terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Jesus

Você já parou para pensar, algum dia, como era o homem Jesus?
Se nos inspirarmos nos Evangelhos podemos esboçar Sua aparência física e espiritual.
Verdadeiramente, Sua aparência física não está descrita nos Evangelhos, mas Ele sempre se mostra simpático e atraente. Causava profunda impressão na multidão, quando se apresentava em público.
Tinha um corpo sadio, resistente ao calor e ao frio, à fome e à sede, aos cansaços das longas jornadas a pé, pelas trilhas das montanhas da Palestina.
Também ao cansaço por Sua atividade ininterrupta junto ao povo, que não lhe deixava tempo nem para se alimentar.
Embora nascido em uma estrebaria, oculto aos olhos dos grandes do mundo, teve Seu nascimento anunciado aos pequenos, que traziam os corações preparados para O receber.
A orquestra dos céus se fez presente e a ópera dos mensageiros celestiais O anunciou a quem tivesse ouvidos de ouvir.
Antes de iniciar o Seu messianato, preparou-lhe os caminhos um homem rude, vestido com uma pele de animal e que a muitos, com certeza, deve ter parecido esquisito ou perturbado.
Principalmente porque, num momento em que o povo aguardava um libertador que fosse maior que o próprio Moisés, ele falava de Alguém que iria ungir as almas com fogo.
Enquanto todos aguardavam um guerreiro, que surgisse com Seu exército numeroso para subjugar o dominador romano, João, o Batista, lhes falava do Cordeiro de Deus. E cordeiro sempre foi símbolo de mansuetude, de delicadeza.
Quando Ele se fez presente, às margens do Jordão, a sensibilidade psíquica de João O percebeu e O apresentou ao mundo.
Este Ser tão especial tomou de um grão de mostarda e o fez símbolo da fé que move montanhas. Utilizou-se da água pura, jorrada das fontes cristalinas, para falar da água que sacia a sede para todo o sempre.
Tomou do pão e o multiplicou, simbolizando a doação da fraternidade que atende o irmão onde esteja e com ele reparte do pouco que tem.
Falou de tesouros ocultos e de moedas perdidas. Recordou das profissões menos lembradas e as utilizou como exemplo, ele mesmo denominando-se o Bom Pastor, que conhece as Suas ovelhas.
Ninguém jamais O superou na poesia, na profundidade do ensino, na doce entonação da voz, cantando o poema das bem-aventuranças, no palco sublime da natureza.
Simples, mostrava Sua sabedoria em cada detalhe, exemplificando que os grandes não necessitam de ninguém que os adjetive, senão sua própria condição.
Conviveu com os pobres, com os deserdados, com os considerados párias da sociedade, tanto quanto visitou e privou da amizade de senhores amoedados e de poder.
Jesus, ontem, hoje e sempre prossegue exemplo para o ser humano que caminha no rumo da perfeição.
Você sabia?
Você sabia que, embora visando sempre as coisas do Espírito, Jesus jamais descurou das coisas pequenas e mínimas da Terra?
É assim que Seu coração se alegra pelas flores do campo, as quais toma para exemplo em Sua fala, da mesma forma que as pequeninas aves do céu.
Você sabia que o Seu amor se dirigia sobretudo aos pobres, aos humildes, aos oprimidos, aos desprezados e aos párias?
E, justamente por conhecer a fraqueza e a malícia dos homens, sempre perdoa, enquanto Ele mesmo alimenta a Sua vida pelo cumprimento da vontade e do agrado de Deus, o Pai.

Redação do Momento Espírita, com informações
colhidas no verbete
Jesus, do Dicionário enciclopédico
da Bíblia, de A. Van Den Born, ed. Vozes.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 21, ed. FEP.
Em 22.12.2017.

E Será Natal para Sempre

Toda realização grandiosa começou com uma ideia, um sonho e uma vontade.
Tudo começa no pensamento para depois ganhar vida no mundo das possibilidades.
Pensar bem, pensar grande, é construir antes da construção, é acreditar no que pode vir a ser, é mover o mundo para que o melhor se realize.
Carlos Drummond de Andrade construiu seu futuro, acreditando na melhoria dos homens, dizendo:
Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de dez meses. Imperfeitamente embora, o resto é Natal.
É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: dez meses de Natal e dois meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas.
Será bom. Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente.
Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade.
Os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura, nem de suicídio.
O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso.
A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som.
Para que livros? Perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a Terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.
A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram. Equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.
Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semiarmadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.
O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo.
Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.
Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas.
Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.
A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.
O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas.
E será Natal para sempre.
Redação do Momento Espírita, com base
em texto do livro
Cadeira de balanço, de
Carlos Drummond de Andrade.
Em 25.12.2017.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Reflexão de Natal

Neste Natal, por algum momento, pacifica a tua alma para receber as vibrações de amor que te falam de um tempo excepcionalmente afortunado à Humanidade.
Distante de formalidades e comemorações exteriores, medita no significado real desta data e começa a trabalhar na renovação da forma que te é própria de saudar o Natal.

Esquece, por momentos, acepipes e licores, vestes e presentes, sons e ornamentos, e interiorizando-te, deixa que uma luz maior te banhe o entendimento te levando para um lugar à parte, distante de todas frivolidades, para falar de alegrias que realmente importam ao teu progresso espiritual.

