quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Mensagem aos Médiuns

Mensagem aos Médiuns - Emmanuel / Chico Xavier

 Venho exortar a quantos se entregaram na Terra à missão da mediunidade, afirmando-lhes que, ainda em vossa época, esse posto é o da renúncia, da abnegação e dos sacrifícios espontâneos. Faz-se mister que todos os Espíritos, vindos ao planeta com a incumbência de operar nos labores mediúnicos, compreendam a extensão dos seus sagrados deveres para a obtenção do êxito no seu elevado e nobilitante trabalho.


Médiuns! A vossa tarefa deve ser encarada como um santo sacerdócio; a vossa responsabilidade é grande, pela fração de certeza que vos foi outorgada, e muito se pedirá aos que muito receberam. Faz-se, portanto, necessário que busqueis cumprir, com severidade e nobreza, as vossas obrigações, mantendo a vossa consciência serena, se não quiserdes tombar na luta, o que seria crestar com as vossas próprias mãos as flores da esperança numa felicidade superior, que ainda não conseguimos alcançar! Pesai as consequências dos vossos mínimos atos, porquanto é preciso renuncieis à própria personalidade, aos desejos e aspirações de ordem material, para que a vossa felicidade se concretize.

Felizes daqueles que, saturados de boa-vontade e de fé, laboram devotadamente para que se espalhe no mundo a Boa Nova da imortalidade. Compreendendo a necessidade da renúncia e da dedicação, não repararam nas pedras e nos acúleos do caminho, encontrando nos recantos do seu mundo interior os tesouros do auxílio divino. Acendem nos corações a luz da crença e das esperanças, e se, na maioria das vezes, seguem pela estrada incompreendidos e desprezados, o Senhor enche com a luz do seu amor os vácuos abertos pelo mundo em suas almas, vácuos feitos de solidão e desamparo.


Infelizmente, a Terra ainda é o orbe da sombra e da lágrima, e toda tentativa que se faz pela difusão da verdade, todo trabalho para que a luz se esparja fartamente encontram a resistência e a reação das trevas que vos cercam. Dai nascem as tentações que vos assediam, e partem as ciladas em que muitos sucumbem, à falta da oração e da vigilância apregoadas no Evangelho.


QUEM SÃO OS MÉDIUNS NA SUA GENERALIDADE
Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas, e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. O seu pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado de graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre, são Espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude. São almas arrependidas que procuram arrebanhar todas as felicidades que perderam, reorganizando, com sacrifícios, tudo quanto esfacelaram nos seus instantes de criminosas arbitrariedades e de condenável insânia.


AS OPORTUNIDADES DO SOFRIMENTO
As existências dos médiuns, em geral, têm constituído romances dolorosos, vidas de amargurosas dificuldades, em razão da necessidade do sofrimento reparador; suas estradas, no mundo, estão repletas de provações, de continências e desventuras. Faz-se, porém, necessário que reconheçam o ascetismo e o padecer, como belas oportunidades que a magnanimidade da Providência lhes oferece, para que restabeleçam a saúde dos seus organismos espirituais, combalidos nos excessos de vidas mal orientadas, nas quais se embriagaram à saciedade com os vinhos sinistros do vicio e do despotismo.

Humilhados e incompreendidos, faz-se mister que reconheçam todos os benefícios emanantes das dores que purificam e regeneram, trabalhando para que representem, de fato, o exemplo da abnegação e do desinteresse, reconquistando a felicidade perdida.

NECESSIDADE DA EXEMPLIFICAÇÃO
Todos os médiuns, para realizarem dignamente a tarefa a que foram chamados a desempenhar no planeta, necessitam identificar-se com o ideal de Jesus, buscando para alicerce de suas vidas o ensinamento evangélico, em sua divina pureza; a eficácia de sua ação depende do seu desprendimento e da sua caridade, necessitando compreender, em toda a amplitude, a verdade contida na afirmação do Mestre: “Dai de graça o que de graça receberdes.”

Devendo evitar, na sociedade, os ambientes nocivos e viciosos, podem perfeitamente cumprir seus deveres em qualquer posição social a que forem conduzidos, sendo uma de suas precípuas obrigações melhorar o seu meio ambiente com o exemplo mais puro de verdadeira assimilação da doutrina de que são pregoeiros.

Não deverão encarar a mediunidade como um dom ou como um privilégio, sim como bendita possibilidade de reparar seus erros de antanho, submetendo-se, dessa forma, com humildade, aos alvitres e conselhos da Verdade, cujo ensinamento está, frequentemente, numa inteligência iluminada que se nos dirige, mas que se encontra igualmente numa provação que, humilhando, esclarece ao mesmo tempo o espírito, enchendo-lhe o íntimo com as claridades da experiência.

O PROBLEMA DAS MISTIFICAÇÕES
O problema das mistificações não deve impressionar os que se entregam às tarefas mediúnicas, os quais devem trazer o Evangelho de Jesus no coração. Estais muito longe ainda de solucionar as incógnitas da ciência espírita, e se aos médiuns, às vezes, torna-se preciso semelhante prova, muitas vezes os acontecimentos dessa natureza são também provocados por muitos daqueles que se socorrem das suas possibilidades.

Tende o coração sempre puro. É com a fé, com a pureza de intenções, com o sentimento evangélico, que se podem vencer as arremetidas dos que se comprazem nas trevas persistentes. É preciso esquecer os investigadores cheios do espírito de mercantilismo!... Permanecei na fé, na esperança e na caridade em Jesus - Cristo, jamais olvidando que só pela exemplificação podereis vencer.

APELO AOS MÉDIUNS
Médiuns, ponderai as vossas obrigações sagradas! preferi viver na maior das provações a cairdes na estrada larga das tentações que vos atacam, insistentemente, em vossos pontos vulneráveis.

Recordai-vos de que é preciso vencer, se não quiserdes soterrar a vossa alma na escuridão dos séculos de dor expiatória. Aquele que se apresenta no Espaço como vencedor de si mesmo é maior que qualquer dos generais terrenos, exímio na estratégia e tino militares. O homem que se vence faz o seu corpo espiritual apto a ingressar em outras esferas e, enquanto não colaborardes pela obtenção desse organismo etéreo, através da virtude e do dever cumprido, não saireis do círculo doloroso das reencarnações.

Matéria extraída do livro Emmanuel, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier pelo espírito Emmanuel, editora FEB.

Amar a Vida

O pintor Van Gogh disse: O melhor meio de amar a vida é amar muitas coisas.
Se você quiser saber se sabe amar, preste atenção e veja quantas vezes por dia você diz: Detesto isso. Detesto esse tipo de gente. Detesto esse tipo de coisas. Tudo isso em vez de dizer gosto.
Você diz que ama as coisas? Quantas vezes você diz gosto disso? Gosto de crianças. Gosto de flores. Gosto de música.
Para amar a vida, devemos estar dispostos a amar.
Você pode imaginar alguma coisa mais importante?
Por que se trabalha? Por que se luta? Por que se sofre? Por que se espera? É o amor. É a vida.
Trabalha-se porque se ama o trabalho. Escolhemos a profissão porque gostamos de fazer aquilo. Certo dia, observamos um cirurgião que estudava para uma delicada intervenção, que teria que realizar no dia seguinte. Ele lia, fazia apontamentos, preparava gráficos.
Era uma cirurgia para reconstituição da face de uma adolescente que sofrera um sério traumatismo. De vez em quando, entre uma e outra anotação, ele exclamava: Fascinante! Maravilha! Que coisa surpreendente.
Era o profissional apaixonado pela sua arte, pela sua profissão, pelo que ele iria realizar no dia seguinte.
Conta um professor universitário que, certa feita, foi para a Nova Inglaterra, no outono, visitar um de seus alunos. Passeando, ele pediu que parasse o carro. Ele estava maravilhado com a visão daquelas árvores com folhas vermelhas, douradas, azuis, roxas, castanhas, magenta e pretas.
Sim, pretas, tudo na mesma árvore. Ele nunca havia visto algo assim. Em Los Angeles, onde residia, estava habituado, na chegada do outono, a que as folhas secassem e caíssem. E pronto.
Mas ali, ele estava impressionado e perguntou: Como é que essa folha resolve ser preta e esta resolve ser amarela? Na mesma árvore!?
Ora, disse o aluno, sei lá. É assim mesmo./
Não, falou o professor. Não é assim mesmo. Deve haver um bom motivo para isso e eu quero saber qual é. Leve-me para a biblioteca!
Foram à biblioteca e pesquisaram o assunto. Depois de esclarecido acerca das razões científicas para a mudança das cores, o professor afirmou: Conhecer tudo isso não torna a questão nem mais nem menos espiritual. Continua a ser pura magia. A ser maravilhoso.
E se manteve encantado e apaixonado pelas cores das folhas. Isso é amar as coisas.
Isso é dizer sim à vida. É ser um amante da vida. E se a vida, por acaso, lhe oferecer muitos dias de céu cinzento, siga à risca a recomendação do escritor Nikos Kazantzakis: Você tem o seu pincel, tem as suas tintas, pinte o paraíso e depois entre nele.
*   *   *
Contemplemos a terra submissa e boa, sulcada pelo arado para a dádiva do pão.
Aprendamos com ela a lição da humildade e deixemos que o agricultor compassivo transforme nossa vida numa semeadura de amor para o bem de todos.
Amemos a manhã que desperta ensolarada. Amemos a chuva que chega, sem avisar.
Agradeçamos ao vento que enche de folhas a nossa calçada. Quando ele sossegar, aproveitemos e fotografemos o tapete natural. Acreditemos: ninguém, além do vento, consegue colocar as folhas dessa forma tão livre, tão espontânea.
Aproveitemos a hora que passa depressa e aquela que parece nunca terminar. Amemos nosso dia, nosso tempo. Amemos a vida.

