terça-feira, 31 de janeiro de 2017

É Preciso Agir

Primeiro levaram os negros, mas não me importei com isso. Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários, mas não me importei com isso. Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis, mas não me importei com isso, porque eu não sou miserável.
Depois agarraram alguns desempregados, mas como eu tenho um emprego, também não me importei.
Agora... Agora estão me levando.
Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo.
*   *   *
O poema grave é de Bertolt Brecht, influente dramaturgo e poeta alemão do século XX.
A questão gravíssima é do ser humano, desnudado em linhas poéticas, exposto pelo pensador que aqui nos convida a refletir sobre a indiferença.
A vida individualista, que prioriza o eu em detrimento do outro, apresenta-se como um dos problemas mais sérios da atualidade humana.
O egoísmo, a cobiça, o medo, transformaram grande parte dos seres em autômatos ilhados.
Autômatos, sim, pois evitam pensar, refletir, ponderar, em nome de uma falsa falta de tempo.
Autômatos que se plugam na tomada pela manhã, e se desplugam à noite, sem terem realmente estado presentes em seus dias, em suas próprias vidas.
Ilhados também, pois se isolam das pessoas, do contato humano.
Não se pode mais confiar em ninguém, não se pode mais contar com ninguém. Todos são suspeitos... – Afirmam alguns.
Ilhados, usam das tecnologias do mundo moderno, que visam apenas auxiliar o homem em suas tarefas, para manterem uma distância segura do mundo.
E o virtual parece ser mais seguro, mas fácil do que o real... Enganamo-nos em nome de uma suposta segurança.
Assim deixamos de nos importar com os outros, vivendo um constante salve-se quem puder, como se o desespero fosse grande auxílio.
E quanto mais nos afastamos, mais difícil é a volta.
Amizades que deixamos de cultivar na infância, na juventude, hoje fazem falta a muitos homens e mulheres, vítimas de transtornos psicológicos, como a depressão.
Relacionamentos familiares fortes, envolvendo cumplicidade e carinho, no futuro nos farão falta, pois quando precisarmos nos abrir, desabafar, perceberemos que não temos intimidade com ninguém para tal.
É preciso agir. Agir enquanto há tempo.
Será tão difícil dar atenção, se importar com aqueles que estão ao nosso redor?
Será tão difícil romper esta barreira da indiferença, e perguntar: Como você está? – realmente desejando saber como anda a vida do outro?
O mundo não sou eu mas os outros. O mundo somos nós.
Estamos todos expostos ao mesmo tipo de experiências, às mesmas provações, aos mesmos aprendizados.
É preciso agir. É preciso se importar mais.
*   *   *
Quebra o gelo da indiferença, e perceberás que as águas que irão verter aplacarão tuas sedes mais secretas.
Desperta ainda hoje, e perceberás que o brilho do sol é mais seguro do que a escuridão dos olhos fechados.

Redação do Momento Espírita, com base em poema de Bertolt Brecht
(1898-1956), a partir de poema escrito originalmente por Martin Niemoller,
que viveu na Alemanha nazista.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 7, ed. FEP.
Em 24.1.2017.

Simplicidade e Pureza de Coração

SIMPLICIDADE E PUREZA DE CORAÇÃO

Bem-aventurados os que têm puro o coração, porquanto verão a Deus. (Mateus, 5:8) 
Apresentaram-lhe então algumas crianças, a fim de que ele as tocasse, e, como seus discípulos afastassem com palavras ásperas os que lhas apresentavam, Jesus, vendo isso, zangou-se e lhes disse: “Deixai que venham a mim as criancinhas e não as impeçais, porquanto o reino dos céus é para os que se lhes assemelham. Digo-vos, em verdade, que aquele que não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará.” E, depois de as abraçar, abençoou-as, impondo-lhes as mãos.(Marcos, 10:13 a 16)