Como te encontras, desde o último Natal?
Olhando em torno sentirás tristeza, por certo, porque o mundo prossegue envolto em sombras, malgrado todas as esperanças de um tempo mais íntegro, melhor.
Isso porque não bastam súplicas e desejos; necessário é trabalhar na edificação da paz almejada.
Renova, por esta razão, teu modo de apresentar-se à grande festa da Luz.
Envolve-te ricamente, porém nas vestes do amor e do bem; alimenta-te fartamente, mas de bom ânimo e coragem; bebe em abundância apenas do licor da alegria e da esperança; presenteia sem erro paz e harmonia ao teu próximo e roga para ti os mimos imorredouros do aperfeiçoamento, como lembrança preciosa e definitiva.

Paciência - para as dificuldades.
Tolerância - para as diferenças.
Benevolência - para os equívocos.
Misericórdia - para os erros.
Perdão - para as ofensas.
Prudência - para as ilusões.
Equilíbrio - para os desejos.
Sensatez - para as escolhas.
Sensibilidade - para os olhos.
Delicadeza - para as palavras.
Discernimento - para os ouvidos.
Resignação - para a escassez.
Responsabilidade - para a fartura.
Coragem - para as provas.
Fé - para as conquistas.
Amor - para todas as ocasiões.

Somente assim viveremos de Natal a Natal conforme a orientação cristã do Espiritismo, que nos recomenda raciocinar para compreender, amar para engrandecer e trabalhar para realizar".

(Mensagem ditada por André Luiz em reunião do Instituto André Luiz, em 22/12/2002)

domingo, 17 de dezembro de 2017

Ilusões

Como se demoram no invólucro carnal, em que a ilusão dos sentidos predomina, têm dificuldade de agir com inteireza e crer integralmente, em regime de tranquilidade.
Graças às equívocas atitudes que no consenso social lhes permitem triunfos enganosos, transferem tal comportamento, quase sempre para a fé que esposam, acreditando-se resguardados nos sentimentos íntimos.
Porque produziram com acerto nas tarefas encetadas onde se encontram assumindo posições controversas, ora de leviandade, ora de siso, supõem poder prosseguir com o mesmo procedimento quando se adentram nas tarefas espíritas, que os fascinam de pronto. E porque se acostumaram à informação de que os Espíritos são invisíveis ou pertencem ao Imaginoso reino do sobrenatural, tratam-nos como se assim fosse, olvidados de que conquanto invisíveis para alguns homens, estão sempre presentes ao lado de todos, ou apesar de tidos por gênios e encantados pertencem à Criação do Nosso Pai, em incessante marcha evolutiva.
Constituindo o Mundo Espiritual, já estiveram na Terra; são as almas dos homens ora vivendo a existência verdadeira.
Veem, ouvem, sentem, compreendem e somente têm as diversas faculdades obnubiladas ou entorpecidas quando narcotizados pelas reminiscências do corpo somático, demorando-se em perturbação.
*
Estuda com sinceridade as lições espíritas para libertar-te da ignorância espiritual. Elas te facultarão largo tirocínio e invejável campo de liberdade interior, promovendo meios de ação superior que produz paz e harmonia pessoal. Dir-te-ão o que fazer, como realizar e porque produzir com eficiência.
Cada Espírito é o que aprendeu, o que realizou, quanto conquistou. Não poderá oferecer recursos que não possui nem liberar-te das dores e provas que a si mesmo não se pode furtar.
Se algum te inspirar ociosidade ou apoiar-te em ilício, não te equivoques: é um ser enganado que prossegue enganando. Para poupar-te o desaire mediante a constatação dolorosa neste capítulo, não transfiras para os Espíritos as tuas tarefas, não os sobrecarregues com as tuas lides. Nem exijas, — pois é sandice, — nem te subordines, — pois representa fascinação. Mantém-te em respeitável conduta, em ação enobrecida e eles, os Espíritos bons e simpáticos ao teu esforço, virão em teu auxílio, envolvendo-te em inspiração segura e amparo eficaz.
Rompe com a ilusão e não acredites que te sejam subalternos aos caprichos os Desencarnados, exceto os que são mais infelizes e ignorantes do que tu mesmo.
Evolve e conquista para ser livre.
*
Jesus, antes de assomar ao lado das aflições de qualquer porte, junto a encarnados ou desencarnados, cultivou a prece e a meditação. E ao fazê-lo sempre se revestiu de respeito e piedade. No Tabor ou em Gadara a Sua nobreza se destacava na paisagem emocional dos diálogos inesquecíveis que foram mantidos.
Acende, também, a luz legítima da verdade no coração e, em contato com os Espíritos ou os homens, sê leal sem afetação, franco sem rudeza e nobre sem veleidades. Os Desencarnados te conhecem e os homens te conhecerão hoje ou mais tarde, não valendo, pois, o esforço de iludir-se ou iludi-los.
*
"Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçosa a estrada que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela.) (Mateus: capítulo 7º, versículo 13.)
"Pelo simples fato de duvidar da vida futura, o homem dirige todos os seus pensamentos para a vida terrestre. Sem nenhuma certeza quanto ao porvir, dá tudo ao presente. Nenhum bem divisando mais precioso do que os da Terra, torna-se qual a criança que nada mais vê além de seus brinquedos". (Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo 2º — Item 5, parágrafo 2.)

FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 5.