Redação do Momento Espírita, com base no cap.
Escolha a vida, do livro Vivendo, amando e aprendendo,
de Léo Buscaglia, ed. Nova Era e no cap. 2, do livro

Glossário espírita cristão, pelo Espírito Marco Prisco,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 10.7.2014.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Bom e Mau

Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo.

Confúcio
Foi o mais famoso filósofo e pensador político da China e viveu entre 552 e 479 a.C. Seu nome verdadeiro era Ch’iu K’ung, mas ele se tornou conhecido como Mestre K’ung. Dependendo dos ideogramas utilizados, essa expressão podia ser grafada em chinês de diversas formas: K’ung-fu-tzu, K’ung-tzu, Kongfuzi ou Kongzi, o que explica por que os jesuítas europeus latinizaram o nome do sábio para Confucius por volta dos séculos XVI e XVII. Nascido no norte da China, na adolescência já chamava a atenção como estudante exemplar. Depois, seguiu uma brilhante carreira de professor, demonstrando grande conhecimento nas mais variadas áreas, de história e aritmética a poesia, música e caligrafia. Infelizmente, Confúcio não deixou nenhuma obra escrita, mas seus discípulos coletaram pequenos provérbios do mestre, além de diálogos com ele, e os reuniram em um texto intitulado Lun Yu (“Os Analectos”).

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

A Urgência de Viver

 " A Urgência de Viver"

" Todos os anos , nesta hora de Neilá, eu observo os seus rostos e vejo algo indefinível em suas expressões. Sei lá, um misto de alegria e tristeza...não sei se "tristeza" é a palavra certa, talvez "apreensão". Antigamente, entendia o porque. Hoje, um pouco mais velho, um pouco mais maduro, um pouco mais vivido, um pouco mais sensível, acho que consigo "compreender".

A matemática da vida não é simples. Cada soma também é uma subtração. Quando somamos mais um "Yom Kipur" àqueles que já vivemos, subtraímos um "Yom Kipur" daqueles que nos restam para viver. Então , a felicidade de estarmos aqui hoje à noite vem acompanhada da melancólica percepção de que o tempo passa e a vida voa. Nesta hora de "Neilá", talvez mais do que em qualquer outra, sentimos a urgência de viver.

Décimo primeiro mandamento, proposto por Teddy Kollek, prefeito de Jerusalém: " Não serás  paciente". À primeira vista, tal conselho parece ir contra uma das qualidades mais valorizadas pela humanidade - a paciência é uma virtude! No entanto, ao refletirmos sobre as palavras de Kollek, percebemos que elas contem uma grande sabedoria. A impaciência é necessária para remediar nossa tendência tão humana de protelar. Pois a verdade é que em muitas áreas vitais da nossa existência, somos pacientes demais.

Esperamos demais para fazer o que precisa ser feito, num mundo que só nos dá um dia de cada vez, sem nenhuma garantia do amanhã. Enquanto lamentamos que a vida é curta, agimos como se tivéssemos à nossa disposição, um estoque inesgotável de tempo.

Esperamos demais para dizer as palavras de perdão que devem ser ditas, para por de lado os rancores que devem ser expulsos, para expressar gratidão, para dar ânimo , para oferecer consolo.

Esperamos demais para ser generosos, deixando que a demora diminua a alegria de dar espontaneamente.

Esperamos demais para ser pais dos nossos filhos pequenos, esquecendo quão curto é o tempo em que eles serão pequenos, quão depressa a vida os faz crescer e ir embora...

Esperamos demais para dar carinho aos nossos pais, irmãos e amigos. Quem sabe quão logo será tarde demais?!

Esperamos demais para ler os livros, ouvir as músicas, ver os quadros que estão esperando para alargar nossa mente, enriquecer nosso espírito e expandir nossa alma.

Esperamos demais para enunciar as preces que estão esperando para atravessar nossos lábios, para executar as tarefas que estão esperando para serem cumpridas, para demostrar o amor que talvez não seja mais necessário amanhã.

Esperamos demais nos bastidores quando a vida tem um papel para desempenharmos no palco.

Deus também está esperando.
Esperando nós pararmos de esperar.
Esperando nós começarmos a fazer agora tudo aquilo para o qual este dia  e esta vida nos foram dados.

Meus amigos: É Hora de Viver!

Jesus, sempre Jesus!

Ante o panorama de tantas guerras entre os homens; ante a explosão estarrecedora da violência e dos injustificáveis atentados à vida humana, supliquei ao Mestre Amado:
Senhor Jesus!
Nunca a Terra precisou tanto do Teu respaldo sagrado, de Tua mão misericordiosa, de Teus cuidados.
A Humanidade sofrida clama por piedade, à medida que a onda truculenta do mal invade as praias de nossas benditas esperanças.
O coração do homem de bem sangra, seus olhos derramam lágrimas amargas e a mente Te busca num pedido de socorro, de luz que venha clarear o caminho.
Senhor Jesus!
Os homens de bem se veem tão desarvorados, frente a tantas amarguras e atos revoltantes.
Maldade e ganância dos inconsequentes chega a extremos inconcebíveis.
São tantas as vulgaridades querendo ser eleitas como justas e aceitáveis.
Tão grande a hipocrisia dos mandatários terrenos.
Tão enganadoras as ilusões que os move nessa bancarrota sem limites...
Tanta avidez em subverter valores sedimentados.
Tantas mentiras querendo posar de verdades supremas.
Tanta dor, tanto sofrimento, tanta desilusão na alma dos que ainda titubeiam na busca da verdade.
Tanta aflição no coração das mães que temem pelos filhos que embalam.
Então silenciei, meditei, ponderei. E dei-me conta de que o Mestre a tudo isso previu. E deixou a rota segura para quem O buscasse.
Dirigi-me à biblioteca e busquei o roteiro bendito que Ele nos legou.
Uma vez mais mergulhei a mente na leitura do Evangelho de luz, encontrando ali o meio de acalmar essa agonia que nos invade nestes momentos de dores superlativas, na face da Terra.
Encontrei a primeira gota de consolo ao me deparar com o Seu convite:
Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo.
Em seguida constatei que as bem-aventuranças por Ele anunciadas renovam nossas esperanças, acalmando nossos corações, nos ajudando a resistir ao mal, e nos fazendo instrumentos de Sua vontade:
Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados. Bem-aventurados os famintos e sequiosos de justiça, pois que serão saciados.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que deles é o reino dos céus.
E nos elucida ainda mais, ao nos convidar a mantermos puros os nossos corações, a sermos brandos e pacíficos, nos conclamando à misericórdia para com todos.
Esclarece-nos que devemos perdoar para sermos perdoados.
Mais, a perdoar setenta vezes sete vezes cada ofensa recebida, e que esse perdão precisa ser um ato do coração.
Também que perdoar aos inimigos é obter perdão para si próprio, pois quem de nós dele não necessita?
Ensina-nos a sermos indulgentes porque a indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta, irrita.
E finalmente, salienta a necessidade de amarmos ao próximo como a nós mesmos, estabelecendo que esse é o mandamento maior.
*   *   *
Sublime irmão e amigo, Te louvamos e Te damos graças pela paciência que nos dedicas nesta romagem que empreendemos pelas portas estreitas da autoconstrução.
Nossa gratidão, Senhor Jesus!
Redação do Momento Espírita, com transcrição  de frases do
 
Evangelho de Mateus,  cap. 5, versículos 4, 6 e 10 e cap. 11,
  versículos 28 e 30.
Em 24.2.2018.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Não-Violência

A não-violência e a covardia não combinam. Posso imaginar um homem armado até os dentes que no fundo é um covarde. A posse de armas insinua um elemento de medo, se não mesmo de covardia. Mas a verdadeira não-violência é uma impossibilidade sem a posse de um destemor inflexível.

