segunda-feira, 29 de junho de 2015

Pequenas Âncoras

O que nos impede a felicidade?
Muitos diriam que é a falta de dinheiro. Outros apontariam a família não muito ajustada. Alguns mencionariam as limitações ou doenças do corpo.
Haverá, contudo, aqueles que, embora menos favorecidos financeiramente, demonstram alegria.
Também pessoas imersas em grandes problemas e conflitos familiares, gozando de paz.
E, não raro, nos depararemos com aqueles envolvidos em processos de dolorosas enfermidades, conservando a serenidade no olhar, própria dos que se sentem tranquilos.
A felicidade é conquista íntima, não dependendo de fatores externos.
Não será, portanto, a conta bancária que nos fará felizes ou infelizes.
Da mesma forma, as limitações na saúde e no corpo físico não serão sinônimos de infelicidade.
A construção da felicidade será sempre processo interno, fruto dos valores que cultivamos n’alma, e que se reflete em bem-estar e alegria.
Haverá, sim, valores gerando atitudes de forma contrária, criando obstáculos a esses estados.
O esforço para nos livrarmos dessas pequenas âncoras, desses empecilhos que ainda trazemos arraigados n’alma será a solução a ser buscada.
Quanto de nossa infelicidade nasce do medo?
Sentimo-nos paralisados, consumimos valiosos recursos de nossa energia quando nos deixamos tomar pelo medo das perdas, seja do emprego, da saúde, dos afetos, ou de possível traição.
Por vezes, deixamos o medo nos conduzir, nos guiar, impedindo-nos ações relevantes e oportunas para nosso feliz viver.
Porém, já nos permitimos reflexionar em torno desses medos? Já buscamos racionalizá-los sob a ótica da bondade e justiça de Deus?
O exercício da análise lúcida e clara dos nossos medos será o mecanismo de sua desestruturação.  A partir daí, eles tendem a desaparecer, qual bruma ao nascer do sol.
Logo, cedem espaço à tranquilidade, proporcionadora de paz.
Outra âncora da nossa infelicidade é a violência que carregamos.
Onde quer que estejamos, seja na intimidade familiar, no ambiente de trabalho, ou na sociedade, nossa violência provocará em nós mesmos terríveis consequências.
Porque nos permitimos ser violentos, abrimos mão de vivenciar amenos estados d’alma.
Isso porque a harmonia interior, as aspirações mais elevadas, que permitem identificar a beleza em tudo, não conseguem se instalar em nós.
Como essas emoções são incompatíveis, ao optarmos por dar guarida a uma, abrimos mão do bem-estar da outra.
E ficamos à mercê de estados doentios e depressivos.
Ao percebermos essas âncoras, que dificultam a construção de nossa felicidade, busquemos nova postura íntima.
Lembremo-nos de Jesus, o maior psicoterapeuta jamais visto.
Nos temores, Ele nos lembra da Providência Divina. Na dúvida, nos concita à fé, nos estados exaltados d’alma, chama-nos à reflexão e à paz.
E será Ele, sempre e incomparavelmente, a melhor referência de conduta em prol de nossa felicidade.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Impedimentos à iluminação,
do livro 
Impermanência e Imortalidade, pelo Espírito Carlos Torres Pastorino,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. FEB.
Em 20.6.2015.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Vida Plena

Quem morre? Este é o título de um poema de Martha Medeiros, que diz: Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos. Quem não muda de marca; não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
A escritora tem razão. Estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar.
Estar vivo significa lutar todos os dias e acordar cada dia com a disposição de um grande navegador, que deseja enfrentar novos mares e descobrir novos continentes.
É entrar na livraria para constatar das novas publicações. É se deter para ler a sinopse de algumas, mesmo que não possa adquiri-las no momento.
Estar vivo significa se permitir o tempo para ouvir uma música. É tentar entender o significado dos versos da canção que o rádio toca, de forma insistente, porque é a música do momento.
Estar vivo é andar por ruas nunca andadas, pelo simples prazer da exploração. É deliciar-se com as descobertas. Uma praça verdejante, um recanto romântico, um abrigo natural.
É sorrir para quem lhe sorri, sem antes ficar se perguntando: Por que será que ele está me cumprimentando? Não o conheço.
Pode ser simplesmente um solitário, tentando obter a fortuna de um sorriso para sua jornada. Ou alguém que deseje viver um novo momento, com inusitada alegria.
Estar vivo é tomar a decisão de, antes de se queixar de tudo de mal que acontece, apanhar um papel e enumerar todas as coisas ruins da sua vida em uma coluna. Em outra, enumerar todas as coisas positivas e verificar como se é rico de oportunidades.
Mas não esquecer nada. A possibilidade de andar, a ventura de abraçar, a riqueza de ouvir, ver, sentir. O olfato que permite ficar inebriado de prazer com o perfume das flores, o tato que permite perceber a maciez da pele do ser amado, o paladar que dá o prazer de se deliciar com um feijãozinho com arroz, uma pizza ou um cachorro quente. O café quentinho. O sorvete gelado.
Estar vivo é desejar saber sempre mais. Interessar-se. É jamais admitir que se está demasiado velho para aprender. É não deixar enferrujar o cérebro, por falta de estímulo de muitos quefazeres e novos entenderes.
Estar vivo é viver no meio das pessoas, com as pessoas, inter-relacionando-se com elas. É conversar, responder perguntas, mesmo que pareçam tolas.
Quem tem os ouvidos cerrados a todo som, daria tudo para ouvir, mesmo que fossem aquelas coisas que recebem os adjetivos de tolices incômodas.
*   *   *
Abra-se para a vida! Alegre-se com o som da voz da sua esposa, do seu filho. Encante-se com a bagunça da criançada. Sorria dos pequenos contratempos que lhe aconteçam. Em uma palavra: viva!
A vida é uma maravilhosa descoberta diária, para todos os que não desistiram dela. Para todos aqueles que a veem como uma namorada, que espera ter todas as suas virtudes, belezas e encantos descobertos a pouco e pouco pelo companheiro que a deseja conquistar.
Lembre que somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.
 Redação do Momento Espírita, com citação de versos 
do poema 
Quem morre?, de Martha Medeiros, do sitehttp://pensador.uol.com.br/autor/martha_medeiros/2/
Em 26.6.2015.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Três Desejos