A pureza do coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui toda ideia de egoísmo e de orgulho. Por isso é que Jesus toma a infância como emblema dessa pureza, do mesmo modo que a tomou como o da humildade.
Poderia parecer menos justa essa comparação, considerando-se que o Espírito da criança pode ser muito antigo e que traz, renascendo para a vida corporal, as imperfeições de que se não tenha despojado em suas precedentes existências. Só um Espírito que houvesse chegado à perfeição nos poderia oferecer o tipo da verdadeira pureza. É exata a comparação, porém, do ponto de vista da vida presente, porquanto a criancinha, não havendo podido ainda manifestar nenhuma tendência perversa, nos apresenta a imagem da inocência e da candura. Daí o não dizer Jesus, de modo absoluto, que o reino dos céus é para elas, mas para os que se lhes assemelhem.
Pois que o Espírito da criança já viveu, por que não se mostra, desde o nascimento, tal qual é? Tudo é sábio nas obras de Deus. A criança necessita de cuidados especiais, que somente a ternura materna lhe pode dispensar, ternura que se acresce da fraqueza e da ingenuidade da criança. Para uma mãe, seu filho é sempre um anjo e assim era preciso que fosse, para lhe cativar a solicitude. Ela não houvera podido ter-lhe o mesmo devotamento, se, em vez da graça ingênua, deparasse nele, sob os traços infantis, um caráter viril e as ideias de um adulto e, ainda menos, se lhe viesse a conhecer o passado.
Aliás, faz-se necessário que a atividade do princípio inteligente seja proporcionada à fraqueza do corpo, que não poderia resistir a uma atividade muito grande do Espírito, como se verifica nos indivíduos grandemente precoces. Essa a razão por que, ao aproximar-se-lhe a encarnação, o Espírito entra em perturbação e perde pouco a pouco a consciência de si mesmo, ficando, por certo tempo, numa espécie de sono, durante o qual todas as suas faculdades permanecem em estado latente. É necessário esse estado de transição para que o Espírito tenha um novo ponto de partida e para que esqueça, em sua nova existência, tudo aquilo que a possa entravar. Sobre ele, no entanto, reage o passado. Renasce para a vida maior, mais forte, moral e intelectualmente, sustentado e secundado pela intuição que conserva da experiência adquirida.
A partir do nascimento, suas ideias tomam gradualmente impulso, à medida que os órgãos se desenvolvem, pelo que se pode dizer que, no curso dos primeiros anos, o Espírito é verdadeiramente criança, por se acharem ainda adormecidas as ideias que lhe formam o fundo do caráter. Durante o tempo em que seus instintos se conservam amodorrados, ele é mais maleável e, por isso mesmo, mais acessível às impressões capazes de lhe modificarem a natureza e de fazê-lo progredir, o que torna mais fácil a tarefa que incumbe aos pais.
O Espírito, pois, enverga temporariamente a túnica da inocência e, assim, Jesus está com a verdade, quando, sem embargo da anterioridade da alma, toma a criança por símbolo da pureza e da simplicidade.

(Mensagem de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”,
Capítulo VIII – Bem-Aventurados os Que Têm Puro o Coração, itens 1 a 4,
Editora FEB.)

Trabalhadores do Senhor

III – Trabalhadores do Senhor

ESPÍRITO DE VERDADE
Paris, 1862
            5 – Chegastes no tempo em que se cumprirão as profecias referentes à transformação da Humanidade. Felizes serão os que tiverem trabalhado o campo do Senhor com desinteresse, e movidos apenas pela caridade! Suas jornadas de trabalho serão pagas ao cêntuplo do que tenham esperado. Felizes serão os que houverem dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos, e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, na sua vinda, encontre a obra acabada”, porque a esses o Senhor dirá: Vinde a mim, vós que sois os bons servidores, vós que soubestes calar os vossos melindres e as vossas discórdias, para que a obra não sofresse!” .
            Mas infelizes os que, por suas dissensões, houverem retardado a hora da colheita, porque a tempestade chegará e eles serão levados no turbilhão! Nessa hora clamarão: “Graça! Graça!” Mas o Senhor lhes dirá: “Por que pedis graça, se não tivestes piedade de vossos irmãos, se vos recusastes a lhes estender as mãos, e se esmagastes o fraco em vez de o socorrer? Por que pedis graça, se procurastes a recompensa nos prazeres da Terra e na satisfação do vosso orgulho? Já recebeste a vossa recompensa, de acordo com a vossa vontade. Nada mais tendes a pedir. As recompensas celestes são para aqueles que não houverem pedido recompensas da Terra”.
            Deus faz, neste momento, a enumeração dos seus servidores fiéis. E já marcou pelo seu dedo os que só têm a aparência do devotamento, para que não usurpem o salário dos servidores corajosos. Porque é a esses, que não recuaram diante de sua tarefa, que vai confiar os postos mais difíceis, na grande obra da regeneração pelo Espiritismo. E estas palavras se cumprirão: “Os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros no Reino dos Céus!”.
O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por Allan Kardec