Mahatma Gandhi

O Criador

Achar que o mundo não tem um Criador é o mesmo que afirmar que um
dicionário é o resultado de uma explosão numa tipografia.

Benjamin Franklin

Juventude

O que deve caracterizar a juventude é a modéstia, o pudor, o amor, a moderação,
a dedicação, a diligência, a justiça, a educação.
São estas as virtudes que devem formar o seu caráter.

Sócrates

Ontem e Amanhã

Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito.
Um se chama ontem e o outro se chama amanhã,
portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar,
fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Injúrias e Violências

Injúrias e Violências

            1 – Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra. (Mateus, V: 4).
            2 – Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. (Mateus, V: 9)
            3 – Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás, e quem matar será réu no juízo. Pois eu vos digo que todo o que se irá contra o seu irmão será réu no juízo; e o que disser a seu irmão: raca, será réu no conselho; e o que disser: és louco, merecerá a condenação do fogo do inferno. (Mateus, V: 21e 22).

            4 – Por essas máximas, Jesus estabeleceu como lei a doçura, a moderação, a mansuetude, a afabilidade e a paciência. E, por consequência, condenou a violência, a cólera, e até mesmo toda expressão descortês para com os semelhantes. Raca era entre os hebreus uma expressão de desprezo, que significava homem reles, e era pronunciada cuspindo-se de lado. E Jesus vai ainda mais longe, pois ameaça com o fogo do inferno aquele que disser a seu irmão: És louco.
            É evidente que nesta, como em qualquer circunstância, a intenção agrava ou atenua a falta. Mas por que uma simples palavra pode ter tamanha gravidade, para merecer tão severa reprovação? É que toda palavra ofensiva exprime um sentimento contrário à lei de amor e caridade, que deve regular as relações entre os homens, mantendo a união e a concórdia. É um atentado, à benevolência recíproca e à fraternidade, entretendo o ódio e a animosidade. Enfim, porque depois da humildade perante Deus, a caridade para com o próximo é a primeira lei de todo cristão.
            5 – Mas o que dizia Jesus por estas palavras: “Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra?” Não ensinou ele a renúncia aos bens terrenos, prometendo os do céu?
            Ao esperar os bens do céu, o homem necessita dos bens da terra para viver. O que ele recomenda, portanto, é que não se dê a estes últimos mais importância que aos primeiros.
            Por essas palavras, ele quer dizer que até agora os bens da terra foram açambarcados pelos violentos, em prejuízo dos mansos e pacíficos. Que as estes falta frequentemente o necessário, enquanto os outros dispõem do supérfluo. E promete que justiça lhes será feita, assim na terra como no céu, porque eles serão chamados filhos de Deus. Quando a lei de amor e caridade for à lei da humanidade, não haverá mais egoísmo; o fraco e o pacífico não serão mais explorados nem espezinhados pelo forte e o violento. Será esse o estado da Terra, quando, segundo a lei do progresso e a promessa de Jesus, ela estiver transformada num mundo feliz, pela expulsão dos maus.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

Contra a Violência

Como epidemia social, a violência vem tomando lugar na sociedade, de maneira generalizada.
Muitos vêm deixando de lado o trato social, abrindo mão das pequenas gentilezas cotidianas, como algo fora de moda ou de contexto.
Homens e mulheres, com honrosas exceções, vêm se permitindo extravasar a própria violência em ações e comportamentos.
Se estão no trânsito, a sua pressa justifica ultrapassagens ilegais e desrespeitosas, não cedendo passagem a quem pede, transformando-se, não raro, em uma verdadeira máquina de guerra, dentro de seu carro.
No trato cotidiano, a impaciência não lhe permite compreensão com algum idoso à sua frente, em um passo mais lento, natural da idade.
Com alguém que lhe pede breve informação, não oferece parcos minutos para a resposta valiosa.
E se alguém desavisado lhe ocasiona algum contratempo, transborda sua fúria em tratamento desrespeitoso, pautado por vocabulário vulgar e ofensivo.
A imprensa veicula notícias que se sucedem e impressionam pela violência, desequilíbrio e rudeza das pessoas.
Mata-se por motivos banais, corrompe-se vidas com justificativas levianas, agride-se física e moralmente como se fosse direito irrefutável.
Assim agem muitos, na atualidade.
Aturdido pelas conquistas tecnológicas, maravilhado pelas possibilidades do mundo moderno, o homem se deixa perturbar, por não dar conta de tantas possibilidades e novidades.
Ganha o mundo na velocidade dos cliques do computador, sabendo de tudo e de todos, nas mais variadas redes sociais.
Ao mesmo tempo, se desorienta por encontrar seus processos intelectuais e emocionais com as velocidades de sempre.
Em um único dia, é capaz de assimilar infindas informações, saber do que acontece em qualquer parte do globo, em tempo real, e de enviar dezenas de e-mails para todas as partes do mundo.
A sua intimidade, no entanto, ainda apresenta um imenso universo a ser descoberto e explorado.
Aparelhado de todos os recursos tecnológicos, não consegue buscar ferramentas no seu mundo interno para enfrentar com equilíbrio os desafios da sociedade moderna.
Por isso, aturde-se. Aturdido, agride.
Torna-se violento, como mecanismo de defesa, para esconder a própria fragilidade.
Quanto mais violento, mais frágil, mais precisando de amparo.
Esses violentos são, na verdade almas enfermas, com dificuldades para dar conta de si e do mundo.
Para conviver com eles, importa armar-se de paz, a fim de agir de maneira sensível, gentil e sensata diante da palavra rude.
Para o comportamento bruto, o trato amável. Para a impaciência, a calma. Para a grosseria, a compreensão.
Somente assim, armados de paz, é que conseguiremos combater a violência.
Sejam os nossos os instrumentos da paz, em todas as circunstâncias.
Na análise do nosso comportamento, na oração e meditação cotidianas, invistamos no hábito das ações serenas e ponderadas.
Dessa forma, munidos de paz, finalmente teremos o antídoto eficiente para agir nestes dias de violência.

Redação do Momento Espírita.
Em 23.8.2014.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

A Mediunidade

A questão da mediunidade tem sido tratada, ainda em nossos dias, de forma bastante pueril por aqueles que, não a conhecendo em profundidade, se arvoram em discorrer a respeito.
Normalmente vinculam-na ao Espiritismo, como se ela fosse invenção e apanágio dos espíritas.
É, no entanto, no livro religioso mais antigo e respeitado de que tem conhecimento o Ocidente, que encontramos uma farta gama de exemplos de médiuns.
Referimo-nos à Bíblia. E em seu Antigo Testamento, encontramos a descrição detalhada do festim de Baltazar, o neto de Nabucodonosor, na Babilônia.
Em meio ao alegre festim, uma mão apareceu ao fundo da sala e escreveu três palavras, que ninguém conseguia decifrar.
Foi necessário chamar o profeta hebreu Daniel que ali compareceu e informou ao rei que as palavras significavam Pesado, Medido, Dividido, predizendo a divisão do seu reino em breve.
Fato que se consumou nos dias seguintes, com a vitória de medos e persas naquele país.
Ora, o primeiro fenômeno trata-se da escrita direta, quando os Espíritos não se utilizam da mão do médium para escrever, fenômeno estudado pelo Codificador da Doutrina Espírita no século XIX, com detalhes.
O segundo, o da decifração da mensagem tem a ver com a inspiração do profeta, que colheu no Invisível informação precisa.
Logo no início do Novo Testamento, o Evangelista Lucas descreve a anunciação de Maria pelo anjo Gabriel. Ora, ela viu o mensageiro Divino, portanto fenômeno de vidência.
Ouviu-o com detalhes, pois que com ele conversou. Fenômeno de audiência.
E, numa época em que não existia a ecografia, o mensageiro dos céus não somente lhe fala da sua concepção, mas do sexo da criança, do nome que Lhe seria dado e da Sua missão, com as palavras:
Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Será grande e o chamarão filho do Altíssimo e o seu reino não terá fim.
Finalmente, lhe informa Gabriel que sua prima também está grávida há seis meses, motivo que leva Maria a visitá-la.
Mediunidade não é, portanto, exclusividade dos espíritas. É de todos os tempos. É faculdade inerente ao homem, dada por Deus para que ele, deste mundo de dores, possa alçar-se ao Infinito e sentir o socorro e amparo espirituais, pelos fios invisíveis da comunicação que, em síntese, se dá através da oração, que eleva o ser às culminâncias do Invisível.
*   *   *
O pai de João Batista também recebeu a revelação do nascimento do filho, antes de sua esposa vir a conceber.
Narra o Novo Testamento que ele estava no Santuário, exercendo as suas funções de sacerdote, quando lhe apareceu o mensageiro do Senhor, ao lado direito do altar, dando-lhe detalhes do que sucederia, igualmente lhe dizendo do sexo da criança, o nome e sua missão.
O fato de estar o sacerdote Zacarias a orar nos dá a tônica de que para adentrarmos à Espiritualidade Superior, o caminho é sempre a prece, que nos eleva e credencia a tal.
Redação do Momento Espírita.
Em 04.09.2009.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Felicidade Possível