Mundo de Expiações e de Provas

Que vos direi dos mundos de expiações que já não saibais, pois basta observeis o em que habitais? A superioridade da inteligência, em grande número dos seus habitantes, indica que a Terra não é um mundo primitivo, destinado à encarnação dos Espíritos que acabaram de sair das mãos do Criador. As qualidades inatas que eles trazem consigo constituem a prova de que já viveram e realizaram certo progresso. Mas, também, os numerosos vícios a que se mostram propensos constituem o índice de grande imperfeição moral. Por isso os colocou [)eus num mundo ingrato, para expiarem aí suas faltas, mediante penoso trabalho e misérias da vida, até que hajam merecido ascender a um planeta mais ditoso.
Entretanto, nem todos os Espíritos que encarnam na Terra vão para aí em expiação. As raças a que chamais selvagens são formadas de Espíritos que apenas saíram da infância e que na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educação, para se desenvolverem pelo contato com Espíritos mais adiantados. Vêm depois as raças semicivilizadas, constituídas desses mesmos os Espíritos em via de progresso. São elas, de certo modo, raças indígenas da Terra, que aí se elevaram pouco a pouco em longos períodos seculares, algumas das quais hão podido chegar ao aperfeiçoamento intelectual dos povos mais esclarecidos.
Os Espíritos em expiação, se nos podemos exprimir dessa forma, são exóticos, na Terra; já tiveram noutros mundos, donde foram excluídos em consequência da sua obstinação no mal e por se haverem constituído, em tais mundos, causa de perturbação para os bons. Tiveram de ser degradados, por algum tempo, para o meio de Espíritos mais atrasados, com a missão de fazer que estes últimos avançassem, pois que levam consigo inteligências desenvolvidas e o gérmen dos conhecimentos que adquiriram. Daí vem que os Espíritos em punição se encontram no seio das raças mais inteligentes. Por isso mesmo, para essas raças é que de mais amargor se revestem OS infortúnios da vida. E que há nelas mais sensibilidade, sendo, portanto, mais provadas pelas contrariedades e desgostos do que as raças primitivas, cujo senso moral se acha mais embotado.
A Terra, conseguintemente, oferece um dos tipos de mundos expiatórios, cuja variedade é infinita, mas revelando todos, como caráter comum, o servirem de lugar de exílio para Espíritos rebeldes à lei de Deus. Esses Espíritos tem aí de lutar, ao mesmo tempo, com a perversidade dos homens e com a inclemência da Natureza, duplo e árduo trabalho que simultaneamente desenvolve as qualidades do coração e as da inteligência. E assim que Deus, em sua bondade, faz que o próprio castigo redunde em proveito do progresso do Espírito. - Santo Agostinho. Paris, 1862.)

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 3. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

O Brilho do Natal

Brilha, de novo, o Natal de Jesus no mundo!
A manjedoura, a estrela, os pastores felizes.
Chega o Mestre trazendo novas diretrizes,
Enaltecendo o bem, o trabalho e o amor,
Ensina, cura e canta o subido valor
Do sal que à Terra empresta sabor profundo.
Brilha um novo Natal com seus novos matizes,
E a busca de Jesus pelo agasalho humano
Incansável prossegue, ainda que seja um pano
Como a mais sincera oferta dos corações.
Busca alcançar as almas, famílias, nações,
Onde a ventura possa, então, deitar raízes.
Brilha agora o Natal com pujante vigor,
Esparzindo esperanças na vida da gente,
Quando claudica a fé e a dor é renitente.
Convoca-nos, Jesus, à coragem sem jaça,
A mostrar que na Terra toda angústia passa
Para quem forja a fé nos empenhos do amor.
É que, esplêndido, o Natal brilha ano após ano,
Como sempre inspirando-nos benevolência,
Ao mesmo tempo a lhaneza e a doce paciência,
Para que junto ao lar ou no trabalho diário,
Noss'alma seja qual precioso relicário
Das blandícias do Céu em prol do ser humano.
Brilha o Natal, cada vez mais aconchegante,
A nos propor novos caminhos de prudência
Ante as mais graves decisões e, sem violência,
Tudo possamos resolver na luz do bem,
Seguindo assim, sem guardar mágoa de ninguém,
Bem junto à vibração de Jesus abençoante.
Brilha o Natal no imo da mais tosca choupana,
Como brilha no paço mais rico do mundo,
Para ensinar-nos, em verdade, que, no fundo,
Tem pouca importância a riqueza exterior,
Quando seguimos vinculados ao Senhor,
Cuja aura sublime todo o planeta irmana.
Ave, Senhor, ante o Teu berço recordado!
Ante Tua saga proclamada como um marco,
Diante do poderio humano, ingênuo e parco,
Que não resiste do tempo à força e à voragem.
Que o Teu augusto coração dê-nos coragem
De viver Teu Natal de íntimo renovado.
Brilha, de novo, o Natal de Jesus no mundo!
A manjedoura, a estrela e novas esperanças
De que aqui se implemente as sonhadas mudanças.
A Terra roga a Deus equilíbrio, equidade,
Para viver sob a luz do amor e da verdade,
Cada dia, com Cristo, o Natal mais fecundo.


Raul Teixeira. Pelo Espírito Ivan de Albuquerque. Mensagem psicografada pelo médium Raul Teixeira, em 22.9.2004, na Sociedade Espírita Fraternidade, Niterói-RJ. (fonte: www.feparana.com.br).

Ante o Natal

"625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?" "Jesus". O LIVRO DOS ESPÍRITOS

