quinta-feira, 30 de março de 2017

A Revolução do Espiritismo

A REVOLUÇÃO DO ESPIRITISMO

Se nós conhecêssemos toda a regra soberana dos seres e das coisas, a lei e a consequência dos atos, sua repercussão sobre o destino, se nós soubéssemos que se colhe sempre o que se semeou, as reformas sociais seriam mais fáceis e a face do mundo seria rapidamente transformada. Mas a maioria dos homens, absorvidos por tarefas, por preocupações materiais, privados dos lazeres necessários para cultivar sua inteligência e seu coração, percorrem a vida como se passassem por uma neblina. A morte não é para seus olhos mais do que um espantalho, do qual eles afastam, com pavor, o pensamento importuno. Também quando vêm os dias de provas, se o vento sopra com tempestade, eles se acham logo desamparados.
É o que ocorre em nossa época. Para tirar o homem das pesadas influências que o oprimem seriam precisos eventos importantes, crises dolorosas que, mostrando-lhe o caráter precário, instável da vida na Terra, deviam abater o seu orgulho, obrigá-lo a afastar para longe suas atenções e fixar mais alto seus objetivos. Seria lucro para a humanidade, se os tempos de prova, que a nossa civilização atravessa atualmente, esclarecessem suas taras e seus vícios e lhe ensinassem a curá-las.
Não é uma coincidência notável que, ao mesmo tempo em que as crenças religiosas se apagam cada vez mais e o materialismo espalha ante nossos olhos seus efeitos destruidores, uma revelação do Alto se difunde pelo globo por milhares de vozes, oferecendo uma doutrina, um ensino racional e consolador para todos os interessados de boa-fé?
O Espiritismo é o maior e mais solene movimento do pensamento que se produziu desde o aparecimento do Cristianismo. Não somente pelo conjunto de seus fenômenos, ele nos traz a prova da sobrevivência, mas, sob o ponto de vista filosófico, suas consequências são mais grandiosas. Com ele, o horizonte se aclara, o objetivo da vida torna-se preciso, a concepção do Universo e de suas leis aumenta, o pessimismo sombrio se esvaece para dar lugar à confiança, à fé em destinos melhores.
O Espiritismo pode então revolucionar todos os domínios do pensamento e do conhecimento. No lugar de ambientes estreitos onde se achavam confinados, ele abre grandes portas para o desconhecido e para o inexplorado. Pelo estudo do ser em seu “eu” profundo, neste mundo fechado onde se acumulam tantas impressões e lembranças, o Espiritismo cria uma Psicologia nova, muito maior e variada do que a Psicologia clássica.
Até aqui, nós somente conhecemos a parte mais grosseira, a mais superficial de nosso ser. O Espiritismo no-lo mostra como um reservatório de forças escondidas, de faculdades em estado germinativo, que cada um de nós é chamado a valorizar, a desenvolver através dos tempos. Pelos métodos hipnóticos ou magnéticos tornar-se-á possível chegar até às origens do ser, reconstituindo o encadeamento das existências e das lembranças, a série de causas e efeitos que são como a trama de nossa própria história. Aprenderemos que o próprio ser cria a sua personalidade, sua consciência no decorrer de uma evolução que o conduz, vida após vida, em direção de planos melhores. E assim se afirma nossa liberdade que se engrandece com nossa elevação e fixa as causas determinantes de nosso destino, feliz ou infeliz, conforme os méritos. Desde então, não mais esses debates estéreis que nós assistimos há longo tempo, e que provêm da insuficiência de nossos pontos de vista e do campo muito limitado de nossas observações, nesta vida passageira e sobre este mundo mísero, parcela íntima do Todo-Poderoso.
Em uma palavra, o ser nos aparece sob aspectos mais nobres e mais belos, levando consigo todo o segredo de sua grandeza futura e de sua potência radiante. Com a cultura dessa ciência, um dia virá em que todo homem poderá ler claramente, em si mesmo, a regra soberana de sua vida e de seu futuro. E daí decorrerão as grandes consequências sociais. A noção dos deveres e das responsabilidades se tornará mais precisa. No lugar de dúvidas, de incertezas e do pessimismo atuais, a esperança se originará do conhecimento de nossa natureza imperecível e de nossos destinos infinitos.
Pode-se, então, dizer que a obra do Espiritismo é dupla: no plano terrestre ela tende a se reunir e a fundir em um sistema grandioso todas as formas, até o momento discordantes e sempre contraditórias, do pensamento e da Ciência. Num plano mais amplo ele une o visível ao invisível, essas duas formas de vida que, na realidade, se penetram e se completam desde o princípio das coisas. Com este objetivo, ele demonstra que o nosso mundo e o do Além não são separados, mas estão um no outro, formando assim um todo harmônico.

Livro: O Gênio Céltico e o Mundo Invisível
Léon Denis

Espiritismo - Léon Denis

O Espiritismo não dogmatiza; não é uma seita nem uma ortodoxia. É uma filosofia viva, patente a todos os espíritos livres, e que progride por evolução. Não faz imposições de ordem alguma;  propõe, e o que propõe apóia-se em fatos de experiência e provas morais; não exclui nenhuma das outras crenças, mas se eleva acima delas e abraça-as numa fórmula
mais vasta, numa expressão mais elevada e extensa da verdade.
Léon Denis

quarta-feira, 29 de março de 2017

Um Sonho Destroçado?

Ainda hoje, existem pessoas que pensam na interrupção da gestação por causa do diagnóstico de Síndrome de Down.
Pais que possuem filhos portadores de Down se surpreendem com o que eles são capazes de fazer. De um modo geral, quando chega o diagnóstico, o que mais as pessoas comentam, lamentando, é o que a criança não será capaz de fazer.
Uma mãe confessou que ninguém, nem parentes, nem amigos, a foram felicitar pelo nascimento de sua bela menina.
Em vez disso, somente foram lhe dizer tudo o que ela não iria jamais fazer.
Contudo, o mais surpreendente nessas crianças é que elas não dão ouvidos ao que não podem fazer, elas fazem tudo parecer possível.
Elas podem precisar de um tanto mais de esforço mas se superam a cada dia. E o que mais demonstram é sua alegria de viver.
Uma mãe, falando a respeito de sua filha, confessa: Continuamos, meu marido e eu, nos surpreendendo com o que ela superou e como continua se superando.
Ninguém olha para ela e vê a Síndrome de Down. As pessoas olham para ela como uma menina bonita que está pronta para enfrentar o mundo.
E orienta aos pais que receberem o diagnóstico do filho que estão gestando: Informem-se, façam perguntas, peçam ajuda.
Saibam que a sua criança vai lhes trazer muita alegria. Pode parecer que sua vida mudará para sempre. Isso é verdade, vai mudar, mas para melhor.
Outra mãe se manifestou, dizendo: Meu filho é um lutador. Não havia expectativa de que ele sobrevivesse à gravidez. Mas sobreviveu.
Ele não é nem de longe a criança que os médicos previram que ele seria. É alegre, envolvido e amoroso. Está sempre pronto a abraçar e dar carinho.
Ouvindo esses depoimentos é possível que você esteja se questionando, analisando a sua situação, você, pai ou mãe de uma criança com Síndrome de Down.
Talvez diga que as coisas não são fáceis como essas mães parecem fazer crer.
Em verdade, nada é fácil neste mundo em que tudo nos exige esforço e dedicação.
É possível que você se sinta frustrado ao receber, em seus braços, uma criança assim. É possível que tenha ficado zangado, ficado triste.
Ou como disse uma mãe: Senti como se meu coração tivesse se quebrado em um milhão de pedaços.
Esses sentimentos podem ocorrer mais de uma vez. É compreensível. Somos humanos. E todos esses sentimentos devem ser trabalhados ao seu tempo e do seu jeito.
Cada um lida com as emoções a seu próprio modo.
Importante é que você permita o nascimento do seu filho. Importante saiba que para se desenvolver esse bebê precisa da sua compreensão, do seu apoio e encorajamento.
Tudo isso pode ser novo para você. Pode parecer esmagador. Você pode não se sentir à altura do desafio.
Mas, acredite, você, pai ou mãe, foi escolhido para criar esse ser especial de Deus. Você é capaz. Você é abençoado.
E descobrirá, dia após dia, como esse pequenino raio de sol conquistará o seu coração.
Logo mais, você constatará que não pode sequer imaginar a sua vida sem ele.
Parabéns, papai e mamãe por seu raio de sol. Auxiliem-no a brilhar.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Pais de onze crianças com
Síndrome de Down dão relatos de amor em ensaio lindo, de Giovanna Mazzeo,
http://www.vix.com/pt/bdm/comportamento/522464/pais-de-11-criancas-com
-sindrome-de-down-dao-relatos-de-amor-em-ensaio-lindo
.
Em 29.3.2017.