Você acreditava que a felicidade seria semelhante a uma ilha fantástica de prazer constante e paz permanente.
Um lugar onde não houvesse preocupação, nem se apresentasse a dor.
Um lugar no qual os sorrisos brilhassem nos lábios, e a beleza engrinaldasse de festa as criaturas.
Uma felicidade feita de fantasias parecia ser a sua busca.
Você planejou a vida, objetivando encontrar esse reino encantado, onde, por fim, pudesse descansar da fadiga, da aflição e usufruísse a harmonia.
Passam-se os anos, e as frustrações se somam, anotando desencantos e amarguras, sem a desejada conquista.
Lentamente, você se entrega ao desânimo, e sente que está discriminado no mundo, quando as propagandas apresentadas pela mídia, nas quais desfilam os jovens, belos e felizes, desperdiçando saúde, robustez, corpos exemplares, usando cigarros e bebidas famosas, brincando em iates de luxo, ou exibindo-se em desportos da moda, invejáveis, triunfantes...
Você acredita que eles são felizes...
É porque não sabe quanto custa, em sacrifício e dor, alcançar o topo da fama e permanecer lá.
Sob quase todos aqueles sorrisos, que são estudados, estão a face da amargura e as marcas do desgosto, do arrependimento.
Alguns envenenaram a alma nos charcos por onde andaram, antes de serem conhecidos e disputados.
Muitos se entregaram a drogas perturbadoras, que lhes consomem a juventude, qual ocorreu com as multidões de outros, que os anteciparam e desapareceram.
Esquecidos e enfermos, aqueles que foram pessoas-objeto, amargam hoje a miséria a que se acolheram ou foram atirados.
Felicidade, porém, é conquista íntima.
Todos os que se encontram na Terra, nascidos em berços de ouro ou de palha, homenageados ou desprezados, belos ou feios, são feitos do mesmo barro frágil de carne, e experimentam, de uma ou de outra forma, vicissitudes, decepções, doenças e desconforto.
Ninguém, no mundo terreno, vive em regime especial. O que parece, não passa de ilusão.
*   *   *
Se você deseja ser feliz, viva, cada momento, de forma integral, reunindo as cotas de alegria, de esperança, de sonho, de bênção, num painel plenificador.
As ocorrências de dor são experiências para as de saúde e de paz.
A felicidade não são coisas: é um estado interno, uma emoção.
Abençoe os acidentes de percurso, que você denomina como desgraça. Siga na direção das metas, e verá quantas concessões de felicidade pela frente, aguardando por você.
Quem avança monte acima, pisa pedregulhos que ferem os pés, mas também flores miúdas e verdejante relva, que teimam em nascer ali colocando beleza no chão.
Reúna essas florezinhas em um ramalhete. Tome das pedras pequeninas fazendo colares.
e descobrirá que, para a criatura ser feliz, basta amar e saber reconhecer, nas coisas e nos sucessos da marcha, a vontade de Deus e as necessidades para a evolução.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 16, do livroMomentos enriquecedores, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 20.2.2018.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

A piedade

III – A Piedade

MICHEL
Bordeaux, 1862

            17 – A piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos. É a irmã de caridade que vos conduz para Deus. Ah!, deixai vosso coração enternecer-se, diante das misérias e dos sofrimentos de vossos semelhantes. Vossas lágrimas são um bálsamo que derramais nas suas feridas. E quando, tocados por uma doce simpatia, conseguis restituir-lhes a esperança e a resignação, que ventura experimentais! É verdade que essa ventura tem um certo amargor, porque surge ao lado da desgraça; mas se não apresenta o forte sabor dos gozos mundanos, também não traz as pungentes decepções do vazio deixado por estes; pelo contrário, tem uma penetrante suavidade, que encanta a alma.
            A piedade, quando profundamente sentida, é amor: o amor é devotamento é o olvido de si mesmo; e esse olvido, essa abnegação pelos infelizes, é a virtude por excelência, aquela mesma que o divino Messias praticou em toda a sua vida, e ensinou na sua doutrina tão santa e sublime. Quando essa doutrina for devolvida à sua pureza primitiva, quando for admitida por todos os povos, ela tornará a Terra feliz, fazendo reinar na sua face à concórdia, a paz e o amor.
            O sentimento mais apropriado a vos fazer progredir, domando vosso egoísmo e vosso orgulho, aquele que dispõe vossa alma à humildade, à beneficência e ao amor do próximo, é a piedade, essa piedade que vos comove até as fibras mais íntimas, diante do sofrimento de vossos irmãos, que vos leva a estender-lhes a mão caridosa e vos arranca lágrimas de simpatia. Jamais sufoqueis, portanto, em vossos corações, essa emoção celeste, nem façais como esses endurecidos egoístas que fogem dos aflitos, para que a visão de suas misérias não lhes perturbe por um instante a feliz existência. Temei ficar indiferente, quando puderdes ser úteis! A tranquilidade conseguida ao preço de uma indiferença culposa é a tranquilidade do Mar Morto, que oculta na profundeza de suas águas a lama fétida e a corrupção.
            Quanto a piedade está longe, entretanto, de produzir a perturbação e o aborrecimento de que se arreceia o egoísta! Não há dúvida que a alma experimenta, ao contato da desgraça alheia, confrangendo-se, um estremecimento natural e profundo, que faz vibrar todo o vosso ser e vos afeta penosamente. Mas compensação é grande, quando conseguis devolver a coragem e a esperança a um irmão infeliz, que se comove ao aperto da mão amiga, e cujo olhar, ao mesmo tempo umedecido de emoção e recolhimento, se volta com doçura para vós, antes de se elevar ao céu, agradecendo por lhe haver enviado um consolador, um amparo. A piedade é a melancólica, mas celeste precursora da caridade, esta primeira entre as virtudes, de que ela é irmã, e cujos benefícios prepara e enobrece.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

sábado, 17 de fevereiro de 2018

O auxílio virá

O problema que te preocupa talvez te pareça excessivamente amargo ao coração.
E tão amargo que talvez não possas comentá-lo, de pronto.
Às vezes, a sombra interior é tamanha que tens a ideia de haver perdido o próprio rumo.
Entretanto, não esmoreças.
Abraça o dever que a vida te assinala.
Serve e ora.
A prece te renovará energias.
O trabalho te auxiliará.
Deus não nos abandonará.
Faze silêncio e não te queixes.
Alegra-te e espera porque o Céu te socorrerá.
Por meios que desconheces, Deus permanece agindo.

