sábado, 31 de outubro de 2015

Meus Encontros com DEUS

Meus encontros com Deus, no período do colegial, eram na capela da escola, durante o recreio.
Cresci. E hoje nos reunimos em tantos outros lugares...
*   *   *
Estamos constantemente em presença da Divindade.
Não há necessidade de estar nesse ou naquele local para encontrá-lO.
O Criador não está mais para uns e menos para outros. Não tem escolhidos.
Da mesma forma, não há uma só de nossas ações que possamos subtrair ao Seu olhar.
Nosso pensamento está em contato com o Seu pensamento e é com razão que se diz que Deus lê o mais profundo do coração.
Para estender Sua solicitude às menores criaturas, Ele não tem necessidade de mergulhar Seu olhar do alto da imensidade, nem de deixar o repouso de Sua glória, pois esse repouso está em toda a parte.
Para serem ouvidas por Ele, nossas preces não necessitam transpor o espaço, nem serem ditas com voz retumbante porque, incessantemente penetrados por Ele, nossos pensamentos nEle repercutem.
Entre Ele e nós a distância foi suprimida: já compreendemos isto e este pensamento, quando a Ele nos dirigimos, aumenta a nossa confiança, porque não podemos dizer que Deus esteja muito longe e seja muito grande para se ocupar de nós.
Deus existe. Não poderíamos duvidar. É infinitamente justo e bom. E Sua essência, Sua solicitude se estende a tudo: também compreendemos isto.
Ninguém está abandonado. Ninguém deixa de receber Seus cuidados de Pai amoroso.
Incessantemente em contato com Ele, podemos orar com a certeza de sermos ouvidos.
Ele não pode querer senão o nosso bem. Por isso, devemos nEle ter confiança: eis o essencial. Para o resto, esperemos que sejamos dignos de compreendê-lO.
Amadureçamos um pouco mais. Deixemos a arrogância derreter através do conhecimento e da humildade diante Dessa Inteligência Suprema.
Espiritualizemo-nos. Sensibilizemo-nos. Apaixonemo-nos pela vida, e veremos que a compreensão de Deus virá naturalmente com os dias.
*   *   *
Hoje encontrei Deus no sorriso de minha filha.
Porém, o gesto espontâneo e luminoso não foi para mim, foi para um estranho, alguém que ela nunca havia visto antes, sentado à mesa ao lado, com o olhar distante e triste.
Pude ver o Criador nos olhos dela.
Ela acenou, como se quisesse perguntar: “Está tudo bem com você?” Em seguida lhe jogou um beijo, espontaneamente.
Certamente ele não estava bem... E Deus sabia.
No mesmo instante – instante mágico, a Divindade amorosa encontrou na mesa mais próxima um sorriso amigo, uma pequena lamparina para acender na vida daquele filho desanimado – que então sorriu, e também acenou de volta.
Hoje encontrei Deus no sorriso de minha filha... Mas o sorriso não foi para mim, foi para a dor do mundo, que ainda lateja incômoda por aí.
E, sem perceber, aquele sorrir também me fez um pouco mais feliz.
Pensando bem, acho que Ele também sorriu para mim.
E agora sorri para você.
Deus irradia sorrisos.

Redação do Momento Espírita, com base em Haikai (curto poema japonês);
 no poema 
Deus no sorriso de minha filha, de Andrey Cechelero, 
 e em trecho da 
Revista Espírita, de Allan Kardec, de maio de 1866,
ed. FEB.
Em 30.10.2015.

Exortação ao Amor

Todos vós, que tendes a honra de conhecer o Evangelho de Jesus, parai por um momento e reflexionai.

A vida tem um sentido ético-moral de profundidade. O fenômeno vegetativo pertence à organização material. Somos seres imortais, mesmo quando a desencarnação posterga o momento da chegada, anuncia que virá logo mais, e arrebatando-nos para o país da consciência livre, esse ser angélico que é a morte libertadora, fará que, no exame de consciência, repassemos os nossos atos pregressos numa maravilhosa manifestação de lembranças que nos darão a plenitude ou o tormento.

Filhos da alma! Tendes conhecimento dos valores da vida. Não vos encontrais no planeta terrestre por capricho do acaso, mas, graças a uma Causa consciente, que é a Divindade, que criou-vos para a glória estelar. 

Se caminhais pelas ínvias estradas do mundo sob chuvas de dores, bendizei-as; se marchais sobre pedrouços e tendes os pés crivados de espinhos, bendizei a dor, agradecei a Deus a dádiva da purificação espiritual. 

Nascestes para a glória de vossa existência. Amai quanto puderdes, amai um grão de areia que pode refletir uma estrela ou o luar em grande plenilúnio; servi, porque o serviço é a característica da inteligência, desde os fenômenos mais primários da domesticação até os mais sublimes da integração da criatura com o Criador.

O serviço é a paz de Deus deslocando-se, desdobrando-se para o reino dos Céus.

Ide para os vossos lares e levai a certeza de que a vossa vida deve experimentar essa profunda mudança para o amor, para a verdade, para a Vida em si mesma.
Em nome de vossos Espíritos guias e das Entidades venerandas que aqui estão conosco, dos Espíritos-espíritas, rogamos a Deus que vos abençoe, que nos abençoe, com os melhores votos de ternura e paz.

Do servidor humílimo e paternal de sempre,
Pelo Espírito Bezerra de Menezes. Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, no encerramento da conferência proferida em 27 de setembro de 2015, na Instituição Assistencial e Educacional Amélia Rodrigues, em Santo André, SP. Do site:http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=343.

ACIMA

...“Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás, é apto para o Reino de Deus.”. Jesus (Lucas, 9:62).

A fim de que nos promovamos à condição de obreiros mais eficientes, na Seara do Cristo, é forçoso observar a vida acima de nossas impressões superficiais.

Para isso, ser-nos-á necessário:

mais do que ver – refletir;
mais do que escutar – compreender;
mais do que estudar – aprender;
mais do que trabalhar – servir;
mais do que obedecer – cooperar espontaneamente em apoio aos semelhantes;
mais do que administrar – harmonizar;
mais do que crer – raciocinar;
mais do que esclarecer – discernir;
mais do que escrever – elevar;
mais do que falar – construir;
mais do que comentar – melhorar;
mais do que saber – transmitir para o bem;
mais do que informar – educar;
mais do que desculpar – esquecer o mal;
mais do que desincumbir-se – auxiliar para a felicidade geral.