Ante a Injustiça

O missionário do bem se mostrava muito triste. Há dias, não conciliava o sono.
Tendo se dedicado ao próximo, de forma integral, recebia as pedradas de uma grande injustiça.
E sofria. Doía-lhe a cabeça. A alma sangrava.
Rogando o socorro dos benfeitores da vida, seu guia espiritual lhe apareceu e, ouvindo-lhe a mágoa, recordou-lhe que o mal não deve ser valorizado.
Tu é quem estás dando valor à injustiça. Se dás valor à mentira, deves sofrer o efeito da mentira. Se tu sabes que não é verdade, por que estás sofrendo?
E para o confortar, lhe narrou a seguinte parábola:
Havia uma fonte pequena e insignificante, perdida num bosque. Um dia, um viajante passou por ali, atirou um balde, retirou água e acabou com a sede.
A fonte ficou feliz e disse para si mesma:
“Como eu gostaria de poder dessedentar os viandantes, já que sou uma água preciosa.”
E Deus permitiu que ela viesse à tona, de forma que as aves e os animais pudessem dela se servir.
“Que bom é ser útil. Gostaria de ir além, umedecer as raízes das árvores. Correr a céu aberto.” – Pensou a fonte.
Veio a chuva, ela transbordou e se transformou num córrego.
Feliz, desejou chegar ao mar, porque o destino dos córregos e dos rios é atingir o mar.
E o riacho se tornou um rio. O rio avolumou as águas. Mas, numa curva do caminho, havia um toro de madeira, impedindo-lhe a passagem.
O rio tentou passar por baixo, contornar. Sem êxito. Então o rio cresceu e transpôs o obstáculo com firmeza.
No seu percurso, foi levando seixos, pedras, pequenos empecilhos que encontrou.
Quando algo imovível se apresentava à frente, ele crescia e o transpunha, até alcançar o mar.
E concluiu o benfeitor espiritual:
Todos nós somos fontes de Deus. Um dia, alguém se acercou de ti e pediu para beber da água que tinhas.
A felicidade te encheu a alma e pediste a Deus para servir mais. Então, transbordaste de amor e cresceste.
A alegria cantava hinos aos teus ouvidos. Agora, quando uma dificuldade se apresenta, tu choras?
Faze como o rio. Transpõe as pedras das dificuldades. Não fiques a te lamentar.
Tua fatalidade é o mar, o grande oceano da misericórdia divina.
*   *   *
Pode ser que, em tua vida, estejas a passar por algo semelhante.
Aproveita a lição. Não permitas que os maus te entravem a trilha por onde segues.
Confiante, ora e suplanta as dificuldades.
Injustiças te perseguem? Não faças caso, não as valorizes, porque somente a verdade é imperecível.
Os homens que cometem as injustiças, logo mais não estarão mais na Terra.
Como tu mesmo. Preocupa-te somente em oferecer as águas do teu amor a quem necessita.
Não permitas que a inveja e a maldade empanem o brilho das tuas conquistas.
O que importa é a tua semeadura nobre, digna, de cada dia para que, ao final da jornada, possas olhar para trás e ver somente o rastro de bênçãos que deixaste em tua caminhada.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. A parábola,
do livro A veneranda Joanna de Ângelis, de Celeste Santos e
Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 27.3.2017

domingo, 26 de março de 2017

Ajuda-te e o Céu te Ajudará

Ajuda-te e o Céu Te Ajudará

            1Pedi, e dar-se-vos-á, buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque todo o que pede, recebe; e o que busca, acha; e a quem bate, abrir-se-á. Ou qual de vós, porventura, é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, porventura, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Pois se vós outros, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos Céus, dará boas dádivas aos que lhas pedirem. (Mateus, VII: 7-11).
            2 – Segundo o modo de ver terreno, a máxima: Buscai e achareis, é semelhante a esta outra: Ajuda-te e o céu te ajudará. É o princípio da lei do trabalho, e por conseguinte, da lei do progresso. Porque o progresso é o produto do trabalho, desde que é este que põe em ação as forças da inteligência.
            Na infância da Humanidade, o homem só aplica a sua inteligência na procura de alimentos, dos meios de se preservar das intempéries e de se defender dos inimigos. Mas Deus lhe deu, a mais do que ao animal, o desejo constante de melhorar, ou seja, essa aspiração do melhor, que o impele à pesquisa dos meios de melhorar a sua situação, levando-o às descobertas, às invenções, ao aperfeiçoamento da ciência, pois é a ciência que lhe proporciona o que lhe falta. Graças às suas pesquisas, sua inteligência se desenvolve, sua moral se depura. Às necessidades do corpo sucedem as necessidades do espírito: após o alimento material, ele necessita do alimento espiritual. É assim que o homem passa da selvageria à civilização.
            Mas o progresso que cada homem realiza individualmente, durante a vida terrena, é coisa insignificante, e num grande número deles, até mesmo imperceptível. Como, então, a Humanidade poderia progredir, sem a preexistência e a reexistência da alma? Se as almas deixassem a Terra todos os dias, para não mais voltar, a Humanidade se renovaria sem cessar com as entidades primitivas, que teriam tudo a fazer e tudo a aprender. Não haveria razão, portanto, para que o homem de hoje fosse mais adiantado que o dos primeiros tempos do mundo,pois que, para cada nascimento, o trabalho intelectual teria de recomeçar. A alma voltando, ao contrário, com o seu progresso já realizado, e adquirindo de cada vez alguma experiência a mais, vai assim passando gradualmente da barbárie à civilização material, e desta à civilização moral. (Ver cap. IV, nº 17).
3 – Se Deus tivesse liberado o homem do trabalho físico, seus membros seriam atrofiados; se o livrasse do trabalho intelectual, seu espírito permaneceria na infância, nas condições instintivas do animal. Eis porque ele fez do trabalho uma necessidade, e lhe disse: Busca e acharás; trabalha e produzirás; e dessa maneira serás filho das tuas obras, terás o mérito da sua realização, e serás recompensado segundo o que tiveres feito.
            4 – É em virtude da aplicação desse princípio que os Espíritos não vêm poupar ao homem o seu trabalho de pesquisar, trazendo-lhe descobertas e invenções já feitas e prontas para a utilização, de maneira a só ter que tomá-las nas mãos, sem sequer o incômodo de um pequeno esforço, nem mesmo de pensar. Se assim fosse, o mais preguiçoso poderia enriquecer-se, e o mais ignorante tornar-se sábio, ambos sem nenhum esforço, e atribuindo-se o mérito do que não haviam feito. Não, os Espíritos não vêm livrar o homem da lei do trabalho, mas mostrar-lhe o alvo que deve atingir e a rota que  leva a ele, dizendo: Marcha e o atingirás! Encontrarás pedras nos teus passos; mantém-te vigilante, e afasta-as por ti mesmo! Nós te daremos a força necessária, se quiseres empregá-la. (Ver Livro dos Médiuns, cap. XXVI, nº 291 e segs.).
            5 – Segundo a compreensão moral, essas palavras de Jesus significam o seguinte: Pedi à luz que deve clarear o vosso caminho, e ela vos será dada; pedi a força de resistir ao mal, e a tereis; pedi a assistência dos Bons Espíritos, e eles virão ajudar-vos, e como o anjo de Tobias, vos servirão de guias; pedi bons conselhos, e jamais vos serão recusados; batei à nossa porta, e ela vos será aberta; mas pedi sinceramente, com fé, fervor e confiança; apresentai-vos com humildade e não com arrogância, sem o que sereis abandonados às vossas próprias forças, e as próprias quedas que sofrerdes constituirão a punição do vosso orgulho.
            É esse o sentindo dessas palavras do Cristo: Buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Por ALLAN KARDEC

Reflexão - Confúcio

Certa feita, um discípulo muito ansioso por conhecer a verdade, perguntou ao mestre Confúcio:

Se o rei o chamasse para governar o país, qual seria sua primeira providência?