Emmanuel - psicografia de Chico Xavier

Um Obsessor no Centro Espírita

Num centro espírita famoso e muito frequentado, senhor Raimundo estava iniciando os trabalhos de desobsessão. Seu Raimundo, como bom doutrinador espírita há mais de 30 anos, fez uma prece de abertura e pediu a Jesus que ajudasse a libertar todos os irmãos que viessem a sala de desobsessão do sofrimento que atravessavam.
Raimundo viu o médium incorporar um espírito que dizia estar no umbral, sofrendo muito por conta da raiva e mágoa que sentia de um desafeto. Senhor Raimundo iniciou então os procedimentos da desobsessão clássica e disse que o espírito deveria perdoar o desafeto, pois a lei do amor é a nossa salvação.
O espírito incorporado, com olhar penetrante, disse:
– E porque devo confiar em você?
– Ora meu irmãozinho – disse Seu Raimundo – Estamos aqui num centro espírita, onde os ensinamentos de Jesus são praticados. Nós aqui ajudamos todos os espíritos sofredores e necessitados.
– E você também ajuda a si mesmo, ou só pensa em ajudar os outros? Perguntou o espírito. Seu Raimundo ficou surpreso com pergunta, mas como doutrinador experiente sabia que não podia cair nas artimanhas dos obsessores, e disse:
– Irmão… não estamos aqui para falar de mim. Você está no umbral e precisa de ajuda. Você não quer sair do umbral?
– Sim, eu quero. – disse o obsessor – Eu só fico me perguntando como existem tantas pessoas vivendo no nível ou no estado umbralino e não percebem, mesmo estando encarnados. Pois afinal, como o senhor mesmo ensina em suas palestras aqui no centro, o umbral é um estado de consciência e não um lugar ou espaço físico. Alguns espíritos vivem no umbral porque não conseguem se desprender da raiva e mágoa que sentem de um desafeto. Mas o senhor, seu Raimundo, perdoa todas as pessoas? Não sente também raiva e mágoa de alguém?
Senhor Raimundo estava ficando irritado com o obsessor. Estava pensando numa resposta, mas o espírito completou:
– Não é verdade que o senhor também sente raiva e mágoa da sua ex-esposa, que te traiu com um dos seus amigos há aproximadamente 10 anos? Não é verdade que até hoje você não consegue perdoa-los?
Senhor Raimundo ficou assustado com aquelas colocações. “Como o espírito poderia saber disso?” pensou. Começou a sentir raiva do obsessor, e não muito confiante, disse:
– Não vou entrar na sua cilada. Você como obsessor experiente deve atacar as pessoas em seus pontos fracos. Portanto, saiba que…
– Eu sou um obsessor, senhor Raimundo? – perguntou o espírito interrompendo seu Raimundo. – Eu me pergunto se todos nós não somos um pouco obsessores das pessoas que dizemos amar, mas que no fundo as tentamos controlar e ganhar seu afeto a força. Não é verdade que você tem sido quase um obsessor da sua filha adolescente? Quantas vezes por dia você liga pra ela perguntando onde ela está? Quantas vezes você proibiu os namoros dela? Quantas vezes você tolheu a liberdade da sua menina por conta dos próprios medos e incertezas que guarda em seu íntimo? Você pode estar sendo um grande obsessor encarnado dela e nem perceber…
Seu Raimundo ficou atônito com aquelas revelações. Aquele espírito parecia saber tudo a seu respeito, e estava ali desnudando seus defeitos um a um. Seu Raimundo ainda não queria dar o braço a torcer e ficou com mais raiva. Resolveu fazer uma oração, dizendo:
– Senhor Jesus, peço que sua equipe conduza esse irmãozinho perturbado a um local de tratamento no plano espiritual. O espírito disse:
– Por que me chamas de irmãozinho, se nesse momento você quer, na verdade, pular no meu pescoço? De que adianta fazer uma oração a Jesus com toda essa raiva que quase transborda de você? Não, Jesus não vai te atender nesse momento… Você precisa, Seu Raimundo, parar de fugir dos seus problemas e emoções, olhar para as impurezas do seu ser, e parar de achar que é o outro sempre o sofredor e você é o “salvador”. Na verdade, todos nós precisamos de ajuda, todos somos sofredores em maior ou menor grau. E orientar o outro a praticar aquilo que nós mesmos não realizamos em nossa vida é, nada mais nada menos, do que hipocrisia. É da hipocrisia que o ser humano precisa se libertar… Ensinar aquilo que pratica, ou apenas praticar, sem precisar orientar os outros a fazer aquilo que nós mesmos não fazemos. Quando se vive a vida espiritual, nem precisamos ficar ensinando-a a outros, nossos atos já demonstram os princípios que desejamos transmitir…
Seu Raimundo sentiu uma imensa vontade de chorar e desabou em prantos… O espírito incorporado veio falar com ele. Colocou as mãos em seu ombro e disse:
– Calma meu irmão. Você precisava dessa terapia de choque para poder enxergar a si mesmo e parar de ver os defeitos apenas nos outros. Precisava também parar de se ver como o “salvador” e os outros como “sofredores”, pois isso nada mais é do que uma forma de orgulho e soberba; é uma forma de se sentir superior e de ver os outros como inferiores. Chore, coloque tudo isso que você sente para fora, faça uma revisão desses pontos que eu te apresentei, e a partir de agora você poderá se tornar um verdadeiro ser humano, renovado, e pronto para ajudar ao próximo, realizando a verdadeira caridade… E dessa vez, sem hipocrisia.
Seu Raimundo, após alguns minutos de choro intenso, olhou para o espírito e perguntou:
– Quem é você?
O espírito olhou para seu Raimundo com todo o amor e carinho e disse:
– Meu filho, você não pediu a Jesus, em sua prece de abertura dos trabalhos, que libertasse os espíritos dessa sala do sofrimento? Então meu filho, Jesus me pediu que viesse aqui e mostrasse tudo isso a você, para que você pudesse ver a si mesmo, saísse do “umbral” de sua mente, e se libertasse de tudo aquilo que te causa sofrimento. Sou um enviado de Jesus, e a partir de agora, você será um novo homem…
Seu Raimundo chorou ainda mais. Agradeceu imensamente a Deus e a Jesus aquela sagrada lição de autoconhecimento… Depois desse episódio, tornou-se uma pessoa muito melhor…

Autor: Hugo Lapa

Tragédias Coletivas

Constantemente a humanidade é surpreendida por tragédias coletivas. Desde os fenômenos sísmicos às guerras, aos acidentes de várias ordens, demonstrando a fragilidade do ser humano ante as forças da natureza e as suas próprias paixões, que, amiúde, somos convidados a reflexionar em torno da transitoriedade carnal e sobre a continuidade da vida em outra dimensão.

Há poucos dias, um desastre aéreo de lamentáveis consequências feriu dezenas de famílias, ceifando vidas juvenis em plena busca da felicidade. Desejamos referir-nos ao acidente que arrebatou 71 vidas, especialmente de chapecoenses, deixando aflições inomináveis em muitos familiares e amigos.

Os conceitos filosóficos do materialismo diante do infortúnio não conseguem acalmar as ansiedades e as dores dos sentimentos vitimados pelas ocorrências infelizes do cotidiano, provocando, não raro, revolta e desespero.

Algumas correntes religiosas despreparadas para o enfrentamento dos desafios afligentes que ferem a humanidade simplificam a maneira de os encarar, transferindo para a “vontade de Deus” todas as ocorrências nefastas, sem que, igualmente, com algumas exceções, logrem o conforto moral e a esperança nas suas vítimas.

Ao Espiritismo cabe a tarefa urgente de demonstrar que a criatura humana é autora do próprio destino através dos atos que realiza.

A Divindade estabelece leis morais que atuam nas existências, com a mesma severidade que aqueloutras que regem o Universo e são inalteradas.

Embora Deus seja amor, o dever e o equilíbrio são expressões desse incomparável amor pelas criaturas.

O sofrimento não é um ato punitivo da Divindade, mas uma resposta da Vida ao comportamento malsão de quem se permite
desrespeito aos supremos códigos.

Por intermédio da reencarnação o Espiritismo explica a lógica de acontecimentos tão funestos.

No caso em tópico, segundo a Imprensa, a Anac havia proibido a viagem programada, mas a fatalidade conseguiu uma maneira de atender ao determinismo cármico, mediante o aluguel de uma outra aeronave boliviana. Alguns sobreviventes e outros, que não puderam viajar por uma ou outra razão, foram poupados da terrível provação, por não fazerem parte do grupo comprometido com as Leis divinas.

Provavelmente essas vítimas resgataram antigo débito moral no seu processo evolutivo e foram reunidas para o ressarcimento coletivo, conforme a responsabilidade do conjunto em algum desmando anterior, de existência pregressa.

Hoje, no mundo espiritual, na condição de vítimas das circunstâncias de que não são responsáveis, encontram-se amparados por Espíritos nobres, que os auxiliarão a encontrar a plenitude. Aos seus familiares e amigos, apresentamos a nossa solidariedade.

Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 1-12-2016.