Um conto popular muito antigo narra que um casal de idosos hospedou um homem, em sua casa. Eram muito pobres mas, mesmo assim, compartilharam de boa vontade o pouco que tinham.
Vendo que possuíam corações nobres, o hóspede lhes concedeu três desejos. O que quisessem ter lhes seria dado. Bastava pedir.
Os dois agradeceram a graça entretanto, desconhecendo a identidade e o poder do que lhes pareceu um simples andarilho, não ficaram muito confiantes na promessa.
Na hora do jantar, vendo a escassez de alimento sobre a mesa, a mulher suspirou e disse:
Seria tão bom ter uma bela roda de linguiças assando na brasa...
Mal terminou de falar e uma roda de linguiças surgiu fumegando.
Ela deu um grito de espanto.
O marido, ao se dar conta de que o primeiro pedido havia sido feito, ficou muito irritado e ralhou:
Sua tola, eu queria que essa linguiça ficasse grudada no seu nariz para você aprender a não desperdiçar um pedido.
Mal havia terminado de falar quando a linguiça voou e se grudou na ponta do nariz da esposa.
Foi uma choradeira sem fim. Por mais que tentasse, a linguiça não se soltava.
O homem não teve alternativa a não ser desejar que a linguiça saísse do nariz de sua mulher.
Assim, os três pedidos foram tolamente desperdiçados.
*   *   *
Quantas vezes, por imaturidade, egoísmo ou orgulho deixamos passar oportunidades preciosas?
Se aquele casal cultivasse o diálogo poderia ter conversado sobre a oportunidade recebida, refletido sobre suas necessidades e resolvido questões de grave importância.
Apesar de serem pessoas boas, agiram de maneira infantil e egocêntrica. Tampouco pensaram que tinham nas mãos o poder de ajudar aqueles que os cercavam, além deles mesmos.
Ignoraram o fato de que, em vez de fazer pedidos para resolver problemas imediatos, como o jantar, poderiam ter desejado nunca mais passar fome, solucionando um problema bem maior.
Perderam, dessa forma, a oportunidade de melhorar a própria existência e fazer a diferença na vida de muitos.
E nós? Se nos fosse dado fazer um desejo, o que pediríamos? Algo bastante pessoal e imediato? Ou algo que pudesse também beneficiar os que nos cercam?
Quantos agimos, de forma tola, diariamente, deixando passar chances de crescimento?
Deixamos de conversar, de dialogar, de ouvir. Irritamo-nos com os outros por tolices. Brigamos porque não somos prioridade. Desejamos que os problemas desapareçam sem nos esforçarmos para isso.
E quando oramos, o que pedimos a Deus? Que solicitações fazemos? A solução de coisas imediatas, que nós mesmos poderíamos resolver com algum esforço e sacrifício?
Pedimos dinheiro? Saúde? Paz? Trabalho? Amor? Felicidade?
Pedimos apenas para nós ou nos lembramos de rogar benefícios para outras pessoas?
Quando conseguirmos vencer o egoísmo e aprendermos a estender nosso amor e nosso desejo do bem para todos os que nos rodeiam, estaremos contribuindo para que o amor e a fraternidade reinem na Terra, retirando espaço ocupado pelo mal.
Pensemos nisso. Utilizemos as oportunidades que nos são ofertadas a nosso favor e a favor do nosso próximo.
 Redação do Momento Espírita, com adaptação do conto Quem tudo quer, tudo perde, do livro Contos tradicionais
do Brasil,  de Luís da Câmara Cascudo, ed. Global.
Em 19.6.2015.

DEUS É CARIDADE

Não guardes e nem fales, coração,
Palavras de azedume ou desesperação.
O verbo que escarnece, esfogueia, envenena,
Traz em si mesmo a dolorosa pena
De amarga frustração!

Muitas vezes nós mesmos, trilha afora
No pensamento que se desarvora,
Nas teias da ilusão sem motivo ou sem base,
Para sair do mal e regressar ao bem
Precisamos apenas de uma frase
Do carinho de alguém!

Na dor que nos renova,
Quantas vezes na vida a gente espera
Simplesmente um sorriso,
Para fazer o esforço que é preciso,
Á fim de não perder nas lágrimas da prova
A paz da fé sincera!...