Aprender os nomes de meus assessores, respondeu o sábio.

Que bobagem! Essa é a grande preocupação de um primeiro-ministro?

Um homem nunca pode receber ajuda do que não conhece, afirmou o mestre. Se ele não entender a natureza, não compreenderá Deus. Da mesma maneira, se não sabe quem está do seu lado, não terá amigos. Sem amigos, não pode estabelecer um plano.

Sem um plano, não consegue dirigir ninguém. Sem direção, o país mergulha no escuro, e nem os dançarinos sabem decidir com que pé devem dar o próximo passo.

Então, uma providência aparentemente banal, que é saber o nome de quem vai estar ao nosso lado, pode fazer uma diferença gigantesca.

O mal do nosso tempo é que todo mundo quer consertar tudo de uma vez só, e ninguém se lembra de que é preciso muita gente para fazer isso.

* * *

O sábio Confúcio estava certo. E, a cada dia que passa, vamos descobrindo o quanto são importantes as pessoas que estão ao nosso lado, sejam como amigos, colegas de trabalho, subalternos ou superiores.

Essa lição é válida para todas as esferas, desde a ocupação profissional mais simples que temos, até as grandes responsabilidades dos cargos políticos do país.

No mundo da tecnologia, dos avanços científicos constantes, das grandes corporações, precisamos lembrar que os responsáveis por tudo isso são pessoas, seres humanos que têm suas famílias, seus sonhos, suas preocupações e, o mais importante, estão ofertando suas habilidades ao mundo para que ele continue se desenvolvendo.

O presidente de uma grande empresa disse que seu maior capital desce as escadas todos os dias às dezoito horas, demonstrando que tem plena consciência do valor das pessoas em sua corporação, e que se não fossem elas, não alcançaria o sucesso que alcançou.

Assim funciona em todos os ambientes que frequentamos.

Saber o nome de quem está trabalhando conosco é um início de respeito ao próximo, de valorização do trabalho dos outros. É demonstrar interesse pela vida alheia, buscando conhecê-la mais a fundo.

Seja qual for a profissão que exerçamos, lembremo-nos sempre disso, pois ao nosso lado estão vivendo seres humanos, almas como a nossa, que buscam o mesmo que buscamos.

Fomos colocados em sociedade para nos entender e nos ajudar mutuamente. Na competição destrutiva retardamos nossa evolução moral, pois deixamos de lado o amor ao próximo.
* * *

Segundo as leis morais, detalhadas em O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, nenhum homem tem as faculdades completas.

É pela convivência social que eles se completam uns aos outros, para assegurar seu bem-estar e progredir.

Por isso, tendo necessidade uns dos outros, são feitos para viver em sociedade e não isolados.

Redação do Momento Espírita - autor: Confúcio

quinta-feira, 23 de março de 2017

Liberdade, Igualdade e Fraternidade

"A liberdade é filha da fraternidade e da igualdade. Os homens que vivam como irmãos, com direitos iguais, animados do sentimento de benevolência recíproca, praticarão entre si a justiça, não procurarão causar danos uns aos outros e nada, por conseguinte, terão que temer uns dos outros. A liberdade nenhum perigo oferecerá, porque ninguém pensará em abusar dela em prejuízo de seus semelhantes..." - Allan Kardec
 