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Teu Livro

TEU LIVRO
Por Emmanuel e Chico Xavier

A existência na Terra é um livro que estás escrevendo...
Cada dia é uma página...
Cada hora é uma afirmação de tua personalidade através das pessoas e das situações que te buscam.
Não menosprezes o ensejo de criar uma epopeia de amor em torno de teu nome.
As boas obras são frases de luz que endereças à humanidade inteira.
Em cada resposta aos outros, em cada gesto aos semelhantes, em cada manifestação dos teus pontos de vista e em cada demonstração de tua alma, grafas com tinta perene, a história de tua passagem.
Nas impressões que produzes, ergue-se o livro dos teus testemunhos.
A morte é a grande colecionadora que recolherá as folhas de tua biografia, gravada por ti mesmo, nas vidas que te rodeiam.
Não desprezes, assim, a companhia da indulgência, através da senda que o Senhor te deu a trilhar.
Faze uma área de amor ao redor do próprio coração, porque só amor é suficientemente forte e sábio para orientar-se escritura individual, convertendo-a em compêndio de auxílio e esperança para quantos te seguem os passos.
Vive, pois com Jesus, na intimidade do coração, não te afastes d’Ele em tuas ações de cada dia e o livro de tua vida converter-se-á num poema de felicidade e num tesouro de bênçãos.

(Mensagem de Emmanuel, extraída do livro “Vida e Caminho”,
psicografado por Chico Xavier,
Editora GEEM.)

Perante a Dor

PERANTE A DOR
Por Emmanuel e Chico Xavier

A dor é uma benção que Deus nos envia – diz-nos o verbo iluminado da Codificação Kardequiana, e ousaríamos acrescentar que é também o remédio que solicitamos no limiar da existência terrestre.
Espíritos enfermos e endividados, rogamos, antes do berço, os problemas e as provações suscetíveis de propiciar-nos a alegria da cura e a benção do resgate.
Entre votos de esperança e lágrimas de angústia, pedimos em prece o reencontro com antigos desafetos de nossa estrada, pedimos as deformidades orgânicas, as moléstias ocultas, as mutilações dolorosas, o pauperismo inquietante, os golpes da calúnia, as desilusões afetivas, a incompreensão dos mais amados e os enigmas do sofrimento junto daqueles que se erigem à posição de nossos credores na Contabilidade Divina; entretanto, em plenitude das energias físicas, quase sempre recuamos ante os cálices de amargura, exigindo conforto imediatistas e vantagens materiais, à feição de doentes enceguecidos recusando o medicamento que lhes prodigalizará a recuperação, ou à maneira de alunos preguiçosos e imprudentes fugindo sistematicamente à lição...
Lembremo-nos, pois, de que a luta é concessão celeste e de que a dificuldade é benfeitora do coração.
Aceitamo-las no caminho, não apenas com a noção de justiça que, por vezes, exageramos até a flagelação da secura, nem somente com o bordão da coragem que, em muitas ocasiões, transformamos em perigosa temeridade, mas, acima de tudo, com a humildade da paciência que tudo compreende para tudo ajudar e purificar, na jornada de nossa cruz redentora, pela qual, entre a serenidade e o amor, encontraremos por fim a imortalidade vitoriosa.

(Psicografia em reunião pública em 12 de setembro de 1958, no Centro Espírita Uberabense.)
(Mensagem de Emmanuel, extraída do livro “Através do Tempo”,
psicografado por Chico XavierEditora LAKE.)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A Fé e a Caridade

III – A Fé e a Caridade

UM ESPÍRITO PROTETOR
                                                                     Cracóvia, 1861

            13 – Eu vos disse recentemente, meus queridos filhos, que a caridade sem a fé não seria suficiente para manter entre os homens uma ordem social de fazê-los felizes. Devia ter dito que a caridade é impossível sem a fé. Podereis encontrar, é verdade, impulsos generosos entre as pessoas sem religião. Mas essa caridade austera, que só pode ser exercida pela abnegação, pelo sacrifício constante de todo o interesse egoísta, nada a não ser a fé poderá inspirá-la, porque nada além dela nos faz carregar com coragem e perseverança a cruz desta vida.
            Sim, meus filhos, é inútil querer o homem, ávido de prazeres, iludir-se quanto ao seu destino terreno, pretendendo que lhe seja permitido ocupar-se apenas da sua felicidade. Certo que Deus nos criou para sermos felizes na eternidade, mas a vida terrena deve servir unicamente para o nosso aperfeiçoamento moral, o qual se conquista mais facilmente com a ajuda do corpo e do mundo material. Sem contar as vicissitudes comuns da vida, a diversidade de vossos gostos, de vossas tendências, de vossas necessidades, são também um meio de vos aperfeiçoardes, exercitando-vos na caridade. Porque somente a custa de concessões e de sacrifícios mútuos, é que podeis manter a harmonia entre elementos tão diversos.
            Tendes razão, entretanto, ao afirmar que a felicidade está reservada ao homem neste mundo, se a procurardes antes na prática do bem do que nos prazeres materiais. A história da cristandade nos fala dos mártires que caminhavam com alegria para o suplício. Hoje, na vossa sociedade, para ser cristão já não se precisa enfrentar a fogueira do mártir, nem o sacrifício da vida, mas única e simplesmente o sacrifício do egoísmo, do orgulho e da vaidade. Triunfareis, se a caridade vos inspirar e fordes sustentados pela fé.
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Por ALLAN KARDEC