Pensa nisso e abençoa
Àquela própria mão que espanca ou aguilhoa.
Fel, tristeza, amargura,
Transformam desventura em maior desventura!
Se a mágoa te domina,
Observa a lição da Bondade Divina!
Se o homem tala o campo aos horrores da guerra,
Deus recama de verde as úlceras da Terra.
Cerre-se a noite fria,
Deus recompõe sem falta os fulgores do dia.
Atire-se um calhau à fonte na espessura,
Deus protege a corrente
E a fonte lava a pedra a beijos de água pura
E prossegue indulgente,
Doce, clara, bendita,
Fertilizando o campo em que transita.
Isole-se a semente pequenina
Na clausura do chão
E eis que Deus a ilumina
E ela faz a alegria e a fartura do pão!
Que a poda fira a planta a golpes destruidores
E Deus reveste o tronco em auréolas de flores!... 

Conquanto seja em tudo a Justiça perfeita
Que nos premia, ampara, aprimora e endireita
Pelo poder do amor incontroverso,
Deus quer que a Lei do amor seja cumprida
Para a glória da vida,
Nas mais remotas plagas do Universo! 

Serve, pois, coração,
À tolerância, à paz, à bondade e à união!
Embora desprezado, anônimo, sozinho,
Agradece, em silêncio, a injúria, o pranto, o espinho
E serve alegremente...
Dor é nova ascensão à Vida Superior!...
Rende-te a Deus e segue para a frente,
Pois Deus é Caridade e a Caridade ardente
Tudo cobre de amor!...
 Pelo Espírito Maria Dolores - Do livro: Antologia da Espiritualidade, Médium: Francisco Cândido Xavie

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Jesus, Kardec e Nós

    Jesus, Kardec e Nós

    Se Jesus considerasse a Sí mesmo puro demais, a ponto de não tolerar o contato das fraquezas Humanas; Se acreditasse que tudo deve correr por conta de Deus; Se nos admitisse irremediavelmente perdidos na rebeldia e na delinquência; Se condicionasse o desempenho do Seu Apostolado ao apoio dos Homens mais cultos; Se aguardasse encosto dinheiroso e valimento político a fim de realizar a sua obra ou se recuasse, diante do sacrifício, de certo não conheceríamos a Luz do Evangelho, que nos descerra o caminho à Emancipação Espiritual.
    Se Allan Kardec superestimasse a elevada posição que lhe era devida na aristocracia da inteligência, colocando honras e títulos merecidos, acima das próprias convicções; Se permanecesse na expectativa da adesão de Personalidades Ilustres à Mensagem de que se fazia portador; Se esperasse cobertura financeira para atirar-se à Tarefa; Se avaliasse as suas dificuldades de Educador, com escasso tempo para esposar compromissos diferentes do Magistério ou se retrocedesse, perante as calúnias e injúrias que lhe inçaram a estrada, não teríamos a Codificação da Doutrina Espírita, que complementa o Evangelho, integrando-nos na responsabilidade de Viver.
    Refletindo em Jesus e Kardec, ficamos sem compreender a nossa inconsequência, quando nos declaramos demasiadamente virtuosos, ocupados, instruídos, tímidos, incapazes ou desiludidos para atender às obrigações que nos cabem na Doutrina Espírita. Isso porque se Eles, o Mestre e o Apóstolo da Renovação Humana, passaram entre os Homens, sofrendo dilacerações e exemplificando o Bem, por Amor à Verdade, quando nós, consciências endividadas, fugimos de Aprender e Servir, em proveito próprio indiscutivelmente, estaremos sem perceber, sob a hipnose da obsessão oculta, carregando equilíbrio por fora e loucura por dentro.
    Emmanuel

segunda-feira, 22 de junho de 2015

O Evangelho no Lar

"Organizemos o nosso agrupamento doméstico do Evangelho. O Lar é o coração do organismo social. Em casa, começa nossa missão no mundo." 
Scheilla (do livro Luz no Lar)

"Porque onde estiverem reunidos em meu nome, lá estarei presente."  Jesus. 

(MATEUS, 18:20.)

O Evangelho no Lar

Finalidade: trata-se de um encontro semanal, sendo previamente marcado o dia e a hora, (devendo ser repetido sempre no mesmo dia e hora da semana) com o objetivo de reunir a família em torno dos ensinamentos evangélicos, à luz do Espiritismo, e sob a assistência dos Benfeitores Espirituais.

1. Participantes:

  • podem ser todas as pessoas do lar, inclusive as crianças.
  • ou ainda pode ser feito por apenas uma pessoa da casa.

2. Roteiro da Reunião:

  1. leitura, sem comentários, de uma página de um livro (por exemplo, Pão Nosso, Fonte Viva, entre outros);
  2. prece inicial;
  3. leitura e comentários de um tópico de O Evangelho segundo o Espiritismo, estudado de forma seqüêncial;
  4. prece de encerramento.

3. Recomendações:

  • o tempo da Reunião deve ser, no máximo, de uma hora;
  • evitar a manifestação mediúnica de Espíritos;
  • pode-se colocar água para ser beneficiada pelos Protetores Espirituais e, após, repartida entre os participantes;
  • a presença de visita, não deve ser motivo para suprimir a Reunião.
  • no caso de se perder o dia da reunião em determinada semana, pode-se continuar na próxima;
  • quando toda a familia participa e acontecer de ter uma só pessoa no dia marcado, a reunião deve acontecer normalmente;
  • no caso de viagem, a familia pode realizar a reunião onde estiver;

Culto Cristão no Lar

O culto do Evangelho no lar não é uma inovação. É uma necessidade em toda parte onde o Cristianismo lance raízes de aperfeiçoamento e sublimação. A Boa-Nova seguiu da Manjedoura para as praças públicas e avançou da casa humilde de Simão Pedro para a glorificação no Pentecostes. A palavra do Senhor soou, primeiramente, sob o teto simples de Nazaré e, certo, se fará ouvir, de novo, por nosso intermédio, antes de tudo, no círculo dos nossos familiares e afeiçoados, com os quais devemos atender às obrigações que nos competem no tempo.