Liberdade, Igualdade, Fraternidade: estas três palavras constituem, por si sós, o programa de toda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da Humanidade, se os princípios que elas exprimem pudessem receber integral aplicação. Vejamos quais os obstáculos que, no estado atual da sociedade, se lhes opõem e, ao lado do mal, procuremos o remédio.
A fraternidade, na rigorosa acepção do termo, resume todos os deveres dos homens, uns para com os outros. Significa: devotamento, abnegação, tolerância, benevolência, indulgência. Ë, por excelência, a caridade evangélica e a aplicação da máxima: "Proceder para com os outros, como quereríamos que os outros procedessem para conosco." O oposto do egoísmo.
A fraternidade diz: "Um por todos e todos por um." O egoísmo diz: "Cada um por si." Sendo estas duas qualidades a negação uma da outra, tão impossível é que um egoísta proceda fraternalmente para com os seus semelhantes, quanto a um avarento ser generoso, quanto a um indivíduo de pequena estatura atingir a de um outro alto. Ora, sendo o egoísmo a chaga dominante da sociedade, enquanto ele reinar soberanamente, impossível será o reinado da fraternidade verdadeira. Cada um a quererá em seu proveito; não quererá, porém, praticá-la em proveito dos outros, ou, se o fizer, será depois de se certificar de que não perderá coisa alguma.
Considerada do ponto de vista da sua importância para a realização da felicidade social, a fraternidade está na primeira linha: é a base. Sem ela, não poderiam existir a igualdade, nem a liberdade séria. A igualdade decorre da fraternidade e a liberdade é consequência das duas outras.
Com efeito, suponhamos uma sociedade de homens bastante desinteressados, bastante bons e benévolos para viverem fraternalmente, sem haver entre eles nem privilégios, nem direitos excepcionais, pois de outro modo não haveria fraternidade. Tratar a alguém de irmão é tratá-lo de igual para igual; é querer quem assim o trate, para ele, o que para si próprio quereria. Num povo de irmãos, a igualdade será a consequência de seus sentimentos, da maneira de procederem, e se estabelecerá pela força mesma das coisas. Qual, porém, o inimigo da igualdade? O orgulho, que faz queira o homem ter em toda parte a primazia e o domínio, que vive de privilégios e exceções, poderá suportar a igualdade social, mas não a fundará nunca e na primeira ocasião a desmantelará. Ora, sendo também o orgulho uma das chagas da sociedade, enquanto não for banido, oporá obstáculo à verdadeira igualdade.
A liberdade, dissemo-lo, é filha da fraternidade e da igualdade. Falamos da liberdade legal e não da liberdade natural, que, de direito, é imprescritível para toda criatura humana, desde o selvagem até o civilizado. Os homens que vivam como irmãos, com direitos iguais, animados do sentimento de benevolência recíproca, praticarão entre si a justiça, não procurarão causar danos uns aos outros e nada, por conseguinte, terão que temer uns dos outros. A liberdade nenhum perigo oferecerá, porque ninguém pensará em abusar dela em prejuízo de seus semelhantes. Mas, como poderiam o egoísmo, que tudo quer para si, e o orgulho, que incessantemente quer dominar, dar a mão à liberdade que os destronaria? O egoísmo e o orgulho são, pois, os inimigos da liberdade, como o são da igualdade e da fraternidade.
A liberdade pressupõe confiança mútua. Ora, não pode haver confiança entre pessoas dominadas pelo sentimento exclusivista da personalidade. Não podendo cada uma satisfazer-se a si própria senão à custa de outrem, todas estarão constantemente em guarda umas contra as outras. Sempre receosas de perderem o a que chamam seus direitos, a dominação constitui a condição mesma da existência de todas, pelo que armarão continuamente ciladas à liberdade e a cercearão quanto puderem.
Aqueles três princípios são, pois, conforme acima dissemos, solidários entre si e se prestam mútuo apoio; sem a reunião deles o edifício social não estaria completo. O da fraternidade não pode ser praticado em toda a pureza, com exclusão dos dois outros, porquanto, sem a igualdade e a liberdade, não há verdadeira fraternidade. A liberdade sem a fraternidade é rédea solta a todas as más paixões, que desde então ficam sem freio; com a fraternidade, o homem nenhum mau uso faz da sua liberdade: é a ordem; sem a fraternidade, usa da liberdade para dar curso a todas as suas torpezas: é a anarquia, a licença. Por isso é que as nações mais livres se veem obrigadas a criar restrições à liberdade.
A igualdade, sem a fraternidade, conduz aos mesmos resultados, visto que a igualdade reclama a liberdade; sob o pretexto de igualdade, o pequeno rebaixa o grande, para lhe tomar o lugar, e se torna tirano por sua vez; tudo se reduz a um deslocamento de despotismo.
Seguir-se-á daí que, enquanto os homens não se acharem imbuídos do sentimento de fraternidade, será necessário tê-los em servidão? Dar-se-á sejam inaptas as instituições fundadas sobre os princípios de igualdade e de liberdade? Semelhante opinião fora mais que errônea; seria absurda.
Ninguém espera que uma criança se ache com o seu crescimento completo para lhe ensinar a andar. Quem, ao demais, os tem sob tutela? Serão homens de ideias elevadas e generosas, guiados pelo amor do progresso? Serão homens que se aproveitem da submissão dos seus inferiores para lhes desenvolver o senso moral e elevá-los pouco a pouco à condição de homens livres? Não; são, em sua maioria, homens ciosos do seu poder, a cuja ambição e cupidez outros homens servem de instrumentos mais inteligentes do que animais e que, então, em vez de emancipá-los, os conservam, por todo o tempo que for possível, subjugados e na ignorância.
Mas, esta ordem de coisas muda de si mesma, pelo poder irresistível do progresso. A reação é não raro violenta e tanto mais terrível, enquanto o sentimento da fraternidade, imprudentemente sufocado, não logra interpor o seu poder moderador; a luta se empenha entre os que querem tomar e os que querem reter; daí um conflito que se prolonga às vezes por séculos. Afinal, um equilíbrio fictício se estabelece; há qualquer coisa de melhor. Sente-se, porém, que as bases sociais não estão sólidas; a cada passo o solo treme, por isso que ainda não reinam a liberdade e a igualdade, sob a égide da fraternidade, porque o orgulho e o egoísmo continuam empenhados em fazer se malogrem os esforços dos homens de bem.
Todos vós que sonhais com essa idade de ouro para a Humanidade trabalhai, antes de tudo, na construção da base do edifício, sem pensardes em lhe colocar a cúpula; ponde-lhe nas primeiras fiadas a fraternidade na sua mais pura acepção. Mas, para isso, não basta decretá-la e inscrevê-la numa bandeira; faz-se mister que ela esteja no coração dos homens e não se muda o coração dos homens por meio de ordenações. Do mesmo modo que para fazer que um campo frutifique, é necessário se lhe arranquem os pedrouços e os tocos, aqui também é preciso trabalhar sem descanso por extirpar o vírus do orgulho e do egoísmo, pois que aí se encontra a causa de todo o mal, o obstáculo real ao reinado do bem. Eliminai das leis, das instituições, das religiões, da educação até os últimos vestígios dos tempos de barbárie e de privilégios, bem como todas as causas que alimentam e desenvolvem esses eternos obstáculos ao verdadeiro progresso, os quais, por assim dizer, bebemos com o leite e aspiramos por todos os poros na atmosfera social. Somente então os homens compreenderão os deveres e os benefícios da fraternidade e também se firmarão por si mesmos, sem abalos, nem perigos, os princípios complementares, os da igualdade e da liberdade.
Será possível a destruição do orgulho e do egoísmo? Responderemos alto e terminantemente: SIM. Do contrário, forçoso seria determinar um ponto de parada ao progresso da Humanidade. Que o homem cresce em inteligência, é fato incontestável; terá ele chegado ao ponto culminante, além do qual não possa ir? Quem ousaria sustentar tão absurda tese? Progride ele em moralidade? Para responder a esta questão, basta se comparem as épocas de um mesmo país. Por que teria ele atingido o limite do progresso moral e não o do progresso intelectual? Sua aspiração por uma melhor ordem de coisas é indício da possibilidade de alcançá-la. Aos que são progressistas cabe acelerar esse movimento por meio do estudo e da utilização dos meios mais eficientes. 
(Do livro "Obras Póstumas", 38, Allan Kardec)

Prece aos Anjos Guardiões

Espíritos sábios e benevolentes, mensageiros de Deus, cuja missão é assistir aos homens e conduzi-los pelo bom caminho, amparai-me nas provas desta vida; dai-me a força de sofrê-las sem lamentações; desviai de mim os maus pensamentos, e fazei que eu não dê acesso a nenhum dos maus Espíritos que tentariam induzir-me ao mal. Esclarecei a minha consciência sobre os meus próprios defeitos, e tirai-me dos olhos o véu do orgulho, que poderia impedir-me de percebê-los e de confessá-los a mim mesmo. Vós, sobretudo, meu Anjo Guardião, que velais mais particularmente por mim, e vós todos, Espíritos Protetores, que vos interessais por mim, fazei que eu me torne digno da vossa benevolência. Vós conheceis as minhas necessidades; que elas sejam satisfeitas segundo a vontade de Deus.

Meu Deus, permiti que os Bons Espíritos que me assistem possam ajudar-me, quando me achar em dificuldades, e amparar-me nas minhas vacilações. Senhor, que eles me inspirem a fé, a esperança e a caridade, que sejam para mim um apoio, uma esperança e uma prova da Vossa misericórdia. Fazei, enfim, que eu neles encontre a força que me faltar nas provas da vida, e para resistir às sugestões do mal, a fé que salva e o amor que consola.

Espíritos amados, Anjos Guardiães, vós a quem Deus, na sua infinita misericórdia, permite velarem, pelos homens, sede o nosso amparo nas provas desta vida terrena. Dai-nos a força, a coragem e a resignação; inspirai-nos na senda do bem, detendo-nos no declive do mal; que vossa doce influência impregne as nossas almas; fazei que sintamos a presença, ao nosso lado, de um amigo devotado, que assista os nossos sofrimentos e participe das nossas alegrias. E vós, meu Anjo Bom, nunca me abandoneis. Necessito de toda a vossa proteção, para suportar com fé e amor as provas que Deus quiser enviar-me.

