,
consegue amparar a muitos companheiros com excelente orientação.
Provavelmente, não lhe será possível movimentar grandes riquezas do mundo,
entretanto nada lhe impedirá o esforço de acumular tesouros de bondade no
coração e de irradiai-los em gestos de compreensão e de amor.
Por fim é provável que você ainda não conheça o que seja a felicidade,
mas pode adquiri-la se você quiser, aprendendo a trabalhar em favor dos
outros e entender a perdoar, encorajar e sorrir.

André Luiz

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...