Quando o ensinamento do Mestre vibre entre as quatro paredes de um templo doméstico, os pequeninos sacrifícios tecem a felicidade comum.

A observação impensada é ouvida sem revolta.

A calúnia é isolada no algodão do silêncio.

A enfermidade é recebida com calma.

O erro alheio encontra compaixão.

A maldade não encontra brechas para insinuar-se.

E aí, dentro desse paraíso que alguns já estão edificando, a benefício deles e dos outros, o estímulo é um cântico de solidariedade incessante, a bondade é uma fonte inexaurível de paz e entendimento, a gentileza é inspiração de todas as horas, o sorriso é a sombra de cada um e a palavra permanece revestida de luz, vinculada ao amor que o Amigo Celeste nos legou.

Somente depois da experiência evangélica do lar, o coração está realmente habilitado para distribuir o pão divino da Boa-Nova, junto da multidão, embora devamos o esclarecimento amigo e o conselho santificante aos companheiros da romagem humana, em todas as circunstâncias.

Não olvidemos, assim, os impositivos da aplicação com o Cristo, no santuário familiar, onde nos cabe o exemplo de paciência, compreensão, fraternidade, serviço, fé e bom ânimo, sob o reinado legítimo do amor, porque, estudando a Palavra do Céu em quatro Evangelhos, que constituem o Testamento da Luz, somos, cada um de nós, o quinto Evangelho inacabado, mas vivo e atuante, que estamos escrevendo com os próprios testemunhos, a fim de que a nossa vida seja uma revelação de Jesus, aberta ao olhar e à apreciação de todos, sem necessidade de utilizarmos muitas palavras na advertência ou na pregação.
Emmanuel

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Luz no Lar. Por diversos Espíritos. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997. Cap 1, p. 11-12. 

Fonte: Folder distribuído pela Federação Espírita Brasileira.www.febnet.org.br

Persistir Sempre

Persistir, perseverar, é manter firmeza, manter constância no que se faz ou se pretende fazer, apesar das dificuldades, de eventuais dores ou incômodos.

É uma virtude que colabora para o êxito na vida, como bem exemplificam certas pessoas que não desistem dos seus objetivos.

Aquela mulher, por exemplo. Morava no interior do Estado. Era falante, alegre, sempre muito disposta a auxiliar a quem precisasse.

Colaborava no grupo religioso a que pertencia com disposição incrível. Sempre se podia contar com sua participação espontânea para todo e qualquer tipo de tarefa.

Era viúva. Seu marido, depois de intensa luta contra um câncer, partira há alguns anos.

Morava só, mas não era sozinha. Contava com as companhias que conquistava, graças à sua simpatia. Também com as colegas dos bazares beneficentes, que ela tanto prezava.

Certa feita, depois dos habituais exames periódicos, descobriu que era portadora de terrível câncer.

Todos temeram por ela. Mas, ela os surpreendeu com o seu comportamento de verdadeira cristã, alicerçada na fortaleza da fé.

Viajava para a capital do Estado, onde permanecia para o tratamento necessário, e retornava para sua cidade, destemida, sorrindo e brincando com as companheiras.

As recidivas a tiravam do convívio dos amigos, mas ela não demonstrava desânimo. Muitas vezes, para não preocupar a ninguém, ocultava as datas de suas viagens para o tratamento.

Por vezes, através de parentes ou pessoas mais próximas, as notícias chegavam à sua cidade, não muito otimistas. Entretanto, ela se recompunha e voltava ao lar, dizendo que ainda estava na posição de vencedora.

Se Deus quer que eu permaneça por aqui mais um pouco, deve ser porque ainda não terminei o meu trabalho. Vou continuar firme. – Dizia, corajosa.

Lutou, por mais de sete anos, contra o mal que lhe machucava o corpo. Quem não conhecia sua história, sequer imaginava aquela dura realidade.

Era uma verdadeira lutadora. Não entregava os pontos, nem se deixava influenciar por quem pedia para que ela sossegasse, para que se aquietasse!

Então, num dia de sol, ela se foi, tranquila.

Persistir em um objetivo positivo, que nos dá serenidade e alegria, que nos aproxima da Divindade e nos faz úteis ao próximo, é uma bênção!

Muitas vezes, alegamos dificuldades, insucessos, impossibilidades, no entanto, se observarmos o que nos detém realmente, veremos que é a nossa falta de constância.

É a nossa falta de perseverança que nos impede de chegar aonde queremos.

Devemos lutar contra nossos impedimentos internos e externos. Renovarmos em nós a motivação, persistirmos no ideal.

O ambiente doméstico nos concede contínuas chances de treinarmos essa virtude.

É no lar que encontramos as oportunidades constantes de construir afeições, de estreitar laços, de superar obstáculos que se apresentam.