Considerando a alta significação do Natal em tua vida, podes ouvir e atender os apelos dos pequeninos esquecidos no grabato da orfandade ou relegados às palhas da miséria, em memória de Jesus quando menino; consegues compreender as dificuldades dos que caminham pela via da amargura, experimentando opróbrio e humilhação e dás-lhes a mão em gesto de solidariedade humana, recordando Jesus nos constantes testemunhos; abres os braços em socorro aos enfermos, estendendo-lhes o medicamento salutar ou o penso balsamizante, desejando diminuir a intensidade da dor, evocando Jesus entre os doentes que O buscavam, infelizes; ofereces entendimento aos que malograram moralmente e se escondem nos recantos do desprezo social, procurando-os para os levantar, reverenciando Jesus que jamais se furtou à misericórdia para os que os foram colhidos nas malhas da criminalidade, muitas vezes sob o jugo de obsessões cruéis; preparas a mesa, decoras o lar, inundas a família de alegrias e cercas os amigos de mimos e carinho pensando em Jesus, o Excelente Amigo de todos...
Tudo isto é Natal sem dúvida, como mensagem festiva que derrama bênçãos de consolo e amparo, espalhando na Terra as promessas de um Mundo Melhor, nos padrões estabelecidos por Jesus através das linhas mestras do amor.
Há, todavia, muitos outros corações junto aos quais deverias celebrar o Natal, firmando novos propósitos em homenagem a Jesus.
Companheiros que te dilaceraram a honra e se afastaram; amigos que se voltaram contra a tua afeição e se fizeram adversários; conhecidos caprichosos que exigiram alto tributo de amizade e avinagraram tuas alegrias; irmãos na fé que mudaram o conceito a teu respeito e atiraram espinhos por onde segues; colaboradores do teu ideal, que sem motivo se levantaram contra teu devotamento, criando dissensão e rebeldia ao teu lado; inimigos de ontem que se demoram inimigos hoje; difamadores que sempre constituíram dura provação. Todos eles são oportunidade para a celebração do Natal pelo teu sentimento cristão e espírita.
Esquece os males que te fizeram e pede-lhes te perdoem as dificuldades que certamente também lhes impuseste.
Dirige-lhes um cartão colorido para esmaecer o negrume da aversão que os manteve em silêncio e à distância nos quais, talvez, inconscientemente te comprazes.
Provavelmente alguns até gostariam de reatar liames... Dá-lhes esta oportunidade por amor a Jesus, que a todo instante, embora conhecendo os inimigos os amou sem cansaço, oferecendo-lhes ensejos de recuperação.
O Natal é dádiva do Céu à Terra como ocasião de refazer e recomeçar.
Detém-te a contemplar as criaturas que passam apressadas. Se tiveres olhos de ver percebê-las-ás tristes, sucumbidas, como se carregassem pesados fardos, apesar de exibirem tecidos custosos e aparência cuidada. Explodem facilmente, transfigurando a face e deixando-se consumir pela cólera que as vence implacavelmente.
Todas desejam compreensão e amor, entendimento e perdão, sem coragem de ser quem compreenda ou ame, entenda ou perdoe.
Espalha uma nova claridade neste Natal, na senda por onde avanças na busca da Vida.
Engrandece-te nas pequenas doações, crescendo nos deveres que poucos se propõem executar. Desde que já podes dar os valores amoedados e as contribuições do entendimento moral, distribui, também, as jóias sublimes do perdão aos que te fizeram ou fazem sofrer.
Sentirás que Jesus, escolhendo um humílimo refúgio para viver entre os homens semeando alegrias incomparáveis, nasce, agora, no teu coração como a informar-te que todo dia é natal para quem o ama e deseja transformar-se em carta-viva para anunciá-lo às criaturas desatentas e sofredoras do mundo.
Somente assim ouvirás no imo d’alma e entenderás a saudação inesquecível dos anjos, na noite excelsa:
"Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade, para com os homens" - vivendo um perene natal de bênçãos por amor a Jesus.


FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito e Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 60.

A Morte Incompreendida


O escritor inglês Somerset Maugham escrevendo, à oriental, narra uma história muito peculiar, que tentarei sintetizar.
Vivia numa casa de campo em Bagdá, um homem rico, possuidor de um hábito especial. Diariamente, usava uma era perfumada que mandava comprar no mercado. Um servo jovem era incumbido da tarefa, havendo lhe sucedido um dia, ter um encontro com a morte, em plena praça. Ante a surpresa de ambos, a mesma introduziu a mão na capa negra e retirou uma pequena caderneta.
Aproveitando-se da ocorrência, o moço disparou numa correria à herdade e disse ao amo que a havia encontrado e tinha certeza que ela viera arrebatar-lhe a vida.
Como existia uma propalada informação de que a morte, não encontrando a sua vítima, concedia-lhe mais dez anos de vida, ele solicitava o auxílio do senhor.
Comovido, o amo ofereceu-lhe o melhor cavalo, a fim de que ele fugisse da cidade para Samarra.
Ao cair da tarde daquele mesmo dia, o patrão foi realizar a compra, quando encontrou a terrível megera. Enfrentou-a e perguntou-lhe por que, pela segunda vez, o perturbava. Ignorando de que se tratava, a detestável pareceu surpresa e, ao tomar conhecimento, explicou-lhe que também ela estava assustada, porque tinha, sim, um encontro com aquele jovem, mas não pela manhã, e sim, à tarde, quando seguiria a Samarra.
O escritor reporta-se à inevitabilidade do fenômeno da morte.
Quando se está preparado, aguardando-a, ela não vem, mas, ao contrário, quando menos se espera, ei-la presente.
Num lar ditoso, é capaz de abandonar o idoso enfermo e optar por consumir o jovem ou a criança sonhadora, deixando sombras e dores indefiníveis.
A morte orgânica é uma fatalidade imprevisível.
Tudo que nasce, morre.
Indispensável que todos pensemos, com certa frequência, na consumpção orgânica através da morte do corpo e interroguemos o que lhe sucederá.
Filósofos, poetas, escritores, artistas, sábios de todos os tempos têm-se voltado para o estudo desse fenômeno, e a maioria concluiu que a vida não se acaba quando o corpo se extingue.
A experiência carnal é bênção que permite ao ser humano desdobrar a Presença Divina que nele reina e alcançar a plenitude através das sucessivas reencarnações.
Em cada etapa, o indivíduo escreve o futuro, construindo a alegria de uma existência saudável ou o sofrimento, com o caráter redentor dos lamentáveis comportamentos a que se haja entregado no passado.
É indispensável, pois, que todos pensemos naquilo que acontecerá ao Espírito que somos, após a libertação carnal.
Sócrates, quando condenado, no instante da desencarnação asseverou que iria comprovar o que ensinara, tal a certeza da sobrevivência que o animava a sofismar e acreditar na Imortalidade.
Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde,
coluna Opinião, em 15.6.2017.
Em 21.6.2017.