ALLAN KARDEC

quarta-feira, 22 de março de 2017

Provas Voluntárias e Verdadeiro Cilício


IX – Provas Voluntárias e Verdadeiro Cilício


UM ANJO DA GUARDA
Paris, 1863

            26 – Perguntais se é permitido abrandar a vossas provas. Essa pergunta lembra estas outras: É permitido ao que se afoga procurar salvar-se? E a quem se espetou num espinho, retirá-lo? Ao que está doente, chamar um médico? As provas têm por fim exercitar a inteligência, assim como a paciência e a resignação. Um homem pode nascer numa posição penosa e difícil, precisamente para obrigá-lo a procurar os meios de vencer as dificuldades. O médico consiste em suportar sem murmurações as conseqüências dos males que não se podem evitar, em preservar na luta, em não se desesperar quando não se sai bem, e nunca em deixar as coisas correrem, que seria antes preguiça que virtude.
            Essa questão nos conduz naturalmente a outra. Desde que Jesus disse: “Bem-aventurados os aflitos”, há mérito em procurar as aflições, agravando as provas por meio de sofrimentos voluntários? A isso responderei muito claramente: Sim, é um grande mérito, quando os sofrimentos e as privações têm por fim o bem do próximo, porque se trata da caridade pelo sacrifício; não, quando eles só têm por fim o bem próprio, porque se trata de egoísmo pelo fanatismo.
            Há uma grande distinção a fazer. Quanto a vós, pessoalmente, contentai-vos com as provas que Deus vos manda, não aumenteis a carga já por vezes bem pesada; aceitai-as sem queixas e com fé, eis tudo o que Ele vos pede. Não enfraqueçais o vosso corpo com privações inúteis e macerações sem propósito, porque tendes necessidades de todas as vossas forças, para cumprir vossa missão de trabalho na Terra. Torturar voluntariamente, martirizar o vosso corpo, é infligir a lei de Deus, que vos dá os meios de sustentá-lo e de fortalecê-lo. Debilitá-lo sem necessidade é um verdadeiro suicídio. Usai, mas não abuseis: tal é a lei. O abuso das melhores coisas traz as suas punições, pelas conseqüências inevitáveis.
            Bem outra é a questão dos sofrimentos que uma pessoa se impõe para aliviar o próximo. Se suportardes o frio e a fome para agasalhar e alimentar aquele que necessita, e vosso corpo sofrer com isso, eis um sacrifício que é abençoado por Deus. Vós, que deixais vossos toucadores perfumados para levar consolação aos aposentos infectos; que sujais vossas mãos delicadas curando chagas; que vos privais do sono para velar à cabeceira de um doente que é vosso irmão em Deus; vós, enfim, que aplicais a vossa saúde na prática das boas obras, tendes nisso o vosso cilício, verdadeiro cilício de bênçãos, porque as alegrias do mundo não ressecaram o vosso coração. Vós não adormecestes no seio das voluptuosidades enlanguescedoras da fortuna, mas vos transformastes nos anjos consoladores dos pobres deserdados.
            Mas vós que vos retirais do mundo para evitar suas seduções e viver no isolamento,qual a vossa utilidade na Terra? Onde está a vossa coragem nas provas, pois que fugis da luta e desertais do combate? Se quiserdes um cilício, aplicai-o à vossa alma e não ao vosso corpo; mortificai o vosso Espírito e não a vossa carne; fustigai o vosso orgulho; recebei as humilhações sem vos queixardes; machucai vosso amor próprio; insensibilizai-vos para a dor da injúria e da calúnia, mais pungente que a dor física. Eis aí o verdadeiro cilício, cujas feridas vos serão contadas, porque atestarão a vossa coragem e a vossa submissão à vontade de Deus.

*
BERNARDIN
Espírito protetor, Bordeaux, 1863

            27 – Deve-se pôr termo às provas do próximo, quando se pode, ou devemos, por respeito aos desígnios de Deus, deixá-las seguir o seu curso?
             Já vos dissemos e repetimos, muitas vezes, que estão na terra de expiação para completarem as vossas provas, e que tudo o que vos acontece é conseqüência de vossas existências anteriores, as parcelas da dívida que tendes a pagar. Mas este pensamento provoca em certas pessoas reflexões que devem ser afastadas, porque podem ter funestas conseqüências.
            Pensam alguns que, uma vez que se está na Terra para expiar, é necessário que as provas sigam o seu curso. Há outros que chegam a pensar que não somente devemos evitar atenuá-las, mas também devemos contribuir para torná-las mais proveitosas, agravando-as. É um grande erro. Sim, vossas provas devem seguir o curso que Deus lhes traçou, mas acaso conheceis esse curso? Sabeis até que ponto elas devem ir, e se vosso Pai Misericordioso não disse ao sofrimento deste ou daquele vosso irmão: “Não irás além disto?” Sabeis se a Providência não vos escolheu, não como instrumento de suplício, para agravar o sofrimento do culpado, mas como bálsamo consolador, que deve cicatrizar as chagas abertas pela sua justiça?
            Não digais, portanto, aos verdes um irmão ferido: “É a justiça de Deus, e é necessário que siga o seu curso”, mas dizei, ao contrário: “Vejamos que meios nosso Pai misericordioso me concedeu, para aliviar o sofrimento de meu irmão. Vejamos se o meu conforto moral, meu amparo material, meus conselhos, poderão ajudá-lo a transpor esta prova com mais força, paciência e resignação. Vejamos mesmo se Deus não me pôs nas mãos os meios de fazer cessar este sofrimento; se não me deu, como prova também, ou talvez como expiação, o poder de cortar o mal e substituí-lo pela benção da paz”.
            Auxiliai-vos sempre, pois em vossas provas mútuas, e jamais vos encareis como instrumentos de tortura. Esse pensamento deve revoltar todo homem de bom coração, sobretudo os espíritas. Porque o espírito mais que qualquer outro, deve compreender a extensão infinita da bondade de Deus. O espírita deve pensar que sua vida inteira tem de ser um ato de amor e de abnegação, e que por mais que faça para contrariar as decisões do Senhor, sua justiça seguirá o seu curso. Ele pode, pois, sem medo, fazer todos os esforços para aliviar o amargor da expiação, porque somente Deus pode cortá-la ou prolongá-la, segundo o que julgar a respeito.
            Não seria excessivo orgulho, da parte do homem, julgar-se com o direito de revolver, por assim dizer, a arma na ferida? De aumentar a dose de veneno para aquele que sofre, sob o pretexto de que essa é a sua expiação? Oh!, considerai-vos sempre como o instrumento escolhido para fazê-la cessar. Resumamos assim: estais todos na Terra para expiar; mas todos, sem exceção, deveis fazer todos os esforços para aliviar a expiação de vossos irmãos, segundo a lei de amor e caridade.

*
SÃO LUIS
Paris, 1860

            28 – Um homem agoniza, presa de cruéis sofrimentos. Sabe-se que o seu estado é sem esperança. É permitido poupar-lhe alguns instantes de agonia, abreviando-lhe o fim?                       
             Mas quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele conduzir um homem até a beira da sepultura, para em seguida retirá-lo, com o fim de fazê-lo examinar-se a si mesmo e modificar-lhe os pensamentos? A que extremos tenha chegado um moribundo, ninguém pode dizer com certeza que soou  sua hora final. A ciência, por ação, nunca se enganou nas suas previsões?
            Bem sei que há casos que se podem considerar, com razão, como desesperados. Mas se não há nenhuma esperança possível de um retorno definitivo à vida e à saúde, não há também inúmeros exemplos de que, no momento do último suspiro, o doente se reanima e recobra suas faculdades por alguns instantes? Pois bem: essa hora de graça que lhe é concedida, pode ser para ele da maior importância, pois ignorais as reflexões que o seu Espírito poderia ter feito nas convulsões da agonia, e quantos tormentos podem ser poupados por um súbito clarão de arrependimento.
            O materialista, que só vê o corpo, não levando em conta a existência da alma, não pode compreender essas coisas. Mas o espírita, que sabe o que se passa além túmulo, conhece o valor do último pensamento. Aliviai os últimos sofrimentos o mais que puderdes, mas guardai-vos de abreviar a vida, mesmo que seja apenas um minuto, porque esse minuto pode poupar muitas lágrimas no futuro.

*
SÃO LUIS
Paris, 1860

            29 – Aquele que está desgostoso da vida, mas não querendo abreviá-la, será culpado, indo procurar a morte num campo de batalha, com o pensamento de torná-la útil?                                             Quer o homem se mate ou se faça matar, o objetivo é sempre o de abreviar a vida, e por conseguinte, há o suicídio de intenção, embora não haja de fato. O pensamento de que a sua morte servirá para alguma coisa é ilusório, simples pretexto, para disfarçar a ação criminosa e desculpá-los aos seus próprios olhos. Se ele tivesse seriamente o desejo de servir à pátria, procuraria antes viver para dedicar-se à sua defesa, e não morrer, porque uma vez morto já não serve para nada. A verdadeira abnegação consiste em não temer a morte quando se trata de ser útil, em enfrentar o perigo e oferecer o sacrifício da vida, antecipadamente e sem pesar, se isso for necessário. Mas a intenção premeditada de procurar a morte, expondo-se para tanto ao perigo, mesmo a serviço, anula o mérito da ação.