No ambiente de convivência contínua, onde vivemos interdependência, na condição de pais, filhos e irmãos, a persistência é imprescindível para realizarmos nossos propósitos.

Pensemos nisso e prossigamos em nossa jornada de aprendizado, com bom ânimo e muita, muita persistência.
Por Redação do Momento Espírita. Do site: http://momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4496&stat=

domingo, 21 de junho de 2015

A Beleza

    A Beleza

    A beleza é um dos atributos divinos. Deus colocou nos seres e nas coisas esse misterioso encanto que nos atrai, nos seduz, nos cativa e enche a alma de admiração.
    A arte é a busca, o estudo, a manifestação dessa beleza eterna, da qual aqui na Terra não percebemos senão um reflexo. Para contemplá-la em todo o seu esplendor, em todo o seu poder, é preciso subir de grau em grau em direção à fonte da qual ela emana, e esta é uma tarefa difícil para a maioria de nós. Ao menos podemos conhecê-la através do espetáculo que o universo oferece aos nossos sentidos, e também através das obras que ela inspira aos homens de talento.
    O espiritismo vem abrir para a arte novas perspectivas, horizontes sem limites. A comunicação que ele estabelece entre os mundos visível e invisível, as informações fornecidas sobre as condições da vida no Além, a revelação que ele nos traz das leis superiores de harmonia e de beleza que regem o universo, vêm oferecer a nossos pensadores, a nossos artistas, inesgotáveis temas de inspiração.
    A observação dos fenômenos de aparição proporciona a nossos pintores imagens da vida fluídica, das quais James Tissot já pôde tirar proveito nas ilustrações de sua Vie de Jésus (Vida de Jesus). Oradores, escritores, poetas, encontrarão nesses fenômenos uma fonte fecunda de idéias e de sentimentos. O conhecimento das vidas sucessivas do ser, sua ascensão dolorosa através dos séculos, o ensinamento dos espíritos a respeito dessa grandiosa questão do destino, lançarão, em toda a história, uma inesperada luz, e fornecerão ainda aos romancistas, aos poetas, temas de drama, móbeis de elevação, todo um conjunto de recursos intelectuais que ultrapassarão em riqueza tudo o que o pensamento já pôde conhecer até o momento.
    Quando refletimos a respeito de tudo o que o espiritismo traz à humanidade, quando meditamos nos tesouros de consolação e de esperança, na mina inesgotável de arte e de beleza que ele lhe vem oferecer, sentimo-nos cheios de piedade pelos homens ignorantes e pérfidos cujas malévolas críticas não tem outra finalidade senão tirar o crédito, ridicularizar e até mesmo sufocar a idéia nascente cujos benefícios já são tão sensíveis. Evidentemente essa ideia, em sua aplicação, necessita de um exame, de um controle rigoroso, mas a beleza que dela se desprende revela-se deslumbrante a todo pesquisador parcial'>imparcial, a todo observador atento.
    O materialismo, com sua insensibilidade, havia esterilizado a arte. Esta arrastava-se na estreiteza do realismo sem poder elevar-se ao máximo da beleza ideal. O espiritismo vem dar-lhe novo curso, um impulso mais vivo em direção às alturas, onde ela encontra a fonte fecunda das inspirações e a sublimidade do gênio.
    Léon Denis