Todos temos idéias e possibilidades, escolhas e relações, crenças e luzes. E se é muito importante guardar equilíbrio para desfrutar semelhantes bênçãos, em nosso progresso de espíritos imortais, ante as Leis de Causa e Efeito, é muito mais importante ainda saber o que estamos fazendo por elas e com elas.
 Pelo Espírito Emmanuel - Do livro: Aulas da Vida, Médium: Francisco Cândido Xavier.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

No Retoque da Palavra

NO RETOQUE DA PALAVRA

Seja onde for, não afirme: – “Detesto esse lugar!”
Cada criatura vive na terra dos seus credores.

Ouvindo a frase infeliz, não grite: – “É um desaforo!”
Invigilância alheia pede a nossa vigilância maior.

Atravessando a madureza, não se lamente: – “Já estou cansado”.
Sintoma de exaustão, vontade enferma.

Sentindo a mocidade, não assevere: – ”Preciso gozar a vida!”
Romagem terrestre não é excursão turística.

À frente do amigo endividado, não ameace: – “Hoje ou nunca!”
Agora alguém se compromete, amanhã seremos nós.

Ao companheiro menos categorizado, não ordene: – ”Faça isso!”
Indelicadeza no trabalho, ditadura ridícula.

Perante o doente, não exclame: – ”Pobre coitado!”
Compaixão desatenta, crueldade indireta.

Ao vizinho faltoso, nunca diga: “Dispenso-lhe a amizade.”
Todos somos interdependentes.

Sob o clima da provação, não se queixe: – ”Não suporto mais!”
O fardo do espírito gravita na órbita das suas forças.

No cumprimento do dever, não clame: – ”Estou sozinho.”
Ninguém vive desamparado.

Colhido pelo desapontamento, não reclame: – ”Que azar!”
A Lei Divina não chancela imprevistos.

À face do ideal, não se lastime: – “Ninguém me ajuda.”
No Espiritismo temos responsabilidade pessoal com o Cristo.


Por André Luiz, do livro: O Espírito da Verdade, Médiuns: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

O Egoísmo

II – O Egoísmo

EMMANUEL
Paris, 1861

            11 – O egoísmo, esta chaga da humanidade, deve desaparecer da Terra, porque impede o seu progresso moral. É ao Espiritismo que cabe a tarefa de fazê-la elevar-se na hierarquia dos mundos. O egoísmo é portanto o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem dirigir suas armas, suas forças e sua coragem. Digo coragem, porque esta é a qualidade mais necessária para vencer-se a si mesmo do que para vencer aos outros. Que cada qual, portanto, dedique toda a sua atenção em combatê-lo em si próprio, pois esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho, é a fonte de todas as misérias terrenas. Ele é a negação da caridade, e por isso mesmo, o maior obstáculo à felicidade dos homens.
            Jesus vos deu o exemplo da caridade, e Pôncio Pilatos o do egoísmo. Porque, enquanto o Justo vai percorrer as santas estações do seu martírio, Pilatos lava as mãos, dizendo: Que me importa! Disse mesmo aos judeus: Esse homem é justo, por que quereis crucificá-lo? E, no entanto, deixa que o levem ao suplício.

            É a esse antagonismo da caridade e do egoísmo à invasão dessa lepra do coração humano, que o Cristianismo deve não ter ainda cumprido toda a sua missão. E é a vós, novos apóstolos da fé, que os Espíritos superiores esclarecem, que cabem a tarefa e o dever de extirpar esse mal, para dar ao Cristianismo toda a sua força e limpar o caminho dos obstáculos que lhe entravam a marcha. Expulsai o egoísmo da Terra, para que ela possa elevar-se na escala dos mundos, pois já é tempo da humanidade vestir a sua toga viril, e para isso é necessário primeiro expulsá-lo de vosso coração.

*
PASCAL
                                                                                                    Sens, 1862

            12 – Se os homens se amassem reciprocamente, a caridade seria mais bem praticada. Mas, para isso, seria necessário que vos esforçásseis no sentido de livrar o vosso coração dessa couraça que o envolve, a fim de torná-lo mais sensível ao sofrimento do próximo. O Cristo nunca se esquivava: aqueles que o procuravam, fossem quem fossem, não eram repelidos. A mulher adúltera, o criminoso, eram socorridos por ele, que jamais temeu prejudicar a sua própria reputação. Quando, pois o tomareis por modelo de todas as vossas ações? Se a caridade reinasse na Terra, o mal não dominaria, mas se apagaria envergonhado; ele se esconderia, porque em toda parte se sentiria deslocado. Seria então que o mal desapareceria; compenetrai-vos bem disso.

            Começai por dar o exemplo vós mesmos. Sede caridosos para com todos, indistintamente. Esforçai-vos para não atentar nos que vos olham com desdém. Deixai a Deus cuidar de toda a justiça, pois cada dia, no seu Reino, Ele separa o joio do trigo.
        O egoísmo é a negação da caridade. Ora, sem caridade não há tranqüilidade na vida social, e digo mais, não há segurança. Com o egoísmo e o orgulho, que andam de mãos dadas, essa vida será sempre uma corrida favorável ao mais esperto, uma luta de interesses, em que as mais santas afeições são calcadas aos pés, em que nem mesmo os sagrados laços de família são respeitados.