Educação pelo exemplo

É voz corrente que as crianças adoram os avós. Seja porque eles lhes fazem as vontades ou porque lhes dispensam mais tempo, considerando que, normalmente, o tem mais livre, por estarem aposentados.
Enfim, os netos adoram ficar com os avós. Por isso, em muitas famílias, existe até uma programação específica, durante o mês, para um ou outro final de semana em que os netos se instalam na casa deles.
O pequeno Gabriel, nos seus quatro anos, não era exceção. Com sua mochila, com tudo e mais um pouco do que poderia precisar, passava alguns finais de semana na casa dos avós.
Eram sempre dias um tanto tumultuados porque o pequeno parecia um furacão. Adorava jogar bola com as mãos, com os pés. E, por vezes, atingindo lustres e abajures.
Na hora de dormir, desejava ouvir histórias contadas pelo avô. Histórias do tempo em que ele era criança. Gostava de ouvir aquelas coisas que o avô fazia, na sua infância, que parecia perdida nos anos.
Algumas brincadeiras um tanto diferentes das suas: subir em árvores, jogar bolinha de gude, pescar no riacho perto de casa...
Tudo isso deliciava, especialmente, o avô, o mais falante, o que mais interagia com o pequeno.
Foi na hora do café da manhã, que tudo aconteceu. O avô ofereceu uma fruta ao neto, que a rejeitou. Também a outra não foi aceita.
Desejando que o menino se servisse de algo saudável na primeira refeição do dia, o avô apanhou uma caneca, que trazia os dizeres: Para o meu sobrinho mais querido.
Como um grande ator, ele traduziu, entusiasmado, os dizeres:
Então, vamos tomar um leite com chocolate nesta caneca espetacular, que comprei especialmente para você?
Aqui está escrito: Para o meu neto querido, Gabriel, com todo meu amor.
Naturalmente, as intenções daquele avô eram as melhores possíveis.
No entanto, o garoto se mostrou desconfiado.
Deixe eu ver, vô, pediu ele. E tomou o utensílio em suas pequenas mãos.
Como um especialista, inspecionou, devagar, todos os símbolos e sinais escritos nela e indagou:
Vô, me diga uma coisa. Onde está o G e depois o A para fazer GA, de Gabriel? Eu não estou vendo nada disso aqui. Eu sei como se escreve meu nome.
Como a situação se resolveu, não nos foi contado. Não sabemos se o avô admitiu sua aparentemente inocente mentira, e o que se desenrolou na sequência.
No entanto, é bom pensarmos quantas vezes, em nossa vontade de acertar, erramos.
Ou seja, quantas vezes, faltamos com a verdade para com os nossos pequenos? Verdade que, cedo ou tarde, eles descobrem.
Diante disso, é de nos questionarmos com que direito lhes desejamos ensinar que devem dizer a verdade, que devem ser honestos, que não devem enganar a ninguém?
Se os desejamos homens de bem, que no futuro poderão ocupar cargos na política, no empresariado, no comércio, na ciência, nas artes, no que for, primemos pela sua correta educação.
Se os exemplos falam muito mais alto do que as palavras, é bom repensarmos as nossas atitudes. Afinal de contas, todos somos educadores: pais, avós, professores, tios, primos.
Educamos para as coisas positivas ou não. Educamos com nosso exemplo, com nossa forma de ser.
Tenhamos isso em mente antes de tentarmos distrair-lhes as mentes ou lhes conquistar os corações com invenções tolas ou inverdades.
Pensemos nisso. Os pequenos têm os olhos postos em nós, a todo momento e aguardam a melhor condução para as suas vidas.
Redação do Momento Espírita, a partir
 de fato relatado por Laércio Furlan.
Em 20.1.2017.