 

Anencefalia


Nada no Universo ocorre como fenômeno caótico, resultado de alguma desordem que nele predomine. O que parece casual, destrutivo, é sempre efeito de uma programação transcendente, que objetiva a ordem, a harmonia.
De igual maneira, nos destinos humanos sempre vige a Lei de Causa e Efeito, como responsável legítima por todas as ocorrências, por mais diversificadas se apresentem.
O Espírito progride através das experiências que lhe facultam desenvolver o conhecimento intelectual enquanto lapida as impurezas morais primitivas, transformando-as em emoções relevantes e libertadoras.
Agindo sob o impacto das tendências que nele jazem, fruto que são de vivências anteriores, elabora, inconscientemente, o programa a que se deve submeter na sucessão do tempo futuro.
Harmonia emocional, equilíbrio mental, saúde orgânica ou o seu inverso, em forma de transtornos de vária denominação, fazem-se ocorrência natural dessa elaborada e transata proposta evolutiva.
Todos experimentam, inevitavelmente, as consequências dos seus pensamentos, que são responsáveis pelas suas manifestações verbais e realizações exteriores.
Sentindo, intimamente, a presença de Deus, a convivência social e as imposições educacionais, criam condicionamentos que, infelizmente, em incontáveis indivíduos dão lugar às dúvidas atrozes em torno da sua origem espiritual, da sua imortalidade.
Mesmo quando se vincula a alguma doutrina religiosa, com as exceções compreensíveis, o comportamento moral permanece materialista, utilitarista, atado às paixões defluentes do egotismo.
Não fosse assim, e decerto, muitos benefícios adviriam da convicção espiritual, que sempre define as condutas saudáveis, por constituírem motivos de elevação, defluentes do dever e da razão.
Na falta desse equilíbrio, adota-se atitude de rebeldia, quando não se encontra satisfeito com a sucessão dos acontecimentos tidos como frustrantes, perturbadores, infelizes...
Desequipado de conteúdos superiores que proporcionam a autoconfiança, o otimismo, a esperança, essa revolta, estimulada pelo primarismo que ainda jaz no ser, trabalhando em favor do egoísmo, sempre transfere a responsabilidade dos sofrimentos, dos insucessos momentâneos aos outros, às circunstâncias ditas aziagas, que consideram injustas e, dominados pelo desespero fogem através de mecanismos derrotistas e infelizes que mais o degrada, entre os quais o nefando suicídio.
Na imensa gama de instrumentos utilizados para o autocídio, o que é praticado por armas de fogo ou mediante quedas espetaculares de edifícios, de abismos, desarticula o cérebro físico e praticamente o aniquila...
Não ficariam aí, porém, os danos perpetrados, alcançando os delicados tecidos do corpo perispiritual, que se encarregará de compor os futuros aparelhos materiais para o prosseguimento da jornada de evolução.
*   *   *
É inevitável o renascimento daquele que assim buscou a extinção da vida, portando degenerescências físicas e mentais, particularmente a anencefalia.
Muitos desses assim considerados, no entanto, não são totalmente destituídos do órgão cerebral.
Há, desse modo, anencéfalos e anencéfalos.
Expressivo número de anencéfalos preserva o cérebro primitivo ou reptiliano, o diencéfalo e as raízes do núcleo neural que se vincula ao sistema nervoso central…
Necessitam viver no corpo, mesmo que a fatalidade da morte após o renascimento, reconduza-os ao mundo espiritual.
Interromper-lhes o desenvolvimento no útero materno é crime hediondo em relação à vida. Têm vida sim, embora em padrões diferentes dos considerados normais pelo conhecimento genético atual...
Não se tratam de coisas conduzidas interiormente pela mulher, mas de filhos, que não puderam concluir a formação orgânica total, pois que são resultado da concepção, da união do espermatozoide com o óvulo.
Faltou na gestante o ácido fólico, que se tornou responsável pela ocorrência terrível.
Sucede, porém, que a genitora igualmente não é vítima de injustiça divina ou da espúria Lei do Acaso, pois que foi corresponsável pelo suicídio daquele Espírito que agora a busca para juntos conseguirem o inadiável processo de reparação do crime, de recuperação da paz e do equilíbrio antes destruído.
Quando as legislações desvairam e descriminam o aborto do anencéfalo, facilitando a sua aplicação, a sociedade caminha, a passos largos, para a legitimação de todas as formas cruéis de abortamento.
... E quando a Humanidade mata o feto, prepara-se para outros hediondos crimes que a cultura, a ética e a civilização já deveriam haver eliminado no vasto processo de crescimento intelecto-moral.
Todos os recentes governos ditatoriais e arbitrários iniciaram as suas dominações extravagantes e terríveis, tornando o aborto legal e culminando, na sucessão do tempo, com os campos de extermínio de vidas sob o açodar dos mórbidos preconceitos de raça, de etnia, de religião, de política, de sociedade...
A morbidez atinge, desse modo, o clímax, quando a vida é desvalorizada e o ser humano torna-se descartável.
As loucuras eugênicas, em busca de seres humanos perfeitos, respondem por crueldades inimagináveis, desde as crianças que eram assassinadas quando nasciam com qualquer tipo de imperfeição, não servindo para as guerras, na cultura espartana, como as que ainda são atiradas aos rios, por portarem deficiências, para morrer por afogamento, em algumas tribos primitivas.
Qual, porém, a diferença entre a atitude da civilização grega e o primarismo selvagem desses clãs e a moderna conduta em relação ao anencéfalo?
O processo de evolução, no entanto, é inevitável, e os criminosos legais de hoje, recomeçarão, no futuro, em novas experiências reencarnacionistas, sofrendo a frieza do comportamento, aprendendo através do sofrimento a respeitar a vida…
*   *   *
Compadece-te e ama o filhinho que se encontra no teu ventre, suplicando-te sem palavras a oportunidade de redimir-se.
Considera que se ele houvesse nascido bem formado e normal, apresentando depois algum problema de idiotia, de hebefrenia, de degenerescência, perdendo as funções intelectivas, motoras ou de outra natureza, como acontece amiúde, se também o matarias.
Se exercitares o aborto do anencéfalo hoje, amanhã pedirás também a eliminação legal do filhinho limitado, poupando-te o sofrimento como se alega no caso da anencefalia.
Aprende a viver dignamente agora, para que o teu seja um amanhã de bênçãos e de felicidade.