Consolador Prometido

Consolador Prometido

             3 – Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. – Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. (João, XIV: 15 a 17 e 26)

            4 – Jesus promete outro consolador: é o Espírito da Verdade, que o mundo ainda não conhece, pois que não está suficientemente maduro para compreendê-lo, e que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para fazer lembrar o que Cristo disse. Se, pois, o Espírito da Verdade deve vir mais tarde, ensinar todas as coisas, é que o Cristo não pode dizer tudo. Se ele vem fazer lembrar o que o Cristo disse, é que o seu ensino foi esquecido ou mal compreendido.
            O Espiritismo vem, no tempo assinalado, cumprir a promessa do Cristo: o Espírito da Verdade preside ao seu estabelecimento. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas, fazendo compreender o que o Cristo só disse em parábolas. O Cristo disse: “que ouçam os que têm ouvidos para ouvir”. O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porque ele fala sem figuras e alegorias. Levanta o véu propositalmente lançado sobre certos mistérios, e vem, por fim, trazer uma suprema consolação aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, ao dar uma causa justa e um objetivo útil a todas as dores.
            Disse o Cristo: “Bem-aventurados os aflitos, porque eles serão consolados”. Mas como se pode ser feliz por sofrer, se não se sabe por que se sofre?
            O Espiritismo revela que a causa está nas existências anteriores e na própria destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Revela também o objetivo, mostrando que os sofrimentos são como crises salutares que levam à cura, são a purificação que assegura a felicidade nas existências futuras. O homem compreende que mereceu sofrer, e acha justo o sofrimento. Sabe que esse sofrimento auxilia o seu adiantamento, e o aceita sem queixas, como o trabalhador aceita o serviço que lhe assegura o salário. O Espiritismo lhe dá uma fé inabalável no futuro, e a dúvida pungente não tem mais lugar na sua alma. Fazendo-o ver as coisas do alto, a importância das vicissitudes terrenas se perde no vasto e esplêndido horizonte que ele abarca, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem, para ir até o fim do caminho.
            Assim realiza o Espiritismo o que Jesus disse do consolador prometido: conhecimento das coisas, que faz o homem saber de onde vem, para onde vai e porque está na Terra, lembrança dos verdadeiros princípios da lei de Deus, e consolação pela fé e pela esperança.

O Evangelho Segundo Espiritismo
Por Allan Kardec

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O Suicídio e a Loucura

O Suicídio e a Loucura

14 – A calma e a resignação adquiridas na maneira de encarar a vida terrena, e a fé no futuro, dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo da loucura e do suicídio. Com efeito, a maior parte dos casos de loucura são provocados pelas vicissitudes que o homem não tem forças de suportar. Se, portanto, graças à maneira por que o Espiritismo o faz encarar as coisas mundanas, ele recebe com indiferença, e até mesmo com alegria, os revezes e as decepções que em outras circunstâncias o levariam ao desespero, é evidente que essa força, que o eleva acima dos acontecimentos, preserva a sua razão dos abalos que o poderiam perturbar.
15 – O mesmo se dá com o suicídio. Se excetuarmos os que se verificam por força da embriaguez e da loucura, e que podemos chamar de inconscientes, é certo que, sejam quais forem os motivos particulares, a causa geral é sempre o descontentamento. Ora, aquele que está certo de ser infeliz apenas um dia, e de se encontrar melhor nos dias seguintes, facilmente adquire paciência. Ele só se desespera se não ver um termo para os seus sofrimentos. E o que é a vida humana, em relação à eternidade, senão bem menos que um dia? Mas aquele que não crê na eternidade, que pensa tudo acabar com a vida, que se deixa abater pelo desgosto e o infortúnio, só vê na morte o fim dos seus pesares. Nada esperando, acha muito natural, muito lógico mesmo, abreviar as suas misérias pelo suicídio.
            16 – A incredulidade, a simples dúvida quanto ao futuro, as ideias materialistas, em uma palavra, são os maiores incentivadores do suicídio: elas produzem a frouxidão moral. Quando vemos, pois, homens de ciência, que se apoiam na autoridade do seu saber, esforçarem-se para provar aos seus ouvintes ou aos seus leitores, que eles nada têm a esperar depois da morte, não o vemos tentando convencê-los de que, se são infelizes, o melhor que podem fazer é matar-se? Que poderiam dizer para afastá-los dessa ideia? Que compensação poderão oferecer-lhes? Que esperanças poderão propor-lhes? Nada além do nada! De onde é forçoso concluir que, se o nada é o único remédio heroico, a única perspectiva possível, mais vale atirar-se logo a ele, do que deixar para mais tarde, aumentando assim o sofrimento.
            A propagação das idéias materialistas é, portanto, o veneno que inocula em muitos a idéia do suicídio, e os que se fazem seus apóstolos assumem uma terrível responsabilidade. Com o Espiritismo, a dúvida não sendo mais permitida, modifica-se a visão da vida. O crente sabe que a vida se prolonga indefinidamente para além do túmulo, mas em condições inteiramente novas. Daí a paciência e a resignação, que muito naturalmente afastam a ideia do suicídio. Daí, numa palavra, a coragem moral.
            17 – O Espiritismo tem ainda, a esse respeito, outro resultado igualmente positivo, e talvez mais decisivo. Ele nos mostra os próprios suicidas revelando a sua situação infeliz, e prova que ninguém pode violar impunemente a lei de Deus, que proíbe ao homem abreviar a sua vida. Entre os suicidas, o sofrimento temporário, em lugar do eterno, nem por isso é menos terrível, e sua natureza dá o que pensar a quem quer que seja tentado a deixar este mundo antes da ordem de Deus. O espírita tem, portanto, para opor à ideia do suicídio, muitas razões: a certeza de uma vida futura, na qual ele sabe que será tanto mais feliz quanto mais infeliz e mais resignado tiver sido na Terra; a certeza de que, abreviando sua vida, chega a um resultado inteiramente contrário ao que esperava; que foge de um mal para cair noutro ainda pior, mais demorado e mais terrível; que se engana ao pensar que, ao se matar, irá mais depressa para o céu; que o suicídio é um obstáculo à reunião, no outro mundo, com as pessoas de sua afeição, que lá espera encontrar. De tudo isso resulta que o suicídio, só lhe oferecendo decepções, é contrário aos seus próprios interesses. Por isso, o número de suicídios que o Espiritismo impede é considerável, e podemos concluir que, quando todos forem espíritas, não haverá mais suicídios conscientes. Comparando, pois, os resultados das doutrinas materialistas e espírita, sob o ponto de vista do suicídio, vemos que a lógica de uma conduz a ele, enquanto a lógica de outra o evita, o que é confirmado pela experiência.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

Circunstâncias e Medo

O ninho estava colocado bem no alto de um pico rochoso. Abaixo, somente o abismo e o ar para sustentar as asas dos filhotes.
A águia empurrou gentilmente seus filhotes para a beirada do ninho. Seu coração se acelerou com emoções conflitantes, ao mesmo tempo em que sentiu a resistência dos filhotes a seus insistentes cutucões.
Apesar do medo, no entanto, ela sabia que aquele era o momento. Sua missão estava prestes a se completar. Ela tinha apenas uma tarefa final a cumprir: empurrar os filhotes para fora do ninho.
Enquanto os filhotes não descobrirem suas asas, não haverá propósito para a vida. Enquanto eles não aprenderem a voar, não compreenderão o privilégio que é nascer águia.
A águia se encheu de coragem. E, um a um, ela os precipitou para o abismo, o coração aos saltos.
...e um de cada vez, todos eles voaram!
*   *   *
Às vezes, em nossas vidas, somos tomados pelo medo. O medo, até certo ponto, é uma reação natural ante o desconhecido e se expressa de variadas formas no cotidiano.
A expectativa por uma resposta que pode ser negativa, a espera de um acontecimento desagradável, a surpresa em uma situação que parece insustentável - tudo isso pode se fazer acompanhar de um receio natural, que se transforma em ansiedade controlada.
Mas, se esse receio aumenta em demasia, em decorrência de acontecimentos de pequena monta ou de meras expectativas, produzindo taquicardias, sudorese abundante, demonstram desequilíbrio psicológico.
E nessa fase, o organismo se torna suscetível à instalação de doenças, como problemas digestivos, úlceras, distúrbios cardíacos.
Procurando se libertar desse algoz que é o medo, o homem busca descobrir as causas, as raízes que o alimentam.
E logo descobre que o medo é fruto da insegurança gerada pela violência, pela fragilidade da vida física, receio de perder alguém querido, a presença invisível da morte.
No entanto, mais importante do que pensar e repensar as causas do medo é a atitude saudável, ante uma conduta existencial tranquila.
E, para isso, é imprescindível a confiança em Deus. Em Deus que criou a vida, cuja finalidade é o bem.
Confiando em Deus, que é o amor por excelência, o homem se equipa de valores ético-morais para enfrentar as enfermidades, os dissabores, os insucessos com coragem, eliminando o medo e vencendo a ansiedade.
*   *   *
O medo é sentimento que bloqueia as melhores disposições e impede as grandes conquistas. Se a águia se deixasse dominar pelo medo, não realizaria o ato de empurrar os filhotes para o abismo e eles não aprenderiam a voar.
Se os antigos navegadores tivessem se deixado vencer pelo medo, jamais teriam realizado as grandes descobertas.
Jesus jamais teve medo. Pensemos n'Ele e O busquemos, libertando-nos do medo e seguindo-O, realizando nossas conquistas pessoais, de forma serena.