O Evangelho Segundo o Espiritismo

por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires

Prefácio - Bezerra de Menezes descreve Francisco de Assis

Prefácio 

Para se falar sobre um Anjo toma-se necessário ser um Anjo também condição da qual estamos muito longe. Vamos dar leves traços sobre este livro que retrata a personalidade de Francisco de Assis, há oito séculos atrás. O nosso companheiro Miramez escolheu alguns acontecimentos ocorridos com o Poverello de Assis, em uma sequência de quarenta e quatro anos e que foram quarenta e quatro anos de caridade, vividos no seio da humanidade, esta humanidade que ignorou a grandeza desta alma de esferas distantes, Espírito destinado a deixar um traço de união entre todos os seres que vivem e todas as organizações políticas e religiosas. O nosso amigo espiritual nos diz que este livro é uma simples anotação sobre a vida desse grande santo, que faz parte do colégio apostolar de Jesus Cristo. Francisco de Assis viveu a mensagem do Evangelho de modo a consolidar a palavra Amor, fazendo-a sair da teoria e avançar para a prática do dia-a-dia. Não há jeito na Terra de se pensar e escrever sobre a Caridade, sem se lembrar do Homem da Úmbria: todos os caminhos por onde passou falam dele. Deixou impregnado no tempo e no espaço, nas coisas e na própria natureza, algo de divino, que somente o tempo poderá revelar no futuro, para a grandeza da fé. Não se pode lembrar dos hansenianos sem encontrar a figura extraordinária de Francisco; não se pode falar da assistência social, sem que ele esteja no meio; não se pode referir ao amor, sem a sua benfeitora irradiação. O Cristo operava no mundo pelas mãos desse Anjo de Deus, confortando os doentes, curando os enfermos, instruindo os ignorantes, fartando os famintos e vestindo os nus. Dava sem receber e recebia distribuindo. Amava sem exigências e, quando ofendido, amava o ofensor. Abençoava a todos, e, quando apedrejado, servia mais. Falava sem ferir, e, quando ferido, compreendia o revoltado. Nunca se indignava e, quando em meio à revolta, orava em favor de todos. Trabalhava e amava o trabalho. Defrontando-se com a inércia, estimulava o labor. Tinha como base da felicidade, a alegria. Quando encontrava a tristeza, alegrava-se mais. Não falava em doenças. Quando encontrava enfermos, enfatizava a saúde, sem esquecer a fé. Ouvia em silêncio os que sofriam e falava quando a sua palavra fosse consolo ou paz. Desejava o bem de todos, sem cogitar de onde procediam, para onde iam, a qual escola ou partido político pertenciam. Não era dado a examinar procedências para servir, pois via a todos como filhos de Deus. Este livro é uma bandeira de simplicidade, é um conjunto de regras fundamentadas nos preceitos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele abre uma compreensão mais vasta nos cambiantes da fraternidade pura, colocando os dois mundos em completa sintonia, para que a Caridade se saliente em todos os contornos da harmonia celestial. Mostra a natureza, enfocando o Criador em variadas operações, fazendo-o expressar-se nos inúmeros reinos, nos quais tudo vive e busca o Belo, em demanda à perfeição. Francisco de Assis mostra o quanto vale o Amor e faz a humanidade conhecer aquele Cristo de há dois mil anos, fundindo e refundindo todas as virtudes, na expressão que a Sua vida nos oferta. Francisco venceu a morte porque venceu as imperfeições, lutou contra os instintos inferiores e alcançou a vitória sobre os inimigos internos, consolidou os dons espirituais no coração e irradiou o Bem em todas as direções. Foi bom, foi justo e honesto. Foi feliz, trabalhador e irmão. Foi perdão. Foi manso, enérgico e compreensivo. Foi caridoso, foi carinhoso e foi pai. Foi tolerante, humilde e pastor. Foi santo. Foi místico e foi homem. Foi Anjo, porque cultivou um jardim de virtudes dentro do coração, na presença do Cristo e na lavoura de Deus. Este livro ser-te-á alimento para o espírito e saúde para todos os corpos que o Senhor te emprestou. 
Bezerra de Menezes

Belo Horizonte, 19 de julho de 1982
(Prefácio do Livro FRANCISCO DE ASSIS, pelo espírito Miramez- 26ªEdição, Médium João Nunes Maia)

O Homem de Jericó

Jericó era um oásis. O seu clima suave e tépido era propício para fartos pomares, roseirais e palmeiras.
Era ali que morava Zaqueu. Era um coletor de impostos para o Império Romano. Também tinha seus lucrativos negócios.
Zaqueu e sua mulher viviam isolados da vida social de Jericó. Quando davam festas, os únicos convidados eram sempre os parentes e os funcionários da alfândega.
Extremamente rico, ele tinha uma consciência de inferioridade, face ao tratamento que recebia do seu povo. Todos o desprezavam porque trabalhava para o opressor romano.
Sua consciência lhe dizia que nunca prejudicara a ninguém, pois que procurava ser justo.
Então, às vésperas da Páscoa, se espalhou a notícia de que o Rabi da Galileia, a quem chamavam Jesus de Nazaré, chegaria a cidade.
Zaqueu ouvira falar dEle e uma secreta simpatia o invadira. Aquele era o Homem que dizia que todos deveriam se amar como irmãos, que comia à mesa dos publicanos e se misturava com o povo.
Junto a numerosas pessoas, ele foi receber Jesus à entrada da cidade.
De pequena estatura, gordo, pernas curtas, por mais se pusesse na ponta dos pés, não conseguia ver coisa alguma.
Ofereceu moedas a um homem para que lhe vendesse um jumento. Pensou que subindo nele, talvez pudesse enxergar.
Mas o homem desprezou o seu dinheiro.
Pediu a um homem muito alto que o erguesse, em troca de sua bolsa cheia de moedas. Em vão.
Empurrado e pisado pela multidão, finalmente Zaqueu conseguiu ver, à beira da estrada, uma árvore.
Era uma mistura de figueira e amoreira, um sicômoro, com raízes grossas para fora da terra.
Mais do que depressa, nela subiu e sorriu feliz. Dali, ele podia ver o Mestre se aproximando.
E uniu a sua voz a de todos os demais, gritando hosanas a Jesus.
Quando o Mestre passou pela árvore, olhou para cima e ao ver aquele homem agarrado aos galhos, como se fosse um fruto, lhe disse:
Zaqueu! Desce depressa, porque hoje me convém pernoitar em tua casa.
O homem desceu rápido, correu para casa para, junto com a mulher, preparar o melhor para o conviva.
Na sua intimidade dizia que não era digno que criatura de tão nobre estirpe entrasse em sua casa.
Mentalmente, reviu os negócios. Teria lesado alguém? Teria recebido a mais?
Talvez tivesse comprado terras a preço irrisório e as vendido com lucro excessivo. Sente-se atormentar.
Quando observa o Amigo chegando, acompanhado por grande multidão, vai ao encontro dEle e exclama:
Senhor, eis que dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado! Entra na minha casa!
Jesus sorriu, um riso leve e bom como um sopro de amor.
Hoje - disse suave - veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.
Narram tradições evangélicas que, anos mais tarde, Simão Pedro convidou o antigo publicano a dirigir florescente comunidade cristã, nas terras de Cesareia.
E Zaqueu, rico de amor e humildade, foi servir a Jesus, servindo aos homens.
*   *   *
Somos muitos os que aguardamos por Jesus, nas estradas amarguradas em que nos encontramos.
Atendamos ao chamado e nos tornemos criaturas felizes. Sirvamos.

Redação do Momento Espírita, com base  no cap. 18, do livro Vida e mensagem, pelo Espírito Francisco de Paula Vitor,
 psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.
Em 23.10.2015.

O Próximo e Nós

Esperas ansiosamente encontrar o Senhor e um dia chegarás à Divina Presença; entretanto, antes de tudo, a vida te encaminha à presença do próximo, porque o próximo é sempre o degrau da bendita aproximação.

Mas quem é o meu próximo? - perguntarás decerto, qual ocorreu ao Doutor da Lei nas luzes da parábola.

Todavia, convém saber que, além do próximo mais próximo a quem nomeias como sendo o coração materno, o pai querido, o filho de nossa bênção, o irmão estimável e o amigo íntimo, no clima doméstico, o próximo é igualmente o homem que nunca vista, tanto aquele que te fixa indiferente em qualquer canto da rua. É a criança que passa, o chefe que te exige trabalho, o subordinado que te obedece, o sócio de ideal, o mendigo que te fala a distância...

É a pessoa que te impõe um problema, verificando-te a capacidade de auxílio; é quem te calunia, medindo-te a tolerância; quem te oferece alegria, anotando-te o equilíbrio; é a criatura que te induz à tentação, testando-te a resistência... É o companheiro que te solicita concurso fraterno, tanto quanto o inimigo que se sente incapaz de pedir-te o mais ligeiro favor.

Às vezes tem um nome familiar que te soa docemente aos ouvidos; de outras, é categorizado por ti à conta de adversário, que não te aprova o modo de ser. Em suma, o próximo é sempre o inspetor da vida que nos examina a posição da alma nos assuntos da Vida Eterna. Entre ele e nós se destacam sempre a necessidade e a oportunidade a que se referia Jesus na parábola inesquecível.

Isto porque o Bom Samaritano foi efetivamente o socorro para o irmão caído na estrada de Jerusalém para Jericó, mas o irmão tombado no caminho de Jerusalém para Jericó foi para o Bom Samaritano, o ponto de apoio para mais um degrau de avanço, no caminho para o encontro com Deus.
 Pelo Espírito Emmanuel - Do livro: Rumo Certo, Médium: Francisco Cândido Xavier

Alegria e Vida

A Humanidade terrena passa por momentos difíceis, complicados, jamais imaginados pelas gerações presentes.

Muitos se perguntam por onde anda a alegria de viver, frente à triste realidade que enfrentamos.

Quanto mais o homem tem progredido científica e tecnologicamente, sua alegria parece distante ou impossível.

As conquistas realizadas pelo ser humano, nessas últimas décadas, no micro e no macrocosmo, fazem com que um sentimento de poder passe a lhe alimentar o ego.

Perceber que pode penetrar, desvendar e manipular o mundo microscópico, é motivo de muito orgulho.

Olhar para os astros, e se sentir conhecedor dos meios de alcançar alguns, aproximar-se de outros, analisá-los através de suas potentes aparelhagens, fá-lo vaidoso.

Essas descobertas propiciam que a criatura comece a se sentir um tanto quanto criador, pois que não tem outra visão da realidade da vida.

E, apesar de todas essas conquistas, não sente a verdadeira alegria.

Quando o homem se entender como filho de Deus, herdeiro dessa Inteligência Suprema do Universo e Causa Primeira de tudo o que existe, mudará sua maneira de ser.

Quando conceber que é um Espírito imortal, de que nada sabe, frente ao muito a aprender, deixará de lado seu tolo orgulho.

Quando se aceitar como alguém que precisa de muita conquista, na direção do bem, diminuirá a vaidade que o acomete.

Necessário se faz um mergulho na realidade: enquanto vivermos apenas em busca de conquistas na área material, estaremos trilhando somente a linha horizontal da vida.

Ao buscarmos o crescimento, também na linha vertical, nos aprimorando na conquista das virtudes, da ética, do sentimento moral, a alegria nos visitará.

Alguém poderá argumentar como podemos falar em alegria, em meio a tanto sofrimento existente no planeta.

Então, pensemos: ao nos dispormos a viver a vida com alegria, precisamos olhar as situações com outros óculos. Por exemplo, o sofrimento faz mal, no entanto, não é um mal, porque oferece os recursos valiosos para a aquisição do bem permanente.

Logo, ter alegria não impede a aproximação do sofrimento, pois que ele faz parte de nosso processo de evolução.

Ao compreender esse fato, não abandonamos a alegria, até por poder aprender com a dor, e evoluir para Deus.

Quando o amor não está presente no sentimento, a alegria não floresce, porque permanece sombreada pelas dúvidas e suspeitas.

As pessoas dizem querer a alegria, a felicidade, mas não conseguem adquiri-las, por mais as persigam.

A alegria não é encontrada em mercados ou farmácias, mas no coração, que sente e ama.

Sempre que possível expressemos a alegria de viver.

Se já encontramos Jesus, melhor razão temos para a alegria, porque envoltos na Luz do mundo, nenhuma sombra ameaça.

Alegremo-nos com a vida que desfrutamos, e agradeçamos sempre a glória de saber e de amar, para agir com acerto.

A vida com alegria é, em si mesma, um hino de louvor a Deus.
Por Redação do Momento Espírita, com base na mensagem Viver com alegria, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, na manhã de 29.5.2009, no G-19, em Zurique, Suíça. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4602&stat=0

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

FRANCISCO DE ASSIS - Um Servo de DEUS

Sabe-se que este Espírito passou por diferentes etapas da evolução terrena. Quatro personalidades: Patriarca- Isaac, Profeta- Daniel, Apóstolo- João Evangelista e Santo- São Francisco de Assis.
        A foto representa as duas últimas vidas deste Espírito: João Evangelista e Francisco de Assis.
        O tempo não diminuiu a força da mensagem deste quase “Cristo redivivo”. Pelo contrário: no mundo conturbado de hoje, sua vigorosa personalidade fascina os homens desejosos de profunda vida evangélica. São Francisco é o Santo da ternura, do amor à natureza, da fidelidade heroica a Cristo, do serviço aos marginalizados e o construtor da paz.
        Nasceu no frio inverno de 1182 de uma família rica de Assis. Filho de Pietro Bernardone, mercadante de tecidos e Dona Pica. Veio à luz enquanto seu pai estava voltando de uma longa viagem na Provença. Sua mãe já havia escolhido o nome de João para o recém nascido, mas seu pai logo quis mudá-lo para Francisco. Na infância, sua mãe o poupava de qualquer perigo e tivera uma intuição de que ele seria preparado para uma importante tarefa que mais cedo ou mais tarde, ele teria de enfrentar... Estudou latim, provençal, o vulgar, a matemática (o pai queria que se tornasse bom contável para trabalhar no comércio), a música e o canto. A sua juventude transcorria entre o estudo, a colaboração com o pai e a “alegre companhia” dos amigos. Toda noite reunia-se com seus companheiros de vida noturna e com eles percorria as ruelas da cidade. Eram brincadeiras de rapazes solteiros, mas não excediam os limites da moral e principalmente tinham muito respeito às mulheres de um modo geral, aos mais velhos e aos pobres. Entre tanta leviandade não faltaram desagradáveis episódios de intolerância. Provavelmente foram estes momentos de aversão, que mal combinava com a séria educação que havia recebido de seus pais, fê-lo refletir cada vez mais. Certa vez um mendigo bateu à sua porta para pedir esmolas, o jovem o expulsou, mas imediatamente correu atrás pedindo perdão e pondo em suas mãos uma bolsa cheia de moedas.
        Naquela época aconteciam muitas guerras, disputas com grande movimentação política, combate entre Reis, entre Príncipes e entre Nações. Os habitantes de Assis tiveram que pegar em armas para defender o próprio solo numa guerra entre plebeus e nobres, porque esses queriam anexar Assis à República de Perúgia. Francisco, cheio de ideais, almejava ser um grande cavaleiro, queria percorrer o mundo e derramar o seu sangue por grandes causas! Por essa razão, alistou-se com seus companheiros para defender Assis. Suas batalhas, porém, duraram pouco, pois foi capturado e trancado nas prisões dos inimigos. Ficou prisioneiro durante cerca de um ano, quando neste período pôde meditar e refletir profundamente sobre a complexidade da vida humana. Certa noite recebeu estranha visita: A voz que o acompanhava há séculos, falou à sua alma, convidando-o a uma tomada de posição em consonância com a Vontade de Deus. Quando retornou ao lar, demonstrava íntima mudança. Dois anos após, um novo combate o fez alistar-se novamente e influenciou seus amigos a acompanhá-lo. Partiu com seus companheiros numa certa manhã para Apúlias. Tomaram a estrada que passa por Foligno em direção a Roma. Durante uma parada em Spoleto foi acometido por uma violenta febre que o levou para a cama e ouviu as palavras do Senhor o induziram a desistir. De volta a Assis sentiu uma grande necessidade de doar seus bens para os pobres.
O início da sua conversão.
        No outono de 1204 sua saúde começou a se restabelecer e, aos poucos, foi reencontrando suas amizades com as mesmas brincadeiras e banquetes noturnos. Entretanto, no verão de 1205 começou a perder o entusiasmo por aquela maneira de viver. Gradativamente, decidiu se isolar dos companheiros, impulsionado por uma força interior que dava outra direção à sua vida. Ora se escondia e permanecia por longo tempo em lugares ermos, ora caminhava solitário pelas estradas, pelos campos e colinas... Tinha muitas ideias, mas não sabia o que fazer. Procurava conversar com Deus, fazia perguntas e guardava no coração a inspiração de uma resposta. Dedicou-se a oração e a contemplar as passagens evangélicas da vida do Senhor, principalmente a Paixão, Morte e a Gloriosa Ressurreição de Jesus. Então, teve a oportunidade de experimentar o início de uma íntima doçura, que nascia da conversão de sua alma pela misericórdia infinita do Criador. Seu pai ausentava-se com frequência e não percebeu a transformação que ocorria com o filho. Sua mãe deixava-o livre, porém, percebeu a mudança radical, onde começou a trocar seus amigos pelos pobres que começaram a passar a tomar conta do seu pensamento e do seu coração! Escutá-los, ouvir as suas lamúrias, procurar aliviar as suas angústias, tornou-se uma obsessão para ele. Mas não suportava olhar para os leprosos, que existiam em grande quantidade, porque o seu estômago ficava repugnado com aquele cheiro de podre que emanava das suas chagas. Por isso afastava-se e evitava passar próximo deles. Certo dia, numa pequena gruta, invocava a Deus, pedia perdão pelos seus pecados e suplicava uma orientação para a sua vida: Naquele silêncio, onde só se ouviam o cântico dos pássaros, uma voz lhe disse:
        -“Francisco, se você quer fazer a Minha Vontade, despreza todas as coisas que os seus sentidos gostam! Desde o momento que assim começar a proceder, tudo aquilo que antes lhe parecia agradável, tornar-se-á amargo e insuportável; e tudo o que você detestava, transformar-se-á em prazer e numa grande doçura!
        Francisco onde estivesse cavalgando, meditava e refletia sobre a grandeza daquele significado!
        Numa bela tarde, quando cavalgava nas proximidades de Assis, encontrou um homem com estranha aparência: Aproximou-se e viu que se tratava de um leproso, pobre criatura a perambular pelos campos, em condições lamentáveis: trapo humano, sem forças nem esperança. Francisco cumprimentou-o respeitosamente, e profundamente comovido, desceu do animal e dirigiu-lhe palavras de fraternal carinho. Sentia-se em drama íntimo! “- Quem será mesmo esse homem? Estou diante de um ser imundo ou de um filho de Deus, credor de toda a minha atenção”? Pediu-lhe as mãos e beijou-as. Agora o amor borbulhava em seu coração como gotas de luz! Nesse sublime encontro com a dor alheia, Francisco mostrava-se realmente transformado! Começava uma grande revolução: o homem velho dava lugar ao novo. Agora ele percebia a verdadeira senda do seu destino! Não havia nascido por acaso! Pensou na possibilidade de um trabalho em que pudesse oferecer de si mesmo, a rosa que trazia na alma!Na época, havia muitas igrejas e conventos em ruínas. Então, a meta inicial seria reconstruir igrejas! A igreja de São Damião era uma delas, capelinha rústica com um único ornamento: um crucifixo bizantino sobre o altar! Diante dele, Francisco costumava rezar e um dia, Deus decidiu que Francisco era digno de ouvi-lo: Do Crucifixo saiu uma voz: -“Vai Francisco, conserta a minha casa que está caindo em ruínas”. A frase o acompanhou para o resto da vida! É evidente que não se referia somente às paredes estragadas do templo: mas foi por elas que ele iniciou. Tendo diferente conceito de valor, vendeu alguns tecidos da loja do pai e com o arrecadado comprou materiais para a restauração. Com o “roubo”, seu pai irado, na esperança de “recuperar” o jovem, levou-o para junto do Bispo. Era necessário escolher entre renunciar os bens da família ou retomar uma vida normal. Obviamente, escolheu a renúncia. Só assim sua conversão podia iniciar de maneira decisiva! Virando as costas à riqueza material, diz:-“eu irei ao encontro do meu Senhor!” Em praça pública, uma multidão de pessoas superlotava as dependências da sede episcopal. O Bispo diante do pai e do filho disse: - “Se sua intenção é verdadeiramente se consagrar ao serviço de Deus, deve restituir a seu pai todo o dinheiro dele, que talvez tivesse sido mal adquirido e que, por conseguinte, não poderá ser empregado em favor da igreja”. “- Senhor, com muito gosto restituirei ao meu pai as coisas que lhe pertencem.” Francisco caminhou para um aposento próximo e voltou em seguida completamente nu, deixando suas roupas, sandálias e algum dinheiro que lhe restava aos pés de seu pai e disse: “ - Até o presente chamei a Pedro Bernardone de meu pai. Agora lhe restituo tudo, de modo que não o chamarei mais de meu pai, porque o nosso único Pai, está nos Céus!” O Bispo abriu a capa e envolveu Francisco cobrindo a sua nudez, levando-o para o interior da residência episcopal. A partir daquele momento o “Povorello” (Pobrezinho) de Assis tornara-se inteiramente um servo de Deus. Retirou-se, afastando-se de tudo e de todos, retornando apenas a Assis após um ano, pois mantinha aceso no coração o compromisso de restaurar igrejas, a começar pela igrejinha de São Damião. Conseguiu auxilio com as famílias, no comércio e com autoridades civis e religiosas, até concluir seu trabalho. As pessoas o escutavam com atenção, respeito e admiração. Em seguida, restaura a igreja beneditina de São Pedro e logo depois, a igrejinha Porciúncula, chamada de Igreja de Santa Maria dos Anjos, próxima de onde fixou sua residência, onde durante uma missa, na manhã de fevereiro de 1209, ao ouvir o Evangelho, teve a inspiração de que aquelas palavras representavam uma nova “Ordem do Senhor” para ele. Celebrava-se naquele dia, a Festa do Apóstolo São Matias com o seguinte texto: “Proclamai que o Reino dos Céus está próximo. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça daí... (MT 10,7-14).” Estes versículos ficaram em sua mente como a verdadeira revelação Divina, escrevendo em seu Testamento: “O Altíssimo dignou-se me revelar que eu deveria viver conforme o “Santo Evangelho” e revelou-me o modo de saudação que deveria usar: “O Senhor lhe dê a Paz!”
        Fazia então a sua pregação, simples e em qualquer lugar, convidando as pessoas para o exercício da paz e da fraternidade. Logo apareceram alguns discípulos que queriam imitá-lo, mas não tinha ainda escrito nenhuma Norma ou Diretriz de Vida, colocando-se nas Mãos de Deus a fim de que Ele inspirasse a sua conduta. Na igreja diante do Sacrário, abriu ao acaso a Bíblia por três vezes e leu as seguintes frases: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres e terás um tesouro nos Céus.” (Mt 19,21). Na segunda vez: “Quem quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” (Mt 16,24) e finalmente na terceira vez: “Não queiras levar para viagem coisa alguma” (Luc 9,3). Decidiu então, deixar a cabana da Porciúncula (que significa pequena porção de terra) e transferiu-se para Rivotorto. Francisco com seus onze frades saiu de Assis e foi a Roma, para conseguir de Sua Santidade o Papa, uma autorização oficial para estabelecer a Ordem que ele fundou. Esta Ordem religiosa denominada dos Frades Menores, nascida em 1209, foi aprovada por Inocêncio III (que anteriormente tinha tido a visão da Basílica de São Pedro em ruínas e um homem, Francisco, que a sustentava). Eram os anos em que Clara de Assis muitas vezes aproximava-se do “Povorello”. Foram contatos tão intensos que provocaram a conversão da jovem que renunciou aos bens terrenos e fundou a segunda Ordem das Povere Dama (Ordem das Pobres Damas). O ninho da pobreza das monjas foi São Damião. Francisco e seus companheiros construíram diversas cabanas próximas à igreja de Santa Maria dos Anjos, onde podemos considerar o primeiro Convento Franciscano. Logo receberam nova falange de frades, alegres, dispostos e repletos de devoção por Francisco. Desde o tempo dos Apóstolos, jamais alguém tentara colocar em prática os ensinamentos e palavras de Jesus como fizeram Francisco e seus seguidores! Francisco fundou mais tarde, a Ordem Terceira, aberta indistintamente a padres, leigos, moças, jovens, viúvas, rapazes e cônjuges, todos que queriam seguir a regra franciscana. A estes foi estabelecido: - viver honestamente em suas casas, no trabalho, nas paróquias e no ambiente familiar; dar esmolas, atender as obras de caridade e, sobretudo amar a Deus e a nossa Mãe Santíssima. Sentia grande e profunda admiração por Nossa Senhora e sempre a referia com muita doçura e muito carinho! Francisco instituiu o Presépio, dando origem a uma das tradições mais amadas pela cristandade!
Nos últimos anos de vida
        Nos últimos anos de vida, Francisco diminuiu as suas viagens e missões, dedicando-se às orações e a escrever. Procurava ficar mais com seus frades, orientando, instruindo e dando a cada um o seu exemplo maravilhoso! Sua condição física estava comprometida com diversas doenças, ficou com sua saúde debilitada devido os jejuns frequentes. Sofria de hemorragias com frequência e também tinha uma doença nos olhos contraída quando esteve no Egito tentando converter o Sultão. Nas crises, havia momentos em que ficava quase que completamente cego!
O Grande Milagre
        No Monte Alverne, em estado de êxtase, reviveu o Apocalipse, descobrindo detalhes que antes não percebera e fechou os lábios por ordem do Sublime Comandante da Terra, só mais tarde falando novamente ao Seu discípulo: - Já foi dito o que se tinha a dizer. E continuou: - Quem tiver olhos para ver, que veja; quem tiver ouvidos para ouvir que ouça pelos meios da intuição e do raciocínio.
        Em 1224 no Monte Alverne foi, por assim dizer, o Calvário do Povorello de Assis, onde pedira a Jesus que antes de voltar à Pátria Espiritual, desejaria sentir as Suas chagas no próprio corpo. Foi lá que teve sua maior emoção espiritual em vida, onde recebeu o maior reconhecimento do Senhor: os estigmas. Todavia, Francisco não poderia mais estar materialmente presente entre as pessoas: doente, foi induzido pelos confrades a retirar-se e repousar, mas dentro daquele corpo espiritual estavam acumuladas valiosas experiências de sucessivas vidas, das quais três se destacam: de Profeta, de Apóstolo e de Santo. Santa Clara e suas irmãs o trataram em São Damião e foi neste período que ele ditou o Cântico das Criaturas, um texto de grande lirismo de onde emergem com força os ideais franciscanos. Pediu para ser levado à Porciúncula, pois percebia que estava prestes a deixar a esfera terrena onde começou a cantar o Salmo 141 de David. Quando o cortejo ia passando perto de um leprosário e alguém mencionou este nome, ele falou com alegria: - Meus filhos, eu desejava ver meus filhos do coração e como não posso vê-los com os olhos da carne, ficaria satisfeito em tocá-los. O calendário marcava a data de três de outubro de 1226. Rumaram ao hospital de Hansenianos e Pai Francisco os abençoava com toda ternura! Naquele quadro de Amor, dois leprosos foram curados pelo toque do Santo. Seus lábios ficaram vermelhos de sangue das chagas e ele, no encanto do amor, não quis que limpassem as marcas do seu convívio com os enfermos do coração! Lembrou-se de Clara, visualizou a sua figura como se estivesse à beira do seu leito, falando-lhe do Amor, daquele Amor que ultrapassa as barreiras do egoísmo e do ciúme, daquele que supera o da família e o da pátria, para somente concentrar-se no amor Universal, personificado pelo Cristo! Mandou chamá-la, porém ela não pôde comparecer. O Sol começava a apagar-se no poente e o som de sua voz foi se perdendo até emudecer inteiramente. E foi cantando que ele entrou na eternidade! Ao seu redor ,somente ouvia-se um sonoro e imprevisto coro de todas as aves, dando-lhe o último Adeus! Levado a Porciúncula, todos foram prestar a ultima homenagem a Francisco... Seus confrades transportaram o seu corpo para a Catedral de Assis, levando tochas acesas e um ramo de oliveira. Na manhã seguinte, o cortejo fúnebre alcançou São Damião, onde Clara e suas freiras pudessem ver pela última vez o seu pai espiritual. Frei Rogério viu com nitidez Pai Francisco subindo aos Céus refulgindo-se de luzes, ao encontro do Cristo! Diante do Mestre, os seus joelhos dobraram-se de emoção e Francisco chorou como criança! Jesus levantou-o com carinho e ele apoiado em Seu ombro, pediu com humildade: “-Mestre, se eu mereço a Tua benção, que ela seja dada aos companheiros que ficaram no mundo. Eles carecem da Tua ajuda agora e sempre!”.
        Fez mais uma pergunta: “-Mestre, e Maria, Tua e nossa Mãe Santíssima?”
        O silêncio dominou o ambiente e Francisco procurou buscá-la entre os que estavam presentes, mas não viu aquela que tanto amava, recordando o momento cruciante do Calvário. Rememorou todo o drama, e apurando os ouvidos espirituais ouviu, com alegria o que foi registrado no Evangelho e que ele mesmo escrevera (Cap.19 V: 26 e 27): “-Vendo Jesus sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse: “- Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: - Eis aí a tua mãe.”Dessa hora em diante o discípulo a tomou para casa. Francisco de Assis chorou novamente, amparado por Jesus; o Mestre acariciando os cabelos do discípulo amado, como outrora, disse com profunda ternura: “-Meu filho! - Eis que aqui estamos te esperando para novos trabalhos que nos compete realizar. Somos conscientes de que ninguém morre e que o nosso Amor deve ser extensivo a todas as criaturas de Deus. Cumpriste o teu dever pisando no solo terreno e, por muitas vezes em espinhos dilacerantes. Renunciaste ao conforto do mundo, visualizando a paz das criaturas. Gastaste a última gota de energia em favor dos que sofrem! Tudo isso me agradou, porque deixaste um rastro de luz como exemplo, porque viveste o Evangelho na sua mais alta função de humildade, de desprendimento e de Amor!Que Deus te “abençoe.”
        E Francisco espírito agradecia ao Francisco corpo, onde olhou a sua feição melancólica pelo desgaste do corpo físico, ao qual ainda se achava ligado pelo cordão de vida e imprimiu em sua mente poderosa, uma feição de alegria! O rosto de Francisco corpo se iluminou, os presentes admiraram o fato, considerando-se mais um milagre do Pai. Francisco levantou-se para despedir-se de Assis e viu uma mulher, chorando e orando, e dentro do seu tórax viu bater um coração de luz! Era Clara! Com muita emoção abraçou-a e chorou com ela! Afastou-se, olhou para Clara, e viu nela companheira de outras eras!... Pegou em suas mãos e beijou-as e ela sentiu a sua presença espiritual e falou pelo pensamento: - Francisco!... - Queria ver-te antes de fechar os olhos na Terra, mas Deus não permitiu. Hei de ver-te, brevemente, com eles abertos na espiritualidade! O Amor que nos une sobreviverá em favor dos que sofrem eternidade afora... Clara sentiu um vento acariciar seu rosto como se fossem as mãos de Francisco! Ela agradeceu ao Senhor pelo prêmio da comunhão espiritual! Cerrou os olhos em oração e viu nitidamente Francisco de Assis acenando-lhe com as mãos em ascensão para o infinito! Francisco regressou à Pátria Espiritual, a fim de assumir novos encargos, como Preposto Divino a operar em favor das criaturas.
        Dois anos após a sua morte, Francisco foi beatificado por Onório IX em 1228.
        São Francisco de Assis é para nós um ponto de referência de reforma interior e humildade. É um marco na história religiosa da humanidade!


Bibliografia
Guia ilustrada de Assis – Autor Adriano Cioci
O Mundo de Francisco de Assis – Autor Ariston S. Teles, pelo Espírito Rabindranath Tagore
Workshop Irmão Alegria – A Vida de Francisco de Assis – Divaldo Pereira Franco
Francisco de Assis – João Nunes Maia, pelo Espírito Miramez
Francisco de Assis, uma proposta para hoje – Frei Paulo Bettoni Oblak

Quem Se Elevar Será Rebaixado

Quem Se Elevar Será Rebaixado


                3 – Naquela hora, chegaram-se a Jesus os seus discípulos, dizendo: Quem é o maior no Reino dos Céus? E Jesus, chamando um menino, o pôs no meio deles e disse: Na verdade vos digo que, se não fizerdes como meninos, não entrareis no Reino dos Céus. Todo aquele, pois,que se humilhar e se fizer pequeno como este menino, esse será o maior no Reino dos Céus. E o que receber em meu nome um menino como este, a mim é que recebe. (Mateus, XVIII: 1-5).
                4 – Então se chegou a ele a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-o e pedindo-lhe alguma coisa. Ele lhe disse: Que queres? Respondeu ela: Dize a estes meus dois filhos que se assentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda. E respondendo Jesus, disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu hei de beber? Disseram-lhe eles: Podemos. Ele lhes disse: É verdade que haveis de beber o meu cálice; mas, pelo que toca a terdes assento à minha direita ou à minha esquerda, não me pertence conceder-vos, mas isso é para aqueles a quem meu Pai o tem preparado. E quando os dez ouviram isto, indignaram-se contra os dois irmãos. Mas Jesus os chamou a si e lhes disse: Sabeis que os príncipes das nações dominam os seus vassalos, e que os maiores exercitam sobre eles o seu poder. Não será assim entre vós; mas aquele que quiser ser o maior, esse seja o vosso servidor, e o que entre vós quiser ser o primeiro, seja o vosso escravo; assim como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em redenção de muitos. (Mateus, XX: 20-28).
                5 – E aconteceu que, entrando Jesus num sábado em casa de um dos principais fariseus, a tomar a sua refeição, ainda eles o estavam observando. E notando como os convidados escolhiam os primeiros assentos à mesa, propôs-lhes esta parábola: Quando fores convidado a alguma boda, não te assentes no primeiro lugar, porque pode ser que esteja ali outra pessoa, mais autorizada que tu, convidada pelo dono da casa, e que, vindo este, que te convidou a ti e a ele, te diga: dá o teu lugar a este; e tu, envergonhado, irás buscar o último lugar. Mas quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: amigo, senta-te mais para cima, servir-te-á isto então de glória, na presença dos que estiverem juntamente sentados à mesa. Porque todo o que se exalta será humilhado; e todo o que se humilha será exaltado. (Lucas, XIV: 1, 7-11)
        6 – Estas máximas são conseqüências do princípio de humildade, que Jesus põe incessantemente como condição essencial da felicidade prometida aos eleitos do Senhor, nas seguintes palavras: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. Ele toma um menino como exemplo da simplicidade de coração, e diz: “Todo aquele, pois, que se fizer pequeno como este menino, será o maior no Reino dos Céus”;  ou seja, aquele que não tiver pretensões à superioridade ou à infalibilidade.
                O mesmo pensamento fundamental se encontra nesta outra máxima: “Aquele que quiser ser o maior, seja o que vos sirva”, e ainda nesta: “Porque quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.
                O Espiritismo vem confirmar a teoria pelo exemplo, ao mostrar que os grandes no mundo dos Espíritos são os que foram pequenos na Terra, e que freqüentemente são bem pequenos os que foram grandes e poderosos. É que os primeiro levaram consigo, ao morrer, aquilo que unicamente constitui a verdadeira grandeza no céu, e que nunca se perde: as virtudes; enquanto os outros tiveram de deixar aquilo que os fazia grandes na Terra, e que não se pode levar: a fortuna, os títulos, a glória, a linhagem. Não tendo nada mais, chegam ao outro mundo desprovidos de tudo, como náufragos que tudo perderam, até as roupas. Conservam apenas o orgulho, que torna ainda mais humilhante a sua nova posição, porque vêem acima deles, e resplandecentes de glória, aqueles que espezinharam na Terra.
                O Espiritismo nos mostra outra aplicação desse princípio nas encarnações sucessivas, onde aqueles que mais se elevaram numa existência, são abaixados até o último lugar na existência seguinte,  se se deixaram dominar pelo orgulho e a ambição. Não procureis, pois, o primeiro lugar na Terra, nem queirais sobrepor-vos aos outros, se não quiserdes ser obrigado a descer. Procurai, pelo contrário, o mais humilde e o mais modesto, porque Deus saberá vos dar um mais elevado no céu, se o merecerdes.

O Evangelho Segundo o Espiritismo

por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires


Alegria e Vida

A Humanidade terrena passa por momentos difíceis, complicados, jamais imaginados pelas gerações presentes.
Muitos se perguntam por onde anda a alegria de viver, frente à triste realidade que enfrentamos.
Quanto mais o homem tem progredido científica e tecnologicamente, sua alegria parece distante ou impossível.
As conquistas realizadas pelo ser humano, nessas últimas décadas, no micro e no macrocosmo, fazem com que um sentimento de poder passe a lhe alimentar o ego.
Perceber que pode penetrar, desvendar e manipular o mundo microscópico, é motivo de muito orgulho.
Olhar para os astros, e se sentir conhecedor dos meios de alcançar alguns, aproximar-se de outros, analisá-los através de suas potentes aparelhagens, fá-lo vaidoso.
Essas descobertas propiciam que a criatura comece a se sentir um tanto quanto criador, pois que não tem outra visão da realidade da vida.
E, apesar de todas essas conquistas, não sente a verdadeira alegria.
*   *   *
Quando o homem se entender como filho de Deus, herdeiro dessa Inteligência Suprema do Universo e Causa Primeira de tudo o que existe, mudará sua maneira de ser.
Quando conceber que é um Espírito imortal, de que nada sabe, frente ao muito a aprender, deixará de lado seu tolo orgulho.
Quando se aceitar como alguém que precisa de muita conquista, na direção do bem, diminuirá a vaidade que o acomete.
*   *   *
Necessário se faz um mergulho na realidade: enquanto vivermos apenas em busca de conquistas na área material, estaremos trilhando somente a linha horizontal da vida.
Ao buscarmos o crescimento, também na linha vertical, nos aprimorando na conquista das virtudes, da ética, do sentimento moral, a alegria nos visitará.
Alguém poderá argumentar como podemos falar em alegria, em meio a tanto sofrimento existente no planeta.
Então, pensemos: ao nos dispormos a viver a vida com alegria, precisamos olhar as situações comoutros óculos. Por exemplo, o sofrimento faz mal, no entanto, não é um mal, porque oferece os recursos valiosos para a aquisição do bem permanente.
Logo, ter alegria não impede a aproximação do sofrimento, pois que ele faz parte de nosso processo de evolução.
Ao compreender esse fato, não abandonamos a alegria, até por poder aprender com a dor, e evoluir para Deus.
Quando o amor não está presente no sentimento, a alegria não floresce, porque permanece sombreada pelas dúvidas e suspeitas.
As pessoas dizem querer a alegria, a felicidade, mas não conseguem adquiri-las, por mais as persigam.
A alegria não é encontrada em mercados ou farmácias, mas no coração, que sente e ama.
Sempre que possível expressemos a alegria de viver.
Se já encontramos Jesus, melhor razão temos para a alegria, porque envoltos na Luz do mundo, nenhuma sombra ameaça.
Alegremo-nos com a vida que desfrutamos, e agradeçamos sempre a glória de saber e de amar, para agir com acerto.
A vida com alegria é, em si mesma, um hino de louvor a Deus.
Redação do Momento Espírita, com base na mensagem Viver com alegria, pelo Espírito Joanna de Ângelis, 
psicografia de Divaldo Pereira Franco, na manhã de 29.5.2009, 
no G-19, em Zurique, Suíça.
Em 17.10.2015.

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...