Joanna de Angelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica de 11 de
abril de 2012, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 14.04.2012.

Evocações do Natal

É comum os hospitais, na semana que antecede o Natal, tentar mandar para casa o maior número possível de pacientes. No entanto, alguns sempre necessitam permanecer.
Esses são atendidos pelos médicos que se oferecem como voluntários para trabalhar na véspera e dia de Natal ou que obedecem à escala pré-fixada pela instituição hospitalar.
Naquele Natal, Rachel estava um tanto chateada. Por ser solteira, fora escalada para trabalhar naqueles dias, permitindo assim que seus colegas ficassem com seus cônjuges, filhos ou pais.
No dia de Natal, vários grupos de pessoas apareceram nas enfermarias e distribuíram lembranças aos pacientes. Contudo, ao cair da noite, eles se encontravam em suas casas.
O imenso hospital ficou em silêncio. Muitos leitos vazios. As poucas lâmpadas acesas nas mesas de cabeceira pareciam ilhas de luz na escuridão.
Rachel ia de um paciente a outro verificando o soro, indagando sobre sintomas, oferecendo medicamentos para a dor ou para dormir.
O Natal é uma época de muitas lembranças e vários dos pacientes desejavam falar sobre elas. Ela ouviu, naquela noite, muitas histórias.
Tristes umas, emocionantes outras. Até que chegou ao leito de Petey. Era um homem velho, a respeito do qual ninguém tinha bem certeza da idade.
Um andarilho, um desamparado. Nada mais trazia, quando chegara ao hospital, que a muda de roupa que o vestia.
Portador de enfisema crônico, os médicos o mantinham hospitalizado, evitando que ele retornasse ao frio intenso das ruas.
Era tímido e gentil. Alegrava-se por qualquer coisa e se mostrava agradecido pelos cuidados que recebia. Ele sorriu, ao vê-la.
Estendeu a mão, abrindo a gaveta da velha mesa de cabeceira, onde estavam guardados seus tesouros: um canivete, uma escova de dentes, uma lâmina de barbear, um pente, algumas moedas e duas belas laranjas, que ganhara naquela tarde.
Ele tomou de uma delas, estendeu para Rachel:
Dona doutora, Feliz Natal.
Seus olhos demonstravam o enorme prazer que ele estava sentindo em ofertar-lhe a fruta. E, de repente, muitas lembranças acudiram à memória da médica.
Recordou de sua infância, dos Natais em que sentia essa mesma alegria em dar presentes. Algo seu. Especialmente preparado para a data, para alguém.
Tudo parecia tão distante. E tão perto. Lembrava-se de que tinha aprendido muitas coisas desde então, mas que também esquecera outras tantas.
Há muitos anos, seu avô lhe ensinara aquela mesma maneira de viver que Petey mostrava agora. Entretanto, ao longo dos seus anos de formação acadêmica, a voz de seu avô acabara sendo sufocada pelas vozes de seus familiares, de seus colegas, de seus professores.
Ela estendeu os braços e recolheu o presente, extremamente agradecida.
Feliz Natal, Petey. – Disse, comovida, os olhos cheios de lágrimas.
*   *   *
É preciso muito tempo até que nos conscientizemos de que os bens preciosos que temos para dar não foram aprendidos nos livros.
Também que a sabedoria de viver bem não é conferida aos alunos mais destacados nos estudos avançados.
Os verdadeiros professores andam por toda parte.
Basta saber colher as lições que sua sabedoria nos transmite, nos gestos desprendidos, simples, despojados.
Um gesto simples como estender a mão, sorrir, desejar Feliz Natal.
Repartir o presente recebido, num gesto espontâneo de profunda gratidão.

Redação do Momento Espírita, com base no cap.
O sábio, do livro As bênçãos do meu avô, de
Rachel Naomi Remen, ed. Sextante.
Em 13.12.2017

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Objetivo da Fé

"Alcançando o fim da vossa fé, que é a salvação das vossas almas." - Pedro. (I PEDRO, 1:9.)

"Qual a finalidade do esforço religioso em minha vida?" Esta é a interrogação que todos os crentes deveriam formular a si mesmos, frequentemente.
O trabalho de auto esclarecimento abriria novos caminhos à visão espiritual.
Raramente se entrega o homem aos exercícios da fé, sem espírito de comercialismo inferior. Comumente, busca-se o templo religioso com a preocupação de ganhar alguma coisa para o dia que passa.
Raciocínios elementares, contudo, conduziriam o pensamento a mais vastas ilações.
Seria a crença tão-somente recurso para facilitar certas operações mecânicas ou rudimentares da vida humana? Os irracionais, porventura, não as realizam sem maior esforço? Nutrir-se, repousar, dilatar a espécie, são característicos dos próprios seres embrionários.
O objetivo da fé constitui realização mais profunda. É a "salvação" a que se reporta a Boa Nova, por excelência. E como Deus não nos criou para a perdição, salvar, segundo o Evangelho, significa elevar, purificar e sublimar, intensificando-se a iluminação do espírito para a Vida Eterna.
Não há vitória da claridade sem expulsão das sombras, nem elevação sem suor da subida.
A fé representa a bússola, a lâmpada acesa a orientar-nos os passos através dos obstáculos; localizá-la em ângulos inferiores do caminho é um engano de consequências desastrosas, porque, muito longe de ser uma alavanca de impulsão para baixo, é asa libertadora a conduzir para cima.



XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 92. 

Eu Vivo

Eu vivo a despertar o que ainda dorme; a fazer dormir o que não mais faz parte. Vivo a vislumbrar o que agora é norte. Este é meu trabalho, esta é minha arte.
Eu vivo como quem quer renovar um mergulho novo em novo mar.
Vivo sempre, aqui ou acolá.
Eu vivo mesmo sem estar na presença clara de um olhar.
Vivo sempre, aqui ou acolá. Eu... vivo.
*   *   *
Somos uma bela obra em desenvolvimento - cada um de nós.
Imaginemos um bloco do mais nobre mármore da Terra. A pedra bruta possui em si toda riqueza, todas as características que farão dela um dia uma bela escultura.
Mesmo no bloco disforme se veem os veios, as cores, as linhas e curvas que brincam, aparentemente, sem direção ou sentido, fazendo desenhos multiformes.
Assim fomos criados. Todos temos a riqueza do mármore e a potencial estátua bela dentro de nós.
O que as vidas fazem conosco e o que devemos fazer com nossas vidas? Apenas retirar a rocha excedente, esculpir, embelezar, aformosear.
Despertar o que ainda dorme é apenas fazer aparecer a forma graciosa que está debaixo do bloco inerte.
Livrar-nos de nossas imperfeições, é apenas deixar de lado os restos da pedra excedente, que não nos serve mais.
E assim vamos nos modelando ao longo das eras, vamos nos conhecendo, uma vez que esse processo é também um mergulho para dentro de nossa essência imortal.
Conforme vamos descobrindo as novas e belas formas interiores, sempre mais harmônicas, elas nos vão fazendo sentido, vamos enxergando algo compreensível e nos aproximando do belo.
Nesse processo, vamos nos apreciando, vamos nos tornando mais próximos do que um dia será um amor imenso, que precisará ser compartilhado com outros.
Por vezes o que nos talhará a alma será a dor. O procedimento nos parecerá duro, difícil de compreender, num primeiro instante, visto a olhos pequenos.
Entretanto, ainda fará parte do mesmo mecanismo do cinzelar para extrair o belo interior.
O desafio dos dias será, então, olharmos para a obra que se tornou melhor, ao invés de lamentarmos, incansavelmente, pelo cinzel que machuca.
Assim, viver é despertar o que ainda dorme, o Davi de Michelângelo, a Vênus de Milo de Antioquia, o Pensador de Rodin, o David de bronze de Donatello.
Somos todos arte em progresso, obras do grande autor, vivos sempre, vivos em qualquer lugar.
Somos os seres inteligentes da Criação, que necessitamos utilizar a inteligência para desenvolver a moralidade; que necessitamos mergulhar para dentro de nós mesmos e realizarmos o melhor manejo da nossa vida.
Vivemos ora aqui, no plano terrestre, ora acolá, no plano espiritual, e esses dois planos se misturam, se entrelaçam, se relacionam, pois tudo é um mundo só: o Universo.
*   *   *
Eu vivo a despertar o que ainda dorme; a fazer dormir o que não mais faz parte. Vivo a vislumbrar o que agora é norte. Este é meu trabalho, esta é minha arte.
Redação do Momento Espírita, com base
no poema
Eu vivo, de Andrey Cechelero.
Em 11.12.2017

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Na Vida

Não te queixes de ninguém.
Todos estamos lutando.
Esse enfrenta problemas afetivos.
Aquele sofre limitações.
Outro caminha vacilante.
Na vida, quem compreende sabe mais.
Faze o melhor que possas,
esquecendo ingratidões.
Serve, perdoa e avança,
olvidando injúrias.
Elege o bem por teu escudo
e deixa que as pedras da maledicência
caiam à tua volta.
Se procuras Jesus,
não tens tempo a perder
com os acontecimentos marginais da estrada.


Pelo Espírito Irmão José
XAVIER, Francisco Cândido; BACCELLI, Carlos A.. Brilhe Vossa Luz. Espíritos Diversos. IDE.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Velhice

A vida, para desenvolver-se, exige energia.
O envelhecimento, resultado do desgaste energético, é fenômeno natural.
Irreversível, a idade conquista espaço no organismo humano, combalindo lhe as forças e conduzindo-o à desencarnação.
Apesar da importância de serem preservados a juventude interior, o entusiasmo pela vida, as ocasiões de prosseguir servindo e iluminando-se, isto não descarta o fenômeno de velhice.
*
Cada minuto que passa, adiciona consumo à máquina orgânica impondo- te sisudez, maturidade, consciência responsável.
A velhice é quadra abençoada da existência planetária, que nem todos têm oportunidade de alcançar.
Repositório de experiências, é campo de sabedoria a serviço da vida.
*
Respirando e agindo, estás envelhecendo.
Pensa nisso.
Vive, desse modo, programando a tua terceira idade, jovialmente, a fim de não seres colhido pela amargura e o dissabor, quando as forças se te apresentarem diminuídas, portanto, em decadência.
O pior da velhice é a forma refratária com que muitos a consideram, ingratamente.