sábado, 20 de junho de 2015

EFICÁCIA DA PRECE

Eficácia da Prece

            5 – Por isso vos digo: todas as coisas que vós pedirdes orando, crede que as haveis de ter, e que assim vos sucederão. (Marcos, XI: 24)
            6 – Há pessoas que contestam a eficácia da prece, entendendo que, por conhecer Deus as nossas necessidades, é desnecessário expô-las a Ele. Acrescentam ainda que, tudo se encadeando no universo através de leis eternas, nossos votos não podem modificar os desígnios de Deus.
            Há leis naturais e imutáveis, sem dúvida, que Deus não pode anular segundo os caprichos de cada um. Mas daí a acreditar que todas as circunstâncias da vida estejam submetidas à fatalidade, a distância é grande. Se assim fosse, o homem seria apenas um instrumento passivo, sem livre arbítrio e sem iniciativa. Nessa hipótese, só lhe caberia curvar a fronte ante os golpes do destino; sem procurar evitá-los; não deveria esquivar-se dos perigos. Deus não lhe deu o entendimento e a inteligência para que não os utilizasse, a vontade para não querer, a atividade para cair na inação. O homem sendo livre de agir, num ou noutro sentido, seus atos têm, para ele mesmo e para os outros, conseqüências subordinadas às suas decisões. Em virtude da sua iniciativa, há portanto acontecimentos que escapam, forçosamente, à fatalidade, e que nem por isso destróem a harmonia das leis universais, da mesma maneira que o avanço ou atraso dos ponteiros de um relógio não destrói a lei do movimento, que regula o mecanismo do aparelho. Deus pode, pois, atender a certos pedidos sem derrogar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, dependendo sempre o atendimento da sua vontade.
            7 – Seria ilógico concluir-se, desta máxima: “Aquilo que pedirdes pela prece vos será dado”, que basta pedir para obter, e injusto acusar a Providência se ela não atender a todos os pedidos que lhe fazem, porque ela sabe melhor do que nós o que nos convém. Assim procede ao pai prudente, que recusa ao filho o que lhe seria prejudicial. O homem, geralmente, só vê o presente; mas, se o sofrimento é útil para a sua felicidade futura, Deus o deixará sofrer, como o cirurgião deixa o doente sofrer a operação que deve curá-lo.
            O que Deus lhe concederá, se pedir com confiança, é a coragem, a paciência e a resignação. E o que ainda lhe concederá, são os meios de se livrar das dificuldades, com a ajuda das idéias que lhe serão sugeridas pelos Bons Espíritos, de maneira que lhe restará o mérito da ação. Deus assiste aos que se ajudam a si mesmos, segundo a máxima: “Ajuda-te e o céu te ajudará”, e não aos que tudo esperam do socorro alheio, sem usar as próprias faculdades. Mas, na maioria das vezes, preferimos ser socorridos por um milagre, sem nada fazermos. (Ver cap. XXV, nº 1 e segs.)
            8 – Tomemos um exemplo. Um homem está perdido num deserto; sofre horrivelmente de sede; sente-se desfalecer e deixa-se cair ao chão. Ora, pedindo a ajuda de Deus, e espera, mas nenhum anjo vem lhe dar de beber. No entanto, um Bom Espírito lhe sugere o pensamento de levantar-se e seguir determinada direção. Então, por um impulso instintivo, reúne suas forças, levanta-se e avança ao acaso. Chegando a uma elevação do terreno, descobre ao longe um regato, e com isso retoma a coragem. Se tiver fé, exclamará: “Graças, meu Deus, pelo pensamento que me inspiraste e pela força que me deste”. Se não tiver fé, dirá: “Que boa idéia tive euQue sorte eu tive, de tomar o caminho da direita e não o da esquerda; o acaso, algumas vezes, nos ajuda de fato! Quanto me felicito pela minha coragem e por não me haver deixado abater!”.
            Mas, perguntarão, por que o Bom Espírito não lhe disse claramente:”Siga este caminho, e no fim encontrarás o que necessitas”? Porque não se mostrou a ele, para guiá-lo e sustentá-lo no seu abatimento? Dessa maneira o teria convencido da intervenção da Providência. Primeiramente, para lhe ensinar que é necessário ajudar-se a si mesmo e usar as próprias forças. Depois, porque, pela incerteza, Deus põe à prova a confiança e a submissão à sua vontade. Esse homem estava na situação da criança que, ao cair, vendo alguém, põe-se a gritar e espera que a levantem; mas, se não vê ninguém, esforça-se e levanta-se sozinha.
            Se o anjo que acompanhou a Tobias lhes houvesse dito: “Fui enviado por Deus para te guiar na viagem e te preservar de todo perigo”, Tobias não teria nenhum mérito. Foi por isso que o anjo só se deu a conhecer na volta.

O Evangelho Segundo o Espiritismo

por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Não Julgues Teu Irmão

Amigo,


Examina o trabalho que desempenhas.



Analisa a própria conduta.



Observa os atos que te definem.



Vigia as palavras que proferes.



Aprimora os pensamentos que emites.



Pondera as responsabilidades que recebeste.



Aperfeiçoa os próprios sentimentos.



Relaciona as faltas em que, porventura, incorreste.



Arrola os pontos fracos da própria personalidade.



Inventaria os débitos em que te inseriste.



Sê o investigador de ti mesmo, o defensor do próprio coração, o guarda de tua mente.



Mas, se não deténs contigo a função do juiz, chamado à cura das chagas sociais, não julgues o irmão do caminho, porque não existem dois problemas, absolutamente iguais, e cada espírito possui um campo de manifestações particulares.



Cada criatura tem o seu drama, a sua aflição, a sua dificuldade e a sua dor.



Antes de julgar, busca entender o próximo e compadece-te, para que a tua palavra seja uma luz de fraternidade no incentivo do bem.



E, acima de tudo, lembra-te de que amanhã, outros olhos pousarão sobre ti, assim como agora a tua visão se demora sobre os outros.



Então, serás julgado pelos teus julgamentos e medido, segundo as medidas que aplicas aos que te seguem.


ANDRÉ LUIZ

(De “Comandos do Amor”, de Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Solidariedade