Existência Provada

As crianças nos surpreendem, diariamente, com suas falas e suas deduções. Naturalmente, elas estão recebendo, na atualidade, maior soma de estímulos, o que as faz progredir mais rapidamente.
Desde pequenos se envolvem com computadores, jogos, aparelhos eletrônicos, sem se falar que sempre mais cedo comparecem aos bancos escolares.
Deixando de lado essas questões, entretanto, pode-se observar crianças que revelam, desde muito pequenas, disposições e sentimentos que superam a sua idade.
Lembramo-nos de uma garotinha que, passeando ao pôr do sol, com sua mãe, lhe perguntou, atenciosa:
Mãe, quem fez as nuvens?
Elas são tão lindas, parecem macias. E fazem, no céu, uns desenhos tão curiosos. Quem as fez e colocou no céu, de onde não caem?
Foi Deus, respondeu a mãe. Nosso Pai que tudo criou.
Andando mais um pouco, ela olhou para o chão, curvou-se sobre a grama e voltou à carga:
Mãe, quem fez estas flores tão pequenas mas tão coloridas?
A resposta da mãe foi a mesma.
A menina insistiu:
E as pedras? Quem criou as pedras que seguram o chão?
Foi Deus também. Foi a resposta pronta da mãe.
Então, colocando seu dedinho perto do rosto, em expressão de meditação, a pequenina contemplou o pôr do sol e exclamou:
Como Deus é bom! Ninguém, nem nada ficou esquecido.
*   *   *
Que lição da boca de uma criança! Quantos adultos andam pela vida, sem atentar para os detalhes das maravilhas que os rodeiam.
Preocupados com a conta bancária, que se encontra no vermelho, não aproveitam os momentos do crepúsculo para admirar o poente, que parece incendiar, no cair da tarde.
Envolvidos nas preocupações profissionais, esquecem de contemplar os astros, nas noites estreladas. Nem se dão conta de que Deus acendeu centenas e centenas de luzes para iluminar as noites.
Ensimesmados, dirigem o carro pelas ruas, sem perceber que o outono caprichou nas cores do arvoredo, que há folhas pelo chão, que nos galhos despidos de uma antiga árvore, uma flor insiste em explodir em perfume e beleza.
Absortos pelos trabalhos do cotidiano, esquecem de olhar para si mesmos, para o seu corpo e não se apercebem que, enquanto trabalham, sem cansaço, o coração lhes garante o bombeamento do sangue e a oxigenação das células. Que enquanto andam, o cérebro executa infinitos cálculos para lhes conferir o ritmo adequado aos passos.
Que enquanto se dirigem para o lar, pensando no jantar que os aguarda, o estômago prepara as substâncias certas para a digestão.
E tudo isso em nome de Deus, que a tudo vela e tudo providencia. Deus, que rege o Universo e governa todas as vidas.
*   *   *
O político brasileiro Carlos Lacerda, que sempre foi reconhecido como brilhante intelectual, acreditava em Deus por uma simples argumentação lógica.
Ele se dizia ignorante em eletricidade, mas sabia que a devia atribuir ao eletricista que, juntando dois fios, produz uma faísca apenas menor do que a que fulgura entre nuvens no espaço.
Ora, dizia, por que deverei acreditar que o eletricista é capaz de ligar o positivo e o negativo e fazer luz e não em Deus, que produziu o eletricista?
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais
 extraídos do cap. 2, do livro 
A presença de Deus
de Richard Simonetti, ed. São João.
Em 17.1.2017.

sábado, 21 de janeiro de 2017

Filhos de DEUS

FILHOS DE DEUS

"Na vossa paciência, possui as nossas almas". - Jesus (Lucas, 21:19)

Afinal de contas, ter paciência não será sorrir para as maldades humanas, nem coonestar suas atividades indignas sobre a face do mundo.

Concordar alguém com todos os males da senda terrestre, a pretexto de revelar essa virtude, seria um contra-senso absurdo. Ter paciência, então, será resistir aos impulsos inferiores que nos cerquem na estrada evolutiva, conduzindo todo o bem que nos seja possível aos seres e coisas que se achem diante de nos, como a representação desses mesmos Impulsos.

Jesus foi o modelo da paciência suprema e resistiu a nossa inferioridade, amando-nos. Não se nivelou com as nossas fraquezas, mas valeu-se de todas as ocasiões para nos melhorar e conduzir ao bem. Sua misericórdia tomou os nossos pecados e transformou cada um em profunda lição para a reforma de nós mesmos. Não aplaudiu as nossas misérias, nem sorriu para os nossos erros, mas compreendeu-nos as deficiências e amparou-nos. Embora tudo isso, resistiu-nos sempre, dentro de seu amor, até a cruz do martírio.

A paciência do Cristo é um livro aberto para todos os corações inclinados ao bem e a verdade.

Somente pela sincera resistência ao mal, com a disposição fiel de transforma-lo no bem, conseguireis possuir as vossas almas. Ao contrario disso, ainda que vos sintais autônomos e fortes, vós mesmos é que sereis possuídos por tendências indignas ou sentimentos inferiores.

Portanto, justo é que busqueis saber, hoje mesmo, se já possuis os vossos corações ou se estais ocupados pelas forças estranhas ao vosso titulo de filhos de Deus.
Pelo Espírito:

Emmanuel

Do livro: Segue-me, Médium: Francisco Cândido Xavier.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Amigos são bençãos

Amigos são anjos enviados por Deus para que não nos sintamos sozinhos aqui na terra.

Quando temos um amigo, temos tudo em dobro: coração, braços, pernas, ombros e olhos. Porque um amigo é alguém que sempre pensa na gente, que se preocupa, nos ouve, nos conforta... que sente saudade quando estamos distantes, mas que também sabe respeitar nossa necessidade de estar sozinhos em alguns momentos.

A amizade é a irmã gêmea do amor; é o amor na sua forma pura e desinteressada, é amor partilhado e compartilhado, dividido, dado, sem que nada seja esperado em troca.

Um amigo sabe sofrer as nossas dores, não como se fossem as suas, mas consciente de que são nossas e de que precisamos mesmo é do seu apoio.
Um amigo é uma estrela que brilha quando nosso céu está cinza, é um pequeno raio de sol que invade nossa janela nas manhãs de inverno, é o ar fresco que nos faz respirar quando sentimos que o mundo nos sufoca.

Virtual ou real, um amigo é uma alma sempre presente nas nossas vidas.
Virtuais ou reais, amigos são anjos enchendo nossos dias das bênçãos de Deus.

Autora: Letícia Thompson

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Vê como vives

Vê como vives

“E chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas e disse-lhes: negociai até que eu venha.” - Jesus. (Lucas, 19:13.)

Com a precisa madureza do raciocínio, compreenderá o homem que toda a sua existência é um grande conjunto de negócios espirituais e que a vida, em si, não passa de ato religioso permanente, com vistas aos deveres divinos que nos prendem a Deus.
Por enquanto, o mundo apenas exige testemunhos de fé das pessoas indicadas por detentoras de mandato essencialmente religioso.
Os católicos romanos rodeiam de exigências os sacerdotes, desvirtuando-lhes o apostolado. Os protestantes, na maioria, atribuem aos ministros evangélicos as obrigações mais 
completas do culto. Os espiritistas reclamam de doutrinadores e médiuns as supremas demonstrações de caridade e pureza, como se a luz e a verdade da Nova Revelação pudessem constituir exclusivo patrimônio de alguns cérebros falíveis.
Urge considerar, porém, que o testemunho cristão, no campo transitório da luta humana, é dever de todos os homens, indistintamente.
Cada criatura foi chamada pela Providência a determinado setor de trabalhos espirituais na Terra.
O comerciante está em negócios de suprimento e de fraternidade.
O administrador permanece em negócios de orientação, distribuição e responsabilidade.
O servidor foi trazido a negócios de obediência e edificação.
As mães e os pais terrestres foram convocados a negócios de renúncia, exemplificação e devotamento.
O carpinteiro está fabricando colunas para o templo vivo do lar.
O cientista vive fornecendo equações de progresso que melhorem o bem-estar do mundo.
O cozinheiro trabalha para alimentar o operário e o sábio.
Todos os homens vivem na Obra de Deus, valendo-se dela para alcançarem, um dia, a grandeza divina. Usufrutuários de patrimônios que pertencem ao Pai, encontram-se no campo das oportunidades presentes, negociando com os valores do Senhor.
Em razão desta verdade, meu amigo, vê o que fazes e não te esqueças de subordinar teus desejos a Deus, nos negócios que por algum tempo te forem confiados no mundo.