Redação do Momento Espírita, com base no texto Uma águia chamada
circunstâncias, de autoria ignorada, no cap. 11, do livro Momentos de
felicidade e no cap. 14, do livro Momentos de iluminação, pelo Espírito
Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

Em 6.11.2012.

Preconceito

Aconteceu num voo da British Airways entre Johanesburgo, na África, e Londres, na Inglaterra.
Uma senhora branca, de uns cinquenta anos, senta-se ao lado de um negro.
Visivelmente perturbada, ela chama a comissária de bordo.
Qual é o problema? - Pergunta a moça.
Mas, você não está vendo? - Responde a senhora. Você me colocou ao lado de um negro. Eu não consigo ficar ao lado de gente desta classe. Quero que você me dê outro assento.
Por favor, acalme-se. Quase todos os lugares deste voo estão tomados. Vou ver se há algum lugar disponível.
A comissária se afasta e volta alguns minutos depois.
Minha senhora, como eu suspeitava, não há nenhum lugar vago na classe econômica. Conversei com o comandante e ele me confirmou que não há mais lugar na classe executiva. Entretanto, ainda temos um assento na primeira classe.
Antes que a senhora pudesse fazer qualquer comentário ou esboçar um gesto, a comissária continuou:
É totalmente inédito o fato de a companhia conceder um assento de primeira classe a alguém da classe econômica. Contudo, dadas as circunstâncias, o comandante considerou que seria verdadeiramente vergonhoso alguém ser obrigado a se sentar ao lado de uma pessoa intratável.
E, dirigindo-se ao senhor negro que, até aquele momento ficara sempre calado, ouvindo as agressões da senhora, que parecia tão distinta, a comissária complementou:
Senhor, se for de sua vontade, faça o favor de apanhar os seus pertences e me acompanhar. Eu o encaminharei para um assento na primeira classe, que está à sua espera.
E todos os passageiros ao redor, que acompanhavam a cena, muito chocados, levantaram-se e bateram palmas.
*   *   *
O preconceito é próprio dos orgulhosos. Expressa, em verdade, a estreiteza de visão da criatura.
Todos os seres humanos são formados dos mesmos elementos. Têm as mesmas necessidades, como seja de comer, beber, dormir, amar e sonhar.
Não há, pois, motivo algum para que alguém se julgue mais importante ou superior a quem quer que seja.
Qual a importância da cor da pele? Se apagarmos as luzes de uma sala cheia de pessoas e nos tocarmos no escuro, saberemos distinguir os brancos dos negros e esses dos amarelos?
Se chegássemos em uma aldeia indígena, onde os seus componentes jamais tivessem visto um homem branco, eles nos estranhariam. Reclamariam da palidez da nossa pele e seríamos ali um elemento muito diferente.
Que se diria se, em um canteiro de rosas viçosas, abertas, perfumadas, as de cor vermelha, aveludadas, desprezassem as amarelas? Não acharíamos grande tolice?
Pois o mesmo se aplica aos seres humanos.
*   *   *
A única superioridade que devemos perseguir, com ardor, é a superioridade moral.
Ela nos conferirá fraternidade, amor e justiça, afastando de nós todo preconceito, egoísmo e orgulho, porque nos elevará à condição de verdadeiros filhos de Deus.

Redação do Momento Espírita, com base no
artigo
Racismo, de autoria desconhecida.
Em 5.9.2012

O Presente de Aniversário

Numa narrativa pessoal, uma mãe norte-americana, no ano de 1969, escreveu: Uma semana depois de meu filho entrar para a primeira série, ele voltou para casa com a notícia de que Roger, o único menino negro na sala, era seu companheiro de brincadeiras no parquinho da escola.
Eu engoli em seco e disse: Que bom. Quanto tempo até que alguém mais vire seu amigo?
Ah, eu não vou deixar de ser amigo dele. – Respondeu Bill.
Na outra semana, recebi a notícia de que Bill perguntara se Roger podia ser seu companheiro de carteira, na sala de aula.
A não ser que você fosse nascido e criado no interior do Sul dos Estados Unidos, como eu fora, não vai entender o que isso significa. Marquei imediatamente uma reunião com a professora.
Ela foi me encontrar com olhos cínicos e cansados, já dizendo de início:
Bem, suponho que a senhora também queira um novo companheiro de carteira para o seu filho. Será que poderia esperar alguns minutos? Há outra mãe chegando agora.
Virei-me e vi uma mulher da minha idade. Meu coração disparou quando percebi que deveria ser a mãe de Roger. Possuía uma discreta dignidade e muita atitude, mas nenhuma das duas qualidades podia encobrir a ansiedade que ouvi em suas perguntas:
Como Roger está se saindo? Espero que esteja acompanhando as outras crianças. Se não estiver, avise-me.
Ela hesitou, enquanto forçava-se a perguntar:
Ele está criando qualquer tipo de problema? Quero dizer, por que ele tem que trocar tanto de carteira?
Percebi a terrível tensão que estava sentindo, pois ela sabia a resposta. Mas fiquei orgulhosa da resposta gentil daquela professora primária: Não, Roger não está causando problemas, tento mudar todas as crianças de lugar durante as primeiras semanas, até que encontrem o parceiro certo.
Eu me apresentei e disse que meu filho deveria ser o novo companheiro de Roger, e que eu esperava que gostassem um do outro. Eu sabia que era um desejo superficial, não um desejo profundo. Mas isso a ajudou, eu pude ver.
Duas vezes, Roger convidou Bill para ir até sua casa, mas eu encontrei desculpas. Então, ocorreu o fato que originou o arrependimento que sentirei para sempre.
No dia de meu aniversário, Bill voltou da escola com um pedaço encardido de papel dobrado, em um quadradinho minúsculo.
Desdobrando-o encontrei três flores e Feliz aniversário, desenhados com lápis de cera no papel, e mais uma moeda de um centavo.
Foi o Roger que mandou. – Disse Bill. – É o dinheiro do leite. Quando eu disse que hoje era seu aniversário, ele me fez trazer isso para você. Disse que você é amiga dele, porque foi a única mãe que não o obrigou a mudar de companheiro de carteira.
*   *   *
Martin Luther King Jr., o grande defensor da igualdade racial, em seu célebre discurso feito para uma multidão, nos Estados Unidos, declarou: Eu tenho um sonho de que meus quatro filhos, um dia, irão viver em uma nação, onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas sim pelo conteúdo de seu caráter.
Estamos chegando lá...

Redação do Momento Espírita, com base no cap. O presente
de aniversário, de Mavis Burton Fergusson, do livro Histórias para aquecer
o coração, de Mark Victor Hansen, Jack Canfield e Heather Mcnamara,
ed. Sextante.
Em 12.11.2013.