*
SÃO LUIS
Paris, 1860

            30 – Um homem se expôs a um perigo iminente para salvar a vida de um semelhante, sabendo que ele mesmo sucumbirá; isso pode ser considerado como suicídio?                                            Não havendo a intenção de procurar a morte, não há suicídio, mas devotamento e abnegação, mesmo com a certeza de perecer. Mas quem pode ter essa certeza? Quem diz que a Providência não reservará um meio inesperado de salvação, no momento mais crítico? Não pode a salvar até mesmo aquele que estiver na boca de um canhão? Pode ela, muitas vezes, querer levar a prova da resignação até o último limite, e então uma circunstância inesperada desvia o golpe fatal.

*
SÃO LUIS
Paris, 1860

            31 – Os que aceitam com resignação os seus sofrimentos, por submissão à vontade de Deus e com vistas à sua felicidade futura, não trabalham apenas para eles mesmos, e podem tornar os seus sofrimentos proveitosos para outros?                                                    
      Esses sofrimentos podem ser proveitosos para outros, material e moralmente. Materialmente, se, pelo trabalho, as privações e os sacrifícios que se impõem contribuem para o bem-estar material do próximo. Moralmente, pelo exemplo que dão, com sua submissão à vontade de Deus. Esse exemplo do poder da fé espírita pode incitar os infelizes à resignação, salvando-os do desespero e de suas funestas conseqüências para o futuro.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Por ALLAN KARDEC

A Visita de Jesus

Para aquelas crianças, o Natal era uma data um pouco triste. A casa era pobre e tinha somente alguns itens de cozinha, um sofá antigo, uma televisão.
Elas sabiam que o Natal estava chegando pelos intermináveis anúncios televisivos que convidavam a comprar muitos e muitos brinquedos, presentes maravilhosamente embrulhados, caixas lindíssimas. E havia sempre novidades, que enchiam os olhos.
Além disso, as novelas, os filmes, os desenhos infantis, tudo mencionava o Natal. E havia ceia com muita comida, doces, pães, refrigerantes, sucos.
Tudo aquilo dava água na boca, mas ficava muito distante da realidade deles. O salário do pai cobria as necessidades, nada mais. Nenhum presente sequer poderia ser pensado, sonhado. Nenhum, por menor que fosse.
Havia algo, no entanto, especial, na noite natalina. A mãe, que sempre preparava o prato de cada um, para dividir tudo igualmente, nesse jantar desenhava um coração com a comida.
Ela colocava o arroz no meio do prato e ia separando com os dedos para a borda, até formar um coração vazio no meio.
Então, ela enchia o desenho com uma concha de feijão e se houvesse qualquer coisinha a mais, talvez alguma mistura, colocava bem do ladinho, para não estragar o contorno.
Todos se reuniam em torno da mesa e oravam, repetindo as palavras da mãe: Jesus, que bom que você chegou!
E se recolhiam na Noite Santa, pensando naquele Jesus que nascera em um estábulo, Luz do mundo, Rei da vida.
Mais recentemente, a mãe de família participou de oficinas de costura e culinária.
E a vida da família melhorou. A costura e a culinária começaram a render frutos, quase de imediato. O panorama se alterou.
Então, no último Natal, mesmo sem árvore enfeitada com bolas e velas coloridas, sem embrulhos de presente, algo muito especial aconteceu.
O pai confeccionou uma grande placa e colocou na frente da casa, com os dizeres: Que bom que você chegou!
Na cozinha, uma grande movimentação. Parecia que se cozinhava para um batalhão. E, ante a indagação das crianças, esclareceu a mãe:
Jesus vem para a ceia hoje, meus amores. Seu pai e eu o convidamos, pessoalmente. Ele virá com fome e com sede. Precisamos estar preparados.
Quando caía a noite, foi chegando Jesus, de roupa simples, com barba, sem barba. E as crianças foram descobrindo que Jesus era negro. Era branco. Era homem. Era criança. Era mulher.
E cada um recebia aquele prato com um coração de arroz, cheio de feijão. E sorria. E se deliciava.
Alguns, quando sorriam, diante da refeição quentinha, mostravam a boca com poucos dentes.
Acho que foi por isso que a mãe fez comida que não precisa mastigar tanto. - Pensou a menorzinha.
Faltando pouco para a meia-noite, a família se reuniu para agradecer. A oração se elevou, num coro: Jesus, que bom que você chegou!
E a alegria do verdadeiro Natal iluminou todos os corações. A casa parecia um palácio feito de luz.
Quem tivesse um pouco de sensibilidade para perceber o que acontecia além da matéria, poderia ouvir o cântico celestial se repetindo: Glória a Deus nas alturas. Paz na Terra, boa vontade para com os homens.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo
Que bom que você chegou, de Ana Guimarães,
da
Revista Cultura Espirita, de dezembro 2016.
Em 21.3.2017.

Tentações e Virtude

TENTAÇÕES E VIRTUDE

Quando a criatura retém enorme fortuna, podendo claramente desmandar-se na avareza, aplicando-se tão-só ao gozo pessoal, e procura utiliza-la no progresso e no bem-estar dos semelhantes...
Quando a pessoa dispõe de autoridade para manejar, em seu exclusivo proveito, a influência de que desfruta, mas, ao invés disso, busca emprega-la no auxílio aos outros...

Quando um homem ofendido se vê com meios suficientes para vingar-se, pela forma que julgue mais razoável, e perdoa de coração a ofensa recebida, reconhecendo-se igualmente passível de errar...

Quando alguém já fez por outrem todos os benefícios que se lhe faziam possíveis, recolhendo invariavelmente a incompreensão por resposta, e prossegue amparando esse alguém, na medida de seus recursos, sem exigência e sem queixa...

Em verdade, semelhantes companheiros terão vencido as maiores tentações que lhes assediavam a vida.

Todos nós – espíritos ainda em evolução regate – somos experimentados nos temas do caminho terrestre, em cuja vivência temos caído de outras vezes...

Isso acontece, porque, em muitas circunstâncias, as nossas provações assumem na escola humana a forma de testes indispensáveis.

Há quem renasça ostentando atrações físicas para superar a inclinação para o desregramento; portando um cérebro privilegiado para vencer a vaidade da inteligência;

retendo múltiplas titulações acadêmicas para subjugar a propensão para o abuso;

exercendo encargos difíceis, em causas nobres da Humanidade, para extinguir o impulso de traição ou deslealdade.

Cada um de nós, onde esteja, é examinado pela Vida Superior, nas tendências inferiores nas quais já faliu em existências passadas, e apenas conseguiremos a vitória sobre nós mesmos, quando repetirmos as operações do bem sobre o mal que nos procure, tantas vezes quantas sejam necessárias, mesmo além do débito pago ou da mancha extinta.

Fácil, por isso, reconhecer que sem o toque da tentação a virtude realmente não aparece, e assim será sempre, de vez que toda inocência será levada, hoje, amanhã ou depois, ao cadinho da luta, a fim de que não permaneça na condição de flor improdutiva no vaso lindo, mas inútil, da ingenuidade.

Pelo Espírito: EMMANUEL
Do livro: Rumo Certo, Médium: Francisco Cândido Xavier.

domingo, 19 de março de 2017

Oração da Cura

Pai celestial, que habitais o meu interior, impregna com a Tua Luz vital cada célula de meu corpo, expulsando todos os males, pois estes não fazem parte de meu ser.
Na minha verdadeira realidade, como filho de Deus perfeito que sou, não existe doença;
por isso que se afaste de mim todo o mal, todos os bacilos, micróbios, vírus, bactérias e vermes nocivos, para que a perfeição se expresse no meu corpo, que é templo de Divindade.
Pai teu Divino filho Jesus disse: pedi e recebereis, porque todo aquele que pede recebe, portanto, tenho absoluta certeza de que a minha oração da cura já é a própria cura. 
Para mim agora, só existe esta verdade: a cura total. Mesmo que a imagem do mal permaneça por algum tempo no meu corpo, só existe em mim agora a imagem mental da cura e a verdade da minha saúde perfeita.
Todas as energias curadoras existentes em mim estão atuando intensamente, como um exército poderoso e irresistível, visando os inimigos, fortalecendo as posições enfraquecidas, reconstruindo as partes demolidas, regenerando todo o meu corpo. 
Sei que é o poder de Deus agindo em mim e realizando o milagre maravilhoso da cura perfeita. Esta é a minha verdade mental. Esta portanto é a verdade do meu corpo.
Agradeço-te, óh! pai, porque Tu ouvistes a minha oração.
Dou-te graças, com toda alegria e com todas as forças interiores porque tua vontade de perfeição e saúde aconteceram em mim, em resposta ao meu pedido.
Assim é e assim será.
Dr. Manoel Dantas

Só a Luz pode

Através da violência você pode matar um assassino, mas não pode matar o assassinato.
Através da violência você pode matar um mentiroso, mas não pode estabelecer a verdade.
Através da violência você pode matar uma pessoa odienta, mas não pode matar o ódio.
A escuridão não pode extinguir a escuridão.
Só a luz pode.


Martin Luther King

Um dia você aprende

Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.

Portanto... plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!

William Shakespeare

Assim Mesmo

As pessoas são irracionais, ilógicas e egocêntricas.
Ame-as ASSIM MESMO.

Se você tem sucesso em suas realizações,
ganhará falsos amigos e verdadeiros inimigos.
Tenha sucesso ASSIM MESMO.

O bem que você faz será esquecido amanhã.
Faça o bem ASSIM MESMO.

A honestidade e a franqueza o tornam vulnerável.
Seja honesto ASSIM MESMO.

Aquilo que você levou anos para construir,
pode ser destruído de um dia para o outro.
Construa ASSIM MESMO.

Os pobres têm verdadeiramente necessidade de ajuda,
mas alguns deles podem atacá-lo se você os ajudar.
Ajude-os ASSIM MESMO.

Se você der ao mundo e aos outros o melhor de si mesmo,
você corre o risco de se machucar.
Dê o que você tem de melhor ASSIM MESMO

Madre Tereza de Calcutá

Não Desanime

Quando você se observar, à beira do desânimo, acelere o passo para frente, 
proibindo-se parar.
Ore, pedindo a Deus mais luz para vencer as sombras.
Faça algo de bom, além do cansaço em que se veja.
Leia uma página edificante, que lhe auxilie o raciocínio na mudança construtiva de ideias.
Tente contato de pessoas, cuja conversação lhe melhore o clima espiritual.
Procure um ambiente, no qual lhe seja possível ouvir palavras e 
instruções que lhe enobreçam os pensamentos.
Preste um favor, especialmente aquele favor que você esteja adiando.
Visite um enfermo, buscando reconforto naqueles que atravessam 
dificuldades maiores que as suas.
Atenda às tarefas imediatas que esperam por você e que lhe impeçam 
qualquer demora nas nuvens do desalento.
Guarde a convicção de que todos estamos caminhando para adiante, 
através de problemas e lutas, na aquisição de experiência, e de que a vida 
concorda com as pausas de refazimento das nossas forças, mas não se 
acomoda com a inércia em momento algum.

André Luiz - psicografia de Chico Xavier

sábado, 18 de março de 2017

A Vida Futura

A Vida Futura

                1 – “Tornou pois a entrar Pilatos no pretório, e chamou a Jesus, e disse-lhe: Tu és o Reino dos Judeus? Respondeu-lhe Jesus: O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, certo que os meus ministros haviam de pelejar para que eu não fosse entregue aos judeus; mas por agora o meu Reino não é daqui. Disse-lhe então Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu o dizes, que eu sou rei. Eu não nasci nem vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade; todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”. (João, cap. XVIII, 33-37)

A VIDA FUTURA


                2 – Por estas palavras, Jesus se refere claramente à vida futura, que ele apresenta, em todas as circunstâncias, como o fim a que se destina a humanidade, e como devendo ser o objeto das principais preocupações do  homem sobre a terra. Todas as suas máximas se referem a esse grande princípio. Sem a vida futura, com efeito, a maior parte dos seus preceitos de moral não teriam nenhuma razão de ser. É por isso que os que não crêem na vida futura, pensando que ele apenas falava da vida presente, não os compreendem ou os acham pueris.
                Esse dogma pode ser considerado, portanto, como o ponto central do ensinamento do Cristo. Eis porque está colocado entre os primeiros, no início desta obra, pois deve ser a meta de todos os homens. Só ele pode justificar os absurdos da vida terrestre e harmonizar-se com a justiça de Deus.
                3 – Os judeus tinham idéias muito imprecisas sobre a vida futura. Acreditavam nos anjos, que consideravam como os seres privilegiados da criação, mas não sabiam que os homens, um dia, pudessem tornar-se anjos e participar da felicidade angélica. Segundo pensavam, a observação das leis de Deus era recompensada pelos bens terrenos, pela supremacia de sua nação no mundo, pelas vitórias que obteriam sobre os inimigos. As calamidades públicas e as derrotas eram os castigos da desobediência. Moisés o confirmou, ao dizer essas coisas, ainda mais fortemente, a um povo ignorante, de pastores, que precisava ser tocado antes de tudo pelos interesses deste mundo. Mais tarde, Jesus veio lhes revelar que existe outro mundo, onde a justiça de Deus se realiza. É esse mundo que ele promete aos que observam os mandamentos de Deus. É nele que os bons são recompensados. Esse mundo é o seu reino, no qual se encontra em toda a sua glória, e para o qual voltará ao deixar a Terra.
                Jesus, entretanto, conformando o seu ensino ao estado dos homens da época, evitou lhes dar os esclarecimentos completos, que os deslumbraria em vez de iluminar, porque eles não o teriam compreendido. Ele se limitou a colocar, de certo modo, a vida futura como um princípio, uma lei da natureza, à qual ninguém pode escapar. Todo cristão, portanto, crê forçosamente na vida futura, mas a idéia que muitos fazem dela é vaga, incompleta, e por isso mesmo falsa em muitos pontos. Para grande número, é apenas uma crença, sem nenhuma certeza decisiva, e daí as dúvidas, e até mesmo a incredulidade.
                O Espiritismo veio completar, nesse ponto, como em muitos outros, o ensinamento do Cristo, quando os homens se mostraram maduros para compreender a verdade. Com o Espiritismo, a vida futura não é mais simples artigo de fé, ou simples hipótese. É uma realidade material, provada pelos fatos. Porque são as testemunhas oculares que a vêm descrever em todas as suas fases e peripécias, de tal maneira, que não somente a dúvida já não é mais possível, como a inteligência mais vulgar pode fazer uma idéia dos seus mais variados aspectos, da mesma forma que imaginaria um país do qual se lê uma descrição detalhada. Ora, esta descrição da vida futura é de tal maneira circunstanciada, são tão racionais as condições da existência feliz ou infeliz dos que nela se encontram, que acabamos por concordar que não podia ser de outra maneira, e que ela bem representa a verdadeira justiça de Deus.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Por ALLAN KARDEC

O Bem em Cada Um

O Bem em Cada Um 
Os membros de uma tribo da África do Sul possuem um costume sublime, que teve origem com seus ancestrais.
Quando algum integrante do grupo faz algo errado, causa dano ou prejudica alguém, é colocado no centro da aldeia e rodeado por toda a tribo.
Durante dois dias, nessa roda, as pessoas lhe dizem tudo de bom que ele já fez.
A tribo acredita que cada ser humano nasce bom e, ao longo da vida, busca segurança, amor, paz e felicidade.
No entanto, por vezes, as pessoas perdem a conexão com o amor, a bondade e a verdade, se afastam do bem que há dentro delas e cometem erros.
Eles veem esses erros como uma forma de pedir ajuda. Por isso, se unem para reerguer o companheiro e reconectá-lo com sua verdadeira natureza. Dessa forma, poderão lembrá-lo de quem ele realmente é.
Ao redor dele, dizem: Sawabona, que significa: Eu te respeito, eu te valorizo, és importante para mim.
Em resposta, o equivocado diz: Shikoba, que significa: Então, eu existo para ti.
Ao unir as duas palavras, Sawabona Shikoba, tem-se um outro sentido: Eu sou bom!
Quando pronuncia as duas palavras juntas, aquele que errou sinaliza que conseguiu resgatar a bondade em si.
Por meio de um ato de amor, a tribo faz com que ele se sinta querido e valorizado e assim o ajuda a ressignificar sua existência, afastando-se do que o motivou a cometer o erro.
*   *   *
Quando nos desviamos das leis de Deus, cometemos erros, prejudicamos nosso próximo, estamos agindo também contra nós mesmos.
Afastados do bem, atrasamos nossa evolução e causamos dor e sofrimento para nós e para os que nos cercam. Com isso, vamos nos distanciando das pessoas e criando mágoas, desafetos e inimizades.
A atitude dos membros dessa tribo nos mostra uma forma diferente de encarar e reagir ao mal, e nos remete aos ensinamentos de amor e perdão do Mestre Jesus.
Ao olhar para um companheiro que erra como alguém que pede socorro, eles compreendem que isso não apaga todo o bem que existe nele.
Ao acolhê-lo e cercá-lo com palavras de respeito e carinho, fazem aflorar o que há de bom em seu íntimo.
Quando erramos, necessitamos de perdão.
Da mesma forma, quando nosso próximo erra, também necessita de perdão.
Como agimos com aqueles que nos ofendem? Como esperamos que ajam conosco, quando somos nós a ofender alguém?
Deus nos criou iguais. Todos trazemos em nosso íntimo uma centelha divina. Todos buscamos a felicidade. Nossa tarefa é evoluir para a perfeição e assim nos aproximarmos do Pai.
Ver naquele que erra um irmão que, como nós, luta para vencer a si mesmo e, no lugar de criticar e ofender, acolher e auxiliar, é colocar em prática a lei de amor e caridade. É amar o próximo como a si mesmo.
É resgatar o bem em nós, reacendendo aquela centelha divina que jaz na intimidade de cada um e que nos faz estender a mão para resgatar, igualmente, o nosso irmão.
É vencer o orgulho e o egoísmo e dar um salto que nos impulsionará cada vez para mais perto de Deus.

Redação do Momento Espírita, com base no texto
Você conhece o significado das palavras Sawabona e Shikoba?,
de Silvana Rangel, disponível no site
http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos/autoconhecimento/
voce-conhece-o-significado-das-palavras-sawabona-e-shikoba-45630.htmle nos itens 114 a 127 de
O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 17.3.2017.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Apoio Espiritual

APOIO ESPIRITUAL

Compartilhamos, em nome da beneficência, de recursos vários, como sejam - a moeda e o agasalho, o teto e a mesa.
Uma dádiva, porém, existe de que todos necessitamos no câmbio da fraternidade: a dádiva do encorajamento.

Admitamos, de modo geral, que os únicos irmãos baldos de força são aqueles que tropeçam nas veredas da extrema penúria física; no entanto, em matéria de abatimento moral, surpreendemos, em cada lance da estrada, legiões de companheiros em cujos corações a esperança bruxuleia qual chama prestes a extinguir-se, ao sopro da adversidade.

Um possui créditos valiosos nos círculos da finança, mas carrega o peso de escabrosas desilusões; exorna-se aquele com títulos de cultura e competência, todavia traz o espírito curvado sob constrangimentos e desgostos de toda espécie, como se arrastasse fardos ocultos; outro dispõe de autoridade e influência, na orientação de vasta comunidade, e tem o peito semi-sufocado de aflição à face das dores desconhecidas que lhe gravam as horas; outro, ainda, exibe-se por modelo de higidez nas vitrinas da saúde corpórea e transporta consigo um poço de lágrimas represadas, em vista das provações que lhe oneram a vida.

Detém-te em semelhantes realidades e não recuses o donativo da coragem para toda criatura irmã do caminho.

Se alguém errou, fala-lhe das lições novas que o tempo nos traz a todos; se caiu, estende-lhe os braços com a fé renovadora que nos repõe nas trilhas de elevação; se entrou em desespero, dá-lhe a bênção da paz; se tombou em tristeza, oferece-lhe a mensagem do bom ânimo...

Ninguém há que prescinda de apoio espiritual.

Agora, muitos de nós precisamos da coragem de aprender, de servir, de compreender, de esperar...

E, provavelmente, mais tarde, em trechos mais difíceis da viagem humana, todos necessitaremos da coragem de sofrer e abençoar, suportar e viver.

EMMANUEL

Do livro: Alma e Coração, Médium: Francisco Cândido Xavier.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Rei Solar

Ele foi anunciado, por séculos, pelos profetas de Israel.
Foi aguardado como o Libertador, o Messias, o Ungido do Senhor.
Mensageiros celestes testificaram, em outros escritos, que Ele é o único ser perfeito que a Terra já conheceu.
Ele é o Mestre, o Cristo. Governador planetário, veio ter com os homens, tomando um corpo de carne e vivendo entre nós, por quase trinta e três anos.
Filho de um carpinteiro, exemplificou a lição da humildade, permitindo que Seu pai lhe oferecesse os primeiros versículos da Torá, conforme a tradição judaica.
Também se permitiu o aprendizado da experiência paterna no trato com a madeira, tornando-se carpinteiro como aquele.
As mãos que haviam moldado as formas terrestres na cooperação divina da criação do nosso planeta, se aplicaram a moldar a madeira, dando-lhe as mais variadas formas e empregos.
Exemplificando a lei do trabalho, teve oportunidade de dizer que o Pai Celeste trabalha incessantemente e Ele, o Rei Solar, igualmente trabalha.
Afirmando a necessidade da alteração de velhos códigos penais, ofereceu à adúltera a chance de reformular a própria vida, recomeçando, sem tornar a incidir no mesmo erro.
Isso, substituindo a velha fórmula da morte pela lapidação, ratificando a lição profética de que o Pai não deseja a morte do pecador, senão que ele se converta e viva.
Buscou a equivocada de Sicar, na Samaria, e à beira do poço, lhe ofereceu o conhecimento da água viva, de que Ele dispunha.
Apresentando-se como Mestre e oferecendo-se como exemplo a ser seguido, Jesus honrou o lar dos que lhe concediam a dádiva da amizade.
Esteve em casa de Pedro, em Cafarnaum, tanto quanto na chácara de Betânia, lar dos irmãos Maria, Marta e Lázaro.
E, afirmando a excelência desse sentimento, diria que o amigo dá a sua pela vida do amigo.
Ao ser preso, no Jardim das Oliveiras, ante a tentativa dos soldados de aprisionarem também os que estavam com Ele, adverte:
Deixai-os. É a mim que quereis.
Mestre da alegria, iniciou o Seu messianato em um festim que comemorava as bodas de um jovem casal.
E o concluiu com a comemoração da páscoa judaica, na alegre rememoração da libertação de um povo, exaltando a glória de Yaweh, em hinos de louvor.
Buscou os excluídos e os convidou para O seguirem. Por isso, em Jericó, se hospeda em casa de Zaqueu, o publicano e resgata a equivocada de Magdala, em nome do amor.
Rumando para o sacrifício, deixando-se levar como um indefeso cordeiro, ofertou a lição da coragem, da fortaleza moral.
Manteve-se lúcido até o fim, dizendo-nos como suporta com dignidade as dores aquele que se entrega ao Supremo Pai.
Rogou perdão a todos os que, enceguecidos pelo orgulho ou aprisionados na própria maldade, participaram do nefando ato da Sua prisão, condenação e morte.
Amor não amado, partiu legando-nos a esperança de que iria à frente para nos preparar o lugar, na Casa do Pai, onde há muitas moradas.
Desde então, contemplamos as estrelas, sonhando com os mundos que nos esperam e nos indagamos, vez ou outra:
Em que mundo, Senhor Jesus, nos aguardas?
Redação do Momento Espírita, com citação do
livro bíblico 
Ezequiel, cap. 18, versículo 23.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 31, ed. FEP.
Em 3.3.2017.

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...