Mensagem extraída do livro - Vinha de Luz
Francisco Cândido Xavier - pelo espírito Emmanuel

Previsões que deram errado

Como lidamos com os obstáculos que o mundo apresenta em nossa caminhada?
Como recebemos as oposições das pessoas, em relação a nossas habilidades, ao nosso potencial?
Do que realmente somos capazes?
Alguns casos célebres de previsões e julgamentos do mundo que deram errado, talvez possam iluminar estas reflexões e inspirar nossa jornada:
Após o primeiro teste cinematográfico de Fred Astaire, o memorando do diretor de testes da MGM, datado de 1933, dizia assim:
Não sabe representar! Ligeiramente calvo! Dança um pouco.
Astaire conservou este memorando pendurado sobre a lareira, em sua casa em Beverly Hills.
Beethoven segurava o violino desajeitadamente, e preferia tocar suas próprias composições, ao invés de aperfeiçoar sua técnica.
Seu professor julgava-o um compositor sem futuro.
Os pais do famoso cantor de ópera Enrico Caruso queriam que ele fosse engenheiro.
Seu professor lhe disse que ele não tinha voz e que não poderia cantar.
Um dos professores de Albert Einstein o descreveu como: Mentalmente lento, insociável e eternamente mergulhado em seus sonhos imbecis.
Louis Pasteur foi apenas um aluno mediano nos estudos do ensino fundamental. Ficou em décimo quinto lugar entre os vinte e dois alunos de química.
Dezoito editores recusaram a história de dez mil palavras de Richard Bach sobre a gaivota sublime. Finalmente, em 1970, uma editora resolveu publicá-la.
Em 1975, havia mais de sete milhões de exemplares vendidos, apenas nos Estados Unidos.
*   *   *
Todos esses expoentes mostraram ao mundo que seu julgamento estava errado.
Mostraram que somos nós apenas, na intimidade de nossa força de vontade, de nosso brilhantismo secreto, os únicos aptos para saber do que realmente somos capazes.
Os julgamentos do mundo, das pessoas, são completamente insuficientes para avaliar o que somos verdadeiramente.
Avaliam situações momentâneas, cenas estanques, experiências isoladas, mas nunca aquilatam a potencialidade da alma.
Assim, todos esses gênios e tantos outros anônimos na Terra, de tempos em tempos surpreendem o mundo com seu esplendor.
Ninguém melhor do que eles conheceram a palavra obstáculo.
Mas, certamente, não encararam as adversidades, as barreiras, como a maioria de nós ainda as enfrenta.
Onde ainda vemos impedimentooposição, eles veem superação, veem oportunidade.
Oxalá se faça próximo o dia em que possamos olhar para trás, em nossas vidas, após uma grande conquista, e dizer: O mundo estava errado. Eu fui capaz.
Celebremos a autossuperação sempre que possível.
Instauremos este hábito em nossos filhos desde pequenos, mostrando-lhes que as derrotas fazem parte do caminho, e que, ao invés de nos puxar para trás, quando bem compreendidas, nos impulsionam para frente.
E quando das vitórias, ao invés de erroneamente inflar-lhes o orgulho, fazendo comparações tolas com os outros, lembremos de lhes mostrar que estão melhores do que eram, e que isso é o mais importante.
Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 7, ed. FEP.
Em 16.1.2017

sábado, 14 de janeiro de 2017

A Conduta Correta

Em alguns ambientes e setores da sociedade, há uma extrema preocupação com resultados.
Por exemplo, no meio empresarial o foco costuma ser o lucro.
Nas escolas, a obtenção de boas notas.
Em concursos, lograr aprovação.
Não há nada de errado em buscar eficácia no que se faz.
O problema em supervalorizar os resultados é concluir que os fins justificam os meios.
Ou levar esse paradigma para todos os aspectos da existência.
É ótimo quando bons resultados surgem. Mas, em variadas situações, eles não são o aspecto primordial.
Em questões morais, não dá para agir a fim de obter a consequência mais favorável.
Muitas vezes, apesar de um proveito mínimo ou inexistente, é preciso perseverar.
A respeito, convém refletir sobre a passagem evangélica conhecida como O óbolo da viúva.
Nela, Jesus afirma que duas moedas doadas por uma pobre viúva representavam mais do que os tesouros ofertados por outros mais abastados.
Em uma visão objetiva e mundana, as amplas ofertas dos ricos certamente tinham maior valor.
Mais coisas poderiam ser compradas com elas do que com os centavos saídos das mãos da viúva.
Ocorre que para essa a doação exigiu sacrifício, pois ofereceu o que lhe faria falta.
Extrai-se daí a lição de que a correção da conduta vale por si só.
Pouco importa que os resultados sejam insignificantes, pelos padrões do mundo.
Este ensinamento é muito precioso.
Em questões capitais da vida humana, não dá para agir com base no interesse em atingir determinado fim.
Quem age exclusivamente por interesse, ainda que esse seja bom, é moralmente frágil.
Se a conduta é difícil ou se o resultado demora, esmorece.
Pode ficar tentado a alterar seu comportamento para melhorar a situação.
Já quem se ocupa primordialmente do dever e nele encontra justificativa logra seguir firme.
A dignidade vem do comportamento correto.
Quem consegue manter dignidade em face de situações muito adversas revela grande valor moral.
Sinaliza estar disposto a acumular prejuízos os mais variados, para viver o que julga ser certo.
Imagine-se uma mãe cujo filho seja desequilibrado.
Se ela não entender que seu dever reside em fazer o melhor, pode se sentir uma perdedora e desanimar.
Ela não tem condições de alterar o caráter do filho à força.
Pode educar, exemplificar e confiar na vida.
Mas o filho se modificará em seu ritmo próprio.
Não é o resultado que confere o mérito, mas a dificuldade em manter a reta conduta.
O resultado depende das injunções do mundo e da vontade alheia, sobre as quais não se tem domínio.
Já o controle sobre o próprio comportamento é total.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 10, ed. FEP.
Em 12.1.2017