FRANCO, Divaldo Pereira. Episódios Diários. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 47.

Facciosismo

"Mas se tendes amarga inveja e sentimento faccioso, em vosso coração, não vos glorieis nem mintais contra a verdade." - (TIAGO, 3:14.)

Toda escola religiosa apresenta valores inconfundíveis ao homem de boa-vontade.
Não obstante os abusos do sacerdócio, a exploração inferior do elemento humano e as fantasias do culto exterior, o coração sincero beneficiar-se-á amplamente, na fonte da fé, iluminando-se para encontrar a Consciência Divina em si mesmo.
Mas, em todo instituto religioso, propriamente humano, há que evitar um perigo - o sentimento faccioso, que adia, indefinidamente, as mais sublimes edificações espirituais.
Católicos, protestantes, espiritistas, todos eles se movimentam, ameaçados pelo monstro da separação, como se o pensamento religioso traduzisse fermento da discórdia.
Infelizmente, é muito grande o número de orientadores encarnados que se deixam dominar por suas garras perturbadoras. Espessos obstáculos impedem a visão da maioria.
Querem todos que Deus lhes pertença, mas não cogitam de pertencer a Deus.
Que todo aprendiz do Cristo esteja preparado a resistir ao mal; é imprescindível, porém, que compreenda a paternidade divina por sagrada herança de todas as criaturas, reconhecendo que, na Casa do Pai, a única diferença entre os homens é a que se mede pelo esforço nobre de cada um.



XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 36.

Importante

Não tens o que possuis,
Tens aquilo que dás.
Acima do que sabes,
Vale aquilo que és.
Sobre a própria palavra,
Olha as ações que crias.
Mais além do que podes,
Importa o que toleras.
De tudo quanto crês,
Vale mais o que fazes.
Em tudo quanto sofras,
Guarda a fé viva em Deus.


XAVIER, Francisco Cândido. Espera Servindo. Pelo Espírito Emmanuel. GEEM.

Pacificar

Não perturbe. Tranquilize.
— o —
Não grite. Converse.
— o —
Não critique. Auxilie.
— o —
Não acuse. Ampare.
— o —
Não se irrite. Sorria.
— o —
Não fira. Balsamize.
— o —
Não se queixe. Compreenda.
— o —
Não condene. Abençoe.
— o —
Não exija. Sirva.
— o —
Não destrua. Edifique.
— o —
Recorde: a Humanidade é uma coleção de grupos e a paz do grupo de corações a que pertencemos começa de nós.?

André Luiz-Psicografia de Chico Xavier

Ansiedade


O nobre psiquiatra Emílio Mira y Lopez analisa, em sua obra monumental Os Quatro Gigantes da Alma, esses adversários do equilíbrio emocional da criatura humana, responsáveis por terríveis dramas do comportamento.
Parafraseando o emitente estudioso da psique, apresentamos a ansiedade como um aflitivo gigante que os tempos modernos acrescentaram ao mapa existencial e que domina expressivo número de indivíduos que jornadeiam aturdidos, sem a capacidade de fruírem paz.
A dinâmica dos dias atuais exige grande mobilidade, apurada atenção em torno dos acontecimentos, em face da rapidez com a qual as notícias são apresentadas, proporcionando incontrolável ansiedade nos menos resistentes e nos sentimentos da sociedade como um todo.
A falsa necessidade de estar-se informado a respeito de tudo quanto acontece no mundo impõe tormentosa inquietação emocional quanto insegurança pessoal, de modo a poder-se precatar das ciladas e desastres morais que surgem e são manchetes a cada momento.
Por outro lado, há uma inquietante ambição para ser-se visto, comentado, invejado nas redes sociais, que desequilibra completamente a conduta pessoal dos menos equipados de valores ético-morais.
Tudo ocorre com desastrosa rapidez no Facebook, tornando-se imperioso manter-se rico, famoso, motivo de comentários, especialmente em razão das extravagâncias cometidas.
Sempre estão onde não se encontram, porquanto a mente vive buscando a seguinte informação, aplicando valioso tempo na visita aos sites incontáveis e às notícias frívolas que lhes adquirem importância fundamental.
O paciente que tomba nessa armadilha logo se descobre insatisfeito e ansioso.
A ansiedade que decorre da expectativa de uma ocorrência que se espera, defluente de um fato de grande significado, é perfeitamente normal. Entretanto, quando produz taquicardia, sudorese, insônia já é patológica, tornando-se necessários cuidados especializados.
O ansioso deixa de viver o que sucede para encontrar-se aguardando o que espera acontecer. As suas expectativas, quando se tornam fatos, produzem um certo amargor, em razão de não haver fruído a alegria que pensava suceder. Isto porque futuros desejos tornaram-se primordiais em seu pensamento.
Na condição de Psicoterapeuta especial, Jesus prescreveu que vivêssemos cada dia, cada hora intensamente porque cada ocasião vale pelo que sucede. Propôs que fosse vivenciada cada experiência no seu momento próprio, mantendo-se irrestrita confiança em Deus.
Para que se possa viver em paz, faz-se imprescindível o trabalho de reflexão e análise dos significados existenciais, reservando-se momentos para pensar em torno da imortalidade e compreender-se o sentido da veste carnal, que é a felicidade.
Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde,
coluna Opinião, em 30.11.2017.
Em 1º.12.2017.

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...