Solidariedade


Estava fazendo minha caminhada habitual pela avenida Sumaré, quando um filhote de cão, talvez de uns 40 dias de vida, se tanto, abandonado ali na Praça Irmãos Karman, veio para a beira da calçada e logo, o seu focinho curioso fez com que ele descesse até o asfalto. Olhava a cena, enquanto o meu coração acelerava, prestes a ver, e ao mesmo tempo não querendo ver, um acontecimento impiedoso e quase certo. Os carros passavam à velocidade normal permitida ali, e o cãozinho iria virar carne moída dentro de pouco tempo. Arriscando-me por entre alguns carros que até diminuíram a marcha e outros tantos passando direto, com cuidado fui me aproximando do animal, receoso pelo trânsito que não parava. O cãozinho já estava quase no meio da avenida, totalmente indefeso e correndo um risco total, mesmo porque ele poderia ser morto até por não ser visto pelos motoristas.
Nesse momento, um Sr. Marronzinho que acompanhava toda a cena veio do outro lado e com mais autoridade, foi parando o trânsito até que peguei o filhote e, juntos fomos para a praça em lugar seguro. Perguntávamos um para o outro quem teria abandonado aquele cãozinho ali e como poderíamos cuidar do destino dele.
Nesse mesmo momento, veio do outro lado da rua uma senhora fina e elegante, trajando um conjunto de cores muito bem combinadas que, tomando o cãozinho no colo, disse poder levá-lo para a sua veterinária de confiança que o doaria a alguém, isto é, se não quiséssemos levá-lo. Perguntou a mim e ao Sr. Marronzinho se estávamos interessados em adotar o bichinho. Ele explicou que estava em serviço, senão poderia até levá-lo. Eu perdera há pouco tempo o meu cão pastor com 11 anos de idade, fiel amigo de tantas caminhadas e que me fez adquirir o saudável hábito de caminhar pelas ruas e avenidas do meu bairro. Ainda com o coração doendo, não queria adotar nenhum cão, pelo menos, não por enquanto.
Uma outra jovem senhora, simples e sorridente, carinhosa, logo pegou o cãozinho e segurando-o contra o peito, dizia que desejava muito levá-lo mas o problema é que não tinha espaço em sua casa. A senhora elegante, gentil e educada insistiu para que ela levasse o cãozinho. Praticamente havia tomado a decisão pela jovem que titubeava em adotar o animal. Logo se preocupou em como poderia arranjar uma maneira de transportá-lo até sua casa. Prontamente, um motorista do ponto de taxi próximo, disse que deveria ter um pedaço de pano no porta-malas do seu carro e afirmou que a banca de jornal do outro lado da rua, com certeza, poderia arrumar uma sacola plástica que permitiria carregar o filhote.
Assim fora resolvida a situação encaminhando a história para um final feliz. Um cuidado daqui, uma atenção dali, várias pessoas juntamente buscando solucionar aquele problema, para que o animalzinho fosse rapidamente adotado e, a partir daquele dia, tivesse um lar.
Logo depois voltei para a minha caminhada, tocado por aquele acontecimento e como, do nada, várias pessoas surgiram, prontas e bem intencionadas para por em uso a sua bondade, a sua compaixão e num gesto muito espontâneo e simples de solidariedade, providenciar uma casa e um destino para o filhote.
Hoje, quando me lembro da cena, não consigo deixar de pensar como ser solidário é um gesto simples. Não tem regras, não precisa de normas nem de campanhas, não precisamos de nos fazer muitas perguntas a respeito. Basta praticar o ato. Sim, como uma coisa muito natural. Tão natural como o samaritano que socorreu o homem caído à beira da estrada e ainda o levou a uma estalagem, onde pudesse receber tratamento e remédios, deixando até dinheiro para pagar as despesas daquele homem, de quem o samaritano nem sabia o nome ou a procedência, nem que pessoa seria, nem dos seus princípios morais, nem de suas convicções religiosas. Foi um ato tão completo e espontâneo como se o mundo, de fato, não tivesse divisão de países com suas fronteiras, em que as nações falassem uma mesma língua e sem religiões, os seres humanos não estariam enclausurados em suas convicções morais, defendendo este ou aquele princípio, e até mesmo defendendo deuses próprios, supostamente melhores do que outros, como os combates na antiguidade, onde as guerras que os seres humanos travavam eram também guerras entre deuses.
Como já disse, de vez em quando sou tomado pelas lembranças do fato, sinto-me então solidário e um pouco melhor do que normalmente sou. Mas sinto também que, quando um fato como este não está tão forte e presente na minha mente, não me vejo tão naturalmente bom, nem tão espontaneamente disposto a praticar o bem por mais simples que seja. Me lembrei do ensinamento de Aristóteles escrevendo em Ética a Nicômaco: “as virtudes são pois, de duas espécies, a intelectual e a moral, a primeira, por via de regra, gera-se e cresce graças ao ensino – por isso, requer experiência e tempo; enquanto a virtude moral é adquirida em resultado do hábito. Não é pois por natureza, nem contrariando a natureza que as virtudes se geram em nós. Diga-se, antes, que somos adaptados por natureza a recebê-las e nos tornamos perfeitos pelo hábito.”
Sempre me pego pensando, o quanto ainda devo praticar para adquirir o hábito...

Enéas Martim Canhadas

A VIDA FUTURA

A Vida Futura

                1 – “Tornou pois a entrar Pilatos no pretório, e chamou a Jesus, e disse-lhe: Tu és o Reino dos Judeus? Respondeu-lhe Jesus: O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, certo que os meus ministros haviam de pelejar para que eu não fosse entregue aos judeus; mas por agora o meu Reino não é daqui. Disse-lhe então Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu o dizes, que eu sou rei. Eu não nasci nem vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade; todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”. (João, cap. XVIII, 33-37)