Evitando Aflições

No mundo tereis aflições. A advertência do Cristo parece um tanto incômoda, pois ninguém deseja dificuldades ou dores para si.
Planejamos nossa vida no intuito de que tudo transcorra tranquilamente, sem surpresas desagradáveis.
No entanto, considerando o nível evolutivo em que nos encontramos, as dores são inevitáveis em nosso caminhar.
E, foi por saber das imperfeições que ainda trazemos na alma, por conhecer os poucos valores nobres que nos animam, que Jesus nos alertou que aqui só teríamos aflições.
Contrariamente ao que possamos pensar, as aflições não se impõem por castigo ou descuido da Divindade para conosco. Ou tampouco por querer a vida nos punir de forma deliberada e injusta.
Elas nascem de nossas ações, refletem nossos valores, resultam de nossas escolhas muitas vezes equivocadas.
E de nada nos adianta ignorá-las pela fuga infantil, imatura, evitando o necessário enfrentamento.
Refugiar-nos no excesso de trabalho não trará solução aos problemas, mas apenas o adiamento da necessária tomada de decisão para os resolver.
Tampouco a busca da alienação pelo álcool ou outra droga qualquer.
Igualmente, será vã qualquer tentativa de evitar que nossos filhos sofram, porque a eles, na idade própria, caberá igualmente enfrentá-las.
Não será a vida fácil que possamos lhes proporcionar, nem os objetos caros com que os cerquemos que haverão de os liberar de decepções ou desencantos que a jornada terrena, por necessidade, lhes reserva.
É preciso forjar, desde pequenos, o seu caráter, para que encontrem sua maneira própria e adequada para resolver os desafios.
É preciso fazê-los fortes diante da dor, para que, com maturidade, possam superá-la, mostrando à vida que aceitaram a prova, que estão dispostos ao aprendizado.
Portanto, por nós ou por nossos filhos, atitudes de revolta ou fuga diante da dor somente contribuirão para formar adultos frágeis e imaturos, sem estrutura emocional para a existência terrena.
Se as decepções são aprendizado; se as perdas nos oferecem lições e as dificuldades forjam as virtudes, todas as vezes que elas despontem em nosso caminho, tenhamos em mente que é a vida nos convidando a reflexões e mudança de atitudes.
Enquanto isso não ocorre, as aflições que nos chegam vão sinalizando, ora aqui, ora ali, os ajustes necessários em nossa conduta, em nosso sentir e em nosso pensar.
Reflitamos em como temos agido, perante os infortúnios e problemas. E perguntemos à vida o que pretende nos ensinar com tudo isso, esforçando-nos para que a lição se transforme em aprendizado.
Tenhamos em mente que, se nos decidirmos pela revolta, a oportunidade será perdida e as mesmas necessidades ressurgirão, sob outra roupagem, até serem definitivamente aprendidas por nós.
Assim é a lei do progresso. Dela jamais fugiremos.
Por fim, lembremos de que se o Mestre nos alertou a respeito da existência das aflições neste mundo, também nos convidou a termos bom ânimo, afirmando que, se Ele venceu o mundo também nós o poderemos vencer.
Busquemos, portanto, as lições de Jesus e superemos as aflições que nos chegarem, atribulando-nos ou aos que amamos.
Redação do Momento Espírita.
Em 13.2.2018.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Parábola da Figueira Seca

Parábola da Figueira Seca

            8 – E ao outro dia, como saíssem de Betânia, teve fome. E tendo visto ao longe uma figueira, foi lá a ver se acharia nela alguma coisa; e quando chegou a ela, nada achou, senão folhas, porque não era tempo de figos. E falando-lhe disse: Nunca jamais coma alguém fruto de ti para sempre; o que os discípulos ouviram. E no outro dia pela manhã, ao passarem pela figueira, viram que ela estava seca até as raízes. Então, lembrando Pedro, disse para Jesus: Olha, Mestre, como secou a figueira que tu amaldiçoaste. E respondendo Jesus, lhes disse: Tende fé em Deus. Em verdade vos afirmo que todo o que disse a este monte: Tira-te daí e lança-te ao mar, e isto sem hesitar no seu coração, mas tendo fé de que tudo o que disser sucederá, ele o verá cumprir assim. (Marcos, XI: 12-14 e 20-23).
            9 – A figueira seca é o símbolo das pessoas que apenas aparentam o bem, mas na realidade nada produzem de bom: dos oradores que possuem mais brilho do que solidez, dotados do verniz das palavras de maneira que estas agradam aos ouvidos; mas, quando as analisamos, nada revelam de substancial para o coração; e, quando as acabamos de ouvir, perguntamos que proveito tivemos.
            É também o símbolo de todas as pessoas que podem ser úteis e não o são; de todas as utopias, de todos os sistemas vazios, de todas as doutrinas sem bases sólidas. O que falta, na maioria das vezes, é a verdadeira fé, a fé realmente fecunda, a fé que comove as fibras do coração, em uma palavra, a fé que transporta montanhas. São árvores frondosas, mas sem frutos, e é por isso que Jesus as condena a esterilidade, pois dia virá em que ficarão secas até à raiz. Isso quer dizer que todos os sistemas, todas as doutrinas que não produziram nenhum bem para a humanidade, serão reduzidas a nada; e que todos os homens voluntariamente inúteis, que não se utilizaram os recursos de que estavam dotados, serão tratados como a figueira seca.
            10 – Os médiuns são os intérpretes dos Espíritos. Suprem o organismo  material que falta a estes, para nos transmitirem as suas instruções. Eis porque são dotados de faculdades para esse fim. Nestes tempos de renovação social, desempenham uma missão especial: são como árvores que devem dispensar o alimento espiritual aos seus irmãos. Por isso, multiplicam-se, de maneira a que o alimento seja abundante. Espalham-se por toda parte, em todos os países, em todas as classes sociais, entre os ricos e os pobres, os grandes e os pequenos, a fim de que em parte alguma haja deserdados, e para provar aos homens que todos são chamados. Mas se eles desviam de seu fim providencial a faculdade preciosa que lhes foi concedida, se a colocam a serviço de coisas fúteis e prejudiciais, ou dos interesses mundanos; se, em vez de frutos salutares, dão maus frutos; se se recusam a torná-la proveitosa para os outros; se nem mesmo para si tiram os proveitos da melhoria própria, então se assemelham à figueira estéril. Deus, e então, lhe retirará um dom que se tornou inútil entre as suas mãos; a semente que não souberam semear; e os deixará tornarem-se  presas dos maus Espíritos.

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Convite à Tranquilidade

Você sabia que produzimos melhor quando fazemos tudo com equilíbrio?
Sabia que podemos ajudar mais quando conseguimos cooperar com tranquilidade?
As ações pacientes e constantes têm maior eficiência, isto é, conseguem alcançar melhor seus objetivos.
Por essa razão, a tranquilidade, em todos os momentos da vida, é de salutar necessidade.
Vivemos sob condicionamentos decorrentes da violência que se espalha por toda parte. Somos convidados a decisões e atitudes imediatas.
A inquietação e a ansiedade tomaram conta de todos e, sem percebermos, nos acostumamos com elas.
Assim, raramente agimos impulsionados pela tranquilidade que reflexiona e inspira diretrizes de segurança.
O impacto resultante da alta carga de informação de variada ordem que nos assalta, através dos veículos de comunicação, nos leva a reagir.
Reação que nos conduz a precipitadas resoluções de consequências poucas vezes felizes.
Castigados por necessidades imediatas, no imenso campo das competições, à revelia da vontade, exasperamo-nos por ninharias, intoxicando-nos, em regime de demorado curso, até a exaustão ou desequilíbrio total, na rampa da alucinação.
Quase sempre nos manifestamos dizendo que manter a tranquilidade ante a injustiça, face às surpresas desagradáveis que nos assaltam, sob condições inesperadas é de todo impossível.
Não é verdade, porém.
É fundamental facultar condições para que se desenvolvam as expressões da paciência no coração e na mente, em perene tranquilidade.
Para isso, devemos confiar em Deus plenamente, entregando-lhe a vida e deixando-nos por Ele conduzir.
Nessa entrega estão dois pontos cruciais:
Primeiro, estar consciente de que todo mal aparente resulta num bem real.
Segundo, que toda aflição proporciona resgate de dívida passada.
Com a certeza desses dois pontos, nenhuma conjuntura infeliz conseguirá alterar o ritmo da nossa tranquilidade interior.
Mesmo quando experimentando sofrimento, tal estado não nos conduzirá à rebeldia, à desesperação, à deserção.
O estudo das leis da causalidade, a que se refere a doutrina espírita, a pouco e pouco esclarece o entendimento humano, consolidando convicções em torno da Divina Justiça, que estabelece as linhas do destino e da vida de modo a felicitar o Espírito na jornada evolutiva.
O exercício da vontade bem dirigida, mediante pequenos esforços, constantes disciplinas, necessárias continências; a meditação como norma de elevação dos pensamentos e cultivo das ideias superiores; a oração que faculta o estabelecimento da ponte entre a criatura e seu Criador, são todos métodos excelentes para a aquisição da tranquilidade.
Dessa forma, em qualquer situação, mantenhamos a tranquilidade e não nos desesperemos.
Muitas vezes parece que o auxílio Divino chegará tarde demais.
No entanto, fazendo revisão dos acontecimentos, verificaremos que o socorro celeste sempre chega dez minutos antes da hora grave, resolvendo o problema.
Perseveremos, pois, em tranquilidade sempre.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 58, do
livro
Convites da vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 9.2.2018.

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...