O Dever

O DEVER

O dever define a submissão que nos cabe a certos princípios estabelecidos como leis pela Sabedoria Divina, para o desenvolvimento de nossas faculdades.

Para viver em segurança, ninguém desprezará a disciplina.

Obedecem as partículas elementares no mundo atômico, obedece a constelação na glória da Imensidade.

O homem viajará pelo firmamento, a longas distâncias do lar em que se lhe vincula o corpo físico; no entanto, não logrará fazê-lo sem obediência aos princípios que vigem para os movimentos da máquina que o transporta.

Dessa forma, pode-se simbolizar o dever como sendo a faixa de ação no bem que o Supremo Senhor nos traça à responsabilidade, para a sustentação da ordem e da evolução em Sua Obra Divina, no encalço de nosso próprio aperfeiçoamento.

Cada consciência bafejada pelo sol da razão será interpretada, assim, à conta de raio na esfera da vida, evolvendo da superfície para o centro, competindo-lhe a obrigação de respeitar e promover, facilitar e nutrir o bem comum, atitude espontânea que lhe valerá o auxilio natural de todos os que lhe recolhem a simpatia e a cooperação. Com semelhante atitude, cada espírito plasma os reflexos de si mesmo, por onde passa, abrindo-se aos reflexos das mentes mais elevadas que o impulsionam à contemplação de mais vastos horizontes do progresso e à adequada assimilação de mais altos valores da vida.

Desse modo, pela execução do dever — região moral de serviço em que somos constantemente alertados pela consciência —, exteriorizamos a nossa melhor parte, recolhendo a melhor parte dos outros.

Acontece, porém, que muitas vezes criamos perturbações na linha das atividades que o Senhor nos confia, e não apenas desconjuntamos a peça de nossa existência, como também colocamos em desordem muitas existências alheias, desajustando outras muitas peças na máquina do destino.

Surge então para nós o inexorável constrangimento à luta maior, que podemos nomear como sendo o dever-regeneração, pelo qual somos compelidos a produzir reflexos inteiramente renovadores de nossa individualidade, à frente daqueles que se fizeram credores das nossas quotas de sacrifício.

É dessa maneira que recebemos, por imposição das circunstâncias, a esposa incompreensiva, o esposo atrabiliário, o filho doente, o chefe agressivo, o subalterno infeliz, a moléstia pertinaz ou a tarefa compulsória a beneficio dos outros, como gleba espiritual para esforço intensivo na recuperação de nós mesmos.

E por esse motivo que de nada vale desertar do campo de duras obrigações em que nos vejamos sitiados, por força dos acontecimentos naturais do caminho, de vez que na intimidade da consciência, ainda mesmo que a apreciação alheia nos liberte desse ou daquele imposto de devotamento e renúncia, ordena a razão estejamos de sentinela na obra de paciência e de tolerância, de humildade e de amor, que fomos chamados intimamente a atender; sem isso, não obstante a aparência legal de nosso afastamento da luta, somos invencivelmente onerados por ocultas sensações de desgosto ante as nossas próprias fraquezas, que, começando por ligeiras irritações e pequeninos desalentos, acabam matriculando-nos o espírito nos institutos da enfermidade ou na vala da frustração.
Pelo Espírito:

Emmanuel

Do livro: Pensamento e Vida, Médium: Francisco Cândido Xavier

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...