                2 – Por estas palavras, Jesus se refere claramente à vida futura, que ele apresenta, em todas as circunstâncias, como o fim a que se destina a humanidade, e como devendo ser o objeto das principais preocupações do  homem sobre a terra. Todas as suas máximas se referem a esse grande princípio. Sem a vida futura, com efeito, a maior parte dos seus preceitos de moral não teriam nenhuma razão de ser. É por isso que os que não crêem na vida futura, pensando que ele apenas falava da vida presente, não os compreendem ou os acham pueris.
                Esse dogma pode ser considerado, portanto, como o ponto central do ensinamento do Cristo. Eis porque está colocado entre os primeiros, no início desta obra, pois deve ser a meta de todos os homens. Só ele pode justificar os absurdos da vida terrestre e harmonizar-se com a justiça de Deus.
                3 – Os judeus tinham idéias muito imprecisas sobre a vida futura. Acreditavam nos anjos, que consideravam como os seres privilegiados da criação, mas não sabiam que os homens, um dia, pudessem tornar-se anjos e participar da felicidade angélica. Segundo pensavam, a observação das leis de Deus era recompensada pelos bens terrenos, pela supremacia de sua nação no mundo, pelas vitórias que obteriam sobre os inimigos. As calamidades públicas e as derrotas eram os castigos da desobediência. Moisés o confirmou, ao dizer essas coisas, ainda mais fortemente, a um povo ignorante, de pastores, que precisava ser tocado antes de tudo pelos interesses deste mundo. Mais tarde, Jesus veio lhes revelar que existe outro mundo, onde a justiça de Deus se realiza. É esse mundo que ele promete aos que observam os mandamentos de Deus. É nele que os bons são recompensados. Esse mundo é o seu reino, no qual se encontra em toda a sua glória, e para o qual voltará ao deixar a Terra.
                Jesus, entretanto, conformando o seu ensino ao estado dos homens da época, evitou lhes dar os esclarecimentos completos, que os deslumbraria em vez de iluminar, porque eles não o teriam compreendido. Ele se limitou a colocar, de certo modo, a vida futura como um princípio, uma lei da natureza, à qual ninguém pode escapar. Todo cristão, portanto, crê forçosamente na vida futura, mas a ideia que muitos fazem dela é vaga, incompleta, e por isso mesmo falsa em muitos pontos. Para grande número, é apenas uma crença, sem nenhuma certeza decisiva, e daí as dúvidas, e até mesmo a incredulidade.
                O Espiritismo veio completar, nesse ponto, como em muitos outros, o ensinamento do Cristo, quando os homens se mostraram maduros para compreender a verdade. Com o Espiritismo, a vida futura não é mais simples artigo de fé, ou simples hipótese. É uma realidade material, provada pelos fatos. Porque são as testemunhas oculares que a vêm descrever em todas as suas fases e peripécias, de tal maneira, que não somente a dúvida já não é mais possível, como a inteligência mais vulgar pode fazer uma ideia dos seus mais variados aspectos, da mesma forma que imaginaria um país do qual se lê uma descrição detalhada. Ora, esta descrição da vida futura é de tal maneira circunstanciada, são tão racionais as condições da existência feliz ou infeliz dos que nela se encontram, que acabamos por concordar que não podia ser de outra maneira, e que ela bem representa a verdadeira justiça de Deus.

O Evangelho Segundo o Espiritismo

por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires

terça-feira, 16 de junho de 2015

Página aos Jovens

    Página aos Jovens

    Filho, recorda o Cristo, em cujas mãos a glória
    Brilha por soberana e imortal cidadela,
    Para atingir o Amor que a Luz se constela,
    Além das aflições da sombra transitória

    Lembra-Lhe o berço hostil sobre a palha singela,
    A vida que alterou a Humanidade e a História
    E a morte sobre a cruz transformada em vitória
    Para a ressurreição renovadora e bela.

    Estendendo a missão que enaltece e domina,
    Ei-lo - servo fiel à Vontade Divina -
    Na sublime ascensão, sereno, grande e forte!...

    Faze , pois, da Humanidade o teu celeste escudo
    E guardarás contigo, a proteger-te em tudo,
    A força do Senhor que vence a treva e a morte.
    Amaral Ornellas

domingo, 14 de junho de 2015

AUXÍLIO AOS DESENCARNADOS


 Considera o coração que te antecedeu na grande viagem da morte, não como a criatura aniquilada, mas como alguém que continua a viver.
Se ainda ontem, no mundo, em lhe retendo o corpo enfermo ou agonizante, desfazias-te em carinhosa assistência, hipotecando-lhe solidariedade e ternura, por que razão lhe infligirás, agora, o nominável suplício do desespero, atirando-lhe brasas ao coração?

Se a saudade e a distância te flagelam a alma, não te esqueças de que invisibilidade não quer dizer ausência.

Fortalece-te para o ministério da fé que vence a dúvida e lembra-te de que o viajor amado te requisita socorro e compreensão.

Por vezes, vagueará nas trevas transitórias do próprio “eu”, entre as paixões que ainda o subjugam...

Oferece-lhe o clarão silencioso da prece calma e sincera, através da qual as almas se comunicam, vencendo o espaço além.

Terá deixado problemas na retaguarda, agrilhoando-se a eles, no círculo desilusões a que se afeiçoa...

Ajuda-o, amparando-lhe as penas e os dissabores, para que siga, valoroso, ao encontro da Luz Divina.

Em muitas ocasiões, terá legado ao lar pobreza e provação, desalento e infortúnio...

Alivia-o, envolvendo-lhe os entes amados no clima de tua amizade pura a exprimir-se em valiosas migalhas de carinho e reconforto.

Em muitas circunstâncias, permanecerá enovelado nas teias do arrependimento tardio.

Liberta-o, com teu devotamento amigo, auxiliando-o a colocar a bênção do amor onde, imprevidente, terá situado o espinheiro do ódio.

Recorda que serás amanhã o morto imaginário entre os vivos da Terra e estende a oração e a bondade, em favor dos que partem antes de ti, para que a bondade e a oração dos outros estejam contigo, no dia em que te ausentares também.
pelo Espírito Emmanuel - Do livro: Intervalos, Médium: Francisco Cândido Xavier.

O Juiz Reto

Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendi...